Animados!
Lá pelos idos de 1992, mais perto do final do ano, eu saía do cinema extasiado. Tinha acabado de ver “Aladdin”. Sim, o desenho. E mal conseguia disfarçar meu entusiasmo por ter tido a chance de assistir a um trabalho tão sofisticado. Me lembro, meio ainda sob o efeito mirabolante da produção, de me encantar por viver numa época em que uma técnica tão antiga podia oferecer um espetáculo tão inovador, surpreendente e… excitante! Aliás, para traduzir bem meu estado de espírito naquela tarde (era o tempo em que eu ainda conseguia ir ao cinema de tarde…), eu precisaria de mais algumas exclamações. Tipo… !!!!!!!!!!!
Mesmo descontado meu já declarado fascínio por temas orientais, “Aladdin” havia superado todas as minhas expectativas. Não me refiro, claro, à história – talvez uma das mais manjadas daquele repertório que os pais contam para os seus filhos (ou, pelo menos, contavam). Mas à maneira como ela era apresentada, os planos inesperados usados para desenvolver a ação se desenrolava, a riqueza dos detalhes de cada quadro, a interação entre a narrativa e os números musicais (acho que gostei até daquela seqüência no tapete mágico, com a canção que, se não me engano, se chamava “A whole new world” e ganhou um Oscar) – enfim, tudo naquele desenho de longa metragem indicava que estávamos diante de uma nova era na animação.
Daí, meros três anos depois, veio “Toy story”… Quem tem menos de 20 anos talvez tenha assistido a essa produção no cinema – talvez não: é bem provável que uma criança de oito anos tenha não só sido levada ao cinema para ver “Toy story” como também infernizou a vida de algum adulto para ver o mesmo título pela segunda, terceira, quarta, quinta – e sabe-se lá quantas mais – vezes. Mas essas crianças talvez fossem pequenas demais para avaliar o impacto dessa estréia. Alguém se lembra das “polêmicas”? Galões de tinta foram usados para imprimir artigos sobre o futuro da animação. Seria o fim do traço imortalizado pela Disney? Algum dia a computação gráfica iria dominar o mercado? O computador limitava a criação humana? E não vamos esquecer da hipótese mais mirabolante (ou talvez lúcida) de todas: será que um dia ainda vamos precisar de atores?
Bem, você já experimentou rever “Toy story” recentemente? Mesmo que você não tenha sido um dos mais entusiasmados na época em que o DVD ainda era uma novidade a ponto de correr para comprar um só para você, o filme (bem como “Toy story 2″) cumpre com louvor o circuito de reprises das TVs abertas e a cabo – quem sabe você não pegou alguma delas? Pergunto porque eu fiz esse teste recentemente e a experiência foi, no mínimo, decepcionante. Uma vez conhecida a história (que, convenhamos, não é das mais inspiradas), as piadas envelhecidas não colaboram para renovar o entusiasmo de quem assiste. E mesmo a animação… para o olhar apurado de quem já passou por “Monstros”, “Nemo” e “Shrek” (para citar apenas os mais populares), parece um trabalho de faculdade.
Por isso, fiquei um pouco preocupado quando, há apenas alguns dias, me vi novamente com aquela excitação dos tempos de “Aladdin”. Será que o motivo de um grande entusiasmo (renovado) no gênero, também ficaria ultrapassado? Se você ainda não adivinhou, estou falando de “Ratatouille”.
Vai desistir da leitura? Por que eu vou escrever sobre um filme “para crianças”? Ou (motivo ainda mais… sórdido!) por que eu vou escrever de um filme sobre um rato? Em qualquer um dos casos, será um pena, pois, se você ainda não assistiu, esta minha argumentação seria uma boa chance de espantar esses preconceitos.
“Ratatouille” é sobre um rato, sim. Aliás, sobre um rato, não – sobre dezenas, centenas deles. Mas, para efeitos narrativos, a história se concentra principalmente no talento de um deles, Remy, para a cozinha. Com um olfato apuradíssimo, ele descobre que esse seu dom pode ser usado em benefício do paladar – inclusive, e principalmente, o humano (já que seus colegas ratos só se preocupam em saber se a comida está ou não envenenada).
Tranqüilizando mais uma vez você que me lê (e que por ventura não assistiu ainda ao filme): não vou entregar a história. Fiz apenas essa apresentação de Remy, para mostrar que ele não é exatamente um rato… nojento. Chamar de bonitinho seria exagero (se bem que, em uma cena ou outra, ele faz uma carinha que até parece o Gato de Botas escudeiro do Shrek…). Mas ele é bastante tolerável aos olhos, e quase encantador.
Suas aventuras na cozinha daquele que é apresentado como um dos restaurantes mais famosos (ainda que com seu prestígio arranhado) de Paris são espertamente elaboradas para conquistar o público – menos pelo heroísmo (estratégia tão comum nos filmes que querem seduzir ao mesmo tempo crianças e adultos) e mais pela astúcia.
