Livros para suar

seg, 27/04/09
por Zeca Camargo |
categoria Todas

“Pelo mais breve dos momentos, mas perfeitamente compreendido durante ele – como quando um inseto de verão voa cruzando a tela da televisão ligada numa sala com a luz apagada, os componentes do vôo do inseto vistos numa seqüência de perfeitas silhuetas –, Shamas se pergunta absurdamente se aquele homem não era uma aparição vista só por ele, enviada para fazer o bem. Mas o momento passa e o inseto desaparece na escuridão de onde saíra”.

Este é um trecho, escolhido quase que aleatoriamente, do recém-lançado livro de Nadeem Aslam (Editora Record), “Mapas para amantes perdidos”. É dele que queria falar hoje. Dele e de outro livro, também recém-lançado, de onde extraí o seguinte diálogo:

“– Milarga mãi! Ele a afastou com um repelão, dizendo, Kual eh seu problema?
– Você eh uproblema! Sua respiração era pesada, os tendões tensos do pescoço expostos por uma aba de seu troçopano. Axa kieu um sei prakê tuduiçu?
– Comuassim? O Fulano estava muito aflito. Soh fiz uki C midissi prafazê.
– Eudissi? Eudissi? Naum falu kum você faizanuz! Agora ki C tah enrabixadu aatrais di Caff Ridmun vai sofre asconsekuências. C axa ki vai sissafah dessa purkê eh ispertuprakaraliu, maiz num vai, uchofeh vai tah aki comu todu veraum, i todu mundu ki fikô dibikufexadu vai ti fudê.”

Chegou até aqui na leitura? Bravo! Acontece que “O livro de Dave”, de Will Self (Alfaguara), não tem apenas um diálogo assim – numa língua do futuro chamada “mokni”. São vários – muitos –, espalhados numa narrativa delirante por mais de 400 páginas (na tradução brasileira). Os trechos em “mokni” (uma adaptação para “mockney”, do original em inglês, que é, por sua vez, um trocadilho com o sotaque “cockney” inglês – “mock” é algo como “de gozação”) são tantos, que o autor achou necessário colocar um dicionário (ou como eles dizem em “mokni”, um “bibici-inglês”) para ajudar o leitor. E acredite: o leitor precisa de ajuda para atravessar o livro de Dave…

Li esse trabalho de Will Self há uns três anos, logo que foi lançado na Inglaterra. Sou fã desse escritor há tempos – na verdade, desde o início dos anos 90, quando li seu primeiro livro: duas novelas reunidas sob o título “Cock & Bull”. Rapidamente, na primeira história, uma mulher vê seu clitóris transformado num pênis; na segunda, um homem acorda um dia e descobre que “ganhou” uma vagina na parte de trás de seu joelho. Estranho? Experimente ler as novelas por inteiro (aqui, a edição mais recente que encontrei é da Geração Editorial).

Tão entusiasmado fiquei com “Cock & Bull”, quando o li no original, que cheguei a comentá-lo numa coluna que eu escrevia na época e, por conta disso, fui convidado a traduzi-lo para o português. Fracassei nessa empreitada (o livro acabou saindo, mas com outra tradução), mas tive – imagino que pela minha “campanha pró-Self” – a oportunidade de mediar um debate com o autor, quando ele veio participar da Bienal do Livro de São Paulo, em 1994. Isto é, se o debate tivesse acontecido…

Ainda desconhecido por aqui, o “evento” juntou menos de uma dúzia de fãs num espaço para centenas de pessoas (o auditório do Masp) – e Self, ligeiramente indignado e ligeiramente indiferente, chamou todo mundo para tomar uma cerveja num bar ali mesmo ao lado do museu. Depois de várias rodadas da bebida – ele é inglês, vale a pena lembrar –, ele me convidou para fazer uma leitura “performática-bilingüe” do seu livro ali mesmo, na mesa da calçada do bar. Aceitei – e a cena ficou na minha memória como um dos momentos mais ensandecidos que já vivi.

