Blog da Julia Duailibi

Por Guilherme Balza

Repórter de política da Globonews em Brasília

Globonews — Brasília


Arthur Lira, Presidente da Câmara dos Deputados — Foto: GloboNews/Reprodução

Em reunião com os líderes que antecedeu a votação das urgências dos projetos do pacote fiscal, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, admitiu que já não tem mais o mesmo poder de antes. Segundo relatos dos líderes, durante um apelo para aprovar as urgências das matérias, ele mencionou a metáfora do “café frio”, muito usada em Brasília para se referir a políticos em final de mandato e sem o mesmo prestígio de outros tempos.

“Não é que meu café esteja frio, eu não tenho nem mais café para servir”, afirmou. Em seguida, pediu aos líderes para aprovarem as urgências pela importância do tema. Esta foi a segunda vez que Lira citou a metáfora. Ele também falou a mesma frase durante um encontro com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha

Ainda segundo relatos, Lira assegurou aos líderes que, na semana que vem, o imbróglio das emendas será solucionado.

Auxiliares de Lula duvidam da tese de que Lira vai perder sua influência no parlamento depois que passar o bastão ao sucessor. Um desses assessores afirma que Lira é “a memória viva do orçamento secreto, é um HD do orçamento secreto” e dos correlatos, como as emendas pix e as emendas de comissão. “Ele sabe quem recebeu, quanto recebeu, quem usou bem o dinheiro, quem fez falcatrua.”

No governo, as ressalvas que o ministro Flávio Dino impôs na segunda-feira para a liberação das emendas ajudam a “desmontar” o esquema de Lira de distribuição de emendas. O ponto central é a exigência de identificação do autor das emendas de comissão e de bancada, que reduzem o poder nesse tema dos presidentes das comissões e dos líderes da Casa - e, consequentemente, do próprio Lira. Tendo o nome do autor da emenda, o governo consegue controlar o dinheiro e cobrar apoio do parlamentar.

Ainda que a decisão de Dino beneficie Lula, a necessidade de aprovar o pacote fiscal faz o governo apelar para o pragmatismo. O Planalto espera que haja um recuo de Dino, ao menos parcial, na semana que vem. A negociação com o ministro tem sido feita pelo ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias.

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