Coisa de museu
“Não me abandone jamais”, o livro de Kazuo Ishiguro (editado no Brasil pela Companhia das Letras), é – como quem me acompanha aqui sabe bem – um dos livros mais impressionantes que li na minha vida. Se você por acaso viu sua adaptação para o cinema sabe mais ou menos do que estou falando, mas para experimentar toda a angústia dessa estranha historia de ficção científica ler a obra original é fundamental. Não só pelo estilo elegante de Ishiguro – um autor que me conquistou desde “Os vestígios do dia” -, mas também pelo profundo envolvimento que o leitor conquista com as pobres vítimas do livro: crianças e adolescentes que são criados apenas para “doar” seus órgãos a humanos ricos o suficiente para pagarem o precioso transplante.
O livro é muito mais que isso, claro. Mas para o que quero dizer aqui hoje, vamos ficar apenas nessa questão: o dilema que “Não me abandone jamais” coloca. Será que alguém criado com o propósito de ser apenas uma usina de órgãos (as crianças e adolescentes, claro, morrem depois de 3 ou quatro retiradas de órgãos), desde pequeno ciente de que essa é sua missão na vida, tem uma alma? Uma das coordenadoras comprimento acredita que sim. Seu argumento a favor disso? Que as crianças eram capazes de produzir arte – pequenas peças de papel e cerâmica que ela fazia questão de colecionar em suas visitas cada vez mais raras ao “colégio” onde elas eram criadas.
Isso mesmo: ela começou a se sentir mal pelas vidas que eram ali sacrificadas porque, através da arte, lá reconhecia que as crianças tinham alma. Raras vezes vi na literatura uma justificativa tão simples e eficiente com essa para a existência de uma obra de arte. O que muitos preguiçosamente aceitam que seja apenas um pedaço de papel, de tecido, de madeira, pendurado numa parede é, mais do que um objeto feito para enfeitar um ambiente ou mesmo representar alguma coisa – levando-se em consideração que muitas vezes é isso mesmo que eles fazem – é, acima de tudo, a maior prova de que podemos transformar alguma coisa com nossa criação – que temos alma.
Mesmo antes de ter lido “Não me abandone jamais” (o livro é de 2005), eu já imagina que essa era a relação que as pessoas deveriam ter com a arte. O que Ishiguro fez para mim foi sintetizar – com a beleza de sua escrita – um exemplo irrefutável de que é isso que procuramos em cada obra de arte: uma evidência de que somos humanos, capazes de produzir coisas que, muito além de todos seus possíveis significados, quer simplesmente assinalar que seu autor ou sua autora está lá, existe, tem uma presença nesse mundo, e que, uma vez traduzida num traço, numa pintura, numa forma, essa obra de arte, apenas por ter sido criada, já disse ao que veio – pode durar por anos, por séculos (quem sabe milênios), mas o simples fato de ela ter vindo ao mundo já é uma afirmação de que nós vamos existir para sempre.
Antes que isso se torne um ensaio barato sobre o que significa uma obra de arte – não tenho competência para entrar sequer de forma superficial neste assunto, muito menos abraçar uma abordagem mais acadêmica sobre ele – só quero deixar claro que fiz essa introdução (pegando carona em Ishiguro) para tentar entender mais uma vez porque tanta gente tem “medo” da arte – e considera qualquer contato mais próximo com ela uma experiência fora do seu alcance. Pensei bastante nisso nesses últimos dias, quando estive envolvido na abertura de um novo museu no Rio de Janeiro, o MAR – Museu de Arte do Rio, inaugurado oficialmente na última sexta-feira (o público vai poder começar a visitá-lo a partir de amanhã).
Sim, foi lá, do teto de sua estrutura moderna e arrojada, que tirei a foto do post da última quinta-feira. E quando digo que estive envolvido na sua abertura não quero nem de longe insinuar que tive parte na sua sofisticada e engenhosa elaboração – gente muito mais gabaritada que eu, entre elas o curador Paulo Herkenhoff, cuidou muito bem disso. Eu apenas fiz algumas reportagens por lá, e ainda tive a honra de ser o mestre de cerimônias da festa de inauguração – que contou, entre tantas presenças ilustres, com a de nossa presidente Dilma Rousseff. Aliás, foi ela mesma que, no seu discurso semi-improvisado reforçou minhas elucubrações recentes sobre o papel das obras de arte – e dos museus – na nossa vida.