Desnecessário dizer que, depois disso, virei devoto de Will Self. Orgulho-me de ter lido quase tudo que ele escreveu – o “quase” fica por conta de alguma edição obscura que talvez tenha me escapado. Para a sorte do leitor brasileiro, boa parte da sua obra já ganhou tradução – e se você ainda não conhece esse autor eu sugiro que você comece por dois de seus livros que são meus favoritos: “Como vivem os mortos” (Alfaguara), que, como o título anuncia, é uma descrição hilária de um cotidiano “extremamente normal” de quem “já não está mais aqui” (nessa fantasia, as pessoas não morrem, mas simplesmente mudam-se para o norte de Londres); e “Grandes símios” (também Alfaguara), que, resumindo bem, é uma parábola ambiciosa (e engraçadíssima) sobre um mundo dominado por chimpanzés – bastante inteligentes…

Ou então você pode ser apresentado a Will Self através de “O livro de Dave”, mas – gostaria de reforçar –, vá com cautela. “Dave” é daqueles livros que demandam não só sua atenção como um enorme esforço para acompanhar não só sua narrativa, mas também seu “dialeto”. A história acontece em dois planos: um, contemporâneo, é a rotina de um motorista de táxi londrino (Dave), que tem ódio da ex-mulher com quem disputa a guarda do filho; o outro se desenrola numa sociedade do futuro (mais ou menos 500 anos para frente), onde um livro que Dave escreveu – misturando suas frustrações e suas observações misóginas e ultraconservadoras – é descoberto pelos sobreviventes de um terrível desastre natural e é adotado como uma bíblia.

Parece pretensioso, mas, como tudo que Will Self escreve, trata-se de uma grande sátira – no caso, dos perigos de um fanatismo religioso. Entrar nesses universos surreais (a Londres de hoje descrita no livro não é menos absurda que a ilha de Ham do futuro) dá trabalho – mas a recompensa, eu garanto, é enorme.

“O livro de Dave” é daqueles livros que fazem você suar, que oferecem uma leitura complicada, cheia de obstáculos, como se quisesse que você desistisse mesmo dela. Mas quem persevera sente-se gratificado. Como em “Mapas para amantes perdidos”, de Nadeem Aslam. Antes de falar dele, no entanto, esclareço que não quero aqui defender a idéia – deveras ridícula – de que “livro bom é livro difícil”. Poderia facilmente listar aqui, de cabeça, uma centena de livros brilhantes e que são, comparados com o próprio “Dave”, um exemplo de simplicidade. Assim como é fácil também citar títulos que, pelo excesso de malabarismos, impressionam à primeira vista, mas são medíocres – por exemplo, lembro-me, com muita raiva, de ter atravessado o estranho “Behindlings” (2002), da inglesa Nicola Barker, apenas para ter vontade de jogá-lo longe depois da última página…

Mas tem vezes que a “dificuldade” de um livro é realmente compensadora. O trabalho de Aslam cai nessa categoria, mas não pelos mesmos motivos que “O livro de Dave”. “Mapas” sofre de dois males muito comuns na literatura contemporânea: primeiro, uma irritante estrutura de fórmula fácil; e, depois, o excesso de metáforas. A fórmula, ainda que disfarçada, é a mesma que empesteia alguns “elogiados” lançamentos contemporâneos: uma história contada através da seqüência de retratos de personagens (eu sei: parece uma estratégia inocente, mas quando você começa a identificar isso em vários livros, alguma coisa está errada…). E as metáforas… Bem, aqui vão alguns exemplos: “Há um leve cheiro cítrico no ar, como se ele estivesse num recinto em que uma laranja tivesse há pouco sido comida”; “Ela junta os cabelos, tirando as mechas molhadas que estão delicadamente coladas aos seus ombros, cada qual deixando uma impressão de si na pele fresca, uma sombra sensória de baixa temperatura”; “O orbe de papel seda enfardado em que Mah-Jabin trouxe açucenas-brancas continua a farfalhar ao expandir-se e abrir-se complicadamente dentro da lixeirinha, de dentro da qual tulipas mortas recurvam-se como pescoços de cisnes embriagados, flácidas”.  Uau…

As imagens que Aslam cria são muitas vezes preciosas – poéticas até. Mas quando você as encontra uma atrás da outra (raro é o parágrafo de “Mapas” que não traz uma), o efeito é exatamente o contrário: de exaustão. É possível ver o esforço (e o talento) do autor para criar essas imagens – e só posso admirá-lo por isso. O problema é que na quantidade que essas metáforas são apresentadas, elas acabam se anulando. E, pior, impedindo o leitor de entrar numa história fascinante de uma família paquistanesa e sua enorme dificuldade de se encaixar no “ocidente” – no caso, uma cidade não identificada o norte da Inglaterra.

Shamas – um comunista fervososo – e Kaubab – uma muçulmana devota – criaram seus três filhos (Charag, Mah-Jabin e Ujala) num ziguezague cultural entre as idéias progressistas do pai e a ortodoxia da mãe. Resultado: nenhum deles, já nos seus vinte anos, mora mais em casa. Todos preferiram fugir da família, cultivando um ódio do fracasso ideológico do pai e da suposta ignorância da mãe (resultado, como pensam os filhos, de uma rigorosa interpretação da sua religião).

