Uma novela por capítulo
“Avenida Brasil”, terça-feira, 07 de agosto de 2012: Jorginho descobre quem é seu avô; Darkson declara seu amor por Tessália – que o rejeita, volta para casa e quase pega um flagrante de seu marido, Leleco, com a ex-mulher, Muricy; Muricy, para evitar o pior, esconde-se embaixo da cama do casal; na mansão de Tufão, a família está em polvorosa porque Carminha sumiu mais uma vez; enquanto isso, Adauto coça seu pé…; Verônica protesta diante de sua filha Débora contra a mudança de Monalisa do bairro suburbano do Divino para seu prédio na Zona Sul do Rio; Cadinho sofre para cumprir sua nova rotina de “guarda compartilhada” entre suas três mulheres; Olenka pede para se separar de Silas; no baile funk, Leandro provoca Suellen chamando seu marido, Roni (que é apaixonado por ele), de “amiguinha”; e Nina, de maneira triunfal, marca mais um ponto na sua vingança contra Carminha, armando um flagrante seu com Max no barco que ele comprou com o dinheiro da própria vilã.
Fiz questão de dar a data em que tudo isso foi ao ar para quem por ventura for ler isso no futuro não ter a impressão que essa é a descrição do capítulo final de “Avenida Brasil”. Não estamos sequer na última semana – nem no último mês. Essas não são nem mesmo as “emoções finais” da novela que fez o brasileiro redescobrir o prazer de se ver novela. Esse foi apenas mais um capítulo da trama de João Emanuel Carneiro. No dia seguinte, a vida de todos esses personagens seguiu seu curso – alguns de maneira mais engraçada (Muricy e Leleco), outros em contornos mais trágicos (Carminha e Max). E a nossa vida, de pobres (e encantados) telespectadores, parou por mais alguns minutos de uma noite deliciosamente tensa.
Você certamente não precisa de mais um texto elogioso para a novela que conquistou todo o Brasil – e o autor dessa obra-prima da cultura pop tampouco precisa de mais um comentário laudatório sobre seu talento, nem aqui (um dos primeiros posts do blog foi sobre minha paixão por “Cobras e lagartos”) nem em nenhum outros espaço, para consolidar sua consagração. (E, só para fechar, a última coisa que “Avenida Brasil” precisa – que isso fique bem claro para os espertos de plantão que já estão se armando para mandar um comentário dizendo que fui obrigado a escrever isto hoje aqui porque trabalho na mesma emissora que produz e transmite a novela – é um empurrãozinho deste humilde blog para ganhar alguns pontos na audiência…). Mas resolvi discutir sobre isso hoje com você (adiando mais uma vez falar sobre o show de Lulu Santos cantando Roberto Carlos – que eu ia até juntar com a entrevista que fiz com Maria Rita sobre esse seu show cantando Elis, e que deve ir ao ar no “Fantástico” deste domingo), enfim, escolhi falar sobre “Avenida Brasil” de novo (a primeira vez foi na estreia) porque justamente esse capítulo da última terça-feira beirou a perfeição.
Não estou falando de outras tantas perfeições que a novela já conquistou – a do texto, da direção, da captação de imagem, de linguagem visual, e, claro, das inúmeras interpretações marcantes. Mas a perfeição de conter todo o universo de sua história em um capítulo singular – algo que é, certamente, um trunfo de João Emanuel. Eu até já tinha percebido isso, mas não havia elaborado – até que terça-feira, as coisas se encaixaram. Como eu já desconfiava desse “truque” da novela? Aqui vai uma ilustração.
