Verdadeiro ou falso: 70% das piadas do Porta dos Fundos poderiam passar na TV aberta
Dessa vez eu acreditei que ninguém mesmo adivinharia onde eu estava na foto que publiquei no último post. Afinal, era um plano bem fechado, que mostrava apenas alguns detalhes (ainda que importantes) do trabalho que definia o local. Mas o Antonio Gusmão, a Andréia e (de certa forma) a Aline Santana acertaram que a foto foi tirada no teto do Metropolitan Museum, em Nova York, um espaço que já foi cenário de um outro “Onde estou?”, e que todo verão recebe um artista para um projeto especial. Em 2013, o escolhido foi o paquistanês Imran Qureshi – que, de maneira sensível (e ao mesmo tempo impactante), borrou todo o chão de sangue… ou quase isso. Treinado na delicada arte das antigas iluminuras orientais (aquelas tradicionais pinturas minúsculas e cheias de detalhes), Qureshi tira, do “sangue”, pétalas – e transforma a experiência tão corriqueira de quem está acostumado a ver imagens de atentados terroristas (exatamente como esse recente em Boston) num exercício de beleza. Emoldurada pelo Central Park que cerca o museu, então, a obra é um feliz acerto do Metropolitan – numa temporada bastante rica em artes plásticas na cidade que tive o prazer de aproveitar na última semana, e que devo comentar aqui em breve.
Mas hoje queria discutir com você um assunto que me ocorreu quando, voltando de viagem, fui conferir os “episódios” de “Porta dos fundos” que eu tinha “perdido” esses dias em que estive viajando. Antes que os mais engraçadinhos se antecipem, é claro que eu poderia ter visto tudo pela internet – mas digamos que as prioridades desta vez em Nova York eram outras… Assim, ontem de manhã, recuperado do cansaço da viagem, fui matar minhas saudades do “Porta” – e, num clima de domingo, antes de mergulhar no trabalho, vi não só as piadas inéditas, mas também revi outros favoritos. Na inércia que a internet sempre induz, fui vendo ainda episódios antigos – e, com a mente ociosa, fiz a mim mesmo a pergunta que mais de uma vez discuti calorosamente em jantares animados: por que eles não têm um programa na TV aberta?
Há um bom tempo, os esquetes que apareciam esporadicamente no YouTube começaram a ganhar fiéis seguidores (este blogueiro entre eles) e conquistaram o status de “canal online”. O título parece importante – e é! –, mas por mais significativo que seja, não chega no mesmo patamar de existir como um programa de TV. Ou chega? Será que isso é mesmo importante? Em mais de uma entrevista, seus participantes – principalmente Gregório Duvivier e Fábio Porchat – já disseram que isso não é realmente o que eles buscam agora: aparentemente eles já ganham um bom dinheiro com o “Porta” assim mesmo na internet, e (a desculpa favorita) sem abrir mão da liberdade – que, supostamente, eles não teriam numa televisão aberta. Os critérios, claro, são deles – e legítimos, não estou nem sugerindo discutir isso. Na internet, num canal a cabo, na TV aberta, não importa onde, tenho certeza de que o talento de todos ali para nos fazer rir é inegável.
Mas o que me chamou atenção ontem, quando assistia a vários “Porta dos fundos”, é justamente a questão da “liberdade”. A TV aberta – um veículo do qual, claro, faço parte – tem seus limites sim: de pudor, de ética, de transgressão. Mas diante do “conjunto da obra” que eu tinha acabado de rever, comecei a perceber que boa parte das piadas poderiam perfeitamente estar numa programação de humor na TV aberta. Tão desconfiado estava disso, que comecei a fazar até uma pesquisa – bastante informal – e cheguei à conclusão (nada empírica, mas intuitiva) de que cerca de 70% do que eles disponibilizam na internet é bastante “aceitável” para a sensibilidade do público médio brasileiro. Claro que algum ajuste talvez tivesse de ser feito numa ou outra frase – um palavrão a menos, um gesto menos obsceno. Mas, de resto, eu não acho que a transferência do “Porta” para a TV comprometeria demais a integridade desses – já geniais – comediantes.