“Kaubab nunca perdera a fé de que Alá encontraria uma maneira de ajudar o seu cunhado viúvo (…). As coisas acabaram funcionando para todos, e na fantasia silenciosa dos dois últimos anos da garota – sua fantasia silenciosa e extravagante, inocente e desmedida –, Kaubab viu a prova de como Alá cega suas criaturas quando Ele necessita implementar os desígnios do destino”.

Todo o mal do mundo que ela conhece fora do Islã, para Kaubab, é culpa dos infiéis (e as glórias, como no trecho acima, são seus méritos). Tudo bem, mas vai convencer seus filhos – educados na Inglaterra de hoje – disso… Esse conflito, que permeia toda a história, está por trás também do “escândalo” que mexeu com a comunidade paquistanesa na cidade: o assassinato do irmão de Shamas (Jugnu) e sua namorada (Chanda) – que viviam “em pecado” –, pelos próprios irmãos dela – um crime que, como é comum nesse universo, é “justificável”, como uma questão de honra…

É essa história – repito, fascinante – que está escondida entre uma metáfora rebuscada e outra em “Mapas para amantes perdidos” (e na estrutura banal da história). Assim como – e ainda que de uma maneira diferente de – “Dave”, esse é um livro que dá trabalho… Mas se você insistir, será também recompensado (especialmente pela tradução de ambos, que é, nos dois casos, um “tour de force”).

Porém, se você não estiver a fim de esquentar a cabeça nessa temporada (mesmo que esse esforço se reverta para o bem), tem um outro lançamento que eu recomendo com louvor: “Mental Floss apresenta: Qual é a diferença?” (Matrix). Ali, de maneira simples e bem-humorada, você vai aprender como se passar por sabichão numa conversa social. Dúvidas sobre a diferença entre Socialismo e Comunismo? Anfetaminas e metanfetaminas? Bach e Beethoven? Monet e Manet? Está tudo lá. E mesmo que, digamos, você saiba essas diferenças, o texto é divertidíssimo – como tudo que leva assinatura da revista “Mental Floss” (aqui já comentada).

E, para acompanhar a leitura, por que não sugerir a trilha do momento: Stefhany! Não conhece? Ah… então já temos assunto para quinta-feira…

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37 Comentários para “Livros para suar”

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  1. 37
    EZEQUIEL MEDEIROS:

    Meu prezado, muito triste não ter aparecido na sua matéria envolvendo os destaques do domingo na globo. Um evento de caráter internacional como o IRONMAN, uma prova com tantos esportistas de valor, mas só houve destaque para a maratona de são paulo. Esqueceram do evento em Florianópolis. Sei que com certeza a falha não é sua, as matérias a serem apresentadas já estão selecionadas. Mas fica aqui o meu protesto para a rede globo. Grande abraço. Ezequiel

  2. 36
    Yuri:

    Zeca,

    Uma obra que faz a gente “suar” e que é brilhante é a “Voz do Fogo”. Principalmente o primeiro capítulo (os primórdios da linguagem tal como a conhecemos). Trata-se do primeiro livro do quadrinhista Alan Moore e ele foi muito comparado ao Will Self por conta deste trabalho. Recomendo.

    Abraço!

  3. 35
    day:

    Zeca,

    adoraria ler um post seu sobre literatura brasileira, em especial Leite derramado, de Chico Buarque, que ta diga-se de passagem, sublime.

    beijo !!!

  4. 34
    Renata Fraia:

    Confesso que , a princípio, não suportava esse internetês que agora descobri que chama-se mokni.

    Achei que, sobretudo as crianças, iriam desaprender ou aprender errado e no vestibular, vixi!, dar vexame.

    Mas, tal qual minha surpresa, às vezes me pego no msn conversando assim com minha sobrinha de 12 a. Noto que ela diferencia bem o “internetês” e o “português”. É divertido e bem mais ágil comunicar-se dessa forma. É quase como se estivéssemos de fato conversando e não teclando.

    Fiquei com vontade de ler esse livro.
    ;-)

  5. 33
    Albenir Rego:

    EU SINCERAMENTE ACHEI BEM INTERESSANTE O TEXTO COM A CANTORA PIAUIENSE STEFHANY E ESCREVER JUNTO A CONSIDERAÇÕES SOBRE A CARREIRA DESSA BANDA PREPOTENTE TAMBÉM FOI GENIAL !

