Desafiando o clichê
Sim, Veneza. Era lá que eu estava na semana passada. Fui visitar Veneza pela segunda vez – na primeira, eu ainda com tenros 19 anos, não podia ter me sentido mais feliz de ficar hospedado praticamente fora da cidade (já que o orçamento, na época, era de mochileiro), mas podendo passear numa praça de São Marcos semi-inundada e totalmente abarrotada de gente fantasiada para o seu famoso Carnaval (um espetáculo radicalmente diferente do nosso, claro).
Vinte e cinco anos depois, volto para lá – a passeio, e não a trabalho, para o desgosto talvez do Marcos, que mandou seu comentário, hum, ligeiramente indignado… (que bom que tem gente como você, Marcos, preocupado com os caminhos da nossa cultura, televisão etc.). E posso assegurar que a viagem foi outra. Entre tantas diferenças, digamos que foi possível desta vez, aproveitar a cidade com um pouco mais de conforto. E, claro, com outros olhos. Se aquele cara de 19 anos se deslumbrava facilmente com a exuberância de cada construção que encontrava – e com a possibilidade de ver de perto obras de arte tão incríveis – e diluía todo aquele deslumbramento em tardes ociosas entre uma ponte e outra (sempre esbarrando em uma máscara de “commedia dell’arte” aqui e outra acolá), ao som distante de um “europop” que reverberava de enormes caixas de som instaladas na São Marcos (nada de samba, como você pode imaginar) – hoje, esse, hum, cara de 45 tinha outras razões para se inquietar em Veneza. Vejamos…
“Nada pode ser dito daqui que não tenha sido dito antes”, escreveu a autora americana Mary McCarthy – como eu destaquei aqui no post anterior. Será mesmo? Ao retornar de lá, senti-me tentado a desafiar essa espécie de maldição que a escritora lançou, talvez não intencionalmente, a qualquer um que visitasse “a cidade mais bonita do mundo” e ousasse acrescentar alguma coisa original sobre ela. Não para superar as palavras já dedicadas a Veneza por autores bem mais ilustres que este blogueiro, mas apenas pela provocação… E ainda, pelo já irrecorrível instinto desenvolvido aqui mesmo neste espaço, ao longo dos nossos mais de dois anos juntos, de dividir algumas experiências com você.
Por falar nisso, depois do breve devaneio “pós-twitter” – desaprovado primeiramente por mim e depois, para minha felicidade, por boa parte dos leitores (ainda que eu tenha me divertido com a ironia de perceber o silêncio daqueles que reclamavam dos posts longos) – volto ao “texto encorpado”, para repetir (com gosto) a expressão que muitos aqui usaram nos seus comentários (aliás, rapidamente, quero agradecer ainda aos que perceberam, ou pelo menos desconfiaram, da fina ironia que foi experimentar aquele outro formato: Fernanda Rabelo, ELLEM, Márcia, Fabiano, e tantos outros). E, para celebrar esse retorno, nada melhor que um passeio pela cidade das múltiplas narrativas que é Veneza.
“Meu velho dom de ver o mundo com os olhos de um pintor cujos quadros acabei de contemplar conduziu-me a um pensamento singular. É evidente que os olhos se formam em consonância com os objetos que divisaram desde a infância, e, sendo assim, o pintor veneziano há de ver tudo com maior clareza e limpidez do que outros homens”. Quem escreve é Goethe, em “Viagem à Itália 1786-1788” (Companhia das Letras), na sua passagem por Veneza. E completa: “Nós, que vivemos numa terra ora imunda, ora poeirenta, incolor, a obscurecer qualquer reflexo, muitos até, talvez, em cômodos apertados, não podemos, por nós próprios, desenvolver uma visão assim jubilosa”. O que dizer da terra em que vivemos hoje – talvez mais imunda e poeirenta…
Mas será que nós, turistas do século 21 – e especialmente acostumado a ver nem sempre o belo em suas viagens –, poderíamos aproveitar Veneza, mesmo sem os olhos de quem lá foi criado? As palavras de Goethe, que já poderiam ser desencorajadoras, juntaram-se às de um outro escritor, mais contemporâneo, cujo livro é um manifesto contra a adoração à cidade: Régis Debray, e seu “Against Venice” (“Contra Veneza”), que tenho numa edição da Pushkin Press.
