Blog da Andréia Sadi

Por Fábio Santos, Gustavo Petró, Andréia Sadi


Brasil teme que possa haver conflito grave na Venezuela

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O assessor especial de Lula (PT) para assuntos internacionais, Celso Amorim, disse nesta quarta-feira (7) temer "um conflito muito grave" na Venezuela.

"Eu temo muito que possa haver um conflito muito grave. Não quero usar a expressão guerra civil, mas temo muito. E eu acho que a gente tem que trabalhar para que haja um entendimento. Isso exige conciliação. E conciliação exige flexibilidade de todos os lados", disse Amorim em entrevista para o Estúdio i.

Entre as medidas de flexibilização, Amorim citou as sanções impostas por Estados Unidos e União Europeia ao governo Maduro, e disse que o "nível de divisão" na Venezuela atualmente vai exigir mediação.

Amorim também disse ser "lamentável que as atas não tenham aparecido" após o término das eleições venezuelanas. Ele disse que falou sobre isso, inclusive, com o Nicolás Maduro.

"Eu disse isso para o presidente Maduro. Eu tive com ele no dia seguinte da eleição e perguntei sobre as atas. Ele me disse que seriam publicadas. Depois encontraram esse caminho pela Justiça. Eu tenho que confessar a minha ignorância, não compreendo bem ainda o que a Justiça vai fazer."

O assessor especial também criticou a prisão de uma chefe regional de campanha do bloco de oposição venezuelana, que ocorreu na noite desta terça-feira (6), de acordo com a oposicionista María Corina Machado.

Conversa com a oposição

"Eu acho que é mais importante os três presidentes conversarem entre si e saber bem como encaminhar uma conversa que pode ser com o Maduro, mas pode também ser com o candidato da oposição em algum momento", afirmou Amorim.

Questionado sobre a nota do partido do presidente, que reconheceu a reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela, ele disse que "não pensa daquela maneira".

Celso Amorim comenta nota do PT sobre Venezuela

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"Eu pessoalmente não penso daquela maneira, exatamente. Talvez o ângulo pelo qual você vê, quando você representa ou quando você está num Estado é diferente do ângulo que você vê quando você está em um partido político."

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Atuação como observador

Amorim viajou à Venezuela para acompanhar o processo eleitoral no país no dia 28 de julho. Logo após o pleito, ele reforçou o pedido do governo brasileiro para a Venezuela publicar integralmente as atas da eleição presidencial, uma espécie de boletim das urnas.

O Brasil se posicionou ao lado de México e Colômbia, que divulgaram uma nota conjunta na quinta-feira (1º), pedindo a divulgação de atas eleitorais na Venezuela. A nota pede também a solução do impasse eleitoral no país pelas "vias institucionais" e que a soberania popular seja respeitada com "apuração imparcial".

De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, Maduro foi reeleito com 51,95% dos votos, enquanto seu opositor, Edmundo González, recebeu 43,18%. A oposição e a comunidade internacional contestam o resultado divulgado pelo órgão eleitoral e pedem a divulgação das atas eleitorais. Segundo contagem paralela da oposição, González venceu Maduro com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.

Com base nessas contagens, Estados Unidos, Panamá, Costa Rica, Peru, Argentina e Uruguai declararam que o candidato da oposição venceu Maduro.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) também não reconheceu o resultado das eleições presidenciais. Em relatório feito por observadores que acompanharam o pleito, a OEA diz haver indícios de que o governo Maduro distorceu o resultado.

Na terça-feira (6), González afirmou ter ganhado as eleições no país e, nesta quarta, disse que não comparecerá a uma audiência judicial no Tribunal Supremo de Justiça para a qual ele havia sido convocado.

Ele acusou ainda o Tribunal Supremo -- composto por juízes em maioria alinhados ao regime de Maduro -- de usar o Judiciário para "'certificar' resultados que ainda não foram produzidos de acordo com a Constituição e a lei, com acesso dos partícipes às atas originais.

O regime de Maduro disse que o oposicionista pode receber uma ordem de prisão caso não compareça. Mais de 1,2 mil pessoas foram presas após os protestos que tomaram o país depois das eleições. Maduro disse que González e a líder da oposição, María Corina Machado, deveriam "estar atrás das grades".

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Chefe de campanha presa

Chefe de campanha da oposição da Venezuela faz transmissão ao vivo de prisão

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Uma chefe regional de campanha do bloco de oposição venezuelana foi presa na noite desta terça-feira (6), de acordo com a oposicionista María Corina Machado. O partido Vente Venezuela, de Corina Machado, confirmou a prisão da coordenadora regional, identificada como María Oropeza.

Oropeza fez uma transmissão ao vivo mostrando, segundo ela, o momento de sua detenção. "Eu não fiz nada de errado", disse a coordenadora na transmissão (veja abaixo).

No vídeo, feito de dentro de um imóvel, a chefe de campanha mostra um grupo de homens arrombando a porta do local. Após conseguirem abri-la, os homens, alguns encapuzados, sobem uma escada em direção a María Oropeza sem nem falar nada nem mostrar ordem de prisão.

O partido Vente Venezuela afirmou que não foi apresentada nenhuma ordem judicial e que Oropeza foi "sequestrada" por forças do regime de Maduro.

Oropeza é chefe da campanha de Edmundo González no estado de Portuguesa, no noroeste da Venezuela. Ela coordenava a campanha de María Corina Machado antes de a oposicionista ser impedida de concorrer à presidência do país, em janeiro, pelo Tribunal Supremo da Venezuela, alinhado ao regime de Maduro.

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