A inocência de Remy nas suas tentativas de melhorar as relações entre roedores e humanos – um ideal romântico demais, e bastante arriscado, como alerta de maneira dramática o rato-pai – são comoventes mas não melosas. E o resultado é que você segura a sua boa vontade até o final. Quando, no clímax da história, o restaurante vai passar por um grande teste diante de um dos críticos gastronômicos mais temidos da França, você não tem outra opção a não ser torcer pelo ratinho.
A preparação desse jantar, já adianto, é uma das seqüências mais engraçadas que já vi numa tela de cinema. E digo isso baseado apenas em 60% ou 70% das suas cenas, uma vez que no restante delas eu ria tanto que mal conseguia abrir os olhos (ainda tenho de voltar para assistir à seqüência toda). Mas, piadas à parte, esse “gran finale” (e o “piccolo finale” que vem em seguida) traz também uma mensagem de escape para qualquer pessoa que já ouviu um “não”.
Me lembrei do primeiro “Shrek” – onde a “moral da história” ainda chamava mais atenção do que as incontáveis sátiras à nossa cultura pop. Se, naquele filme, resumindo bem, a mensagem poderia ser traduzida por “é legal ser diferente”, em “Ratatouille” o “conselho subliminar” é: “se você acha que é bom em alguma coisa que todas as outras pessoas insistem em dizer que você não pode fazer… vai em frente e faz!”.
A lição não é muito sutil, mas eu não tenho dúvidas de que funciona com a criançada. Assim como funciona, bem lá no finalzinho, o recado de que às vezes, é mais legal fazer sucesso com um grupo que gosta de você, ainda que pequeno, do que ser “o maior” para um grande público que você nem conhece.
Essa é, claro, uma leitura bem particular do desfecho de “Ratatouille”. Tenho certeza de que você também tem a sua (que você já está convidado a registrar aqui nos comentários). Ninguém sai do filme indiferente… nem que seja pelas incríveis novidades na animação – que, não demora, certamente serão coisa do passado…
(Em tempo: vem aí um filme que, muito provavelmente, vai fazer um enorme sucesso contradizendo tudo que eu acabei de escrever – primeiro porque retoma a velha definição de “desenho animado”, e depois, porque “moral da história” não é o forte dos personagens dessa história. Estou falando, claro, de “Os Simpsons” – que, só de ver o trailer, eu já estou me candidatando a fazer fila para pegar a sessão de estréia. O quê? Ridículo? Olha que eu chamo o Krusty para me defender…)
23 janeiro, 2008 as 9:43 am
Hoy Zeca,
pela primeira vez venho aqui em seu blog para comentar um post. Ja li varios deles, mas esse, em especial, quero comentar.
Ratatouille é realmente um excelente, sensacional filme. Li sobre ele um pouco antes da estreia nos cinemas numa revista sobre a SETima arte do Brasil. Fiquei encantado!
Quando vi o filme, pude dizer com certeza, que Ratatouille está entre os maiores e melhores filmes animados da historia do cinema. E olha q gosto de animaçoes! Vi muitas ano passado: Madagascar, Shrek, Shrek 2, Shrek Terceiro, Os Simpsons, Monstros, Era do Gelo, Era do Gelo 2, etc, ec, etc (realmente vi todos eles o ano passado, mais de duas vezes cada!).
Já vi Ratatouille pelo menos três vezes. E a cada vez q vejo, acho o filme melhor. A “fotografia” q a animaçao faz de Paris é simplesmente fantastica. As feiçoes dos personagens são esplendidas. As musicas, sensacionais. A historia, sublime!
Ratatouille é um filme pra se ver pelo menos uma vez ao ano, pelo resto da eternidade!
24 dezembro, 2007 as 11:18 am
Oie!! Para quem esta online…
Meu nome é Natália!
Lindinha como sempre!!
Tenho uma amigo chamada Natália!!
Rs rs rs rs rs rs rs rs
Xau !!
Xau !!
31 julho, 2007 as 7:29 pm
ainda nao vi ratatouille mas vou ver adoro desenho mesmo com 34 anos q tenho é a primeira vez q venho ao seu site parabem
29 julho, 2007 as 12:05 pm
so elogiar o zeca por seu estilo de faezr reporter
voce e a imagem da juventude sou fã,sempre.tony
28 julho, 2007 as 8:59 pm
Adorei o Ratatouille inteiro, mas as ultimas cenas são muito boas! Não lembro bem a frase, mas adorei quando o crítico falou que nem todos podem ser bons artistas em todos os lugares, mas um bom artista pode vir de qualquer lugar.
o/
26 julho, 2007 as 7:03 pm
Já sei!!! O Zeca Camargo é o Alladin!!!