“Os palácios ao longo do Grande Canal, que não estão expostos em vitrines, não são cenários obviamente falsos de Hollywood, mas também não são casas para se morar. Não é possível imaginar-se morando nelas, mas essas pseudo-habitações podem ser tocadas: estão na nossa frente, mas na verdade não existem. Elas são sólidos reflexos de seus reflexos na água”.
Numa simples passagem, Debray consegue – com uma construção inspirada de frases (que, mesmo na minha tradução apressada, são naturalmente elegantes) – desarmar qualquer intenção de elogio a uma das fachadas urbanas mais admiradas no planeta. E isso é só o começo da sua argumentação contra “La Serenissima” (um apelido que irrita particularmente o autor francês – e tenho impressão que não só ele). Mais adiante, brincando com a conhecida expressão italiana “ver Nápoles e depois morrer”, ele ataca: “Se você quiser ver Veneza, morra primeiro”…
Para cada vitupério de Debray, porém, há um carinho de um outro francês, Paul Morand – que teve seu “Venices” editado pela mesma Pushkin Press. “Entre a brecha da Ponte dos Suspiros, meus olhos foram ofuscados pelo sol poente, que transformava a entrada da Giudecca, a oeste da San Giorgio Maggiore, numa piscina de essência rosa”, escrevia ele em 1969, décadas depois ter conhecido Veneza pela primeira vez, sinalizando que não perdeu nem uma fração de seu entusiasmo pelo poder de sedução da cidade – que Proust, como o próprio Morand cita, chamava de “Meca da religião da beleza”.
E tinha ainda na memória a Veneza de Thomas Mann, que apesar de sempre filtrada pela paixão de Gustav Aschenbach por Tazio, impõe-se como o cenário mais delirante para o réquiem exuberante que é “Morte em Veneza” – traduzido e ampliado para as telas de cinema por Luchino Visconti. Da minha edição (que é da Nova Fronteira): “Numa praça silenciosa, um daqueles recantos esquecidos e como que encantados que se encontram no coração de Veneza, descansando à beira da fonte, ele enxugou a testa e reconheceu que tinha de partir”.
Passei por uma dessas praças silenciosas na semana passada. Aliás, passei por várias. E pelo Rialto (várias vezes). E por outras pontes. E ruas estreitas, e pequenas lojas, e igrejas, e cantinas, e canais, e gôndolas, e escadas, e teatros, e cafés, e sacadas, e céus de um incrível azul (dias antes da inundação que você viu no noticiário desta semana). Como traduzir tudo isso?
Certa vez, assistindo a uma palestra de um grande arquiteto brasileiro, quando alguém lhe perguntou qual era a cidade que ele mais gostava no mundo, ele respondeu – meio hesitante – que era Veneza. Divagando um pouco mais sobre o fascínio que essa cidade exercia em quem a visitava ele concluiu: “Turismo é inveja”. Isso foi dito de maneira despretensiosa – e até displicente –, mas eu registrei aquela frase como uma chave fundamental para entender por que a gente viaja tanto. Nós vamos lá, conferimos o que se fala tanto de tal lugar, temos uma experiência geralmente ultra-superficial, e voltamos para casa alguns dias depois idealizando aquela cidade – ou aquele país – como um endereço ideal para se viver.
Nesse sentido, garanto, nenhuma outra viagem é capaz de fazer de você um ser tão invejoso quanto Veneza.
Mas aí você lembra que não é só isso. Que a vida de uma cidade inclui turistas e as pessoas que moram lá – ainda que Régis Debray insista em ver todas aquelas moradias venezianas como “fantasmas”. Gente que vive ali, e que deve ter uma relação com a cidade não muito diferente que a do próprio Debray. E então você começa ficar um pouco perturbado ao perceber que está visitando o que um amigo meu chamou de “Disney para adultos”. O que não é uma coisa ruim, claro.
Especialmente quando se é simplesmente um turista.
Mesmo tendo visitado Veneza há tanto tempo, eu guardei uma memória vívida do seu desenho. Andar pelas suas vias – nunca paralelas! – foi um emocionante exercício de reconhecimento. Está certo que eu não buscava mais os principais pontos turísticos com a mesma ansiedade daquela passagem por lá em 1982 – se bem que subi animado na torre da praça de São Marcos. Mas as pequenas descobertas agora contaram mais que da outra vez.