Comecei a fazer duas listas: uma com os episódios que teriam chance de passar na TV aberta e outra com os que seriam totalmente inviáveis. E adivinha qual delas cresceu mais rápido? Os esquetes “proibidos” iam parar na lista dos inviáveis por motivos que você já imagina: linguagem extremamente obscena (digamos, “Sobre a mesa”), menção a marcas conhecidas (“Mesa redonda”), ou as duas coisas juntas (“Na lata”). Eventualmente, conotações políticas (“Entrevista”) ou religiosas (“Demônio”) também seriam melhor se ficassem de fora. Assim, da amostra que vi – fiquei quase três horas me dedicando a isso –, coloquei também entre os “inviáveis”: “De bêbado”; “Happy hour”; “Depois do fim do mundo”; “Rola”; “Village People”; “Quem manda”; “A vida como ela é”; “Sex shop”; “Maitendo fundo” (claro!); “Tequila”; e “Setor de RH – Jesus” (que, com alguns tapinhas até passaria). Ah! E “Confessionário” certamente criaria problemas…
Na lista dos “aprovados para o consumo do grande público”… o resto! Eu começaria por um dos meus favoritos: “Versão brasileira” – onde um cara acorda e a mulher percebe que ele está sendo dublado (tem um palavrão no meio, mas, justamente por conta da dublagem, ele poderia ser facilmente driblado). “Essa é pra você” – a não ser por uma pequena estrofe da música – seria um sucesso geral. “Gerente júnior” passaria na íntegra – até com as referências escatológicas (considerando que as necessidades físicas já estão razoavelmente liberadas na TV). “Trocado” é não só um dos esquetes mais simples, como dos mais engraçados também – e qualquer pessoa que já teve uma nota de R$ 50,00 recusada pode facilmente se identitificar com aquela situação. “Táxi”, idem. “Cancelamento”, idem. E mesmo “Van” – já que qualquer pessoa que tentou trocar milhas por passagens aéreas sabe bem o que isso significa. “Troca de presente” é rápida e divertida. “Barata no banheiro” é tão surreal que eu arriscaria até dizer que é intelectualmente sofisticada demais para a TV atual. “O homem que não sabia mentir”, menos um par de palavrões, é simplesmente hilário (a voz de Duvivier “mentindo” não saiu da minha cabeça até agora!). Na mesma linha – mas de uma maneira, digamos, mais metafísica –, “Vozinha” é um inofensivo (e cruel) exercício vocal. “Meias palavras” é um retrato quase fiel do repórter que tentar ser mais engraçado que a situação que ele está mostrando. E por falar em sátira à TV – que foi sempre uma marca do humor na própria TV – “Galã global” é sensacional. Ainda na TV, com o perdão ao pessoal do Amapá, “Previsão do tempo” é sensacional – e “inocente”. “Super amigos” precisaria também de um ou dois palavrões a menos, mas passaria bem. No limite, até “Traveco da firma”, menos as grosserias e as marcas de biscoito, também passaria bem (assim como “Mecânica”). “Fim do namoro” é brilhante no texto e na interpretação – e seria aprovado mesmo com as referências a sexo oral… “Amante” é a mesma coisa – eu só tiraria uma frase pesada demais para o público em geral. Por falar em relacionamentos, “Casamento” é esperto e inofensivo (a não ser para o noivo). E se tudo der errado tem sempre o “Trago de volta”, que sem uma sujeira quase me matou de rir. “Médico vidente” é quase irritante, por ser uma ideia tão simples e boa. “Horário político” é uma ótima sátira que eu não sei como até hoje ninguém ainda fez na própria TV aberta. Assim como “Superávit”. “Corte de gastos” é um “meta esquete” sutil e brilhante. “Comercial de pasta de dente” mal tem texto – e é ótimo. “Poltergeist” – que tem mais a ver com agentes imobiliários do que com filmes de terror – estaria aprovadíssimo para a TV. “A regra é clara”, com, digamos, forte temática gay, é esperta o suficiente para evitar a apelação. “Depois daquele gol” é ainda mais discreto – e mais eficiente. “Meu príncipe” é menos discreto, mas não menos eficiente. Mesmo “Coma”, que é um pouco mais escrachado, acho que passa bem. “Voyeur”, ao contrário do que o nome sugere, não chocaria ninguém – e tem Luis Lobianco numa das interpretações