Foto de arquivo de 12/08/2021 mostra o então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), conversando com o então ministro da Defesa, general Braga Netto — Foto: Gabriela Biló/ESTADÃO CONTEÚDO
A Polícia Federal colheu informações recentes do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, em que ele aponta que o general Walter Souza Braga Netto, preso neste sábado (14), como noticiado com exclusividade por esse blog, não apenas tinha conhecimento de ações ilícitas relacionadas ao golpe, mas também participou ativamente do financiamento dessas atividades, incluindo a entrega de recursos aos golpistas em uma sacola de vinho.
Braga Netto é alvo do inquérito que apura uma tentativa de golpe de estado. A PF também fez buscas na casa dele. Ele foi preso em Copacabana, no Rio, e ficará sob custódia do Exército.
A defesa do ex-ministro diz que vai provar que ele não atuou para obstruir as investigações do inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
A Polícia Federal diz que Braga Netto:
- Teve participação relevante nos atos criminosos. Nas palavras de um investigador, era "a cabeça, o mentor do golpe- mas sob comando de Bolsonaro"
- Coordenou ações ilícitas executadas por militares com formação em Forças Especiais ("kids pretos")
- Entregou dinheiro em uma sacola de vinho para financiar as operações
- Tentou obter dados sigilosos do acordo de colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
- Tentou controlar as informações fornecidas e alinhar versões entre os investigados
- Teve ação efetiva na coordenação das ações clandestinas para tentar prender e executar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes
Defesa de Braga Netto
Em nota divulgada neste sábado (14), a defesa do general da reserva Walter Souza Braga Netto afirmou que comprovará que o ex-ministro não atuou para obstruir as investigações do inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
"Entretanto, com a crença na observância do devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução as investigações".
Assinam o comunicado os advogados Luís Henrique César Prata, Gabriella Leonel de S. Venâncio e Francisco Eslei de Lima.