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Por Octavio Guedes


Ronnie Lessa, Élcio de Queiroz e Maxwell Simões Corrêa, o Suel, suspeitos de envolvimento na morte de Marielle Franco — Foto: Reprodução/ TV Globo

O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Luciano Mattos, deseja que a parceria com a Polícia Federal (PF) na investigação do caso Marielle Franco seja estendida para outros crimes que envolvam a milícia. A aliança acertada entre Luciano Mattos e o ministro de Justiça, Flávio Dino, em fevereiro deste ano, deixou para trás um histórico de atritos entre forças estaduais e federais.

Assim que Marielle foi assassinada, o então chefe do Ministério Público (MP) estadual, Eduardo Gussen, propôs a criação de uma força-tarefa com a participação da PF e do Ministério Público Federal. A ex-procuradora geral de Justiça Raquel Dodge, no entanto, rejeitou a parceria e queria um modelo em que só a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) atuassem. Na prática, o gesto de Dogde passava o recado de que policiais civis e promotores estaduais não teriam autonomia para investigar crimes de organizações criminosas com fortes ramificações no mundo político fluminense.

Octavio Guedes: Polícia Civil descartou delação de Lessa

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Gussen recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e conseguiu evitar a federalização das investigações. Quem nada fez para arbitrar a crise foi o então interventor federal, general Walter Braga Netto. O cargo dele lhe dava poderes para criar uma força-tarefa como quisesse, já que toda a área de segurança estadual estava sob sua responsabilidade. E ele era uma autoridade federal.

O MP estadual trabalhou apenas com a Polícia Civil do Rio de Janeiro. A parceria funcionou bem para identificar os executores do crime, mas emperrou e deixou sem resposta por cinco anos as perguntas: "quem mandou matar Marielle e por quê?".

No início do ano, uma esperança. Como revelou a jornalista Bela Megale, do jornal “O Globo”, o governador Claudio Castro ligou para o procurador Luciano Mattos e disse que havia a possiblidade de uma delação de Ronnie Lessa. O caso foi tratado, entre outros temas, numa reunião entre a cúpula da Polícia Civil e do Ministério Público. Mas as negociações da Polícia Civil com o homem apontado como assassino de Marielle não foram adiante.

Caso Marielle Franco: saiba quem são os envolvidos no crime

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E aqui um parêntese: é impossível uma delação de Ronnie Lessa sem que ele exponha a corrupção das polícias cariocas.

A Polícia Civil emitiu a seguinte nota sobre o assunto:

"Empenhada na investigação que apura os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a Polícia Civil do Rio enviou, em abril deste ano, uma equipe da Delegacia de Homicídios da Capital, ao presídio em Porto Velho para realizar novas oitivas. Em uma das conversas com Ronnie Lessa, foram levantadas novas informações recebidas como dados de inteligência e, por determinação do governador Cláudio Castro, repassadas pela Polícia Civil do Rio ao Ministério Público Estadual para conhecimento a avaliação."

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