mais incríveis. “Sinal”, uma vingança cômica para quem já recebeu um “trote do sequestro”, é impagável. “Drébito” é um esperto jogo de palavras. “Mulheres” ironiza os estereótipos das próprias. Assim como “Entrevista de emprego” satiriza as próprias – sem um palavrão. “Já volto” é “sacana” e – ironicamente – inofensivo. “Deus”, que esbarra na religião, passa também sem problemas – a não ser, claro, que você seja polinésio… “10 mandamentos”? Não vejo mal algum. “Nome do bebê” é inesperadamente divertido. E o último que vi dessa vez, e que mais me fez rir, já na terceira hora consecutiva de humor, foi “Log out” – onde um marido tenta desesperadamente distrair a mulher que está com a página do Facebook dele aberta…
Não sei se deu exatamente 70% – eu devo até ter deixado de anotar um ou outro que eu acho que seria palatável ao grande público. Mas sei que, baseado nisso, eu acho que eles poderiam muito bem ser a próxima atração na sua TV. Os mais cínicos, claro, já estão coçando o dedo para mandar seus comentários dizendo que eu faço parte de uma “campanha secreta” da TV onde trabalho, para convencer o “Porta dos fundos” a vir de bom grado para a programação – não quer concentrar sua energia numa “teoria da conspiração mais produtiva”? Deixe estar. O que quero aqui é só engrossar o coro do bom senso. Estamos em 2013, e a TV mudou muito. Muita coisa que era tabu hoje é permitida – e o próprio público é que se permite rir do “impensável”. (Claro que há sempre uma parte dele que se veste de hipocrisia e, em nome de uma falsa moral, se mostra ainda chocada com certos palavrões – e, já que perderam totalmente o humor, adoram apontar o dedo para alguém que, por acaso, acha que um twitter de uma celebridade desbocada, ou ainda, a interrupção dele, é relevante… mas eu divago).
O próprio limite do “impensável” agora é outro – não é possível que as pessoas não percebam isso. E o que não poderia talvez ir ao ar, mesmo nos dias de hoje, pode continuar a ser feito – e exibido em outros canais (como o próprio YouTube). Aliás… sempre foi assim. Sou de um tempo em que se comprava um certo jornal nas praias cariocas chamado “O Planeta Diário” (estamos falando de meados dos anos 80), cujo conteúdo – ou pelo menos boa parte dele seria impensável de ser transformado num esquete de um programa de TV chamado – acertou! – “Casseta e Planeta Urgente”. A própria turma do Casseta costumava fazer apresentações ao vivo de material que jamais seria aprovado na TV. No entanto, por um bom tempo, eles definiram os limites do que era permissível ou não no humor televisivo – e quem é capaz de dizer que eles não abriram novos horizontes, exatamente como talvez o “Porta dos fundos” tem a chance de abrir agora? Só para dar mais uma ilustração, o comediante da hora nos Estados Unidos, Louis C.K., costuma fazer apresentações de “stand up” recheada de material bem mais escatológico do que aquele que aparece na sua série de sucesso, “Louis” – que, diga-se, nem está na TV aberta, mas num canal a cabo. A chave de tudo, claro, é o equilíbrio.
Que eu acredito que é possível a gente chegar, mesmo em tempos histéricos como esses, onde as pessoas que não passam um dia sem fazer aquela ronda por sites de pornografia se dizem chocadas – simplesmente chocadas – com o nível rebaixaria na televisão… Mas deixemos isso para outra hora. Hoje já é segunda-feira, e já deve ter um novo “Porta dos fundos” me esperando. Em que lista será que esse novo episódio vai se encaixar?
O refrão nosso de cada dia
“Weight”, Mikal Cronin – ainda tenho um ou dois artistas islandeses na manga para te apresentar, mas, em nome da diversidade, vamos voltar para o solo americano no refrão de hoje. Um cara que não conhecia e cujo disco, seu segundo, comprei por acaso agora em Nova York. Em tempos onde muita gente fica tentando fazer diferente pelo simples ato de fazer diferente, Mikal retoma a boa e velha canção de rock. E o resultado é exuberante. Tenho certeza de que você vai gostar e ir procurar mais do álbum “MC II”.
