'Nós vamos lidar com o deep fake nas eleições', diz Barroso
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou em entrevista à GloboNews nesta quarta-feira (21) que o Brasil e o mundo ainda não têm ferramentas capazes de frear o impacto da inteligência artificial na disseminação de informações falsas.
Segundo Barroso, o Brasil terá de "lidar", nas eleições municipais deste ano, com fenômenos como o "deep fake" – quando áudios e vídeos são adulterados para atribuir situações e declarações falsas a pessoas.
A solução para o público, ainda de acordo com Barroso, passa pela credibilidade da imprensa ao filtrar esse conteúdo e divulgar informação de qualidade.
"A notícia ruim é: não há como, neste momento, conter o uso do deep fake. [...] A ideia que se tinha era tecnologicamente você ser capaz de identificar o que era produto de inteligência artificial. Ter uma marca d'água. Mas não se consegue, a tecnologia ainda não consegue. Então, nós vamos lidar com o deep fake nas eleições", declarou Barroso.
"Nós somos ensinados nessa vida a acreditar naquilo que vemos e ouvimos. O dia que você não puder mais acreditar no que vê e ouve, a liberdade de expressão terá perdido o sentido", prosseguiu.
"Qual é a notícia boa? Acho que a imprensa vai ter que reocupar boa parte do espaço que perdeu para as plataformas digitais e para as mídias sociais. Porque a imprensa, plural como seja, passa uma credibilidade que as redes sociais não têm, porque a imprensa tem editoração, filtro sobre aquilo que vai ao ar. E é muito mais fácil responsabilizar um órgão de imprensa do que responsabilizar alguém na rede social", disse o presidente do STF à GloboNews.
"Esse avanço da inteligência artificial e do deep fake vai exigir uma reocupação de espaço pela imprensa tradicional, profissional. Porque ali você vai ter informação que você possa acreditar", prosseguiu.
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G1 Explica: Deepfake
Segundo Barroso, o avanço da inteligência artificial pode levar as sociedades a revisarem a relação com as redes sociais – que, em anos recentes, passaram a disputar a atenção do público com a mídia convencional.
"O que aconteceu no mundo das redes sociais é que as pessoas inventam as suas narrativas próprias. É preciso fazer que mentir volte a ser errado de novo, e acho que a imprensa vai reocupar parte desse espaço. Vai ser o único lugar em que você vai ter informação de credibilidade, ainda que plural", disse.