Lula concede entrevista à rádio de Salvador. — Foto: Reprodução/ CanalGov
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (2) que há um jogo de interesse especulativo contra o real.
Segundo Lula, a reação de alta do dólar após as críticas feitas por ele ao Banco Central e ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, "não têm explicação".
Ainda segundo Lula, "não se pode inventar crises" e "jogar a culpa" nas declarações que ele deu.
Lula volta a criticar o presidente do BC e diz que não tem que prestar contas a 'nenhum banqueiro'
"É um absurdo. Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. Há uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real nesse país. Eu venho conversado com as pessoas o que a gente vai fazer. Estou voltando quarta-feira [3 de julho], vou ter uma reunião. Não é normal o que está acontecendo", argumentou Lula.
O presidente afirmou também que é necessário um Banco Central autônomo. Lula reforçou que acredita que Campos Neto tem um viés político.
"A gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que o presidente do Banco Central não fiquei vulnerável às pressões políticas. (...) Quando você é autoritário você resolve fazer com que o mercado se apodere de uma instituição que deveria ser do Estado. Ele não pode estar à serviço do sistema financeiro, ele não pode estar a serviço do mercado", pontuou.
A declaração do presidente foi dada durante entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador, na Bahia. Lula chegou ao estado nesta segunda (1º).
Na ocasião, o presidente concedeu entrevista a uma rádio de Feira de Santana, onde voltou a criticar a atuação de Campos Neto e a interrupção pelo BC nos cortes à taxa Selic (leia mais abaixo).
Paralelamente, o dólar fechou em alta, chegando a R$ 5,6527 — maior patamar da moeda americana desde 10 de janeiro de 2022, quando custava R$ 5,6742.
Durante a agenda no estado, Lula também criticou a atuação do mercado financeiro. Lula disse que não tem que prestar contas a "banqueiro" ou a "ricaço", mas sim ao povo pobre do país.
A um mês e meio do início da campanha para eleições municipais, o presidente segue com agenda intensa de viagens pelo Brasil e com entrevistas para rádios locais.
Críticas ao Banco Central
Lula tem repetido as críticas não só ao mercado, como também ao Banco Central.
O presidente acha que o BC poderia baixar a taxa Selic (os juros básicos da economia), atualmente no patamar de 10,5% ao ano.
Para Lula, não há necessidade em manter a taxa nesse nível, porque dificulta o crescimento do país. Juros altos tendem a inibir tomada de empréstimos, por exemplo.