20 junho, 2013 as 3:48 pm
E o Porta dos Fundos lançou um vídeo respondendo:
https://www.youtube.com/watch?v=zvyFNjxTy-E&feature=c4-overview&list=UUEWHPFNilsT0IfQfutVzsag
Resposta do Zeca – fala Rafael! Já vi! Sensacional!! Um abraço!
3 junho, 2013 as 1:26 am
Hahaha só agora pude conferir que “de certa forma acertei onde você estava”. Adorei o tema. Com um pouco de edição eles tomariam facilmente a vaga de algum dos programas “humoristicos” da atualidade.
31 maio, 2013 as 9:58 pm
ADORO a Porta dos Fundos e defendo toda forma de crescimento para o projeto e para os humoristas que fazem parte dele. Sou particularmente fã do Gregório Duvivier. Mas… ir para a TV (aberta ou paga) seria mesmo uma forma de crescimento? Não sei. Em questão de público, com certeza. Mas criativamente, não acredito. Ao meu ver, eles mais se limitariam do que poderiam ascender – por mais que você tenha mostrado que isso represente apenas 30% de perda… são 30% que eles têm agora
Acreditar que migrar para a TV seria uma ascensão de um projeto bem sucedido na web me parece um pensamento retrógrado, Zeca. Cada ideia se identifica com uma plataforma e a web não é inferior ou superior a qualquer outra. O Fabio, o Gregório, a Clarice, o Rafael já trabalham com TV em outros programas e funções. O Porta dos Fundos se identifica com a Internet e isso está ótimo!
Li que há um projeto de convergência para o cinema e já temo.
31 maio, 2013 as 11:43 am
Bom dia Zeca,
Também (como alguém escreveu nos comentários) caí no teu blog pesquisando PDF.
Pelo que depreendi, a tua ideia é de que o humor do PDF teria espaço na TV aberta e proporcionaria acesso a um universo mais amplo de espectadores ( consumidores?), mas com certas restrições.
Li todos os comentários até aqui, e na totalidade, bem redigidos e com boa argumentação ( não sei se houve \"filtro\"…)
Todos ( 99%?, não fiz as contas) argumentam contra a ida e a necessária \"adaptação\" da liberdade de criação/execução do PDF á TV aberta.
E todos fãs do PDF.
Apesar de acessar o KIbeloco diariamente desde o seu inicio, nunca tive paciência ou curiosidade para assistir os videos postados, até o meu filho mais novo começar com os amigos a repetir as falas dos personagens: \"vou querer um x-frango!-\"E rola?Rola!Quentinha,dura!\" ou então \"Peraí! Deus que escreveu isso aí?!Na pedra?!\", repetindo todas as falas de todos os personagens e morrendo de rir.
Depois de matar a curiosidade, assisti a todos os vídeos ( e já eram muitos), e descobri um tipo humor non-sense, escrachado,surpreendente e sem limites a cada vídeo.
O que me faz continuar a clicar e assistir os videos, é saber que em qualquer momento,sem obrigatoriedade, podem ou vão acontecer diálogos e situações surreais com escatologia,palavrão e abordagens politicamente incorretas sobre qualquer tema.
Isso para mim ( e talvez para a maioria dos que a curtem) é Porta dos Fundos
Na TV aberta seria ,quando muito Porta da Sala…uma outra coisa.