26 julho, 2007 as 4:26 pm
Achei demais o comenterio que vc fez sobre o filme ratatouile, eu nao queria ver o filme pois achava que ele era meio idiota, eu pensava “magina um ratinho cozinheiro isso é ridiculo” mas agora lendo seu comentario sobre o filme vi que o filme pode nao ser tão idiota como imaginei, realmente vc me convenceu para ir correndo ao cinema assistir este filme, mas agora falando de os simpsons o filme vc exagerou um pouco não, cara este desenho é ridiculo, mas como dizem cada um tem seu gosto, só nao esqueça de comentar como foi sua “experiencia” assistindo os simpsons
abraços…
26 julho, 2007 as 1:02 pm
Ainda nao vi o filme, mas depois de toooodos esses comentários e de ler sua coluna… ok, tudo bem! estou indo para o cinema logo logo.
Beiijoss pra ti Zeca!!!
26 julho, 2007 as 8:07 am
Thundercats sao os melhores, hehe…
pra quem quer voltar no tempo, vai a dica:
https://www.investarte.com.br/hb/www/hb.asp
abraco
25 julho, 2007 as 9:44 pm
Olá! Só por curiosidade:
Ratatouille (francês) – refogado de berinjelas, abobrinhas, tomates e cebolas em azeite de oliva, típico da Provença.
25 julho, 2007 as 8:40 pm
moral da história à parte , o melhor que já vi foi Procurando Nemo! adorei!
25 julho, 2007 as 5:47 pm
Zeca….
Vc tem razão!!!! O Filme é ótimoooo,amo desenhos animados e esse é fantástico!
Concordo com vc, em algumas cenas ri tanto q não conseguia abrir os olhos… hahhahhahahah….
Dorei esse comentario q vc fez sobre o filme .. perfeito, garanto q as pessoas q leram e ainda não foram ver o desenho sairam correndo de casa para o cinema mais próximo… Como sempre vc falou, mas não entregou o ouro, deixo todos com um gostinho de quero mais…
Bjk’s
25 julho, 2007 as 4:56 pm
ow zeca gostei dessa materia e fico tbm entusiasmo e admiro bastante desenhos animados ex:tarsan a bela e a fera e não me canso de ver gostaria muito de ler o seu livro sobre isso e saber sua visão abç.
25 julho, 2007 as 7:36 am
Ei Zeca
Também adoro desenho animado! Meu favorito até hoje é a Pantera Cor de Rosa!
Lembro também de Mogli ( não sei se escreve assim), Branca de Neve, Fantasia, Anastácia…
Beijo
Dinah
25 julho, 2007 as 1:59 am
Olá, desculpe fazer uma pergunta certa no lugar errado mas, gostaria de saber onde consigo comprar aquele chá de Jasmim que é uma bolinha, da reportagem do video show.
Será que vc tem um e-mail onde possamos enviar perguntas?
Obrigada pela sua atenção.
25 julho, 2007 as 1:33 am
Zeca,
comecei a ler sua coluna tem uma semana, estou achando muito bom. Adoro desenhos animados, me marcou muito “Cinderela” nao vamos torcer nariz, foi minha primeira vez no cinema, tinha 7 anos (estou com 41 )nao assisti Ratatouille, minha filha viu e adorou…vou ver tbem. beijos mil e obrigado por escrever coisas tao legais!
24 julho, 2007 as 10:23 pm
Bom, as animações americanas são divertidas, mas o que realmente me encata são as animações japonesas, sempre esquecidas… ou sempre lembradas como sendo unicamente sobre lutas, etc… uma pena.
24 julho, 2007 as 7:51 pm
Bom, lendo o post anterior… resolvi comentar de novo. rs
Zeca, se você gosta tanto de Rihana… eu também…
Não sei se já escutou mas de Rihana… não podemos deixar de falar em Unfaithful e S.O.S que são magníficas… Eu adoro mesmo!!!
Vale apenas escutar… a não ser que já tenha escutado…
e lá vai um elogio. Acho fascinantes seus gostos… e realmente, estou aprendo demais com você!!!
Abraços!!!!
24 julho, 2007 as 7:48 pm
Olá Zeca!
Cara,Toy Story foi muito bom.Adorei os dois.Concordo com a amiga lá em cima,O Rei Leão foi genial também.Muito bom
Ainda não tive a oportunidade de dar uma sacada em Ratatouille,mas com muita certeza,prefiro ver Ratatouille do que Harry Poter.
Abraços!!
24 julho, 2007 as 7:30 pm
Um post sem comentar. Retorno!!!!
Gostei da grande comparação que fez dos desenhos… E podemos notar sua grande evolução.
Em relação ao Ratatouille, assisti ao Trailler e achei um máximo!!!
Agora, depois do seu post… me deu mais curiosidade.
Mas, em relação aos Simpsons… somos dois…
Eu amo este desenho!!
Um grande abraço!