Algumas semanas atrás, convidei um casal de amigos cineastas para jantar em casa – ela de certa forma mais ligada ao universo da televisão do que ele, mas ambos relativamente distantes da sedução de “Avenida Brasil”. Como costumo deixar claro desde a estreia, quando faço um convite desses, peço para meus convivas chegarem ou antes das 21h10 ou depois das 22h30 – uma vez que, nesse intervalo de tempo, ainda que eu consiga adiantar alguma coisa do jantar, a possibilidade de interatividade social é praticamente zero. Desrespeitando essa regra, o casal chegou pouco depois de a novela ter começado – mas não antes do “oi oi oi”, ou seja, da apresentação. Foram recebidos, claro, com uma frieza glacial, e a recomendação de que “perturbassem” o ambiente o mínimo possível enquanto a novela estivesse no ar (o casal, desnecessário dizer, é muito próximo e querido, então espero que você entenda que todo esse tom que usei era de ironia). Assim, por “livre e espontânea coação”, eles acabaram acompanhando o capítulo daquele dia – que, diga-se, não tinha nada de especial: não era “o da virada” nem o de uma grande revelação, apenas mais um.
Semana passada, para agradecer aquele jantar, foi a vez de eles me convidarem – e adivinhe o que eu ouvi? “Pode chegar antes da novela, que a TV vai estar ligada o tempo todo enquanto a gente estiver cozinhando”! O que significa isso? Que eles já estavam definitivamente “conquistados” pela novela. Com um capítulo apenas? Eu acho até que eles assistiram a mais uns dois ou três antes de “viciarem” definitivamente. Mas parte da sedução, tenho certeza, estava na capacidade que João Emanuel tem de contar a história toda – de maneira diferente, sempre com novos elementos – a cada capítulo. Basta ver um deles para você saber para quem deve torcer, de quem você vai rir, quem vai te fazer chorar, quem está com problemas, quem sofre e quem se diverte.
Essa “revolução” – seria inocente de minha parte afirmar o contrário – não surgiu de uma hora para outra. Há uma boa década, já não vemos mais novelas como aquelas que esperavam uma semana para que a trama andasse um centímetro, enquanto histórias paralelas iam “enchendo linguiça” (uma expressão que, se me lembro bem, ouvi pela primeira vez ainda criança, da boca da minha mãe, reclamando de uma novela muito parada). Mas João Emanuel – que já havia imprimido um ritmo delirante a suas narrativas em “Cobras e lagartos”, e provou que era capaz de surpreender não apenas no humor mas também no drama com “A favorita” – pegou esse “novo espírito” e fez ele valer com esteróides!
Não é que tudo é rápido em “Avenida Brasil”. Tudo é intenso. E ninguém está dizendo que a história muda de uma hora para outra de rumo, como num texto que não sabe para onde ir. Pelo contrário: ele está contando sempre a mesma história. Mas com a paciência de quem tira cada camada transparente de pele de uma cebola, ele vai desvendando aos pouco novas nuances de uma trama maior. Cito de cabeça, mas tenho quase certeza de que foi em uma entrevista nas páginas amarelas de “Veja” que ele admitiu sua inspiração “dostoievskiana” – refletida em sua capacidade de construir personagens cheios de paradoxos. Nina, Carminha, Max, Tufão – e até, se você quiser, Silas, Olenka, Suellen, Roni… -, todos são pintados como seres carregados de contradição. O que, se este fosse um texto menos cuidadoso, poderia arriscar até que é esse o motivo de tamanha identificação com o público. Mas isso seria uma interpretação fácil demais.
Entre tantas explicações para o sucesso de “Avenida Brasil”, fico com a do próprio autor que – se não me engano, nessa mesma entrevista que citei (lembrando, de memória) – disse que a engenhosidade da trama está em construir e descontruir, todo dia (isto é, todo capítulo), alguma parte da história. Exemplo recente: Carminha manda Max jogar Nina no mar, ele leva ela no barco, ameaça a “mocinha” (você, não tenho dúvidas, entendeu as aspas), ela o convence que quem está sendo enganado é o próprio Max, e o plano volta à estaca zero. É disso que o povo gosto. E o povo, hum, somos nós!
