04/03/2016 17h41 - Atualizado em 04/03/2016 23h14

Dilma se diz inconformada com caso de Lula e indignada com o de Delcidio

Presidente fez pronunciamento nesta sexta-feira (4), no Palácio do Planalto.
Ela se defendeu das acusações contidas em delação premiada de senador.

Filipe Matoso, Nathalia Passarinho e Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

A presidente Dilma Rousseff manifestou nesta sexta-feira (4) em pronunciamento no Palácio do Planalto o "mais absoluto inconformismo" com a "desnecesária condução coercitiva" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e "indignação" com os termos da delação premiada do senador Delcídio do Amaral. (veja a íntegra do pronunciamento acima)

Ao lado de 12 ministros, Dilma iniciou o pronunciamento, para o qual os jornalistas foram convocados em um dos salões do Palácio do Planalto, com um breve comentário sobre o episódio da condução coercitiva de Lula para depoimento aos investigadores da Operação Lava Jato em São Paulo.

 

"Quero manifestar o meu mais absoluto inconformismo com o fato de o ex-presidente Lula, que por várias vezes compareceu de forma voluntária para prestar esclarecimentos perante as autoridades, seja agora submetido a uma desnecessária condução coercitiva para prestar mais um depoimento", disse.

 

Em seguida, ela se dedicou a falar sobre o conteúdo do depoimento em delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), no qual ela é acusada de tentar interferir nas investigações da Operação Lava Jato e de ter conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras.

Ao falar sobre o trecho da delação de Delcídio na qual o senador disse que ela nomeou um ministro do STJ para beneficiar empresários denunciados na Lava Jato, Dilma disse que jamais tratou do assunto com o senador.

"Do ponto de vista institucional, não teria nenhuma razão a pedir com um senador para conversar com um juiz. Não é o senador que participa dos processos de nomeação dos ministros do STJ e nem do Supremo. Nomeei 16 ministros do STJ e 5 do Supremo. É absolutamente subjetiva e insidiosa a fala do senador, se ela foi feita", declarou.

Interferência na Lava Jato
A presidente também negou acusação, supostamente contida na delação de Delcídio do Amaral, de que teria tentado interferir nos processos da Operação Lava Jato em reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, ocorrida em Portugal no ano passado.

Dilma disse que, no encontro, tratou apenas de um projeto de lei que reajustava os salários de servidores do Judiciário. “Em nota, o presidente da Suprema Corte desmentiu essa absurda versão. O objeto dessa reunião foi a discussão de um projeto de lei que tratava do reajuste dos servidores do Poder Judiciário”, afirmou.

Refinaria de Pasadena
A presidente também disse que forneceu ao procurador-geral informações sobre a compra de usina de Pasadena, no Texas, quando as primeiras denúncias de irregularidades na aquisição surgiram. Na delação, Delcídio teria dito que Dilma sabia que havia um esquema de superfaturamento por trás da compra da refinaria de Pasadena. Ela destacou, no pronunciamento, que Rodrigo Janot arquivou pedido de investigação por não encontrar elementos de que tenha havido ilegalidade.

“Foi noticiado que a questão relativa a Pasadena tinha sido arquivada. Observo que, nas declarações atribuídas ao senador, nenhum elemento concreto, nenhum elemento novo, foi apresentado de forma a propiciar alteração na compreensão firmada pelo procurador-geral”, disse.

Durante o pronunciamento, estavam ao lado da presidente ss ministros Jaques Wagner (Casa Civil)), Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Wellington Silva (Justiça), José Roberto Cardozo (AGU), Juca Ferreira (Cultura), Nilma Lino Gomes (Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos).

Vazamento de delação
Durante a sua fala, Dilma afirmou também que é "lamentável" o vazamento de "hipotética delação premiada" de Delcídio do Amaral que, se chegou a ser feita, segundo disse, foi com o "objetivo único" de atingir a ela e ao governo.

Para ela, esse objetivo é "mesquinho" e "imoral", além de um desejo de "vingança" por parte de Delcídio, líder do governo Dilma no Senado entre abril e novembro de 2015, quando foi preso na Operação Lava Jato, acusado de tentar obstruir as investigações.

Segundo os investigadores da Operação Lava Jato, o senador tentou obstruir o andamento das apurações oferecendo uma mesada de R$ 50 mil e fuga para a Espanha para o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não fechasse acordo de delação.

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