Num ano em que visitei Tombuctu (ou Timbuktu, se você preferir) e vale do Orkhon – nessa nova volta ao mundo que você vai poder acompanhar a partir do mês que vem na televisão – passear por Veneza adquiriu um significado ainda mais especial. Foi impossível não ver a cidade como um eco precioso (que reverbera infinitamente pelos tempos e pelas fronteiras) da capacidade criativa do homem – do que nós somos capazes de fazer com a nossa cultura.
Longe de ser perfeita – turistas demais (mesmo nessa baixa temporada), lojinhas demais, horrendas máscaras demais – Veneza me ajudou a cultivar uma nostalgia por um tempo em que havia um outro sentido, um outro foco, no desenvolvimento de uma cidade, apesar de as pessoas viverem com os mesmo problemas de hoje – tenho certeza que nos séculos que ela acumula a cidade viu sua cota de, por exemplo, políticos corruptos, mercadores desonestos, traições vis, vícios degradantes, poluição (mesmo quando esse conceito moderno não existia), criminosos notórios e crises financeiras (se é verdade que a palavra “bancarrota” surgiu ali, numa mesa instalada entre o Rialto e o mercado de peixes, devo dizer que hoje a “origem de todo o mal” é um delicioso restaurante chamado Banco Giro). A diferença é que o que separa isso tudo que existia lá e existe também hoje aqui, nas nossas mega cidades caóticas, é que naquela época havia uma preocupação maior de fazer com que as coisas fossem mais belas.
Ilusão de um turista quarentão? Pode ser.
Voltei de Veneza recarregado e ao mesmo tempo sutilmente melancólico. Outro clichê surrado – você tem o direito de apontar. E o que trouxe o incômodo dessa sensação não foi bem a cidade, mas uma obra de arte específica, que encontrei numa exposição no Palazzo Grassi – que hoje pertence ao bilionário francês (e colecionador) François Pinault. “Italics” é uma grande coletânea de arte contemporânea italiana, abrigada nessa maravilhosa construção do século 18 – uma feliz lembrança de que Veneza recebe muito bem também produção artística atual (preciso lembrar que é lá que acontece a mais importante Bienal do mundo?).
(Aliás, não é à toa que a coleção Peggy Guggenheim parece tão naturalmente instalada em Veneza. Lá, nos jardins da mansão da milionária americana – que era apaixonada pela cidade, e que, até morrer, era a última dona de uma gôndola particular –, que eu tirei a primeira foto do post anterior, ao lado de uma obra chamada “Cascata digital”, de Fabrizio Plessi. A outra foto, claro, foi tirada embaixo da coluna que tem no topo o leão alado, símbolo máximo de Veneza.)
Enfim, foi na mostra do Palácio Grassi que eu vi um trabalho recente – e perturbador – de Maurizio Cattelan. “All” está no hall principal do palácio e é muito simples: apenas noves esculturas de mármore (de Carrara) que representam corpos cobertos por lençóis. A distração mais óbvia é reagir levianamente a mais essa “gracinha” de Cattelan (que já fez uma escultura do Papa João Paulo 2, em tamanho natural, atingido por um meteorito): um material tão nobre e antigo numa cena tão ordinária contemporânea (atentados em Mumbai, enchentes em Itajaí – você pode pensar em qualquer tipo de tragédia diante dos cadáveres de “All”). Mas, de uma maneira que ainda não consigo elaborar, aquilo mexeu comigo de uma maneira mais contundente do que eu podia esperar.
Vi a exposição toda – que é excelente – rapidamente (mais depressa do que eu planejava) e só quando saí do palácio, e reencontrei o céu azul e claro, percebi que estava precisando “reencontrar” Veneza com urgência. Fiquei pouco mais de uma hora no Grassi, mas a presença daqueles mármores me incomodou o tempo todo – e, de certa forma, está comigo até agora. Reverberou em cada passeio que fiz na cidade e hoje mesmo, enquanto escrevo isto aqui, se mistura às minhas lembranças.
É um incômodo sutil, como escrevi lá em cima, mas o suficiente para perturbar o registro dessa viagem – e me fazer achar, de uma maneira impossível de elaborar, que, apesar dos meus esforços, eu dificilmente consegui ser original neste relato sobre Veneza. Maldita Mary McCarthy!
6 junho, 2009 as 7:27 pm
oi zeca.suas reportagens são muito boas.vc além de ser talentoso,é lindo.muitas vezes assisto ao Fantástico só para te ver.me tornei sua fã.e,com todo o respeito,acho a sua morenice estontiante!
Beijos.
