Araújo, o Dadá, em sessão da CPI do Cachoeira
(Foto: Geraldo Magela / Agência Senado)
O ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, e o sargento da Polícia MIlitar do Distrito Federal Jairo Martins de Souza, apontados como auxiliares do bicheiro Carlinhos Cachoeira, se recusaram a falar à CPI e foram dispensados pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).
De acordo com a PF, Dadá e Jairo atuavam para favorecer o esquema de arapongagem de Cachoeira. Dadá também é citado por ajudar o bicheiro em contatos com órgãos federais.
Nos depoimentos da comissão, os depoentes têm o direito de permanecer em silêncio, como fez o contraventor Carlinhos Cachoeira, em depoimento na última terça.
A sessão da CPI começou por volta das 10h30 com o depoimento do ex-vereador Wladimir Garcez, que leu um documento no qual negou influência no governo de Goiás e depois for interrogado por parlamentares por cerca de uma hora e meia.
Depois, por volta de 12h15, Dadá foi chamado à sala da comissão e dispensado minutos depois após afirmar que não daria esclarecimentos. A sessão chegou a ser suspensa e retomada logo em seguida para o depoimento de Jairo de Souza, que foi dipensado também. Os parlamentares começaram então a discutir se transformam a sessão em reunião administrativa para votação de requerimentos.
Antes do depoimento, o advogado Leonardo Gagno, que representa Dadá e Jairo, já havia afirmado que ambos permaneceriam calados. Diante do anúncio feito pelo advogado, antes de Dadá começar a falar, os parlamentares concordaram em suspender os depoimentos caso os dois se recusassem a responder.
"Temos de mostrar aqui que não estamos num teatro de marionetes", disse o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR).
depoimento à CPI (Foto: Agência Brasil)
Wladimir Garcez
Antes de Dadá, prestou depoimento à comissão o ex-vereador de Goiânia (GO) pelo PSDB Wladimir Garcez, tido como um dos principais auxiliares do contraventor. Ele negou durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que "integre qualquer organização criminosa".
À CPI, Garcez leu um depoimento e afirmou que foi contratado pela empresa Delta Construções para assessorar o ex-diretor da empresa no Centro Oeste Cláudio Abreu - que foi preso no mês passado - e negou qualquer influência no governo de Goiás. Após a leitura do texto, Wladimir Garcez se recusou a responder às demais perguntas dos parlamentares.
Garcez foi o primeiro depoente a falar para os parlamentares que integram a comissão, criada para apurar as ligações do bicheiro com agentes públicos e privados. Na terça, o bicheiro Carlinhos Cachoeira ficou calado durante seu depoimento.
Segundo o ex-vereador, sua missão como contratado da Delta era assessorar Cláudio Abreu, e que pelo trabalho “ganhava R$ 20 mil”. “Nunca participei de qualquer processo licitatório”, afirmou. Ele também disse que auxiliou Cachoeira em uma empresa do contraventor.
(PMDB-PB), à esq., e o relator, deputado Odair
Cunha (PT-MG) (Foto: Agência Câmara)
Questionamento ao relator
Durante a sessão, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) acusou o relator da CPI de ter direcionado as perguntas feitas a Garcez, não respondidas, para prejudicar o governador de Goiás, Marconi Perillo.
Segundo Sampaio, Odair Cunha agiu como representante do governo federal ao fazer predominantemente indagações sobre a relação de Garcez e do bicheiro com Perillo.
“Está muito claro o direcionamento que está havendo aqui hoje. Eu podia pedir a palavra e fazer 30 perguntas sobre o envolvimento do governador Agnelo Queiroz”, disse Claudio Sampaio. “Não passe a imagem à opinião pública de que está fazendo um papel de governo. Vossa Excelência é um magistrado”, complementou o tucano, dizendo que todos os integrantes da CPI devem se comportar com isenção, como juízes.
O relator rebateu: "Fiz as perguntas que achei pertinentes. Se ele [Garcez] pertence aos quadros do PSDB não é minha responsabilidade."