Governo precisa curar a ressaca da eleição da Câmara para aprovar pacote fiscal.
Além de resolver a crise das emendas, buscando um acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa curar a ressaca da eleição da Câmara dos Deputados para ter o apoio de PSD e União Brasil na votação das medidas do pacote fiscal.
O recado já chegou até o Palácio do Planalto em reunião com os líderes dos dois partidos nesta semana.
Elmar Nascimento (UB-BA) e Antônio Brito (PSD-BA) assinaram os pedidos de urgência para votação dos dois projetos de lei do pacote fiscal, aprovados nesta quarta-feira (4).
Eles alertam, contudo, que os membros das duas bancadas não estão dispostos a votar as medidas fiscais enquanto essas feridas deixadas pelas articulações para sucessão da Câmara sejam curadas, e os entraves para distribuição das emendas de comissão sejam resolvidos.
Câmara agiliza projetos de corte de gastos do governo em meio a impasse sobre emendas parlamentares
O remédio para curar as feridas e a ressaca da eleição da Câmara, depois que tanto Elmar Nascimento como Antônio Brito tiveram de abrir mão de suas candidaturas, vai passar pela distribuição de mais cargos no governo a esses dois partidos, principalmente para nomes ligados aos dois líderes das legendas.
🔎PSD e União Brasil fazem parte de dois blocos que somados têm mais de 300 votos. Só as duas legendas somam 101 deputados.
Depois de um apelo do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), as urgências foram aprovadas em votações apertadas, mas o mérito vai depender da solução do impasse sobre as emendas parlamentares e de um entendimento com os dois partidos da base aliada.
Nesta corrida contra o tempo, a equipe presidencial avalia que o governo precisa conseguir a sinalização positiva do Congresso de que o pacote fiscal será aprovado antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem.
Se a reunião do Copom ocorrer num cenário de incerteza de aprovação das medidas fiscais, isso pode pesar na definição da taxa de juros e no comportamento do dólar exatamente quando o Banco Central estará discutindo o aperto em sua política monetária.
Por isso, entre interlocutores de Lula, não há outro caminho a não ser aprovar as medidas de reforço do arcabouço fiscal para evitar uma crise na economia brasileira.