17 abril, 2009 as 12:12 am
gostaria q vc manda-se dicas para quem vai para paris em lua de mel e nao tem muito para gastar. obrigado…..ah parabens pelo programa…………
15 janeiro, 2009 as 10:40 am
*** amo passear nesta tua página *** bjs no coração
15 janeiro, 2009 as 10:05 am
Por acaso, ali em Napoleão, ele não se “coroou” ao invés de “corou-se”, q vem do verbo corar? vc é muito legal. bjo
14 janeiro, 2009 as 8:04 pm
ZECA TE AMO PARA SEMPRE, CASA COMIGO…
14 janeiro, 2009 as 5:53 pm
Boa tarde,
só quero registrar aforma inteligente que você registrar os locais por onde passa e para mim que provavelmente não irei a pelo menos dois lugares fantastisco q você foi, já me delicio com as reportagens. Parabens!
14 janeiro, 2009 as 5:44 pm
Muito muito bom seu trabalho, sua redação é um sucesso. Adoro ficar lêndo-as, são detalhes vistos por você que é que se eu estivesse visualizando também!
Continue com seu trabalho maravilhoso!
Parabéns!!
13 janeiro, 2009 as 9:35 pm
ZECA, CASA COMIGO. NUNCA TE VI, SEMPRE TE AMEI.
12 janeiro, 2009 as 7:59 pm
ZECA, QUERO TE FAZER UM PEDIDO, CASA COMIGO, VOU TE FAZER O HOMEM MAIS FELIZ DO MUNDO. ESTOU ESPERANDO A RESPOSTA.
12 janeiro, 2009 as 7:38 pm
oi Zeca sou uma admiradora do seu trabalho porque adoro viajar e acho masa as fotos q tira beijo
16 dezembro, 2008 as 5:10 pm
“Veneza me ajudou a cultivar uma nostalgia por um tempo em que havia um outro sentido, um outro foco, no desenvolvimento de uma cidade, apesar de as pessoas viverem com os mesmo problemas de hoje ”
Uma nostalgia que me remete aos desabamentos e inundações…
Beijo grande.
11 dezembro, 2008 as 2:26 pm
Esqueceu de dizer algo importante: Veneza fede pacas!
11 dezembro, 2008 as 12:40 pm
Parabéns Zeca, pela sua contribuição a cultura Brasileira, sou um morador de classe média baixa do interior de Goiás, e lendo seus posts, me transbordo para outro mundo, outra cena, a clareza como vc conta suas viagens, seus gostos é de uma força sublime, me sinto voando em um mundo onde abrendi a fazer parte, obrigado por me ensinar, que cultura é viver, e aprender é primordial.
10 dezembro, 2008 as 1:48 pm
oi zeca,
Primeiro, parabéns pelo blog!
Ele faz parte dos meus favoritos há bastante tempo!
Sou uma carioca/designer, 41 anos, que vive pelo mundo. Casada com geólogo do mundo do petróleo que reside há 5 anos em Lagos, Nigéria. Viajei pra lá na semana passada com uma dica sua na bolsa – a arte de viajar / Alain de Button. O livro é o máximo! Devorei no longo trajeto rio/paris/lagos. Me encontrei várias vezes nos temas abordados. Muito obrigada!
Agora, de volta ao rio, encontro seu texto sobre Veneza… Eu e meu marido temos um plano de morar em veneza!
Um grande abraço e muito sucesso em 2009!
obs. estou indo para a thailand, alguma sugestão?
10 dezembro, 2008 as 11:03 am
Oi Zeca linda as fotos, interessante também a questão da cultura Argentina o que por sinal é bem valorizada pelos Argentinos, no que se diz respeitos a arte e livros!!
E por falar nisso achei um site bem legal pra buscar músicas aí vai o endereço: https://www.ziipi.com/result?pesquisa=Buenos+aires
9 dezembro, 2008 as 4:46 am
É Zeca,
Meu palpite, Berlin (onde eu estou?)… foi mal heim?; dessa vez passei longe de Veneza. Qdo estive lá (com mãe e filha q na época era agente de viagens), em 96, num passeio q incluía Londres, Paris, Veneza, Florença e Roma, foi como se já morasse ali, parte incluída msm (inserida no contexto) do povo local, diferentemente de turista. Nos arredores de onde nos hospedávamos, os moradores nos brindavam com a alegria de velhos amigos de infância. Mamãe chegou a dizer q moraria ali, pois na verdade nos sentíamos em casa.