Há pouco mais de dois meses de a novela terminar, eu já converso com todo mundo com a ansiedade de quem teme ficar sem assunto depois do último capítulo. E, como fiz com o casal que foi jantar lá em casa, não paro de tentar converter novos fãs – na esperança vã e quem, com uma legião cada vez maior de admiradores, “Avenida Brasil” dure até a Copa de 2014! De todas as maneiras possíveis. Há pouco tempo também, para jogar na roda dessa conversa um amigo meu que havia passado um ano fora do Brasil (na Alemanha, o mais distante possível da órbita da televisão brasileira), eu fiz uma espécie de “mapa” da trama de “Avenida Brasil”, como um presente de boas-vindas na sua chegada:
Foi um sucesso – até mais entre amigos que já assistiam a novela do que para o “novato”. Como os fãs da novela vão reparar, algumas das conexões que coloquei ali já estão desatualizadas (vide os “núcleos” Cadinho e Suellen), e alguns personagens importantes (como o Santiago, avô de Jorginho) ainda não haviam aparecido – manter um “gráfico” desses atualizado, com as reviravoltas da novela, é tarefa hercúlea. Mas quis reproduzi-lo aqui só para você se divertir e ver como eu estou, hum, levando a sério essa que é a melhor diversão que a TV brasileira nos proporciona há tempos! O espírito com que fiz esse “mapa” é tão lúdico quanto o do texto que estou acabando de escrever – e que quero terminar e mandar para o G1 antes de o capítulo de hoje começar. Algo, claro, que eu não posso perder.
Esse amigo para quem fiz essa brincadeira não se aplicou muito no estudo da trama de “Avenida Brasil” (não está fácil desatar os laços alemães!), mas de vez em quando esbarra em uma cena sem querer . Vai que ele assiste a novela hoje, não entende alguma coisa, e me pede uma explicação. Eu não posso deixar ele sem resposta!
O refrão nosso de cada dia
“Canta comigo essa keta”, S.S.P. – em 1998, estive em Angola e conheci dois garoto que faziam um rap “a capella” que, segundo eles, seria um grande sucesso internacional. Mostrei os dois num episódio da série que fazia então no “Fantástico” (chamada “Aqui se fala português”) e foi um sucesso! Não exatamente aquele “mundial” que eles estavam esperando, mas, alguns anos depois desse encontro, “Keta” (por mérito próprio) foi um dos primeiros “hits” de “kuduro” a vazar as fronteiras angolanas e abrir espaço para um gênero musical vibrante, original, e muito dançante. Então cante com eles essa “musiketa” (a explicação para o nome). O refrão dessa canção é mega contagiante! Você ainda não entendeu porque estou celebrando o “kuduro” aqui hoje? Oi, oi, oi…
9 agosto, 2012 as 11:02 pm
Realmente tenho que concordar com você.
Há muito tempo que não se tem noticias de uma novela que está sendo capaz de se cristalizar a cada capitulo. E ainda por cima tornando se um símbolo de febre viral bacteriana Brasileira. Que nem Amoxicilina é capaz de curar. O oi, oi, oi você tem que tomar uma série de cuidados para não ser contaminado fácil, fácil.
Infelizmente eu só posso se contaminada 2% mais isso não que dizer que eu não tenha um Tatazinho noveleiro que foi exclusivamente contaminado da cabeças aos pés pelo vírus, NAB é ele que me mantei atualizada. Eu sei de uma coisa que você não sabe até os bebês recém-nascidos já estão na onda do Oi, Oi, Oi, Oi da novela Avenida Brasil… rsrsrsrs..
Eu tiro meu chapéu. Pra essa cara e para toda produção que está conseguindo ampliar de uma maneira tão simples qualidade e objetivo para as casas dos telespectadores minha nota pra NAB e (10). Dependendo do contexto final de sua história..
Até um oi, oi, oi, pra você!!
Walleska Oliveira.
10 agosto, 2012 as 12:52 am
Impecáveis seus comentários e a obra de JEC, impossível não “acompanhar” a novela todo dia. Cada dia várias emoções, váio acontecimentos. O jeito simplório de tratarem o problema no núcleo “casa do Tufão” sem puderes, no meio de todos, para todos. Demais de bom. Simples, orte, intenso. Relmnte deveria urr até 2014, pois ficará um vazio quando acabar.
