Por Guilherme Mazui, g1 — Brasília


  • Presidente Lula afirmou que há 'um jogo de interesse especulativo' contra o real, e criticou a alta do dólar.

  • Lula defendeu a necessidade de um Banco Central autônomo, livre de pressões políticas e não a serviço do sistema financeiro.

  • Lula criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e reforçou sua crença de que Campos Neto tem um viés político.

  • Paralelamente às declarações de Lula, o dólar fechou em alta, atingindo R$ 5,6527, nesta segunda (1º) — o maior patamar desde janeiro de 2022.

  • Às vésperas das eleições municipais, Lula mantém uma agenda intensa de viagens pelo Brasil e entrevistas para rádios locais.

  • Lula criticou a taxa Selic atual de 10,5% ao ano, argumentando que juros altos dificultam o crescimento do país e inibem a tomada de empréstimos.

Lula concede entrevista à rádio de Salvador. — Foto: Reprodução/ CanalGov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (2) que há um jogo de interesse especulativo contra o real.

Segundo Lula, a reação de alta do dólar após as críticas feitas por ele ao Banco Central e ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, "não têm explicação".

Ainda segundo Lula, "não se pode inventar crises" e "jogar a culpa" nas declarações que ele deu.

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"É um absurdo. Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. Há uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real nesse país. Eu venho conversado com as pessoas o que a gente vai fazer. Estou voltando quarta-feira [3 de julho], vou ter uma reunião. Não é normal o que está acontecendo", argumentou Lula.

O presidente afirmou também que é necessário um Banco Central autônomo. Lula reforçou que acredita que Campos Neto tem um viés político.

"A gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que o presidente do Banco Central não fiquei vulnerável às pressões políticas. (...) Quando você é autoritário você resolve fazer com que o mercado se apodere de uma instituição que deveria ser do Estado. Ele não pode estar à serviço do sistema financeiro, ele não pode estar a serviço do mercado", pontuou.

A declaração do presidente foi dada durante entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador, na Bahia. Lula chegou ao estado nesta segunda (1º).

Na ocasião, o presidente concedeu entrevista a uma rádio de Feira de Santana, onde voltou a criticar a atuação de Campos Neto e a interrupção pelo BC nos cortes à taxa Selic (leia mais abaixo).

Paralelamente, o dólar fechou em alta, chegando a R$ 5,6527 — maior patamar da moeda americana desde 10 de janeiro de 2022, quando custava R$ 5,6742.

Durante a agenda no estado, Lula também criticou a atuação do mercado financeiro. Lula disse que não tem que prestar contas a "banqueiro" ou a "ricaço", mas sim ao povo pobre do país.

A um mês e meio do início da campanha para eleições municipais, o presidente segue com agenda intensa de viagens pelo Brasil e com entrevistas para rádios locais.

Críticas ao Banco Central

Lula tem repetido as críticas não só ao mercado, como também ao Banco Central.

O presidente acha que o BC poderia baixar a taxa Selic (os juros básicos da economia), atualmente no patamar de 10,5% ao ano.

Para Lula, não há necessidade em manter a taxa nesse nível, porque dificulta o crescimento do país. Juros altos tendem a inibir tomada de empréstimos, por exemplo.

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