Depois de fazer uma referência emocionante ao prédio que fica ao lado do MAR (na praça Mauá, no cento do Rio) – onde funcionava a Polícia Federal que ali manteve presa nossa atual governante -, Dilma elegantemente calou os que protestam enfadonhamente que temos coisas mais importante com que nos preocupar – sobretudo quando olhamos o contexto geral de um país como o Brasil – do que com um punhado de quadros e esculturas numa instituição tão tradicional quanto um museu. Não me lembro de suas palavras exatas, mas todo o poder oratório de Dilma convencia qualquer um, com um mínimo de esforço, de que inaugurar um lugar como aquele era tão importante quanto dar à população uma grande obra de infraestrutura – e ainda: que celebrar a possibilidade de oferecer às pessoas um acesso à cultura como esse é sinal não de elitismo, mas de que crescemos como sociedade, uma sociedade que, além de garantir a dignidade básica para qualquer um de seus indivíduos, quer ter também o orgulho de poder oferecer a esses mesmos indivíduos uma experiência que lhes permita lembrá-los de que eles têm uma alma.
Os mais cínicos dirão que estou escrevendo um texto como este simplesmente pelo fato de o MAR ser uma extensão das iniciativas culturais da empresa onde trabalho – uma acusação que não só é inócua (como se estas humildes linhas tivessem o poder de alavancar a visitação de um museu), mas também gratuita, uma vez que desconfia da própria importância que o tema dos museus tem para mim. Visitas a eles foram sempre uma parte importante da minha formação – nunca como uma obrigação, mas sempre como possibilidades de descoberta. Por isso mesmo, antes até de exaltar as qualidades do MAR, quero lembrar alguns momentos seminais que tive nesses (quase) 50 anos em museus pelo mundo.
É impossível colocar essas experiências em ordem de importância – elas são incomparáveis no seu impacto e subjetividade, isto é, na maneira como esta ou aquela obra de arte teve um impacto sobre mim (ou em qualquer pessoa que interage com ela). Assim, sem nenhum motivo especial – que não, talvez, o cronológico – começo pelo dia em que estava vagando pelo Centre Georges Pompidou, em Paris, cerca de trinta anos atrás (na verdade, na minha primeira visita ao Beaubourg), quando me deparei com o “Quadrado negro”, de Kazimir Malévich.
Na época, meu francês era bem ruim. Porém, atraído por uma pequena multidão que se concentrava diante dessa obra de arte – um pequeno paralelepípedo branco de pouco mais de 35 x 35 cm, onde um quadrado negro havia sido pintado – fui me aproximando e descobrindo muito mais do que eu imaginava sobre ele. Juntando retalhos do que minha compreensão da língua podia me oferecer então, soube que aquele não era o “quadrado negro” original – que era ligeiramente maior, pintado numa tela -, mas uma variação tardia da proposta suprematista de Malévich. “Suprematista?”, pensei comigo, “Como assim?”… E por longos minutos fui entendendo melhor o que o artista queria transmitir com aquele quadrado queria dizer – e, mais importante de tudo, o que ele queria dizer para mim. Como não fazia parte daquele grupo que aproveitava a excursão guiada do museu, continuei diante do “Quadrado” depois que ele se moveu para outra obra de arte – e fiquei admirando aquela pedra por mais uns 10 ou 15 minutos.
Vale a pena lembrar, nesta mesma visita, vi de perto outras coisas incríveis: Matisses vibrantes, Delaunays explosivos, Légers vertiginosos, Picassos provocantes – entre tantas e tantas obras. Mas foi “esse quadradinho” que sequestrou a maior parte da minha atenção – e qualquer tentativa de explicar melhor por que isso aconteceu será certamente frustrada. Parte do fascínio dessas experiências num museu tem a ver justamente com isso – com o indizível. E é isso que eu procuro até hoje cada vez que entro em um deles. Mesmo que eu já o tenha visitado anteriormente.
