Por g1 — Brasília


O teto é um símbolo, mas não vamos deixar pessoas com fome, diz Guedes

O teto é um símbolo, mas não vamos deixar pessoas com fome, diz Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira (22) que houve "barulho" e "falta de comunicação" nos últimos dias.

Guedes deu a declaração em um pronunciamento no Ministério da Economia ao lado do presidente Jair Bolsonaro.

Nos últimos dias, a possibilidade levantada por Guedes de o programa Auxílio Brasil furar o teto de gastos provocou reações negativas no mercado financeiro. Além disso, nesta quinta (21), quatro secretários do ministério pediram demissão.

"Qualquer notícia tem informação, sinal e tem barulho. Tem informação, tem sinal e tem barulho. E nós tivemos muito barulho", declarou Paulo Guedes.

Em vigor desde 2017, o teto de gastos limita o aumento dos gastos da União (Executivo, Legislativo e Judiciário) à inflação do ano anterior.

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Antes da fala de Guedes, Bolsonaro disse ter confiança absoluta no ministro, acrescentando que não fará "aventura" na economia.

Conforme o colunista do g1 Valdo Cruz, se confirmado o valor de R$ 400 do Auxílio Brasil, R$ 300 devem ser pagos dentro do teto, e R$ 100, fora.

Segundo Paulo Guedes, a ala econômica do governo defendeu que o Auxílio Brasil ficasse em R$ 300, respeitando o teto de gastos, enquanto a ala política defendeu que o pagamento chegasse a até R$ 700. Bolsonaro, então, ainda de acordo com o ministro da Economia, definiu o valor de R$ 400.

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'Falta de comunicação'

Ainda no pronunciamento desta sexta, Paulo Guedes afirmou que é "natural" a ala política do governo querer ajudar os mais pobres e que isso teria motivado o "barulho".

"Esse barulho é muito falta de comunicação", disse o ministro.

Guedes destacou ainda que, mesmo com o Auxílio Brasil acima de R$ 300, não há "irresponsabilidade fiscal" nem "licença para gastar".

"Por um lado, você quer ajudar os mais frágeis. E é natural, e a ala política, isso é que acho que criou todo esse barulho. [...] Enquanto estou fazendo isso lá fora, naturalmente, a política começa a sacudir. 'E o dinheiro dos mais frágeis?', 'Nós estamos sem [reforma do] Imposto de Renda'. Se estamos sem Imposto de Renda, vamos precisar tirar dinheiro de algum lugar. 'E se for R$ 400?', 'Bom, ai fura o teto'. Aí começa a barulheira, e aí começa uma aparente briga entre ala política e a ala econômica", afirmou.

Ele defendeu que, então, fosse adotada "uma linha no meio" entre as reivindicações da "ala política" e o que pensa a "ala econômica".

"Então, tem uma ala política que pede auxílio de R$ 500, R$ 600, R$ 700, e tem a ala econômica, que fala: 'Olha, só temos até R$ 300'. O teto é só até R$ 300. Deve haver uma linha no meio entre austeridade financeira, compromisso com futuras gerações [...]. Então, o presidente traçou a linha: 'Vamos até R$ 400'", declarou.

Segundo Guedes, o resultado é que "isso virou guerra com todo mundo brigando com todo mundo".

"Nós entendemos os mais jovens que dizem: 'Olha, a linha é aqui, não pode furar o teto'. Nós entendemos a política, que diz o seguinte: 'Olha, o teto é um símbolo de austeridade, é um símbolo de compromisso para as gerações futuras, mas não vamos deixar milhões de pessoas passarem fome para tirar 10 em política fiscal e tirar zero em assistência aos mais frágeis'", declarou.

Análise

Ouça o episódio do podcast O Assunto sobre "A implosão do teto e da equipe econômica":

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