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seg, 10/03/14
por Zeca Camargo |
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Paraíso astral

seg, 10/03/14
por . |
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A única época em que eu presto atenção à astrologia é esta: no mês que antecede meu aniversário – e faço isso justamente para poder desmenti-la. Esse período de trintas dias antes de você completar mais um ano é, como toda gente sabe, chamado de “inferno astral”. Mas eu geralmente prefiro, pegando emprestado do “Parabéns” de Caetano Veloso, chamar de “paraíso astral”. Pois é justamente por agora que as coisas boas começam a acontecer.

Foi assim em 2013, quando, a essa altura, uma nova e excitante possibilidade estava se esboçando na minha carreira; e eu ainda me preparava para talvez a celebração mais legal que eu já tive de um aniversário meu – justamente o de 50 anos. Agora, em 2014, além de ter aberto a temporada gravando ótimos programas (vêm aí Bruna Marquezini, Bruno Gagliasso, Carolina Dieckmann e Sophie Charlotte, entre outros encontros excelentes), ainda tive a feliz coincidência de ter esse “paraíso astral” coincidindo com o período de Carnaval – e já começou com a boa notícia de que a Tijuca foi eleita a campeã dos desfiles do Rio em 2014!

Ironicamente, ao contrário da última vez que a escola de Paulo Barros levou o título, eu não estava na Sapucaí para comemorar… Mas como essa é a poça de boas notícias, não estou reclamando de nada, pois eu devo dizer que estava num lugar que me trouxe tanto prazer quanto a Sapucaí, uma vez que aproveitei o primeiro Carnaval, em 18 anos, em que eu não tive de trabalhar e tirei uma semana para viajar. Para onde mesmo? Bem, isso é com você…

Mas hoje hesito em simplesmente colocar aqui uma foto e perguntar “onde estou?” – e a razão disso é que, das centenas de fotos que tirei, nenhuma delas (nenhuma mesmo) conseguiu reproduzir o esplendor deste lugar. Sério! A única frustração de toda esta viagem é que eu não vou poder contar com imagens o que vi. Pelo menos não de maneira fiel. Claro que eu posso sempre reproduzir algumas fotos – mesmo aqui, neste espaço. Talvez, por causa dessa viagem, eu até eu abra, enfim, um Instagram “oficial” – já que tem mais um “mané” aí enganando umas 19 mil pessoas dizendo que é meu “Instagram oficial”, recolhendo e republicando imagens que encontra de mim na internet (ATENÇÃO: já disse aqui mesmo neste blog, que o dia em que eu tiver um, a última coisa que você vai encontrar lá é uma foto minha… ou seja, se você é uma das “vítimas” desse “mané”, se liga – já já eu abro um “oficial mesmo”).

Acontece que mesmo as melhores fotos – tiradas, diga-se, por este fotógrafo medíocre que vos escreve – não fazem justiça ao que meus olhos (e o de vários viajantes que encontrei por aqui) viram neste lugar. Mesmo as palavras, minhas companheiras fiéis, parecem insuficientes para descrever tudo que estou vivendo. Mas se quiser mesmo entrar no “velho jogo” – nossa, quando foi mesmo a primeira vez que eu perguntei “Onde estou?” – posso oferecer algumas passagens do meu “diário de viagem”.

Por exemplo:
“Estava realmente cansado ontem por volta das 19h30, quando um senhor com uma longa barba (e túnica ainda mais longa) veio até a frente da minha tenda com seu instrumento. A música que ele tirava dali era linda, apesar da simplicidade do objeto que tocava: uma caixa com tampa de lata, uma simples corda metálica e um arco que parecia mais útil à caça do que à arte. Talvez essas duas coisas não fizessem diferença para ele, mas me lembro a tempo que ele é, por tradição, um pastor – e sossego nas elucubrações. Melhor deixar-me embalar apenas por suas canções, que, segundo Amjad, falam de amor. Sempre de amor.”

Ou ainda:
“Ontem, em cima de um camelo, vi que o garoto que o conduzia, quando não falava no celular (o conselho do guia que acabei de conhecer, Amjad, para que eu ‘aproveitasse o silêncio da jornada’, percebo, só poderia ser irônico) – enfim, quando o garoto se punha a cantar, deixava também ritmadas marcas na areia, com o fino galho seco que levava em uma das mãos, fundamental para que o camelo lembrasse que precisava andar… As linhas que ele ia riscando no chão, mais as pegadas fortes que as patas do camelo imprimiam no solo fofo, formavam uma inesperada escrita – como um código morse misterioso, trazendo uma mensagem daquelas dunas, cujo significado eu ainda nem sonhava em decifrar.”

Sim, estive num dos lugares mais sublimes do mundo – e essa é só uma parte da viagem, da qual prometo falar mais aqui em breve. Se, além dessas passagens acima, você precisar mesmo de uma foto para imaginar onde eu estou, aqui vai uma, logo abaixo. E enquanto você viaja nessa inspiração, eu vou em frente – meus 51 anos estão ali na esquina… Mal posso esperar…



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