17/01/2014 17h08 - Atualizado em 17/01/2014 17h36

Conselho pede ao STF para vetar trabalho de Dirceu em biblioteca

Petista recebeu proposta para organizar biblioteca de advogado em Brasília.
Em ofício ao STF, presidente do conselho diz que ele precisa ter formação.

Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília

O Conselho Federal de Biblioteconomia enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) ofício pedindo para que o presidente da Corte, Joaquim Barbosa, não permita que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu trabalhe em biblioteca durante o período em que estiver cumprindo pena de prisão. O pedido foi enviado ao STF no dia 3 de janeiro e anexado nesta sexta (17) ao processo de execução penal do petista.

Condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha no julgamento do mensalão, Dirceu recebeu proposta para para trabalhar no escritório do advogado José Gerardo Grossi. Entre as funções que deverá exercer, conforme a proposta, está a de “cuidar” da biblioteca do escritório, realizar "eventual pesquisa de jurisprudência" e colaborar “na parte administrativa".

Para o Conselho Federal de Biblioteconomia, Dirceu precisaria ter formação na área para trabalhar na biblioteca do escritório.

Não se pode contrariar o princípio da profissão regulamentada e permitir que um leigo exerça atividade de forma irregular"
Regina Céli de Sousa,
Conselho Federal de Biblioteconomia

"A administração, organização e manutenção de biblioteca é atividade privativa de Bibliotecário com Bacharelado em Biblioteconomia e registro em Conselho Regional de Biblioteconomia que, segundo os nossos registros, não consta o nome do ex-ministro José Dirceu", diz o ofício assinado pela presidente do conselho, Regina Céli de Sousa.

De acordo com ela, o decreto que define a profissão de bibliotecário estabelece as regras previstas para o exercício da função e a contratação de Dirceu para o cargo seria uma "contravenção penal".

"Não se pode contrariar o princípio da profissão regulamentada e permitir que um leigo exerça atividade de forma irregular. Caso isso ocorra, além de ferir de morte a legalidade, o autor estaria incorrendo em ilícito administrativo e penal, conforme contemplado no art. 47 da LCP – Lei das Contravenções Penais."

Por fim, o conselho pede que Barbosa atue no sentido de “evitar a ilegalidade do ato que possibilite que pessoa não habilitada exerça atividade privativa de profissional regularmente registrado em Conselho de Profissão Regulamentada, como é o caso dos Bibliotecários”.

Trabalho externo
Depois de gerar polêmica com pedido para trabalhar como gerente do hotel Saint Peter, em Brasília, com salário de R$ 20 mil, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu desistiu do pleito e se contentou em aceitar emprego com pagamento mais modesto – R$ 2,1 mil.

No entanto, a proposta de trabalho, enviada pelo advogado Gerardo Grossi, ainda precisa ser avaliada pela Vara de Execuções Penais do Distrito Federal (DF).

Advogado requisitado por políticos influentes de Brasília, Grossi defende o deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) no processo do chamado mensalão mineiro.

Se admitido, Dirceu trabalhará de 8h às 18h, com intervalo para almoço entre 12h e 14h, alternadamente com outros funcionários. O escritório fica no Setor Bancário Sul, no centro da capital federal.

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