10 agosto, 2012 as 7:54 am
Zeca: estranhei mto hj não ter nenhum comentário então serei a primeira a detonar vc??? rsrsrsrsrs brincadeirinha ta!
permita-me discordar …. mas eu não gosto dessa novela não…eu li as páginas amarelas da Veja e definitivamente não me identifico com esse autor;seus textos são extremamente densos e ele usa a violencia como pedal para suas tramas.ja não assisti A Favorita por causa disso.Cobras e Lagartos não vou opinar,pois o horário da 7 pra mim é impossivel acompanhar por causa do meu trabalho,mas me lembro q meu marido e minha filha não perdiam a novela e gostavam mto.Me identifico mais com o Walcir Carrasco.. suas novelas são mais “leves” me distraem mais e fazem rir um pouco e penso q é disso q eu preciso.naquele capítulo de Avenida Brasil q a carminha enterra a Nina viva,eu estava de férias e estava jantando num restaurante em Santos,num clima de férias,sabe,,,descontraída..bem,a TV do restaurante tava ligada na novela e eu tive o desprazer de ver aquela cena,,,cara,eu fiquei passada,nem comi direito e a noite nem conseguía pegar no sono…nossa foi horrível aquilo.Eu sei q é ficção q aquilo não existe,mas sei lá,eu sou mulher,sou sensível não é isso q eu gosto de ver.Bem,espero q me entenda….super bj e até a próxima.
10 agosto, 2012 as 10:50 am
Concordo plenamente com você. Avenida Brasil reacendeu a paixão do brasileiro por uma boa novela, tendo como base fundamental o FORMIDÁVEL João Emanuel Carneiro. AB, apresenta histórias inovadoras, mas como toda novela é repleta de clichês que nos encantam devido a qualidade do texto. Confesso aqui minha admiração por João Emanuel, ele consegue criar histórias inesquecíveis e personagéns emblemáticas, Nina/Rita, Carminha e a eterna Flora que o digam. Abraço.
10 agosto, 2012 as 2:32 pm
Oi, Zeca!
Você está de sacanagem! Tá sim, só pode estar.
Saiba que você foi salvo, pela Maria Rita. Adoro a Maria Rita!
Sabe de uma coisa, outro dia eu dormi com a TV ligada, e quando acordei ela estava no programa do Serginho Groisman, já era altas horas, eu ando meio desorientada, mas acho que ela está grávida…
Não estou acreditando que no que estou vendo… você fez um esquema?!
Vou pedir ajuda para a “Adriana Calcanhoto”.
Um abração!
10 agosto, 2012 as 9:31 pm
Muito bom esse mapa que você fez e creio eu que ele teve mais sucesso ainda, quando apareceu no “Mais Você”
10 agosto, 2012 as 10:52 pm
Zeca,
Já ouviu o novo álbum da Tulipa Ruiz? Um abraço!
11 agosto, 2012 as 12:04 pm
Avenida Brasil é a melhor novela que já assisti, sou uma grande fã desse trabalho espetacular. Os capítulos são incríveis, e a complexidade de tudo que acontece me surpreende a cada dia. Seria bom se ela durasse até 2014 mesmo, mas temo que a qualidade possa cair.
É uma novela de verdade, com alma brasileira! Pra quem não assiste, não sabe o que está perdendo… até porque, muitas vezes as pessoas subestimam produções brasileiras, nesse caso, as nossas expectativas é que são muito bem superadas.
11 agosto, 2012 as 8:36 pm
Oi Zeca!!!
O que eu poderia dizer sobre “Avenida Brasil”? É perfeita, sob todos os aspectos!
Mas, além da história em si, o que mais me chama a atenção ultimamente são as referências, sejam elas literárias ou cinematográficas.
Quanto aos livros… os títulos sugeridos por Nina não são, claro, “gratuitos”. E, ainda que não seja exclusividade dele, João Emanuel Carneiro já se utilizou deste recurso em “A Favorita”, lembra-se? A Flora teve bastante tempo para ler na prisão; era uma vilã culta e ardilosa!
Em “Avenida Brasil”, o autor dá livros a quem precisa: Tufão.