No Metropolitan de Nova York, por exemplo, eu faço sempre questão de ver um Buda com seu robe esvoaçante na sessão de artes orientais. Na mesma cidade, faço da visita ao MoMA (o museu de arte moderna) um ritual: eu simplesmente não posso sair de lá sem ver “A dança”, de Matisse – um dos poucos quadros que já me fez chorar (foi quando a obra do MoMA se juntou à sua “irmã” que estava emprestada do Hermitage, na Rússia, para uma enorme retrospectiva de Matisse que o museu nova-iorquino organizou em 1992, mas eu divago…). No ano passado, quando tive a felicidade de visitar Madri por duas vezes, nas duas fui ao Prado e dediquei um bom tempo à sala das “pinturas negras” de Goya. E uma visita ao Tate Modern, em Londres, nunca estará completa se eu não passar para ver “Three studies for figures at the base of a crucifixion”, de Francis Bacon, na coleção permanente.
Não precisa ser um museu grande, não. Lembro-me de ter sido transformado pelos filmes de Shirin Neshat certa vez na pequena Serpentine Gallery, em Londres (se quiser ter uma amostra disso, e tiver nove minutos do seu ocupado dia para se dar o luxo de entregar-se a uma obra de arte, confira “Turbulent”). Ainda na capital inglesa, em outra incrível experiência acústica, numa visita inesperada à compacta Whitechapel Gallery, fiquei maravilhado com o que Janet Cardiff e George Bures Miller fizeram com a magnífica “Spem in alium”, de Thomas Tallis (se você tiver mais dez minutos livres hoje…) – uma peça para 40 vozes, cada uma delas gravada separadamente pela dupla de artistas. No P.S.1 de Nova York, perdi a conta do tempo que fiquei deitado no quarto de James Turrell – que usa o próprio céu como tela. E mesmo “aqui do lado”, no Malba, em Buenos Aires, faço questão de passar sempre para ver um certo “Abaporu”, de Tarsila do Amaral.
Terminei essa enxuta lista com Tarsila de propósito, pois foi justamente essa artista que me saltou aos olhos na minha primeira visita ao MAR. Quando pensamos em Tarsila, uma das mais importantes pintoras brasileiras do século 20, quase sempre a imagem que nos vem à memória é a do “Abaporu” – que é, de fato, uma de suas obras mais simbólicas. Mas ali no MAR, nas exposições que foram montadas temporariamente para sua inauguração, tive a chance de ver (se contei direito) outros nove trabalhos sobre os quais nunca havia pousado os olhos – pinturas que até então estavam guardadas em coleções particulares. Você não pode imaginar o bem que isso me fez. E que certamente fará a você também!
As Tarsilas são, claro, apenas uma parte do que está exposto atualmente no museu. Quatro mostras distintas convidam agora o visitante a passear pela história do Rio de Janeiro, pela mente de um colecionador (Jean Boghici), pela “vocação construtivista” do Brasil (não precisa se assustar!), e pela relação dos artistas, sobretudo contemporâneos, com os espaços para morar nas cidades grandes. (Para saber mais sobre essas exposições e o museu em geral, clique aqui). Em cada uma delas, posso garantir, você vai descobrir pelo menos uma coisa que vai prender o seu olhar – seja um pequeno Aleijadinho ou a “espaçosa” instalação do Projeto Morrinho (na qual garotos de uma comunidade no Rio reproduzem seu cotidiano com tijolos e bonecos improvisados – uma trabalho que inesperadamente conversa bem com um espaço de Hélio Oiticica, “Nas quebradas”‘ de 1978).
Foi conversando com alguns desses garotos do Morrinho para uma entrevista, que mais uma vez me lembrei de “Não me abandone jamais”. Ainda digerindo o fato de o Morrinho ser o destaque de um museu tão importante, os garotos oscilavam entre a excitação da instalação e a inocência da criação. Eles são mesmo artistas? Talvez sim. Sentiam-se como tais? Ainda não tinham certeza. Davam provas de que ali estavam suas almas? Disso, ninguém tinha dúvida.
