23/10/2013 16h53 - Atualizado em 23/10/2013 16h58

Governo não irá 'interditar' debate sobre Lei da Anistia, diz ministra

Para Maria do Rosário, somente mudança da lei pode assegurar punições.
Titular dos Direitos Humanos disse que governo não irá propor a discussão.

Nathalia Passarinho e Felipe NériDo G1, em Brasília

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário (Foto: Antonio Cruz/ABr)A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário
(Foto: Antonio Cruz/ABr)

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, afirmou nesta quarta-feira (23) que o governo não vai "diminuir" ou "interditar"a eventual retomada do debate sobre a Lei da Anistia no Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte decidiu em 2010 que a legislação que impediu a punição por crimes ocorridos durante o regime militar a militantes de esquerda e torturadores é constitucional.

No entanto, em parecer recente em um caso sobre extradição, o novo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o crime de tortura é "imprescritível", o que fez com que Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) passasse a considerar a possibilidade de ajuizar nova ação no STF para derrubar a Lei de Anistia.

Além disso, o Supremo ainda não concluiu a análise de recursos da OAB no caso em que considerou a legislação válida. "Não é uma proposta do governo [rever a Lei de Anistia], mas não temos intenção de interditar ou diminuir esse debate. É um debate que pertence ao Brasil", afirmou Rosário ao chegar ao Congresso para participar de uma audiência pública.

A ministra disse considerar natural que parte da sociedade esteja reivindicando punição a torturadores quase 30 anos depois do fim da ditadura militar. "Nós demoramos no Brasil até ter conhecimento mais pleno dos crimes da ditadura. E agora que temos esse conhecimento [a sociedade] tem a possibilidade de pensar sobre a anistia", ressaltou.

Apesar de dizer que não cabe ao governo levantar o debate sobre a validade da Lei da Anistia, a titular dos Direitos Humanos disse acreditar que o crime de tortura não deve prescrever (perda da possibilidade de punição pelo decurso do tempo).

"É afirmativo que a tortura é um crime inafiançável e é também um crime imprescritível. Agora, o único caminho para a responsabilização da tortura no Brasil é a Lei da Anistia, que não estamos propondo mudar."

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