Por Alexandro Martello e Yvna Sousa, G1 e TV Globo — Brasília


O governo federal entregou ao Congresso na tarde desta quarta-feira (20) a proposta de reforma do regime de aposentadoria dos militares, que aumenta o tempo de serviço na ativa e, também, a alíquota de contribuição da categoria. O projeto também prevê uma reestruturação das carreiras do setor.

Segundo estimativas da área econômica, a proposta de reforma do regime de aposentadoria, vai economizar R$ 97,3 bilhões em 10 anos. Já a reestruturação de carreiras, que vai na direção oposta (de aumentar gastos), custará R$ 86,65 bilhões.

Com isso, a economia "líquida" com as mudanças propostas para os militares será de R$ 10,45 bilhões no período de dez anos, informou o Ministério da Economia.

O presidente Jair Bolsonaro levou a proposta pessoalmente ao Congresso. Ele estava acompanhado de integrantes do governo, entre os quais os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Paulo Guedes (Economia), além do secretário de Previdência, Rogério Marinho.

Bolsonaro fez um breve discurso no qual pediu "celeridade" na votação da proposta, mas "sem atropelo".

Conforme o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma comissão especial formada por deputados será criada para analisar o projeto. O texto aprovado pela comissão será, então, enviado para votação no plenário.

A redação final do projeto foi aprovada na manhã desta quarta em uma reunião comandada por Bolsonaro no Palácio da Alvorada. O presidente passou os últimos três dias nos Estados Unidos.

Bolsonaro entrega ao Congresso projeto de aposentadoria dos militares

Bolsonaro entrega ao Congresso projeto de aposentadoria dos militares

Entre as mudanças que o governo propõe estão:

  • elevação da alíquota previdenciária de 7,5% para 8,5% em 2020, para 9,5% em 2021 e para 10,5% de 2022 em diante.
  • aumento do tempo para o militar passar para a reserva, de 30 para 35 anos na ativa;
  • taxação de 10,5% nas pensões recebidas por familiares de militares.

Conforme o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), será criada uma comissão especial formada por deputados para analisar o projeto antes de o texto ser votado pelo plenário.

A apresentação do projeto sobre os militares era uma exigência de aliados de Bolsonaro para a proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata da reforma da Previdência Social, enviada ao Congresso em fevereiro, ser analisada também.

De acordo com o governo, em razão das especificidades das carreiras militares, o projeto não foi entregue em conjunto com a PEC.

No início desta semana, ao fazer uma transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que o Ministério da Defesa terá "sensibilidade" para corrigir "possíveis equívocos" no texto.

Proposta de reforma para a previdência dos militares — Foto: Roberta Jaworski/Arte G1

Rombo previdenciário

O regime de aposentadoria dos militares registrou saldo negativo de R$ 43,9 bilhões em 2018 (0,62% do Produto Interno Bruto).

No fim de 2017:

  • 158.284 militares estavam na reserva;
  • 223.072 eram pensionistas;
  • 145.563 recebiam "pensões tronco".

No ano passado, o déficit do INSS, sistema público que atende aos trabalhadores do setor privado, chegou a R$ 195,197 bilhões no ano passado, ou 2,76% do PIB, em 2018. Em dezembro do ano passado, o INSS pagou pagou 35 milhões de benefícios, abrangendo previdenciários (aposentadorias, pensões por morte, auxílio-doença e salário maternidade) e acidentários (auxilio-doença, auxilio por acidente).

No caso dos regimes próprios dos servidores públicos civis (Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público), o rombo somou R$ 46,4 bilhões em 2018, ou 0,66% do PIB. O número de segurados somou 1,428 milhão no fim de 2017, sendo 691.342 servidores ativos (48,4%), 436.535 aposentados (30,6%) e 300.937 pensionistas (21%).

Economia com a reforma

De acordo com as contas da equipe econômica, somente a proposta de reforma da Previdência dos militares gerará uma economia aos cofres públicos de R$ 97,3 bilhões em 10 anos.

O valor é menor do que a economia estimada com as mudanças de regras para os trabalhadores do setor privado (RGPS), de R$ 687 bilhões, do setor público (R$ 202,8 bilhões) e, também, do BPC e abono salarial (beneficiários com renda mais baixa), de R$ 182,2 bilhões.

O impacto total da proposta de reforma da Previdência dos trabalhadores do setor privado, dos servidos públicos civis e dos militares foi estimada pela equipe econômica em R$ 1,16 trilhão em dez anos.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito que precisa de, ao menos, R$ 1 trilhão de economia com a reforma das regras previdenciárias para conseguir implementar um modelo de capitalização no Brasil – pelo qual os benefícios são pagos de acordo com as contribuições feitas no passado pelos próprios trabalhadores.

Presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebe a proposta de reforma da previdência dos militares — Foto: J. Batista / Câmara dos Deputados

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