A CPI do Senado que apura suspeitas de manipulação de julgamentos realizados pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) aprovou nesta quinta-feira (9) a quebra dos sigilos fiscal e bancário de cinco investigados pela Operação Zelotes, da Polícia Federal. Os senadores também aprovaram requerimentos para convocar outros envolvidos no caso.
A Operação Zelotes apura se integrantes do Carf eram subornados para suspender julgamentos, alterar votos e aceitar recursos a fim favorecer empresas.
A comissão aprovou quebrar os sigilos fiscal e bancário dos ex-conselheiros do Carf Leonardo Manzan, Jorge Victor Rodrigues e Adriana Ribeiro. Também terão os sigilos quebrados o atual conselheiro Paulo Cortez e a ex-funcionária da empresa JR Silva Advogados e Associados Gegliane Pinto. A empresa é de propriedade de Adriana Ribeiro.
Foram aprovados ainda requerimentos de convocação de outros suspeitos de envolvimento no esquema: o presidente do Conselho de Administração da Engevix Engenharia, Cristiano Kok, o ex-presidente do Carf Otacílio Cartaxo e o executivo-chefe da Huawei do Brasil, Jason Zhao.
Os pedidos foram aprovados durante reunião convocada para ouvir o presidente da Mitsubishi do Brasil, Robert Rittscher.
Após o depoimento, o presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), disse ter ficado “chateado” com as respostas de Rittscher e afirmou que o depoente foi “evasivo”.
“Não é fácil, porque você está diante de um fato contundente. E quando você faz as indagações e as respostas são evasivas, te deixa muito chateado”, explicou o senador.
Questionado durante a reunião se aceitaria contribuir com as investigações por meio de uma delação premiada, Robert Tittscher respondeu que todas as informações das quais teve ciência já haviam sido fornecidas. “Não vejo como posso agregar”, respondeu Rittscher.
Ao final, o presidente da CPI solicitou que também fosse requerido a quebra de sigilo telefônico e telemático de Robert Rittscher.
“Evidentemente que esses depoentes vêm muito preparados. Eles não vêm aqui para se comprometer”, afirmou o senador. ”Acredito que ele tem informações extraordinárias e que ele sabia de tudo sobre esse julgado. Ele simplesmente omitiu tudo”.