Por Guilherme Mazui, Poliana Casemiro, g1 — Brasília


Lula diz que não vai abrir mão de explorar petróleo na chamada Margem Equatorial

Lula diz que não vai abrir mão de explorar petróleo na chamada Margem Equatorial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu nesta terça-feira (18) que a decisão de explorar as reservas de petróleo na chamada Margem Equatorial, próximo à Foz do Amazonas, é uma contradição em relação ao discurso ambiental do seu governo.

É contraditório? É, porque nós estamos apostando muito na transição energética. Ora, enquanto a transição energética não resolve o nosso problema, o Brasil tem que ganhar dinheiro com esse petróleo.
— Lula, presidente

A declaração foi dada em entrevista à Rádio CBN ao ser questionado sobre o desalinhamento entre lamentar o desastre climático do Rio Grande do Sul e investir em combustíveis fósseis, como a exploração de petróleo na margem equatorial, que especialistas apontam como fator importante nas mudanças climáticas. O presidente negou a contradição entre os dois casos.

No entanto, admitiu contradições entre o discurso ambiental e a decisão de investir em exploração de petróleo, um combustível fóssil, ao mesmo tempo que fala em investir em transição energética, que se baseia, justamente, em abandonar esse tipo de fonte.

➡️ Em 2023, por exemplo, durante a conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 28, o governo assumiu um compromisso com a transição energética. Essa é também uma pauta do Ministério do Meio Ambiente.

O discurso parece ter mudado de rota quando em abril a Petrobras descobriu uma acumulação de petróleo em águas ultraprofundas da Bacia Potiguar, no poço exploratório Anhangá, na margem equatorial brasileira.

➡️ A margem equatorial se estende por mais de 2.200 km ao longo da costa entre o Rio Grande do Norte e o Oiapoque, no Amapá. A região é considerada a mais nova fronteira exploratória brasileira em águas profundas e ultraprofundas, e já foi chamada de "novo pré-sal". (Veja abaixo)

Mapa com os Estados das Bacias da Margem Equatorial — Foto: Divulgação

A possibilidade de explorar petróleo nessa região é criticada por ambientalistas que apontam riscos de tragédias ambientais, afetando o território amazônico — uma outra região apontada como prioritária pelo governo na questão ambiental.

Em maio, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou licença para a Petrobras perfurar poço de petróleo no litoral do Amapá. À época, a ministra Marina Silva, disse que a decisão foi técnica e que teria que ser respeitada.

➡️ Na decisão, o órgão apontou que o plano da Petrobras para a área não apresenta garantias para atendimentos à fauna em possíveis acidentes com o derramamento de óleo. Além de ter lacunas quanto a previsão de impactos da atividade em três terras indígenas em Oiapoque.

Durante entrevista à rádio CBN, o presidente sinalizou que apesar da decisão do Ibama, o caso não está resolvido, ao dizer que não dá para abrir mão de uma fonte de riqueza.

O problema é que o Ibama tem uma posição, o governo pode ter outra posição. Em algum momento eu vou chamar o Ibama, a Petrobras e o Meio Ambiente na minha sala para tomar uma decisão. Esse país tem governo e esse governo reúne e decide. Se as pessoas podem ter posições técnicas, vamos debater tecnicamente. O que não dá é para a gente dizer a priore que vai abrir mão de explorar uma riqueza que se for verdade as previsões é uma riqueza muito grande para o Brasil.
— Lula, presidente.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!