Por isso insisto: vá ao museu. Não só ao MAR, mas a qualquer museu que você passar perto. Não é preciso entender de arte, muito menos fazer algo que se possa chamar disso para você aproveitar uma visita dessas. Como disse brilhantemente o curador Herkenhoff na entrevista que fiz com ele, tudo que você precisa para se envolver é ter um olhar. E, permito-me aqui acrescentar, um pouco de alma. Que eu tenho certeza que você tem.
O refrão nosso de cada dia
“A little soul”, Pulp – uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos, num dos meus remixes favoritos de todos os tempos (assinado por Kid Loco). Ah! E um lindo apelo para quem tem alma – nem que seja das pequenas…
23 abril, 2013 as 11:07 pm
Existe alguma falha ,é impossível fazer o cadastro para participar da promoção ,já digitei meu cpf 800 mil vezes e sempre dá erro desisto .
23 abril, 2013 as 6:58 pm
salve, querido Zeca
adorei seu lance de colocar 500 CDs da roda.
faz um tempinho – ou melhor, um tempão – quando resolvi desisti de trabalhar com música – quero que seja apens prazer – quando decidi dar a quinada… entreguei de graça um apartamento de LPs. siiiim… um apê de três quartos e uma sala… ah!, ainda tinha os banheiros, área de serviço…. ufa! que alívio. desde então, música pra mim é só prazer. e tá tudo muito bom, tá tudo muito sonoro.
beijos
mk
17 março, 2013 as 4:36 am
É muita intelectualidade para uma só pessoa…
Se um dia tornar-me jornalista espero chegar pelo menos aos seus “pés”…
13 março, 2013 as 11:58 am
Oi, Zeca!
Voltei por um motivo bem legal:
https://www.artmakena.blogspot.com.br/
Se você tiver um tempinho acompanhe os videos. Não vai se arrepender, garanto!
Um abraço!
12 março, 2013 as 11:38 am
Olá, Zeca!
Eu andava em desacerto com as palavras, por isso, fiquei alguns dias um tanto distante, porém acompanhando o seu blog.
Dediquei sim, nove, dez, vinte… quarenta e até mais minutos ao longo dos dias que se passaram para ouvir as músicas indicadas por você. Obrigada, gostei muito! Posso dizer que, primeiro a minha alma foi às alturas ao ouvir “Spem in alium” e depois pegou certa “turbulência”.
Costumo visitar museus. Não estou bem certa, mas acredito que este hábito nasceu a partir das viagens que fiz.
Na realidade não viajo muito. E para ser mais sincera, faz tempo que não faço isso. Só para você ter uma ideia, conheço pouco do Brasil: Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas Gerais.
Não conheço Salvador, mas sei da existência do “acervo da laje” – acervo que não está em um grande museu, mas como você mesmo disse, não carece! Sei da existência deste acervo porque o próprio idealizador me falou dele. E se o estou citando é porque identifiquei (por intermédio do que você escreveu neste post) uma pessoa que batalha para mostrar a algumas outras que elas têm alma.
https://www.pacc.ufrj.br/acervo-da-laje-2/
Lembro-me de você ter escrito há algum tempo (referindo-se as músicas), que muitas vezes não sabemos sequer o que estamos cantando ou ouvindo (algo neste sentido).
Tai, ouvi e cantei tanto esta música e nem sabia a que Alagados ela se referia:
https://www.youtube.com/watch?v=cfi9K97ulmE
Um abracaço!
9 março, 2013 as 12:47 pm
Oi Zeca!!
Sabe, eu era bem pequena quando fui ao Museu pela primeira vez. Tanto que, infelizmente, não me lembro de fato.
Mas, ainda bem que o passeio foi devidamente registrado!
No entanto, lembro de ter percebido bem cedo o que e o quanto as crianças cegas não podiam aproveitar, o que elas perdiam, enfim.
Bem, o primeiro museu que eu visitei (em 1994…), dedicado ao público com deficiência visual, foi o Museu de Belas Artes de Nice, na França.
