PGR denuncia deputado Arthur Lira, integrante do 'Centrão'
A Procuradoria-Geral da República denunciou nesta sexta-feira (5) ao Supremo Tribunal Federal (STF) o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), um dos principais líderes do chamado "Centrão", bloco parlamentar informal, com cerca de 200 deputados, do qual o governo se aproximou – o grupo passou a integrar a base do governo na Câmara.
A denúncia do Ministério Público Federal é uma acusação formal feita ao Supremo. Caberá ao tribunal analisar se vai receber a denúncia. Se decidir receber, será aberta uma ação penal, e o deputado passa à condição de réu.
Lira é acusado de corrupção passiva em investigação no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo os investigadores, o parlamentar teria recebido R$ 1,6 milhão em propina da empreiteira Queiroz Galvão. De acordo com a denúncia, o dinheiro pagamento pelo apoio do PP à manutenção de Paulo Roberto Costa na diretoria da Petrobras. Costa foi preso em março de 2014, quando a Lava Jato foi deflagrada.
Em nota, o advogado Pierpaolo Bottini, defensor de Arthur Lira, afirmou que o deputado fez parte de um grupo que afastou Paulo Roberto Costa do partido ao assumir a liderança do PP. Segundo ele, isso motivou "reiteradas tentativas de envolver o parlamentar em ilícitos dos quais não participou" (leia íntegra da nota ao final desta reportagem).
De acordo com as investigações, os recursos da empreiteira teriam sido pagos a um assessor do deputado em dinheiro vivo. A investigação não encontrou indícios de que o dinheiro que teria sido repassado ao parlamentar foi distribuído para outros integrantes do PP investigados no mesmo caso. Assim, o MPF pediu que os fatos sejam arquivados em relação ao senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE).
A acusação da PGR também envolve doleiros e executivo da Queiroz Galvão envolvidos no caso, acusados de lavagem de dinheiro.
Bolsonaro se aproxima do ‘centrão’ para tentar formar base de apoio no Congresso
Arthur Lira é hoje um dos principais nomes do chamado "Centrão" e, atualmente, um dos políticos mais próximos do presidente Jair Bolsonaro, que vem concedendo postos na administração federal a indicados por partidos do bloco.
Lira é líder do PP, uma das bancadas do Centrão. No fim de abril, o deputado esteve com o presidente Jair Bolsonaro, com quem apareceu em fotos. É também um dos cotados para a sucessão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A eleição para o comando da Câmara está prevista para o começo do ano que vem.
Lira já é réu em outro processo no STF. Em outubro do ano passado, a Primeira Turma do STF recebeu a denúncia contra o deputado por corrupção passiva em uma ação que era desdobramento da Operação Lava Jato.
À época, a PGR acusou o deputado de aceitar propina de R$ 106 mil do então presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Francisco Colombo, em troca de mantê-lo no cargo. Arthur Lira teria recebido o dinheiro por meio de um assessor parlamentar, em 2012.
Nota da defesa de Arthur Lira
Leia abaixo a íntegra de nota divulgada pelo advogado Pierpaolo Bottini, da defesa do deputado Arthur Lira:
Arthur Lira fez parte de um grupo que assumiu a liderança do PP e afastou Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef do partido. Fato já provado e que explica a inimizade dos colaboradores e suas reiteradas tentativas de envolver o parlamentar em ilícitos dos quais não participou.
O doleiro diz que Arthur Lira recebeu indevidos valores por meio de um operador chamado Ceará, mas esse último – também colaborador – desmente tal versão em dois depoimentos. O próprio STF reconheceu as inverdades de Youssef em outros depoimentos contra Arthur Lira. Fundamentar uma denúncia nas palavras desse doleiro é premiar um ato de vingança contra alguém que se postou contra suas práticas.
Pierpaolo Bottini