Alegria! Alegria!

qui, 03/09/09
por Zeca Camargo |
categoria Todas

Bia Guedes

Foto: Bia Guedes

Quero achar que foi a passagem de Claudia Leitte ontem pelas nossas gravações de “No Limite” – como você confere no episódio desta quinta-feira, ela fez um “pocket show” para alguns participantes da competição (“the happy few”, ou, os “poucos felizardos”, como Shakespeare colocou na boca de Henrique V), aliás, um show que me agradou imenso (como se diz “no” Portugal), não só pelas versões improvisadas das músicas dela, como por sua interpretação, que eu não conhecia, de “D’yer maker” (Led Zepellin!), um som que me remete, não aos anos 70 (segure sua piadinha com o quarentão aqui!), mas ao ano de 1989, quando eu morava em Nova York e toda terça ia num clube (que não existe mais, na esquina da rua 14 com a terceira avenida) chamado Carmelita’s, um estranho espaço cuja decoração lembrava o de um bordel na fronteira entre o Texas e o México (do lado mexicano), e a iluminação era tão intensa que não permitia ninguém com auto-estima baixa aparecer na pista de dança (ou você se achava o mais gostoso ou a mais gostosa da noite, ou era melhor ficar em casa e não ser revelado por aquelas luzes!), e o DJ tinha uma certa “atitude” (palavra que ainda não era usada com esse sentido na época) e nunca deixava a festa animar, isto é, se tinha mais de seis pessoas dançando, era sinal de que a coisa estava ficando quente, e era o sinal para ele trocar de música, a não ser que ele estivesse a fim de tocar “D’yer maker”, a única faixa que ele permitia que fosse executada até o final…

Grandes noites no Carmelita’s – mas eu divago…

Retomando, quero achar que foi essa passagem por aqui de Claudia Leitte (na foto acima, gravando chamadas comigo para o programa) que trouxe essa onda de alegria para minha temporada cearense. Seu carisma e sua simpatia deram mais do que um simples momento de alegria para essas “pobres almas” que já estão na quinta semana de penúria da competição – e atravessaram, em especial, uma semana que, tenho de admitir (sem contar demais…), foi mais que animada, com a Sandi projetando-se como a figura mais polêmica da tribo de sobreviventes! O clima bom da cantora contagiou toda a equipe, trouxe uma lufada de entusiasmo para todo mundo (ajudado pela constatação de que agora temos menos dias de gravações pela frente do que todo o tempo que já gravamos!), e, especialmente para mim, veio de encontro a uma série de eventos engraçados que me cercaram na última semana – o que inclui, claro, Vanusa cantando o Hino Nacional… (Não sabe do que estou falando? Ah, foi você que chegou de Marte ontem? Então dá uma fuçada no youtube…).

Tudo começou com um DVD que eu trouxe para ver nas horas vagas que eu achei que teria aqui… Como já brinquei antes, doce ilusão a minha de que esse tempo livre seria abundante! Mal consegui ver um quinto dos filmes que estão aqui comigo… Mas no último domingo de manhã, fugindo do sol e fazendo hora para ir para a base das nossas operações (acompanhar a edição do programa e me preparar para a apresentação ao vivo), peguei por acaso “Sullivan’s travels” para ver. Fiquei interessado em conhecer este filme quando li um artigo de A.O.Scott (de dezembro do ano passado) no “New York Times” sobre o que filmes antigos que evocavam o espírito da “Grande Depressão” (consequência da crise financeira de 1929) tinham a dizer para o público americano hoje, quando o mundo vive outro período de incertezas financeiras.

Veronica Lake em 'Sullivan's travel' (Divulgação)

Veronica Lake em cena de Sullivan's travel (Divulgação)

Comprei o DVD em janeiro e meio que esqueci dele – até “redescobri-lo” na pilha que trouxe para cá. Por ser uma produção antiga (1941), em branco e preto, achei que tinha cara de matinê e coloquei no meu laptop naquela manhã de domingo. Veronica Lake e Joel McCrea (o Sullivan do título) são os astros, mas o que me estimulava mais a curiosidade era o nome que assinava a direção: Preston Sturges – alguém que, como o próprio “New York Times” dizia (numa crítica da época) “não precisava de motivos para dominar as comédias no cinema, já que ele fez mais do que qualquer outro nos últimos dois anos para dar brilho e ritmo e autoridade para este gênero” (perdão pela tradução apressada).