O local misturava arte e tecnologia para atender às pessoas impossibilitadas de enxergar e, na época, havia trabalhos de Carpeaux e Rodin numa mostra.
Não é destinado aos cegos; é um museu adaptado, resultado de um concurso criado pelo Ministério da Educação e Cultura Francês. Mas o slogan do concurso era: “Crie um museu para cegos”. Venceu a Secretaria de Turismo de Nice.
Enfim, fiquei curiosa… Teria o MAR, não só pensado na acessibilidade, mas dado às pessoas com baixa visão ou cegas oportunidades de desfrutar do que estiver sendo exposto?
Bom domingo.
Um abração!!
Resposta do Zeca – fala Andréia! Eu espero que sim! Um abração!
8 março, 2013 as 1:27 pm
Zeca
A importancia do seu incentivo para que as pessoas frequentem os museus é de grande valia. O aprimoramento critico delas se propocionará com o olhar curioso nas obras de artes exibidas nos museus. Sejam museus com acervos de obras de artes antigas ou contemporaneas, documentais ou arqueologicas, de cultura popular ou erudita.
Abraço do Lucas Leonardo
7 março, 2013 as 11:22 am
Zeca,
Estava com saudade de me emocionar mais uma vez contigo. “Não Me Abandone Jamais” é um livro ímpar. Mudou minha forma de enxergar tanta coisa… O amor, a amizade, o tempo, a mortalidade e, principalmente, a arte. É a melhor metáfora de como enfrentarmos a mortalidade. A provocação surge: para sermos eternos, que tal não desperdiçarmos a quantidade limitada de tempo que nós temos? Que usemos a alma! Que façamos história! Tal como Amy em “Back To Black”, Fellini em “Noites de Cabíria”, Tarsila em “Abaporu”, Guimarães Rosa em “Grandes Sertões: Veredas”, dentre outros. Grato pelo texto! E uma curiosidade: já assistiu “O Mestre”? Se já, compartilha o que achou!
Abraços baianos!
Resposta do Zeca – fala Camilo! Ainda estou devendo essa… Um abraço!
7 março, 2013 as 4:03 am
ADOOOOOOOOOORO MUSEUS, COMEÇOU COM UM AMIGO FALANDO DO MNBA, QUE FUI VISITAR (ISSO ANOS LUZ ATRÁS) E DEPOIS N ÃO PAREI MAIS. qQUANDO TIVER UM TEMPINHO IREI NO MAR, É UM NOME BONITO MESMO PARA O MUSEU, QUALQUIER COISA QUE SE FAÇA VISANDO A CULTURA, A EDUCAÇÃO DEVE SER PRESTIGIADA, PENA QUE TEM GENTE QUE AINDA ACHE QUE MUSEU É COISA DE SEI LÁ INTELECTUAL E NÃO DE ´POVÃO TAMBÉM.
BONS SONHOS.
6 março, 2013 as 1:36 pm
Obrigado pelo retorno, Zeca. Concordâncias e outros erros de português a parte (já que sou estrangeiro), penso que o colunista, e ainda mais o jornalista, cumpre um papel público muito importante – ou deveria. Neste sentido acho que, em vez de afirmar sua obrigação de participar na campanha publicitária do MAR patrocinada pela FUNDAÇÃO R.M., deveria assumir outro papel, pelo menos na réplica (em vez de seguir Joaquim Ferreiro dos Santos que me respondeu de forma também não-satisfatória na edição impressa de O Globo de segunda-feira, após e-mail meu comentando aquele “ensaio” publicado por ele no dia 27/02 sobre o Morro da Conceição). É claro que ninguém pode escrever sobre qualquer coisa: Miriam Leitão escreve sobre hábitos alimentares “populares” no interior de Tocantins? Acho que não. Bem, a questão que não foi respondida é sobre o papel dos museus na nossa cidade, mas também ao redor do mundo. Localmente o MAR não faz sentido nenhum. Como morador do Porto há dez anos não vejo nada entre “nós” que se liga a este museu, nem à sua concepção. Na verdade, não tem concepção. Você apreciou as exposições? Procurou entender sua totalidade? Como esta instituição se insere no ambiente humano onde foi inaugurada? Para quem é este museu? Enquanto a arte pretende ser a-politica continuará o bla-bla-bla. O Projeto Porto Maravilha, do qual o MAR faz parte, se constituti, hoje, como mais uma confirmação de que o Rio está precisando outras cabeças para, de fato, se tornar cosmopolita a partir de sua diversidade, suas múltiplas histórias e experiencias sócio-culturais (você deve gostar de NY e London, não é?). Museus são entidades culturais e politicas. Mais uma vez temos, aí, a vista das nossas janelas (e por mais linda que a reforma dos edifícios ficou) um exemplo deste provincianismo que o nossos governadores e seus patrocinadores privados cultivam. Um abraço, TM.