  6. 32
    Andréia:

    Oi Zeca!!!!!!!!
    Novidades… Valeu pelas dicas!
    _ Começarei novamente explorando mais esse “filhote”
    da “Mental Floss”. Será meu segundo “momento”, uma vez
    que já me dediquei a “History of the world” !!
    _ Não li nada de Will Self e Nadeem Aslam – ainda!
    _ Will Self me pareceu interessante. Chequei o blog dele…
    não muito popular, eu diria.
    Pena que poucos se interessaram quando ele esteve aqui, na Bienal. Mas, sem dúvida, foi algo inusitado o que você vivenciou. :)
    Humm… Será que hoje seria diferente?
    _ Quanto à Stefhany… bom, assisti ao vídeo!
    Então, até já.
    Beijão!!

  7. 31
    Carlos Gustavo:

    Zeca,

    desculpe pela reclamação, mas eu estou esperando o comentário do ‘Man on Wire’ (que documentário fantástico)que há alguns post atrás, vc ‘prometeu’ comentá-lo aqui. Como dizia o ditado: promessa é…

    Abração, e eu já havia lido o “Cock & Bull” e é recomendadíssimo.

  8. 30
    Bernardo Martins:

    De uns meses pra cá leio sempre a coluna e acho sensacional as dicas de livros, músicas, filmes..etc. Tudo muito válido. Estou viciado em Night of living Deads!
    Bom, minha pergunta aqui é sobre MentalFloss, já tinha lido o outro post e queria saber como adquirir! Amazon? Algum local no Brasil?
    forte abraço e parabéns.

  9. 29
    Hérika Tavares:

    Ler o primeiro trecho foi ‘difícil’.. mas me desperta a seguinte conclusão: que ainda com a dificuldade, a elitização da educação e cultura para todos.. a não democratização.. é totalmente impossivel se adaptar a linguagens como essa e quem se adapta, por exemplo..nao le nem o nº do onibus,mas saca tudo de linguagem de internet o bendido ‘internetês’ ta ferrado! G_G ta louco..

  10. 28
    Bonine:

    Ah, Zeca…
    Confesso-te que quando eu comecei a lei o 1° trecho, fiquei altamente irritada com a leitura. E, eu, definitivamente, não estou com saco para quebrar cabeça. Mas confesso-te também que estou curiosíssima pela história.
    Prefiro ficar com a Mental Floss…rrsrsrrsrsrssrs E a Trilha sonora…

  11. 27
    Dileane:

    [hahah]
    Dessa vez não pude deixar de dizer como eu ri[quase mijei] do pequeno trecho do livro no dialeto mokni.
    hilário!

    Bravo! eu consegui ler tudo. hahaha

    Vlw, Zeca!
    beijos,

  12. 26
    Beatriz:

    Olá Zeca!

    Gostaria de saber sua opinião sobre o livro “zonas umidas”, você já leu? ouviu algo a respeito dele? Achei bem interessante e ousado, mas ainda não consigo aviliá-lo.

    bjs

    Ps.: como é bom ler o blog de alguém interessante e culto.

  13. 25
    THAÏS HELENA:

    OI ZECA…
    PEGANDO UM GANCHO NA SOFIA, TB TOTAL FALTA DE INSPIRAÇÃO…
    ATÉ SEMANA QUE VEM?
    BJO

  14. 24
    ricardo ribeiro:

    nao to acreditando q a stephany vai chegar ate aqui…agora ate acalmou, mas tiveram semanas em q amigos enviavam infos diarias sobre essa deusa do agreste, q confesso, achei divertido no primeiro video apenas.

  15. 23
    Rangel Nepomuceno:

    Oi Zeca.
    Exelente texto, sou seu fã e leio sua página com frenquência.

    Parabéns. Abraço

  16. 22
    Edna Marques:

    Pegandunganchu nessi jeitu di kunverssar,
    keru dizer ki adorei esti posti, essis livrus kumplicadus mi facina.
    Zeka Camargu, tu vai istá in Florianopulis dia kuatro di Maio neh, para mais hum lançamentu du seu livru! I kuando ki oc vem aki prus ladu du MT? O essi istadu num ta in sua lista?
    pois meus livrus istão isperandu pelus seus autografus faz tempu viu.
    Hum bju kiridu, i disculpi us errus. Xau lindu

  17. 21
    Marcelo Menoli:

    Zeca e aqui uma dica de um livro pra você.

    Optei por dar um tempo nos dois q lia e ler esse.

    Ta valendo muito a pena.