Assim, assisti a “Sullivan’s travels” – como se diz – “de boa”. Difícil imaginar um público de hoje – acostumado a rir de piadas escatológicas dos grandes sucessos de bilheteria – achando graça da “provocativa e elegante” trama desse filme: um diretor de comédias de sucesso resolve fazer uma superprodução sobre a pobreza e deixa sua vida milionária para trás para tentar descobrir o que sente o “homem simples” (acompanhado, por coincidências bizarras demais para eu explicar aqui, por Veronia Lake). Gostei de tê-lo visto – embora esteja longe de ser um “clássico”. Porém, fiz questão de citá-lo hoje aqui por causa de sua mensagem final.

Depois de várias desventuras – que culminaram com a detenção de Sullivan numa colônia penal, onde a única diversão (que levava os presos às gargalhadas) era uma projeção de desenhos animados de Walt Disney –, o diretor volta para casa e desiste de capturar “a grande tragédia humana” para as telas (numa referência que os cinéfilos vão adorar, ele recusa a proposta de dirigir a adaptação de um livro chamado “O brother, where art thou?”, nada menos do que o filme que foi feito, décadas depois, pelos irmãos Coen, conhecido no Brasil por “E aí, meu irmão, cadê você?”). Atônitos, os diretores de um grande estúdio perguntam o que o fez mudar de idéia, e Sullivan responde algo sobre a importância de fazer todo mundo rir, pois muitas vezes (cito de memória), “uma boa risada é tudo que o homem simples tem”.

Como se meu pequeno universo de cultura pop que trouxe aqui comigo estivesse conspirando a meu favor, no mesmo dia comecei a ler um livro muito engraçado (e infelizmente muito mal traduzido), chamado “Querida companhia aérea”, de Jonathan Miles (Editora Globo). No dia seguinte, tirei da minha pilha de DVDs, a primeira série do “Sarah Silverman Program” – uma das melhores (e mais provocativas) comediantes americanas atuais. E isso me fez lembrar do filme mais engraçado que já vi na minha vida: uma colagem enlouquecida de comediantes contando a mesma piada que se chama “The aristocrats”. Daí veio o email com o link para Vanusa cantando o Hino Nacional. E “amarrando” o ciclo “alto astral”, Claudia Leitte aparece para cantar “D’yer maker”!

É muita alegria para uma semana só – e me senti inspirado a fazer dois ou três comentários sobre humor – mesmo sabendo dos riscos que a gente sempre corre ao tentar falar sério de uma coisa que é justamente o oposto… Eu sei, geralmente não dá certo – fica sem graça e (pior) chato! Mesmo assim, queria tentar. Só que o espaço hoje já está curto para começar um pensamento (e, sendo bastante honesto, o episódio de hoje de “No Limite” está deixando a mim – e todos nós aqui – de cabelo em pé… tenho que cuidar das reviravoltas!).

Então vamos deixar para segunda-feira (sim, em pleno 7 de setembro – afinal, eu vou estar trabalhando!). Como “preparação”, se puder pesquise alguma coisa sobre “The aristocrats” nesse fim-de-semana. Para entrar na “frequencia” do humor de Sarah Silverman, visite o site do canal a cabo americano Comedy Central. E se quiser ler “Querida companhia aérea” rapidinho, ele tem só 215 páginas – você “mata” em uma tarde! Ah, e para vir preparado mesmo para a discussão sobre humor, lembre-se da cena impagável de Alan Alda em “Crimes e pecados”, de Woody Allen (um trecho nada difícil de você encontrar aqui mesmo na internet”), em que ele, no papel de um diretor bufão, explica ao personagem de Allen – que está fazendo um documentário justamente sobre o personagem de Alda – a “regra de ouro” sobre piadas e situações cômicas:

“Se envergar, é engraçado; se quebrar, não é” (no original, para facilitar sua pesquisa: “If it bends, it’s funny; if it breaks, it isn’t”).