Resposta do Zeca – fala Tomas! Londres, Nova York… Você, como estrangeiro, fala com conhecimento de causa… Um abração!
6 março, 2013 as 12:42 am
Zeca,
Eu sempre comentei não ser muito fã de museus, obras de arte, etc. mas lendo seus textos sobre o assunto comecei, por curiosidade, a fazer buscas na internet e fui gostando do que via. Não de tudo o que via, mas daquilo que vinha de encontro ao meu gosto pessoal. Por isso essa coisa do olhar tem muito a ver com nosso interior, com nossa história, acho eu.
Eu, por exemplo, acabei de olhar as telas de Malevich justamente por não ter gostado do “Quadrado Negro” e me deparei com outras obras dele super coloridas e adorei a combinação das cores fortes (cores quentes como chamam).
As cores usadas por Klimt (dourado e tons pastel, bem diferente de Malevich) também me seduziram.
Então meu olhar primeiramente foi/é atraído pelas cores, para só depois prestar atenção na mensagem.
E achei lindo o início do texto quando vc associa arte com alma. Tudo a ver!
Beijos,
Resposta do Zeca – fala Rosa! Uma vez seduzida… Parabén! Um abração!
6 março, 2013 as 12:22 am
ótimo texto, Zeca!
É engraçado como sempre há alguém que consegue enxergar algo de ruim até mesmo na inauguração de um espaço como o MAR. É claro que os museus, assim como a maioria dos espaços culturais, tendem a privilegiar o cânone. Mas o que seria dos críticos se não fosse o cânone? Eu mesmo tenho muitas críticas às Organizações Globo no que tange à comercialização de bens e achei muito interessante, por exemplo, o embate entre o diretor de “O Som ao Redor”, Kleber Mendonça Filho, e um executivo da Globo Filmes, em que o cineasta acusa a Globo Filmes de subestimar o público brasileiro. De fato, o mundo da arte é fortemente permeado pelo capitalismo, como tudo nessa vida. Mas se o capitalismo é capaz de transformar até mesmo ícones comunistas em bens de consumo, a arte também consegue fazer uso do próprio capitalismo e nos faz lembrar que somos muito mais que meros consumidores.
Acho que o seu blog é um ótimo espaço de difusão da arte em geral justamente por não dar mais valor a algo simplesmente por ser popular ou independente. Até porque perde muito quem acha que tudo que é popular é intelectualmente inferior ou que tudo que é independente é intelectualmente sofisticado. Eu não entendo de arte, mas o fato de haver aberrações (na minha modesta opinião) como Damien Hirst não significa que todos os artistas contemporâneos que ganhem milhões sejam fraudes.
Enfim, acho que estou divagando um bocado e aparentemente não vou chegar a lugar algum, mas me parece que esse é o propósito do blog, não é mesmo?
Resposta do Zeca – fala Bruno! Divagações, como você sabe bem, são sempre bem-vindas… pelo menos por aqui! Um abração!
Abraço!