O personagem já leu “A Metamorfose” de Franz Kafka, “Madame Bovary” de Gustave Flaubert, três clássicos de Machado de Assis: “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Dom Casmurro” e “O Alienista”, “Primo Basílio” de Eça de Queiroz e “A Interpretação dos Sonhos” de Freud.
Bem, segundo o autor, a escolha dos livros “tem a ver com a fase do personagem, com a trama e com as intenções de Nina. É uma forma de ela dar ‘toques’ sobre a forma como ele conduz sua vida, a infidelidade de Carminha e outros temas.”
E ainda há quem torça para que ela sugira “O Conde Monte Cristo”, de Alexandre Dumas, para lhe revelar a sua vingança!
Ah, a Mãe Lucinda também apareceu lendo “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Caroll para as crianças do lixão, numa cena muito boa!
Enfim, em tempos de Bienal Internacional do Livro…
Aliás, eu me esforçarei para estar lá, à tarde, na quinta-feira, 16.
Bom domingo.
Um abração!!
11 agosto, 2012 as 9:07 pm
Zeca,
E essa “homenagem” à novela, você viu?
“Congelamos ‘congelados’ em homenagem à novela ‘Avenida Brasil’”
https://colunas.revistaepoca.globo.com/bombounaweb/2012/07/19/congelamos-congelados-em-homenagem-a-novela-avenida-brasil/
Um abraço!
Resposta do Zeca – fala Andréia! Ahahahahaah! Muito boa! Um abração!
11 agosto, 2012 as 10:59 pm
Seu texto é uma delícia Zeca, mesmo quando quem lê não sabe nada sobre o assunto. Nesse caso, eu mesma… Não assisti nenhuma cena dessa novela. Nada a ver com não gostar ou qualquer outra desculpa para o preconceito de quem “diz” não acompanhar novelas por ser um gênero menor. Apenas, esse ano, meu horário no consultório não permite acompanhar uma novela as 21hs… nem ao menos sei quem são os personagens do seu “mapa”… acontece.
Beijos
14 agosto, 2012 as 3:25 pm
Pois é. Sabia que você tinha que ter algum defeito como crítico!! Como grande conhecedor da cultura pop eu te admiro muito e sempre estou aprendendo e conhecendo coisas novas com suas informações. Mas, essa novela? Não tenho como concordar com essa idolatria que está ocorrendo por causa dela, um produto que mostra o que de pior o ser humano tem, E mais uma vez como se fosse tudo natural. Praticamente todos os personagens são podres. Assisti-los em um filme vá lá, mas passar meses aprendendo a ser vingativo, traidor, traiçoeiro, manipulador, criminoso, etc e tal, isso uma novela depois da outra, é de dar dó de quem assiste. Prefiro aproveitar seus conhecimentos sobre música e livros. Até mais! (PS: lá em casa ninguém assiste mais novelas.)
14 agosto, 2012 as 8:48 pm
Oi Zeca,
eu tbm amo essa novela, e reconheço o impressionante feito que ela representa para a televisão brasileira e, sobretudo, para o autor e direção. Mas não posso evitar uma decepção recente com a trama: lembro perfeitamente de ter visto há poucas semanas uma conversa entre Max e Mãe Lucinda, em que ela rememorava sua própria chegada ao lixão, e de como se lembrava de Max naquela data, então um lindo garoto que lhe pareceu um corpo estranho naquele ambiente. Já nesta semana, ela figura como mãe biológica do Max, e ele agora fala disso como se sempre tivesse sabido. Não consigo entender como aconteceu esse erro na trama em tão curto espaço de tempo (e torço para que eu esteja maluco ou tenha entendido errado).
