O Supremo Tribunal Federal (STF) realiza nesta terça-feira (7) o quarto dia de julgamento da ação penal 470, que reúne os 38 réus do caso do mensalão, considerado o de maior relevância dos 183 anos de história do tribunal. Veja abaixo frases de destaque nas declarações dos ministros, dos advogados de defesa e do procurador-geral da República.
Um dos momentos polêmicos do julgamento desta terça-feira foi a ausência da ministra Cármen Lúcia no plenário, após o intervalo. O advogado José Carlos Dias, defensor de Vinicius Samarane, ex-diretor do Banco Rural, reivindicou sua presença, mas o ministro Marco Aurélio Mello rebateu dizendo que o julgamento poderia continuar desde que tivesse apenas seis dos 11 ministros da Corte.
Nesta semana, vieram ao plenário os advogados de defesa de pessoas ligadas a Marcos Valério. Leonardo Isaac Yarochewski, advogado de Simone Vasconcelos, chegou a fazer uma analogia com a Carminha, personagem da atriz Adriana Esteves na novela Avenida Brasil. Já Paulo Sérgio Abreu e Silva, defensor de Geiza Dias, ex-funcionária de Marcos Valério, disse que sua cliente era uma funcionária “mequetrefe”. Veja as principais frases:
Castellar Modesto Guimarães Filho, advogado do sócio de Valério:
“Cristiano mantém inabalável o conceito de credibilidade que tem com os meios de comunicação, com o mercado, com o comércio. É reconhecido e aplaudido como publicitário e homem de criação, e mantém a confiança de seus clientes”.
“(A nova agência de Cristiano Paz) não possui, por opção, nenhuma conta pública”.
“No momento em que os autos dessa ação foram ao procurador-geral da República, eu convivi com um otimismo contagiante. Acreditava, pelo que via da prova, que Cristiano Paz tivesse o reconhecimento de que faltam nos autos provas para embasar o pedido de condenação”.
Paulo Sérgio Abreu e Silva, advogado de Rogério Tolentino, ex-advogado de Marcos Valério:
“Eu acho e já afirmei: algum auxiliar do eminente procurador, que sustentou essa denúncia, que eu tenho para mim como ruim e fraca, teve preguiça mental de ler os autos".
“O Judiciário não representa o povo. Representa a lei. Justiça seja feita, mesmo que os céus venham abaixo. E é na busca dessa Justiça que eu estou aqui defendendo Rogério Tolentino".
“Isso (o fato de uma testemunha dizer que Tolentino era íntimo do Banco Rural), pode sustentar o famoso 'quadrilhão'”.
“Isso é caixa dois (...) é perigoso mais tarde (...) porque pode dar uma ação penal lá na frente. Mas isso se explica de maneira contábil, senhores ministros [sobre o pagamento feito pelas agências de publicidade de Marcos Valério ao advogado Rogério Tolentino]".
Leonardo Isaac Yarochewski, defensor de Simone Vasconcelos:
"Virou moda, porque é bonito falar. Até na novela das oito, a Carminha disse que ia processar a Rita por bando ou quadrilha".
“Ela era empregada, o dinheiro não lhe pertencia. Muitas das pessoas para quem ela entregou o dinheiro ela identificava por roupa, na hora”.
“O procurador insiste que esse empréstimo não é legal. Nós temos vários laudos (que provariam a legalidade). Ela (Simone Vasconcelos) ajudou a elaborar essa documentação toda. Se o empréstimo é fajuto, uma farsa, uma fraude, não precisava disso tudo”.
“Tem uma dupla sertaneja aí, que eu não vou dizer o nome para não constrangê-los, que quando faz show faz questão de receber em dinheiro”.
"Isso remonta à idade medieval, em que o indivíduo era punido por aquilo que ele era, remonta ao Código de Hamurabi. O que mais se faz nesse processo é culpar pessoas pelo cargo que ocupava, ou porque ocupava cargo em determinado banco, ou em determinado partido, ou em determinada agência de publicidade”.
“O direito é vida pensada. Mas a decisão tem que ser vida vivida. Vida vivida e sofrida nos últimos sete anos desse tormentoso processo por Simone Vasconcelos".
“Ela não conhecia, não sabia quem eram os parlamentares (que receberiam o dinheiro). Ela sabia que era um empréstimo que era para o PT. O que o patrão faz com o dinheiro não cabe ao funcionário questionar".
“Ela tinha verdadeiro pavor de sair com o dinheiro, porque o dinheiro não era dela. Ela pegou carro-forte, sim. E como sair da agência com aquele monte de dinheiro, em caixa? Tinha que ser em carro-forte mesmo, e era ordem do patrão. Uma vez ela perguntou: 'Por que não mandar em doc?'. E o Marcos Valério respondeu: 'porque tinha que ser'”.
“Você que inventou esse Estado, inventou de inventar, toda escuridão. Você que inventou o pecado, esqueceu-se de inventar o perdão. Apesar de você, amanhã há de ser outro dia".
Paulo Sérgio Abreu e Silva, defensor de Geiza Dias, ex-funcionária de Marcos Valério:
“Ela está me ouvindo agora, deve estar até me vendo e vai me perdoar. Ela era uma funcionária mequetrefe. Geisa cumpria ordens, trabalhava no terceiro ou quatro escalão”.
“A Geiza era uma batedeira de cheques”.
“Quando eu saí de casa, minha mulher ainda falou comigo: 'cuidado com o seu palavrório'. Mas minha filha, não tem jeito, são vidas em jogo. Essa moça foi escorraçada pela família por ter se envolvido com o mensalão”.
“Ela vai me desculpar, mas eu vou falar de novo. Uma funcionária mequetrefe denunciada no maior escândalo jurídico da Nação brasileira".
“O artigo 155 do Código de Processo Penal [que trata da prova produzida judicialmente] foi degolado, destruído, aniquilado, porque o então procurador-geral da República não sabe redigir uma denúncia”.
José Carlos Dias, advogado de Kátia Rabello, presidente do Banco Rural na época do mensalão:
“Ela (Kátia Rabello) é bailarina, tinha uma escola de dança para crianças. Ela é uma artista. O que acontece é que sua irmã, que havia sido preparada pelo pai para ser banqueira, falece em um desastre de helicóptero”.
“É uma quadrilha entre os quadrilheiros que não se conhecem, nunca se reuniram, jamais se juntaram para decidir algo como 'o que vamos fazer para praticar os crimes?'”.
"Kátia Rabello é uma mineira séria. E precisa voltar a viver, porque está vivendo o inferno".
"Essa liquidação só ocorreu agora, em março desse ano, no governo Dilma Rousseff". (Sobre a liquidação do Banco Mercantil).
"Se o Coaf jamais questionou tais operações, não é razoável transferir essa responsabilidade para os administradores do Banco Rural".
“O Banco Rural foi vítima de sua própria transparência. Tudo o que estava lá (documentos) foi entregue”.
“Ela não pode, de maneira nenhuma, ser responsabilizada por atos que não praticou. As renovações (do empréstimo feito a Valério) eram sempre trimestrais, como forma de pressão para o pagamento. Se isso fosse fictício, se não existisse, era mais fácil fazer um compromisso distante, a perder de vista, não precisaria essa cobrança”.