5 março, 2013 as 9:48 pm
Ola Zeca……então,na verdade eu não sou tão apreciadora de museus como vc e outras pessoas que conheço,incluindo meu marido.Qdo estive em NY fui ao MoMA e ao Metropolitan e adorei,mas não sei……não sei explicar direito…..depois de ler o post,hoje,concluí que talvez não tenha sensibilidade o suficiente para entender a mensagem que o artista quis passar.Eu gosto,mas ao mesmo tempo quero ir embora.Pena,né!…mas eu pretendo continuar tentando….quem sabe um dia eu aprendo.
bj grande.
Resposta do Zeca – fala CECÍLIA! Não precisa aprender… Só se entregar… Eheh! Um abração!
5 março, 2013 as 8:03 pm
Museus deveriam ser obras como parte integrante da sociedade brasileira, assim como são os estádios de futebol. Estes, alienam – me desculpem aqueles que gostam de futebol…e eu gosto. Mas é que aqueles, os museus, educam, ensinam, emocionam. Em todos os lugares em que fui – principalmente fora do Brasil – procurei, juntamente com minha esposa, visitar o máximo de museus possível. De todos me ficaram boas lembranças. Em alguns é como se eu tivesse vivenciado um contato imediato de terceiro grau. Voltando ao assunto estádios de futebol x museus, seria muito melhor para o país que fossem construídos museus (mais ainda escolas) do que estádios para a copa do mundo. Quem vai a Paris não quer conhecer o Parc-des-Princes, mas faz o maior esforço para conhecer o Louvre, o Pompidou, o Orsay, o Notre Dame Towers…
Zeca, mais um achado que talvez você goste: https://www.youtube.com/watch?v=PGfLvTRkHlc
Resposta do Zeca – fala Fernando! Mais uma banda que não conhecia… Obrigado! Um abraço!
5 março, 2013 as 2:49 pm
Hehe…Não te abandonarei…hehe.
Como estão as “coisas”?
Eu estou ótima! Hehe…
O meu livro vai ser publicado. Já aprovei a capa. Ficou linda!!!!
Assim que estiver disponível no site….eu te aviso…hehe.
Fica na PAZ!!!!!
Beijos!!!!
5 março, 2013 as 2:07 pm
o mundo é um museu
5 março, 2013 as 1:50 pm
Zeca, você leu Morte Súbita – JK Rowling? O que achou?
Resposta do Zeca – ainda não li… Está na fila… Um abraço!
5 março, 2013 as 8:23 am
Vi você escrever alguns pontos turísticos que amo e tomei a liberdade de pedir a você uma indicação de um hotel bacana em Londres, por favor. Um hotel que não seja estilo eduardiano e nem velho, prioritariamente limpo.
Obrigada!
5 março, 2013 as 12:49 am
É realmente muito interessante o que uma obra de arte pode causar ou não em determinadas pessoas… para algumas passam tão desapercebidas que talvez sejam inúteis, por falar em inútil, tem algo mais interessante do que um objeto que foi criado para não ter nenhuma “utilidade prática”, apenas pela beleza de existência?! Já como para outras pessoas um obra “toca” de alguma forma suas almas, causando uma epifania que nenhuma palavra, nem discurso é capaz de descrever o que ocorreu ao se deparar com ela. Acho sempre mt curioso observar o que as pessoas têm a dizer sobre arte, cada qual com sua visão, do que é certo, do que arte deveria ser, como deveria ser e como aquela obra deveria ter algum significado claro… Sou um apaixonado por arte e por mais que a gnt leia, veja em livros e conheça algumas obras é sempre mt revelador a experiência de ver a obra em sua dimensão natural, quantas vezes me vi emocionado de forma inesperada e não racional…Sobre Dilma consigo imaginar o seu discurso, fico feliz que estamos crescendo como sociedade como um todo que não visa apenas lucros, mas também não esquece o quanto cultura é importante. Enfim, espero que nosso país ganhe cada vez mais museus e que a arte deixe de parecer uma “coisa elitista” e se torne cada vez mais popular, acredito que todos nós sairiamos ganhando!
4 março, 2013 as 4:09 pm
Zeca e demais apreciadores de museus. Conheçam a programação de documentários sobre museus brasileiros em https://www.conhecendomuseus.com.br
Vocês se surpreenderão com a diversidade dos museus braisleiros.