22 agosto, 2012 as 2:54 pm
Concordo e reconheço que essa novela é incrível. É um “season finale” todos os dias. Acho que determinadas cenas como o enterro da personagem Nina, a vingança da mesma contra Carminha enquanto a família estava em Cabo Frio, vão ficar marcadas na história da TV Brasileira. As pessoas reclamam da violência que ela apresenta, que é muito “pesada”. O JN me traz informações muito mais pesadas e que são reais tais como: sequestros, mortes, fome, CPI! Fui fã de “Da cor do Pecado”, “Cobras e Lagartos” e tinha “A Favorita” como minha novela TOP, mas ela já perdeu o lugar para Avenida Brasil, é muito bom ver personagens que não são 100% isso ou aquilo, são mais reais. A prova disso é que existem pessoas que realmente torcem pela Carminha, ou seja, os valores do que é certo ou errado se perdem neste maravilhoso texto de JEC. E palmas para ele! Embora a novela esteja se arrastando um pouco, temos que levar em consideração que se trata de uma história de nove meses e não um filme de 2 horas. E o autor, sabe exatamente criar um clímax para cada capítulo. Bom, chega de escrever, já estou aqui ansioso aqui pelo #OiOiOi129 de hoje!
24 agosto, 2012 as 3:16 am
Oi Zeca!
Gostaria de dizer que esse seu “esforço” em converter pessoas à assistirem Av. Brasil funcionou comigo. Meses atrás navegando na net, dou de cara com um texto seu sobre a novela. Tinha assistido ao primeiro capítulo e tb havia achado o visual parecido com o de um filme, mas não dei muita bola pois pensei que o ritmo ágil e as cenas bem cuidadas se deviam ao fato de ser primeiro capítulo, e primeiros capítulos costumam ser mais interessantes que a média. Li o seu texto e resolvi dar uma chance à novela. Bastaram dois capítulos pra ficar vidrado na história (que eu me lembre foram aqueles que a Nina descobre que o filho do Tufão era o namoradinho de infância e em seguida ocorre o reencontro dos dois). A tensão da descoberta… a trilha bem executada (que potencializava o drama)… os flashbacks da infância… além, claro, da música da Marisa Monte aliada à ótima interpretação da Débora Falabela, me fizeram crer que estava diante de uma novela diferenciada. A partir de então não perco um capítulo. Fazia um tempo que não acompanhava novelas, as últimas que acompanhei com uma certa regularidade, e mesmo assim, menos que Avenida, foram Por Amor e O Rei do Gado, e isso porque era criança, e criança não tem muito senso crítico. A partir de então, perdi o interesse pelas novelas pelos motivos que todo mundo perde: histórias bobas, personagens rasos e ritmo extremamente lento. Avenida é ótima em todos os aspectos, desde o ritmo alucinante até, com raras exceções, a bela escolha dos atores. Gosto tanto da novela que passei a acompanhar a crítica especializada. E discordo particularmente da interpretação segundo a qual parte do sucesso se deve ao fato da história se passar majoritariamente no subúrbio. Pra mim isso é crítico tentando dar um verniz sociológico à análise. A novela faz sucesso porque a história é boa. Se a trama se passasse inteiramente nos Jardins ou na Zona Sul carioca e tivesse um enredo e personagens tão interessantes quanto, faria o mesmo sucesso, prova disso, pra mim, é a Verônica, que apesar de ser politicamente incorreta, ou exatamente por isso, tem as melhores tiradas da novela. As pessoas se esquecem que o que menos importa é o lugar onde a história se passa, mas sim uma boa narrativa e diálogos interessantes. Ah, se me permite, evite ficar respondendo às provocações (por exemplo sobre vc estar elogiando a novela apenas por ser funcionário da casa) não que eu ache inadequado respondê-las, mas é que, creio eu, a maioria das pessoas não vê esse tipo de relação, eu por exemplo, quando li o seu primeiro post sobre a novela, em que vc faz referência a isso, achei que vc tava viajando… do tipo, “mas porque ele acha que as pessoas estão pensando isso?” (acho que é tb porque vemos as coisas de perspectivas diferentes, eu não costumo ler os comentários, vc como os lê, se depara com esse tipo de provocação…). Gostei do seu blog, menos quando você fala de música, que não é o meu assunto preferido, mas sei que vc adora. Mesmo assim estou fazendo um esforço em lê-las, pra entender melhor, sempre achei complicado criticar música, pra mim parece tão abstrato… Bom me alonguei muito.
Abraços!