Por Guilherme Mazui, g1


Governo irá 'continuar questionando e criticando' presidente do BC se a taxa Selic não for reduzida, diz ministro

Governo irá 'continuar questionando e criticando' presidente do BC se a taxa Selic não for reduzida, diz ministro

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta quarta-feira (22) que o governo vai continuar pressionando o Banco Central pela redução da taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, que hoje é de 13,75% ao ano.

Questionado sobre a possibilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manter o patamar da taxa Selic, na reunião que deve ser concluída nesta quarta, Costa afirmou: "A reação do governo vai ser continuar questionando e criticando o presidente do Banco Central por essa decisão".

O comentário, feito durante café da manhã com jornalistas, ecoa declarações dadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em entrevista na terça (21). À ocasião, Lula disse que a taxa atual é um "absurdo", e que vai "continuar batendo" no BC para reduzi-la (veja detalhes abaixo).

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Economia 'asfixiada'

Café da manhã do ministro da Casa Civil, Rui Costa, com jornalistas — Foto: Casa Civil/Divulgação

Rui Costa disse que "não é aceitável" que o Banco Central permaneça "irredutível" com relação à taxa Selic. Também afirmou que a economia brasileira está sendo "asfixiada" pelo cenário.

"Acho que não é explicável essa posição do Banco Central de ficar irredutível a uma taxa tão exorbitante de juros. Repito, gente: ou o mundo inteiro está errado, e só o Banco Central brasileiro está certo. Eu não sou adepto a esse tese."

"O Brasil é disparado a maior taxa real de juro do mundo. A economia está sendo asfixiada. O comércio está sendo asfixiado no seu financiamento", continuou.

O ministro da Casa Civil ainda acusou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de prestar um "desserviço" ao país.

"O que o presidente do Banco Central está fazendo um desserviço com a nação brasileira. Ele elevou para 13,75% esse patamar do juro quando a inflação estava em torno de 10%. Hoje, a inflação está um pouco acima de 5%. O que justifica ele estar com a mesma dose de remédio que estava com 10% de inflação? Está com febre de 40, hoje está com estado febril de 36,9 ou 37 e está com a mesma dose do remédio. Não é apropriado para isso. Ele não precisa de um anúncio de um novo marco fiscal para rever isso. Me desculpe, não precisa", disse.

Críticas do presidente

Taxa básica de juros tem sido alvo de críticas de Lula

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Em entrevista ao portal "Brasil 247", na terça, o presidente Lula reafirmou que pretende manter pressão sobre o BC para reduzir a taxa de juros.

"Eu vou continuar batendo, eu vou continuar tentando brigar para que a gente possa reduzir a taxa de juros, para que a economia possa ter investimento", disse.

O presidente também criticou a autonomia do Banco Central. "A gente só vai poder mudar o [presidente do] Banco Central daqui dois anos, porque ele tem autonomia. Eu, sinceramente, nunca me importei com a autonomia do Banco Central. Eu nunca achei que era importante. Eu não sei porque as pessoas acham que é importante autonomia."

Taxa Selic

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A Selic é a taxa básica de juros do Brasil. Ela é uma referência para o custo do crédito no país e um dos principais instrumentos do Banco Central pra controlar a inflação.

Os diretores do Banco Central, o Comitê de Política Monetária (Copom), se reúnem em um comitê oito vezes por ano para definir a Selic, uma vez a cada 45 dias. Nesse encontro, eles avaliam a situação econômica do Brasil e definem qual a melhor taxa.

A reunião mais recente começou na terça (21). O encontro anterior, o primeiro durante o terceiro mandato de Lula, ocorreu em 1º de fevereiro. À ocasião, o comitê manteve a taxa de 13,75%, pela quinta vez consecutiva.

É o maior patamar desde novembro de 2016, quando o índice estava em 14% ao ano.

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