Garanto, se não boas risadas, pelo menos uma boa reflexão. Até segunda – e bom feriado!

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  • 63 Comentários para “Alegria! Alegria!”

    Páginas: [4] 3 2 1 »

    1. 63
      Clóvis:

      lamentável
      Laura Pausini uma grande estrela da musica italiana se apresenta no Brasil e o fantanstico e vc não fazem nem uma entrevista descente entrevista Shakira uma cantora que só faz sucesso por rebolar e mostrar o corpo não nego que o corpo, quer dizer a colombiana tem talento, mas é uma pena o fantastico não ter feito nem sequer uma passada pelo show

    2. 62
      Daniel Barreto de Sá:

      Vergonhoso!! Lamentável!! Armação em reality show é subjulgar a inteligência dos telespectadores…

      Resposta do Zeca – Que delícia… até agora, a “suposta” armação era porque a Sandi era “protegida”… agora que ela saiu… “armação” também? De fato, “there’s no business like showbusiness”… Até quinta, “No Limite!” (e até segunda aqui no blog!)

    3. 61
      lanne:

      nussa quanta marmelada essas vitórias consecutivas da insuportável da Sandi, o programa tá ficando falso demais com tanta armação para a Sandi! palhaçada com o público, perda de tempo assistir no limite depois dessas! …

    4. 60
      Michel:

      Claudia Leitte estava estupidamente, exageradamente, deliciosamente e graciosamente linda neste dia.

    5. 59
      Fábio:

      Ficou claro a marmelada em que o NL se tornou depois que vimos a Sandy conquistar a imunidade pela segunda vez.
      A última prova de imunidade …foi tosca !..será que somos mesmo tão estúpidos para não perceber que a produção acionou os fogos!!! Sinto muito! mas apelar por audiência desta forma é voltar no tempo com o programa do João Cleber!!! fala sério! …. depois dessa lambança perdeu a graça!

    6. 58
      Vânia:

      Também achei muita coincidência a Sandi ter conquistado a imunidade, a execução da prova deu margem para esta desconfiança: a produção podia perfeitamente fazer acender a luz da pilha para a equipe da Sandi ir para a outra etapa, e quando ela gritou o nº 04 antes dos outros participantes, ficou muito escancarado. Lamentável!

    7. 57
      Suzy:

      Lamentável o Gilson ter saído do programa e a insuportável da Sandy ter ganhado a imunidade, agora sei que o demo está a favor dela.

    8. 56
      AQUELA MENINA:

      RESPOSTA para a RESPOSTA DO ZECA.
      O bom espetáculo é sempre aquele onde o público e tratado com respeito e não como idiotas, estejam os palhaços no picadeiro ( seja ele coberto ou cuberto) ou não.

      PS: tenho minhas duvídas se é o próprio Zeca que coloca as resposta, mas … eu divago.

    9. 55
      Christiane Souza Ferreira:

      Boa noite querido , espero que esteja tudo ótimo contigo.
      Muito bem escrito este post, esta “FANTÁSTICO”, como sempre.
      Se me perimite, gostara de fazer alguns parenteses.
      1º- Acho de uma imensa falta de senso crítico essas pessoas que não tem o que fazer, ficam postanto coisas das quais não sabem, ou não tem o “mínimo conhecimento”.
      Esse “aquela menina”, que já em seu nome não sabe nem que é ela mesma, antes de tudo deveria assistir mais o “NL”, para depois comentar algo concreto, ou pelo menos saber que se “CUbrir” vira circo, e analizar as suas respostas, talvez ela seja “COberta” pelo bom senso da realidade dos fatos.

      A cada dia que passa, estou mais “viciada em NL”, apesar de já dormir tarde “por voltas das 02:00/ 03:00 a.m todos os dias”, não perco um boletim.
      SOu imensamente “APAIXONODA EM PROGRAMAS ASSIM”.
      A presença de Cláudinha Leite foi show de bola, e animou toda a galera.

      Espero ansiosamente por 5ª feira, acho que vai rolar muita adrenalina e stress com o pessoal ainda.

