Tempo de atendimento da Enel dobra após privatização
O tempo médio de espera dos consumidores para que a Enel SP atenda ocorrências emergenciais relacionadas à energia elétrica mais que dobrou nos últimos cinco anos.
Segundo dados da Aneel, a Agência Nacional de Energia Elétrica, em novembro de 2018, a média era de 6 horas para o atendimento a emergências. Essa média leva em conta os últimos 12 meses, portanto, leva em conta parte do tempo em que a Eletropaulo ainda geria a energia elétrica em São Paulo, o que aconteceu até junho de 2018.
Um ano depois, em 2019, o tempo médio de espera saltou para 9 horas, chegou a 11 horas em 2022 e, em abril deste ano -- dado mais atualizado até o momento -- a média já é de 13 horas para o atendimento a emergências.
A Aneel também faz um ranking de qualidade com as 29 maiores concessionárias de energia elétrica do país. No ano passado, a Enel SP ocupava a 19ª posição.
Os problemas com energia elétrica causados pelo temporal da última sexta (3) em São Paulo reacendem o debate a respeito da privatização de serviços essenciais, como a água.
Em nota, a Enel Distribuição São Paulo afirma que o indicador o Tempo Médio de Atendimento Emergencial (TMAE) não envolve necessariamente chamados de falta de luz e considera deslocamentos de equipes para chamados diversos, incluindo deslocamentos improcedentes.
Também afirma que os indicadores oficiais de qualidade medidos pelo órgão regulador são o DEC e FEC, e que estes dois indicadores registraram melhoria expressiva nos últimos anos, como resultado dos fortes investimentos realizados pela empresa. Entre 2015 e 2022, o DEC melhorou 73% e o FEC avançou 48%. (Leia a nota na íntegra abaixo)
Uma das principais bandeiras da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) desde as eleições é a privatização da Sabesp, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, responsável pela concessão dos serviços públicos de saneamento básico de 375 municípios.
Vista aérea de residências sem o fornecimento de energia elétrica no Parque Monte Alegre, no Taboão da Serra, na Grande São Paulo, nesta segunda-feira(06). Moradores da região também reclamam da falta de água. — Foto: RONALDO SILVA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
A primeira audiência pública convocada pela Alesp estava prevista para acontecer nesta segunda (6), mas foi suspensa em uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que surgiu a partir de uma ação popular assinada pelo deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT/SP), pela vice-presidente da CUT/SP, Ivone Silva e pela a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro.
O pedido ocorreu pois a audiência foi convocada no dia 1º de novembro, véspera do feriado, para ser realizada no dia 6, não respeitando, portanto, a regra de oito dias úteis entre a chamada e a realização da audiência.
A Assembleia Legislativa foi notificada nesta segunda-feira (6) sobre liminar e remarcou a audiência para o próximo dia 16 às 14h no plenário Juscelino Kubitscheck.
A oposição alega que a privatização da Sabesp pode deixar de lado o saneamento básico em regiões periféricas, além de atrapalhar projetos de regularização fundiária de cidades ou bairros. Outro argumento é o de que, se a qualidade do serviço prestado cair, o movimento pode levar a uma desindustrialização do estado de São Paulo, uma vez que a qualidade da água de uma região é fator essencial para decisão da instalação de qualquer tipo de indústria.
"A hora que você privatiza, a empresa vai olhar se aquela região dá prejuízo, não vai ter atendimento. É a mesma coisa para a população nas periferias na cidade de São Paulo. Quando você tiver uma adutora rompida, um vazamento de água, hoje quando você olha a cidade, o centro expandido e as periferias, já tem uma dificuldade de atendimento. Imagina quando tiver na mao de uma gestão privada", afirma o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT).
Já o líder do governo na Alesp, deputado Jorge Wilson (Republicanos) afirma que a privatização irá garantir a universalização da água, o que não acontece hoje com a Sabesp. Ele afirma que, como acionista, o governo continuará fiscalizando e cobrando a execução do plano de ação no caso de uma empresa que venha assumir a Sabesp.
"No caso da Enel, governos anteriores deveriam ter cobrado. Deveria ter sido cobrado como todos os órgãos de proteção precisam cobrar eficiência no plano de ação e no pronto atendimento por parte da Enel para que ela volte a cobrir aquilo num tempo igual ou menor do que era a Eletropaulo", afirma.
Íntegra da nota da Enel
A Enel Distribuição São Paulo informa que o indicador mencionado não reflete o tempo em que os clientes ficam sem energia. O Tempo Médio de Atendimento Emergencial (TMAE) não envolve necessariamente chamados de falta de luz e considera deslocamentos de equipes para chamados diversos, incluindo deslocamentos improcedentes.
Os indicadores oficiais de qualidade medidos pelo órgão regulador são o DEC e FEC, que mostram respectivamente a duração média de interrupções e a quantidade em média de vezes que o cliente fica sem energia. A Enel São Paulo ressalta que estes dois indicadores registraram melhoria expressiva nos últimos anos, como resultado dos fortes investimentos realizados pela empresa. Entre 2015 e 2022, o DEC melhorou 73% e o FEC avançou 48%.
Desde que adquiriu a Eletropaulo, a Enel tem realizado uma média anual de investimentos da ordem de R$ 1,3 bilhão por ano, contra cerca de R$ 800 milhões por ano investidos anteriormente. Em 2022, foram investidos R$ 1,9 bilhão em tecnologia para melhor gerenciamento da rede. Esse volume recorde de investimento está sendo destinado, principalmente, a digitalização e automação da rede elétrica, o que tem refletido na melhora dos indicadores de qualidade da companhia.