Abraço
31 maio, 2013 as 10:02 am
Passar até pode mas smpre passa por 1 “polimento” forte, na atualidade nenhum programa de humor bom vinga
30 maio, 2013 as 3:05 pm
Audiência como ferramenta de inserção não tem como deixar de ser inserida… Não é piada. Como indicador de cultura são besterois bem sucedidos por muito boas praças, a vossa praça. Da pra dizer que a mídia hoje labuta sob o tráfico de audiência. Idiota bateu recorde liga pra produtora. Mas é audiência, mas é o público. Não tenho medo que vire tragédia mas que vire só besteira de consumo. A banalidade ,não é mas o conceito, é a produção que ficou fácil e bem paga. Comédia virou hit na TV do Tititit. Pensei que novela não me levasse mais ao cinema isso é produtivo. o cinema brasileiro começa no as seis depois as sete as 20 depois estreia no cinema e aquele ator onde assisti Além do faustão da novela das seis está mais em dois filmes e no programa do Jô,.É temos que buscar bundas novas na comédia…
30 maio, 2013 as 1:33 pm
Incrível como tem gente que não entende…
30 maio, 2013 as 6:50 am
Zeca, vale lembrar que quando falamos de liberdade, não estamos nos referindo somente a liberdade de expressão dos roteiros, mas a todo um conjunto que envolve a liberdade de criação do conteudo do porta dos fundos. Se voce assistir a entrevista que eles deram no programa Roda Viva (procure no youtube), uma coisa que é citada pelo Ian SBF é justamente que se eles fossem para a TV ele nao teria a liberdade que ele tem hoje de poder gravar usando os equipamentos e a estrutura simples que eles possuem.. de apenas cameras portateis em tripes…e o fato de poder escolher cada equipamento, de nao depender de uma infraestrutura grande para fazer cenas simples.. de poder escolher o que quer usar para gravar na hora sem depender de aprovações ou interferencias de terceiros…Uma coisa que ele fala com relacão a isso é que hoje, ele faz por exemplo uma locação de um lugar durante 2 horas para gravar e então, pela estrutura ser bem simples eles conseguem ir no local e executar tudo rapidamente.. Se fosse em uma tv aberta, ele diz que “até o caminhão de luz chegar no local, até a infrastrutura toda chegar lá demorará tanto tempo que ele já teria gravado tudo usando essa infraestrutura simples que ele tem hoje…”.. Bom, então, se eles fossem para a TV, teria que seguir todo um padrão de ser obrigado a usar equipamento X, Y ou Z.. ou de ter que depender de uma série de outras questões.. enfim, o Ian não teria a liberdade que ele tem hoje de decidir tudo na hora. Então, todo esse processo autoral faz toda a diferença..Com relação a essa liberdade de poder decidir as coisas na hora, tem ainda um bom exemplo de um video deles que foi o video da Maitê Proença. Se voce assistir a entrevista que o Antonio Tabet e o Ian deram para o Jacaré Banguela no youtube, na serie, “Não fale com o motorista”, há uma parte que eles falam da participação do Rodrigo Fernandes do Jacaré Banguela naquele video da Maitê Proença e que foi de forma bem inusitada. Uma das falas estava planejada para ser de um dos rapazes musculosos do video, porém acabou sendo feita pelo Rodrigo Fernandes porque os rapazes contratados nao eram atores e nam falavam bem na camera..O Rodrigo Fernandes estava acompanhando a gravação deles e daí por acaso eles pediram pra ele fazer a cena já que o rapaz contratado não conseguia falar..Enfim, esse foi um caso em que parte do elenco foi decidida ali na hora da gravação e uma pessoa que nem estava na cena acabou sendo uma das partes principais do video..Sem falar que o blog do Jacaré Banguela, teoricamente, para quem acompanha os blogs na internet, seria meio que um dos principais concorrentes do Kibe Loco na internet (me refiro concorrente no sentido dele eles disputarem um publico de humor, por que na verdade nao existe concorrencia entre eles, eles sao muito amigos e ate parceiros ajudando-se um ao outro de vez em quando..)