Blog do Camarotti

Por Gerson Camarotti, g1 e GloboNews


Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal, rejeitou integralmente pedido de modificações de emendas. — Foto: TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO


A rejeição integral do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), às solicitações da Advocacia-Geral da União (AGU) para modificações das regras para pagamento das emendas parlamentares vai afetar a aprovação do pacote fiscal. Com a decisão, há um risco, de fato, de não ocorrer votação dos projetos ainda neste ano.

O pedido da AGU ocorreu após manifestações de insatisfação entre parlamentares com as novas regras. E, diante das queixas do Congresso, o governo resolveu pedir reconsideração ao STF, em nome de uma boa relação com o Legislativo e de um ambiente propício para aprovação de projetos do Palácio do Planalto.

Com o pedido da AGU, a expectativa era que houvesse reconsideração, senão de toda, de parte das modificações por Dino, e que houvesse uma atuação mais contundente do governo, o que não aconteceu.

  • 🔎 As emendas parlamentares são uma reserva dentro do Orçamento usadas conforme indicação de deputados e senadores. É esse o dinheiro enviado pelos parlamentares às suas bases eleitorais.

Nas últimas semanas, líderes partidários já vinham afirmando que esperavam a resolução dessa questão para votar temas importantes no Congresso. Entre esses temas, está o próprio Orçamento de 2025, já que as regras para as emendas impactam no desenho dos gastos do próximo ano.

A decisão "rígida" de Dino ao liberar a retomada dos pagamentos, no entanto, levou aliados insatisfeitos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a colocarem outro tema nessa balança: o pacote enviado pela área econômica para cortar gastos e garantir o respeito ao arcabouço fiscal.

Articuladores políticos do governo tentam agora novas negociações com a base aliada no Congresso Nacional.

Flávio Dino libera pagamento de emendas parlamentares, mas faz novas exigências

Flávio Dino libera pagamento de emendas parlamentares, mas faz novas exigências

Se, por um lado, o governo terá regras mais rígidas para as emendas parlamentares — o que é bom para o governo porque protege mais o governo — por outro lado, neste momento específico, é um 'timing' difícil.

Isso porque o governo esperava aprovação do pacote — mesmo desidratado e mesmo com reações a parte do pacote, como às regras mais rígidas para o Benefício de Prestação Continuada (BPC) — para ter um melhor cenário fiscal para conter a pressão do dólar.

A percepção agora é de risco, inclusive, de uma elevação maior, mais significativa dos juros na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

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