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Por Redação g1


Natuza: anúncio de isenção de imposto dividiu governo

Natuza: anúncio de isenção de imposto dividiu governo

O governo acabou colocando água no chope do ministro Fernando Haddad e no próprio chope ao anunciar o pacote de corte de gastos combinado com uma promessa de campanha de Lula: isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.

O corte chegou com atraso de três meses. E, por conta desse tempo, foi divulgado em meio a dúvidas sobre o poder do ministro da Fazenda e da capacidade de Haddad em convencer Lula. O anúncio não passou segurança ao mercado financeiro de que o governo tinha interesse real em controlar o crescimento da dívida.

Além disso, o governo ainda não pode garantir o que prometeu porque depende de aprovação do Congresso.

Já o anúncio da isenção do IR em 2026 é um ato que antecipa o tom do discurso da campanha de reeleição, focado no público em que o governo mais precisa ampliar o apoio, daqueles que ganham entre três a cinco salários mínimos, exatamente os beneficiados pela medida.

Essa é a faixa da população que sofre os impactos quando os juros aumentam, o crédito fica mais caro e a inflação, que já está incomodando bem, piora.

O governo até buscou um meio do caminho, mas tem um problema crônico de comunicação, o noticiário virou a expectativa não atingida em relação ao ajuste fiscal e isso tem um resultado muito ruim.

E, então, a ideia de "desajuste" fica muito exposta a partir da forma, do timing, do atraso e das próprias consequências de um ajuste.

Proposta e reação

A proposta anunciada por Haddad na quarta e detalhada nesta quinta-feira (28) prevê um corte de gastos de R$ 70 bilhões em 2025 e 2026. Entre as ações, estão uma limitação para o crescimento do salário mínimo, restrição para o abono salarial e uma alíquota de até 10% de imposto para pessoas que ganham mais de R$ 600 mil por ano.

Além do pacote de corte, o governo também propôs isentar o Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Atualmente, o limite de isenção é de R$ 2.824. A medida é popular, mas vai na contramão de um ajuste fiscal.

No mercado financeiro, o anúncio combinado repercutiu mal e o dólar fechou em alta nesta quinta-feira, renovando o maior valor nominal da história: R$ 5,9891. Ao longo do pregão, a moeda americana bateu os R$ 6 pela primeira vez na história. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,0029.

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