..Daí, se analizarmos, quando isso seria possivel numa tv aberta?.. quando que haveria uma relação assim..e uma liberdade de tomada de decisão sem depender de inumeras interferencias externas..Fora naquela questao de “alguém la de cima falou que tem que ser assim” ou “a ordem veio lá de cima”.. Pelo que eu entendi sobre todas essas entrevistas que o pessoal do porta dos fundos fez e principalmente pelas considerações do Ian, o Porta dos Fundos indo para a tv aberta perderia completamente sua autenticidade. O processo ficaria engessado..tanto na questão técnica, quanto na liberdade de produção do conteúdo e principalmente liberdade de expressão. Indo para a tv aberta, com todos esses fatores, poderia ficar engraçado de alguma forma? Sim. Mas, ficaria engraçado como é hoje? Jamais.. Um exemplo disso é a Dilma do Kibe Loco.. Se voce assistir os videos antigos dela no youtube..quando ela era parceira do Kibeloco e os videos dela hoje, depois de fazer casseta e planeta, voce pode notar que tem uma diferença enorme..Os videos de antes estão bem mais engraçados..Até aquele cenário com a prateleira de livros atrás eu achei muito mais original.. Por sinal, quem criou os textos dos videos antigos para o Gustavo Mendes que faz a Dilma.. foi o Antonio Tabet do kibe loco..E as cenas foram gravadas na casa da avó do Ian SBF…(Ele fala isso na entrevista do roda viva no youtube…aquela prateleira de livros é da casa da avó dele…)… Enfim, essa liberdade e esse processo criativo e simples faz toda diferença…
Sem falar na questão implicita que, na minha opinião, é um dos principais problemas hoje da televisão aberta. O anunciante. Toda essa questão de politicamente correto que se fala na tv, no meu ponto de vista, não tem nada haver com moral ou bons costumes e tudo mais..Pelo que eu vejo, tudo só tem haver com o anunciantes/parceiros das emissoras, pois são deles que entram boa porte do dinheiro que permite que aquele custo/patrocinio de determinado programa seja mantido ou não. Eu acho que fato de ser politicamente correto ou não, foi a desculpa perfeita para a tv dizer o que o anunciante quer que seja associado a marca dele ou não… ou quão boa a tv, no seu formato de empresa, quer manter a relação com aquela pessoa, ou organização ou publico.. enfim, o que eu acho é que tudo gira em torno de evitar a perda de dinheiro ao se criticar certas marcas ou pessoas influentes para a emissora…é daí que eu acho que vem toda essa falta de liberdade dos programas na tv..E é indo contra esse principio que esses programas na internet vem ganhando força.
29 maio, 2013 as 4:54 pm
Fala Zeca!
Advinha?
Recebi os CDs.
Eles serão muito bem cuidados.
Obrigado!
Um abraço.
29 maio, 2013 as 12:42 pm
A questão toda nisso é: é necessário? Não é só questão de equilibrar o que eles fazem em cada mídia, até porquê isso já é feito (Porchat, Gregório, Clarice e Rafael Infante JÁ ESTÃO na grade da globo).
O que eles fazem no Porta é pra ser da forma que é, na minha opinião. Qualquer tipo de “corte”, ou “equilíbrio” não cabe ali. Essa lista -pra eles- me parece que seria inimaginável. Se eles forem pra TV, deve ser outra coisa, outro produto. Porta dos Fundos está muito bem onde está.
28 maio, 2013 as 11:27 pm
Oi Zeca!!!
Eu gosto bastante dos vídeos do “Porta dos Fundos”! E, sabe, só de lembrar de alguns deles já dou risadas.
Adoraria vê-los – sim! – na TV aberta, mas quanta polêmica, não!?
Você viu que já estão tentando “censurá-los” até mesmo na internet?
https://www.estadao.com.br/noticias/impresso,tentativa-de-censura-inspira-nova-esquete-no-porta-dos-fundos,1033084,0.htm
O que, felizmente, não deve passar em branco.
E, quanto aos palavrões, que vêm se configurando uma polêmica dentro da polêmica… gosto de uma matéria da “Super” que elucida um pouquinho a questão: “A ciência do palavrão”; é antiga, mas, creio, oportuna.
https://super.abril.com.br/ciencia/ciencia-palavrao-447405.shtml
Anyway, a question + a song = why so serious?
https://www.youtube.com/watch?v=hgeAmF7bgoE
Um abração!!
Resposta do Zeca – fala Andréia! Pois é. por falar em liberdade… E viva o k-pop! Um abração!
28 maio, 2013 as 6:18 pm
Boa tarde,
Algumas ideias só funcionam na originalidade. Podemos pegar como exemplo os filmes que quando lançam a parte II, parte III, etc; se tornam fracassos.
Creio que este programa se fosse para a TV aberta, perderia a essência por causa das mudanças mesmos que pequenas, em um video ou outro.
Todavia, a ideia de que muitas pessoas não possuem acesso à internet (ainda hoje) dá razão a esta discussão.
Uma solução seria manter o programa original na internet com adaptações para a TV, sem no entanto nos privar dos lançamentos dos videos originais (sem censura) no YouTube.