    Na teoria, a aparência não deveria ser um quesito para a sua admissão no país. Na prática, ela conta tanto que um ex-oficial da imigração britânica até escreveu um livro sobre o assunto. O inglês Tony Saint escreveu um “romance” chamado “Refusal Shoes”, que tem como protagonista um funcionário da imigração que não gosta da função que exerce no aeroporto. Depois de passar três anos controlando a entrada de estrangeiros no terminal três do Aeroporto de Heathrow e sete anos no terminal ferroviário do Eurotunnel em Waterloo, Saint garante que seu livro é pura ficção, mas numa entrevista concedida à revista Trip, ele admitiu que algumas histórias relatadas no livro realmente aconteceram com ele, ou ele viu acontecer. E confirma o que muitos estrangeiros descobriram arduamente: você pode ter sua entrada negada no país se estiver usando algo nos pés que não seja considerado de bom gosto, como mocassins envernizados, ou vestindo uma roupa que não combine com o que está dizendo sobre a sua vida ou o motivo da sua viagem.
    Como Henry, o personagem principal e narrador da história, Saint disse ao repórter da Trip que em certas circunstâncias se sentia muito mal em relação ao que estava fazendo: “Nunca foi o tipo de trabalho que eu gostei de fazer, mas conheci, sim, certas pessoas que sentiam verdadeiro prazer no que estavam fazendo”. Perguntado quantas entradas recusou em 10 anos de trabalho, ele diz que recusava entre 20 e 25 por ano, mas que alguns colegas de trabalho recusavam essa média de pessoas por semana e chegavam a competir para ver quem mandava mais estrangeiros de volta ao país de origem.
    Um outro ex-oficial da Imigração, Mark Watson, disse numa entrevista à revista Leros que se sentia aliviado por ter mudado de profissão: “Se existe uma coisa de que eu me arrependo é de um dia ter sido oficial de Imigração, um emprego onde você tem que ser racista, machista e homofóbico”.
    Não existe regra para ser aceito no Reino Unido, tudo depende do julgamento pessoal de cada agente e ele tem que acreditar se é verdade ou não a história que a pessoa está contando, como Tony Saint deixou claro na entrevista à revista Trip: “Por exemplo, você, sendo do Brasil, não precisa de visto para entrar aqui, mas tem de satisfazer o agente da imigração quando chega. O caso é que tem muito brasileiro que vem para cá sem nunca ter viajado para o exterior, chega sem falar uma palavra de inglês e diz que está vindo para passar três dias em Londres! Claro que esse vai ficar um tempão na imigração e dificilmente vai conseguir dar uma boa razão para estar vindo para Londres”.
    Saint diz que ao usar um par de calçados como os que aparecem na capa do seu livro você estará “procurando problemas” (daí o título Refusal Shoes). O que conta é a primeira impressão e não é só a roupa que você está usando que é analisada. De acordo com Saint, eles observam também o modo como você anda e se está nervoso: “Dá para olhar para um cara de terno e dizer que ele, naturalmente, não usaria aquilo, que é só uma roupa para impressionar. Se um homem diz que está vindo passar férias e está de terno, vai ter problemas… Ora, se está de férias, por que o terno?”.

    É isso……

    Se achar que o peixe vale a pena…..bom proveito.

  18. 20
    Pablo Noronha:

    Nao sei se esse tipo de livro “O livro de Dave” me interessaria muito não. Esse dialeto que está surgindo fere e vai contra tudo aquilo que passei anos aprendendo na escola e que valorizo tanto: a língua portuguesa. Seria hipocrisia da minha parte dizer que não a uso, nos dias atuais até minha mãe nos seus 50 anos utiliza essa linguagem mas daí a ler um livro assim já nao me comove tanto. Já “Mapas para amantes perdidos” me chama mais atenção, o enredo baseado na vivência familiar e suas divergências, somado a localização da história sendo um local que ainda desconheço, me atrai sim. Até vi uma peça esse fim de semana, não sei se você já teve oportunidade de assistir, “Zoologico de vidro” que mostra bastante essa questão familiar, nem sei se poderia comparar mas como ainda não li o livro…Enfim, de qualquer forma a dica foi anotada aqui e tentarei lê-lo em breve.
    Obrigado Zeca!!!

  19. 19
    Marcelo Menoli:

    Esse clip é um dos melhores na minha opinião

    https://www.youtube.com/watch?v=cdrCalO5BDs

    Claro que nem se compara com Stefhany ……………….

  20. 18
    andre alaniz:

    as vezes uma leitura dificil me deixa exausto. Ja passei por alguns momentos assim, como “o paraíso é bem bacana” de André Santana, mas acho que “amantes” vale a pena…vou conferir. Detalhe: ja tenho ele…rsrsrsrsrs
    abração amigo;…

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