Aloysio Nunes, ministro das Relações Exteriores — Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, afirmou nesta quinta-feira (15) que o futuro chefe da pasta, Ernesto Araújo, é um diplomata "bem conceituado". Avaliou, ainda, que a saída do programa Mais Médicos foi uma "decisão hostil" do governo cubano.
Aloysio Nunes deu as declarações em São Paulo, ao conceder uma entrevista à GloboNews.
"Eu conheço o Ernesto Araújo da convivência no trabalho, ele dirige o Departamento das Américas no ministério, portanto faz parte da minha equipe. É uma convivência muito boa, ele é muito bem conceituado como diplomata competente, correto, leal", afirmou Aloysio Nunes.
Araújo foi indicado para o Itamaraty pelo presidente eleito Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (14). Para Bolsonaro, o futuro chanceler é um "brilhante intelectual". O diplomata é o atual diretor do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do Itamaraty.
Araújo iniciou a carreira no Itamaraty em 1991 e chegou ao topo da hierarquia diplomática em junho deste ano, quando foi promovido a embaixador.
O próximo chanceler mantém um blog pessoal no qual costuma defender Bolsonaro e fazer críticas ao PT.
Bolsonaro anuncia Ernesto Araújo como ministro das Relações Exteriores
Mais Médicos
Nesta quarta (14), o Ministério da Saúde Pública de Cuba anunciou a decisão de deixar o programa Mais Médicos, criado durante o governo Dilma Rousseff. O ministério atribuiu a posição a "declarações ameaçadoras e depreciativas" de Jair Bolsonaro.
Cuba enviava profissionais ao Brasil desde 2013. No Mais Médicos, pouco mais da metade dos profissionais – 8,47 mil dos mais de 16 mil profissionais – vieram de Cuba, segundo dados obtidos pelo G1.
"Eu acho ruim [a saída], porque isso foi uma política que permitiu o atendimento para pessoas que não teriam acesso de outra forma, são 8 mil médicos. Mas nós vamos resolver essa questão de outra forma, o Ministério da Saúde está tomando já providências para suprir essa ausência", afirmou Aloysio Nunes à GloboNews.
"É uma decisão que o governo cubano já tomou, acho uma decisão hostil, sem cabimento", acrescentou.
Bolsonaro também comentou a decisão pelo Twitter e em entrevista concedida em Brasília. Ele afirmou que o governo cubano não aceitou as condições estabelecidas para manter os profissionais do país no Mais Médicos.
"Condicionamos a continuidade do programa Mais Médicos à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou", escreveu o presidente eleito no Twitter.
Segundo ele, o cidadão cubano que pedir asilo ao Brasil "vai ter".
Israel
Ainda na entrevista à GloboNews, Aloysio Nunes também falou sobre a possibilidade de o Brasil transferir a embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
Após ser eleito, Bolsonaro disse que, assim como os Estados Unidos, iria transferir a embaixada. Depois, disse que a decisão não está tomada e, nesta quarta (15), questionado sobre o assunto, respondeu: "Quando eu assumir em janeiro, você vai ter a resposta".
"Eu acho até que o Brasil [...] facilita e estimula a boa convivência entre a comunidade judaica e a comunidade árabe aqui no Brasil. Para que trazer esse conflito para dentro do Brasil? Eu não vejo sentido nisso", afirmou Aloysio Nunes nesta quinta-feira.
"Eu acho que cria uma situação de uma polêmica que não nos beneficia, não beneficia o Brasil. [...] Por que você comprometer isso? Eu não vejo razão. Agora, essa é a uma decisão que o próximo governo vai tomar e não cabe a mim dizer o que vai acontecer, é uma decisão soberana do próximo presidente", completou.