28 maio, 2013 as 3:53 pm
Talvez seja um pouco egoista sim… E acredito que haja um público que não tem acesso a internet que tem sede desse novo humor. Mas acredito tb que esse público que não tem acesso a internet (E eu sei bem que ele existe em grande escala) em sua maioria, não quer e nem está “preparado” pra esse humor transgressor! A prova disso é a ausencia de um misero beijinho gay nas novelas, o argumento das emissoras especialmente da Globo para essa ausencia é que o público não está preparado, e eu acho que infelizmente é verdade.Continuo achando que para o Porta se adequar aos padrões da tv aberta ele perderia completamente a sua essencia e conseguentemente a sua graça.
Ps.: Seu blog deveria ter uma maneira de responder a sua resposta, ficaria mais fácil rs!
Resposta do Zeca – fala Danilo! Sugestão de ferramenta anotada – especialmente numa discussão boa como essa! Um abraço – lembrando que o público sempre nos surpreende…
28 maio, 2013 as 3:17 pm
Não vi nos seus comentários algo tendencioso para atrair o Porta para a emissora a qual trabalha. Entretanto no seu rol de 70% de vídeos possíveis de passar na TV poucos sairam incólumes de algum tipo de mudança, retirada de marcas, palavrões, ou seja, teria sim algum tipo de censura o que descaracteriza o que o Fábio e o Gregório vivem dizendo que eles querem ter liberdade para criar sem se preocuparem em serem limados. Mesmo porque há videos, sim, mais inocentes, sem palavrões, mas há outros pesados que jamais seriam aceitos em outro lugar a não ser na internet.
Sendo assim não me parece que eles estão atrás de buscar limites para seus videos, pois nem todos são ofensivos ou pesados, mas querem poder fazer suas esquetes do jeito que acharem melhor e não planejarem para ver se passam por crivos da TV aberta.
Outro ponto que acho preponderante é que só vê Porta dos Fundos quem quer, e é este outro quesito que os participantes mencionam, ou seja, não é uma TV que você liga e fica vomitando informações. É vc saber o dia e a hora que vai passar o programa e vai assistir de verdade. A audiência deles são de milhões que quiseram ver os videos e não uma televisão de uma clínica, em uma sala de esper ligada para ninguém. E isto faz muita diferença.
Ainda acredito que não há a liberdade total na TV para que possam migrar e continuar com a qualidade que tem na internet. Citando o exemplo que mencionou do Casseta e Planeta, hoje nem na TV estão mais, só temporariamente e já sem tanta audiência. Outro exemplo seria o Marcelo Adnet, que após ir para o grande público perdeu a essência, está tendo que criar para dar audiência e não para se divertir, sendo que seria cortado caso quisesse fazer coisas do tipo que fazia na MTV (vide o Comédia).
Acho que ainda não há preparo para esta migração.
Abs
Resposta do Zeca – fala Anderson! De fato, na internet, a opção de assistir algo é mais pessoal. Mas na TV também existe isso – e vivemos um período de relativa exuberância, nesse sentido. Mas na questão de liberdade, quero reforçar que o “sacrifício” que eles teriam de fazer é um mito. Como já citei em uma das respostas, pegue o vídeo de “Essa é pra você”. Digamos que num “brainstorm”, alguém veio com a ideia de fazer uma música de amor que humilhasse quem a ouvisse – achando que seria uma declaração apaixonada. A ideia é ótima – e me fez rir logo nos primeiros (e inocentes) versos. Eu já estava às gargalhadas quando veio a estrofe pesada. Continuei a rir – e certamente teria rido mesmo sem ela. Nesse sentido, os palavrões são redundantes – quase gratuitos. E o mesmo pode se aplicar a muitos exemplos que dei. Um abraço!
28 maio, 2013 as 2:42 pm
Prezado,
E a crítica do Daft Punk?
E Lucas Arruda, com “Sambadi”? Vai deixar somente para o final do ano? rs
Abraço.
28 maio, 2013 as 2:23 pm
não entendi. por que deveriam ir para a TV?
28 maio, 2013 as 2:18 pm
Oi Zeca,
Tudo bem?
Eu sou fã do Porta e concordo com algumas argumentações.