(Há quem goste de Paris, mas eu não tive essa sorte.)
Em Paris, fomos recebidas com grosserias e modos rudes pela maioria dos franceses e brasileiros comerciantes (com exceção de duas irmãs portuguesas q foram nossas anjas guias), na breve visita de 5 dias à cidade luz; enqto em Londres (tudo caríssimo), as pessoas foram de uma gentileza impecável e as operas maravilhosas.
Mas… Veneza foi como um abraço quentinho naquele final de inverno, q nos aqueceu o coração e a alma.
Uma semana de amor recíproco, caminhando pelas vielas, entrando nas lojinhas q tudo têm, tomando café nas tantas delicatesses e comendo nas cantinas, visitando todas as igrejas e museus q pudemos encontrar, sentando nas escadas, praças e observando o vai-e-vem, prá lá e prá cá nas balsas (mamãe se recusava a entrar numa gôndola)… ai ai q remédio.
Não é só a cidade q é eterna não; assim tbm são as lembranças q ficam impregnadas em nós, espíritos q somos.
Bjo gde Celinha
8 dezembro, 2008 as 8:49 pm
Olá Zeca.
É a primeira vez que visito seu blog. Achei super interessante.
Engraçado, sinto-me próxima de tudo o que você escreve. E tudo o que você faz na TV, ou fora dela, me parece interessante. Além disso, acabei cruzando com você em Londres (2004), na Selfridges (comemoração brasileira), e na praia, no Rio (!!!), posto 9 de Ipanema. Só não digo que nossos caminhos foram cruzados na maternidade porque seria considerado plágio!
Bom, estive em Veneza em Novembro. E, para confirmar que não existem fantasmas, fiquei na casa de um casal de amigos italianos. Confesso que se não fossem eles, teria pensado a mesma coisa: EXISTE GENTE MORANDO AQUI? E Laura e Andrea comentaram que lá é lindo, o silêncio é maravilhoso, mas que você precisa pensar em tudo para morar nessa cidade. Explico: caso você compre alguma coisa, precisa pensar em COMO aquilo vai chegar até você. Esse papo, depois de 3 garrafas de vinho, foi engraçadíssimo, pois o Andrea pegou um bendito aspirador de pó típico de quem mora em Veneza…
Bom, enfim, fora essas pequenas curiosidades… quando saí da estação de trem e vi a água, o canal… caí na sensação clichê. Pura verdade!
Abraço!
8 dezembro, 2008 as 8:49 pm
Você tem toda a razão… Veneza é tudo!!!
8 dezembro, 2008 as 7:55 pm
cade os do brasil sao os melhores kkkkkkkkkk
8 dezembro, 2008 as 7:40 pm
E aí, Zeca! – foi exatamente assim que eu te salutei quando te encontrei lá pelas ruas de Veneza, na quarta de manhã, em uma daquelas “calles” (vai saber de onde vem esse italiano veneziano), lembra?
Sou um estudante baiano fazendo um intercâmbio em Roma, e desde então eu vinha perdendo horas procurando uma sofrível transmissão online da Globo pra saber quando passaria a matéria no Fantástico sobre Veneza. Acabei descobrindo o blog – melhor assim.
Como você na primeira viagem, também estou perto dos 20 anos e acabei de conhecer Veneza. A identificação, claro, foi imediata, tanto com o texto quanto com a experiência. As sérias restrições orçamentárias de um estudante brasileiro “Erasmus mandrache” (em bom dialeto romano) me tiram as possibilidades de permanecer pelo período que eu queria, com esse conforto que agora você tem – e que eu espero ter aos 45!! Além disso, as exposições e mostras de arte ficam em segundo plano quando tudo o que se procura é um tramezzino a menos de € 4,00 (raro em Veneza)! Mas nem mesmo as impressões superficiais – certamente – que eu pude ter da essa cidade me impediram de me apaixonar por Veneza – eu acho mesmo que uma cidade como essa não precisa de muito pra impressionar, talvez descobrir que Paris, Bruxelas ou Praga são encantadoras demande tempo, disposição e boa vontade, mas Veneza prescinde de tudo isso!
Enfim, quando voltar eu espero ter lido todos esses livros e conhecer a cidade a fundo – sem trocadilho com o nível da maré quando em voltar lá, daqui a vinte anos.
Obrigado Zeca, grande texto!