      Que sua semana seja “FAntástica”, e quando acabar o NO LIMITE, você vai tirar férias, ou voltta para o “fantástico”?

      Grande Abraços e beijosssss!!!!!!

      Christiane / Frutal-Minas Gerais

    10. 54
      Andréia:

      :)

    11. 53
      AQUELA MENINA:

      Porque até agora não apareceu a ” RESPOSTA DO ZECA ”
      para os comentários sobre as ” imunidades da Sandy ”

      Porque ele respondeu somente ao Gabriel ?
      Será que ele vai postaR algum texto defendendo ( se é que existe defesa para jogo sujo) o ” NO LIMITE “?

      O ” tal programa” chegou em um estágio que se cubrir vira circo.

      ABRAÇOS

      Resposta do Zeca – talvez porque a resposta do Gabriel sirva para esses comentários? Mas se isso não for suficiente, aguarde pelo próximo post. O bom espetáculo é sempre aquele em que os palhaços não estão apenas no picadeiro… (mesmo que ele seja “cuberto”…)

    12. 52
      Jack:

      olá Zeca;
      Acompanho o No Limite, e estava ate me simpatizando.
      Mas depois de duas imunidades pra Sandy fica um pouco dificil de acreditar que não tenha armação.
      Sem contar que na primeira vez ela por intuição foi ao local onde todos ja tinham cavado e por “coicidência” encontrou o colar.
      Ontem ela antes que todos escolhecem os números anunciou que o quatro seria seu número. E mais uma vez por “coicidência” ela ganhou a imunidade.
      Fica cada dia pior acreditar na legitimidade do programa.

    13. 51
      Thiago:

      Zeca…

      Vc é ótimo…. quanto ao programa… é uma pena q não assisto sempre…
      Passo aqui com frequencia para conferir o q “ta rolando”…
      vc tem “conteúdo”…

      Abs

    14. 50
      Micheline Petersen:

      Adorei a sugestão, digamos, que fiz a lição de casa ! rsrs…
      Agora estou aguardando o Post de hoje.
      Uma ótima semana!
      beijo e até…

    15. 49
      Ana:

      Olá Zeca!
      Post nostálgico, mas dá uma reforçada no seu protetor solar pq vc está mega bronzeado. :)
      bjs, Ana

    16. 48
      Sidney:

      Ah galera, esqueci de adiantar pra vcs como é que a Sandi vai ganhar a próxima imunidade: Num belo passeio pelas dunas, Sandi passa por debaixo de um coqueiro. Um côco cai em sua cabeça. E então? Tchan, tchan, tchan, tchan!!! Dentro do côco tem um colar da imunidade! Oh meu Deus! Quanta sorte!

    17. 47
      Sidney:

      Zeca o programa estava muito bom! ESTAVA! Não torço por A ou B, só queria que as coisas fossem justas. Pra mim deveria ganhar aquele que tivesse maior vigor físico, para aguentar a provas duras e a escacez de comida, e tbm que pudesse superar o cansaço mental. Mas oque vejo hoje é um programa com ROTEIRO, e as provas de imunidade sendo decididas na pura marmelada! Um abraço, até nunca mais! Não assisto mais esse programa!

    18. 46
      Brunno Luiz:

      Hhee… Sandi passou a perna em todos hein???

      Mas minha torcida fica agora para o enfermeiro… sei lá…. ele parece ser o mais neutro e o único que está jogando na dele.

      Abraços
      Brunno

      SOU SEU FÃÃÃÃÃ

    19. 45
      Lilian:

      Primeiro Sandi acha o colar da imunidade numa área que havia sido exaustivamente explorada pelos outros participantes e depois grita o numero 4 antes mesmo que seus colegas escolhessem o numero… Tá demais ne? Estão subestimando nossa capacidade de julgamento,ou o que?

    20. 44
      Linda:

      Que pena Zeca, eu e meu marido até estávamos acompanhando o No Limite, mas após as duas imunidades pela Sandi… é muito pra nossa inteligência, infelizmente tá na cara que é armação…que pena, não vamos mais assistir…
      Fora isso, gostamos de vc como apresentador do Fantástico!

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