Porém o que me questiono é: se eles não tivessem tão engajados na mídia, com trabalhos paralelos, eles conseguiriam esse sucesso, possibilidade de trabalho no meio ‘tradicional’ e será que estaríamos aqui discutindo isso?!?!?!
Veja bem, para o ‘Rafinha Bastos’ e o ‘Felipe Neto’ alcançarem o sucesso não foi no primeiro vídeo como o Porta já disse em mil e uma entrevistas?!!?? Ok, não vamos comparar os trabalhos do Rafinha e do Felipe com o Porta (são só exemplos d vídeos que também começaram em uma mídia diferente da televisão).
Não estou questionando a qualidade do grupo, mas sim que acho que eles têm mais facilidades em algumas coisas e uma delas é saber em como trabalhar com televisão, caso eles migrem e/ou façam um novo trabalho. Se fosse um grupo inexperiente, que nunca tivesse pisado na TV, talvez o título do seu texto encaixaria perfeitamente.
E, principalmente, quando Rafinha e Felipe foram para essa mídia ninguém os questionaram se ‘dava ou não dava’ para se encaixarem, simplesmente eles foram. E por que estamos aqui questionando o Porta!?! Porque é legal, porque gostamos, porque queremos vê-lo em uma tela maior e por mil e uma motivos.
Às vezes acho que nós confundimos o que devemos fazer enquanto papel de receptor: simplesmente deixar que o grupo decida o seu destino e esperar novos vídeos no Youtube.
Um abraço,
Até mais,
Maira.
Resposta do Zeca – fala Maira! Bom argumento. Mas do jeito que você coloca, parece que as coisas são excludentes: se eles fossem para a TV, “deveriam” deixar a internet – ou ainda… traí-la! A ideia de entrar em outra mídia é crescer com o trabalho – e não “negar as origens”. Um abração!
28 maio, 2013 as 2:01 pm
Totalmente Falso!!! Não ao Porta dos fundos na TV !!!
28 maio, 2013 as 1:46 pm
Zeca,
Uma considerável parte dos episódios “inofensivos” já sofreriam as ~~adequações~~ que você mesmo apontou no seu texto.
Uma pergunta que me faço é: Porque a TV deve ser considerada como destino? Porque a Internet é considerado ainda a origem?
Tentamos tanto nos acostumar com a ideia que a Internet é a nova TV, mas ainda achamos que o que faz sucesso na Internet deve ser levado para a TV, como uma forma de promoção.
A Internet no caso do Portas dos Fundos é o destino. Quase todos eles vieram da TV para montar o ‘Portas’. Nesse caso a TV virou a origem, e a Internet o destino.
Tentamos nos convencer que já estamos “modernizados” mas ainda pensamos de forma extremamente convencional, se tratando de mídias.
Resposta do Zeca – fala Jean! Essa é fácil: para alcançar um público maior. Os números de acesso do “Porta” são impressionantes. Mas a internet, com todo alcance dela, ainda está aquém, em termos de acessibilidade, com relação a TV. “Fenômenos” de Twitter raramente causam algum impacto na audiência – pelo menos nesse estágio em que a internet está. Nós que “respiramos” esse universo da internet, achamos que o mundo inteiro está ligado nele – quando, por mais que a gente torça, não está. Imagine um teste hipotético: Neyar lança um novo penteado antes de deixar o Brasil, mas a foto só circula na internet, nenhuma TV se interessa em mostrar o visual. Quantas pessoas vão estar comentando isso no bar? Sua pergunta é boa – e a discussão é fascinante. Mas, para não me alongar… Um abraço!
28 maio, 2013 as 1:42 pm
E aí Zequinha? Tudo bem?
Não me esqueci de você não.
Gostaria de te convidar para o lançamento do livro “TESTEMUNHO DA RAINHA DO MEIO-DIA” na loja LEITURA do BH Shopping no dia 20/06/13 às 20h00 no horário local e MEIO-DIA em algum lugar do Planeta.
Achei três páginas com o seu nome no Facebook. Elas são administradas por você? Ia CURTIR mas aí me lembrei que vc tinha dito que não navegava no Face.
Depois me envie aquele e-mail…Hehe…Confirmando a sua REAL página.
Fica na PAZ!!!!!
DEUS continue nos iluminando.