Vem tomar na Curva das Expectativas Flutuantes
Você também reparou na ironia? Todas as pessoas que se mostraram indignadas com meu último post sobre o “hit” do momento, que, de maneira geral, reclamavam que, num país como o nosso, eu deveria usar esse espaço para falar de cultura de verdade (seja lá o que for isso!) – enfim, todos que deixaram um comentário nessa linha nem sequer se deram o trabalho de ler o post anterior e reparar que eu estava comentando sobre… literatura? Ah… essas são as deliciosas contradições da internet – com as quais, oito meses depois, eu já deveria estar acostumado, mas não…
E não vou nem perder tempo com a infinidade de outros comentários que faziam exatamente o que a lei do “vamos evitar ser óbvios” – também lembrada no último texto – recomenda: me mandavam fazer justamente o que a singela canção sugere. Esses destemidos internautas eram, claro, todos anônimos… Ah… a coragem que um mouse inspira…
Vamos logo então para o breve comentário sobre a Curva deste mês. Começando pela própria “Vai tomar no cu” – não exatamente pela música, que já foi mais que bem discutida, mas a peça da qual ela faz parte. Como perguntei da última vez, alguma dúvida de que vai ser um sucesso? Só o boca-a-boca gerado pela música (e vídeo) já garantiu altos níveis de expectativa – e é por isso que o trabalho (que deve se chamar “Se piorar estraga”) entra na Curva, justamente no buchicho. Junto com Feist. Quem?
Bem, se você reparar direito na curva, vai ver que a temporada está tão boa para a música que deu para colocar uma cantora em cada categoria. Feist, a artista canadense da hora, promete conseguir mais espaço de mídia que o Arcade Fire – um feito impressionante! Num estágio anterior, Becky Starck, cantora do Lavender Diamond, já é musa do circuito “under the radar” (“abaixo do radar”) – seja um dos primeiros a ouvir.
Logo logo ela vai estar arrancando críticas tão boas quanto Regina Spektor – comentada aqui no início deste ano, e que agora teve seu disco “Begin to hope” lançado no Brasil. E pode até chegar no patamar de Bebel Gilberto – que, para divulgar seu novo disco, o bom “Momento”, está a um passo de vender a alma… Mas como a gente gosta muito dela… está desculpada. Já Amy Winehouse passou um pouco do ponto – não dá mais para ser a queridinha do circuito alternativo quando… bem, todo mundo que você conhece fala que a adora! Alternativa? Acho que não.
E a pobre Lily Allen, está na ressaca: não conseguiu emplacar mais nada além de “Smile” e parece condenada a repetir eternamente aquele refrão que, se você reparar bem, vai ver que não cabe direito na frase musical… Ou quem sabe ela se reinventa para o próximo disco, como Joss Stone, que, quando todo mundo pensou que ela ia seguir o caminho de Macy Gray, lá vem ela com um álbum, o ótimo (e ironicamente batizado de) “Introducing Joss Stone”. Passou para a ressaca da ressaca.
E existe vida fora dos vocais femininos. Os próprios Los Hermanos, depois de anunciar o “hiato indefinido”, despertou compaixão até nos críticos mais ferrenhos – alguns até, como já ouvi, estão pensando em ir ao show de… “despedida” deles. Por isso, estão juntos a Joss Stone.
No campo dos livros, o sucesso merecido da estação é o de Nora Ephron, com seu “Meu pescoço é um horror”. E olhe que não são só as mulheres com mais de 50 anos que estão lendo não… Tomara que todas as pessoas que estão ainda inebriadas com a farta literatura sobre o Oriente Médio (Afeganistão, Iraque e cercanias) saiam desse transe e comece a devorar outras coisas – como Ephron!
Quem acompanha a cultura paulistana já está quase saturado de “eventos” que envolvam o universo da praça Roosevelt – da qual o grupo de teatro Os Satyros – é o maior expoente. É animador perceber que aí pode haver um esboço de uma estética, de uma linguagem – e, quem sabe, até de um movimento. Mas, só lembrando, quantidade, não é qualidade…
Esse critério, da quantidade, vale também para os filmes brasileiros em cartaz. Esta semana, contei seis num roteiro de jornal de São Paulo – fora os documentários (três), e fora “Xuxa gêmeas”. Coisas médias e coisas indiscutivelmente boas – e digo isso baseado em comentários que ouço (e que são sempre o termômetro para essa Curva), pois ainda não vi todos. Mas quem está vendo? Será que a produção nacional chegou a um ponto de saturação?
Pergunte à série “Heroes”… A avalanche de mídia americana parece ter influenciado os órgãos de comunicação daqui também – para não falar dos fãs… É legal – não brigue comigo. Mas entre isso e “Lost”… Bem, não quero começar a Terceira Guerra Mundial…
Encerro apenas registrando que apenas alguns dias depois de ter comentado aqui sobre a revista literária “Granta” (que saiu com um número especial sobre novos escritores americanos), veio a notícia de que ela vai ganhar uma edição em português a partir do segundo semestre. Uma coincidência, claro. Mas uma coincidência feliz.
Como os “mais chegados” já sabem, a Curva é uma obra aberta. Portanto, o convite do título acima é de duas mãos: não só você pode vir tomar inspirações nela, como pode também sugerir alguns itens – desde que, para não cutucar os leitores mais pudicos (ou os mais… hummm… cultos?), não seja uma contribuição para ampliar ainda mais (e pego a expressão de um dos comentários favoritos dentre os que recebi esta semana) a “seara da desinteligência”… Preciso registrar por escrito que a última frase contém ironia? Caros, um pouco mais de humor, que tal?
6 junho, 2008 as 11:51 pm
zeac!!!! gostaria de saber se vc é o CAMARGÃO, que eu e minha irmã Yara conhecemos em Santa Rita do Sapucai-MG,temos algumas fotos, e lembramos do Thine(não sei se esse é o nome) e do Damião, me responda por favor, independente disso somos suas fãs, bjos.
20 maio, 2008 as 5:36 pm
olhar tudo bom?
10 junho, 2007 as 1:55 pm
Zeca (perdoe-me pela intimidade), o que eu vou falar aqui é impertinente ao blog. entretanto, eu sou uma pessoa humilde, morador de Macaé, Rio de Janeiro. Não quero ocupar seu tempo nem coisa do gênero, mas é que eu não tenho grana, nem tempo real para investir no meu sonho. Bem! eu estou tentando escrever um livro, já tenho vinte e oito páginas escritas. Porém, as pessoas que eu conheço não tem senso crítico para literatura e nem gostam de ler.
quero saber se você pode ler essas páginas que escrevi e se devo continuar escrevendo… investindo nessa utopia. tenho muita vergonha, mas preciso de ajuda profissional. sei que você é uma pessoa muito importante e não tem tempo para essa besteiras. Contudo, se for possível o senhor ou você me ajudar com crítica, correção ortográfica e incentivo para continuar… perdoe-me! pelo incomodo e por minha pretenção. Que DEUS continue iluminando seus caminhos. perdão!
6 junho, 2007 as 5:23 pm
Oq importa é q a Joss Stone é gostosa e a Amy Winehouse é tão feia q seria mais bonita se virasse do avesso!
4 junho, 2007 as 12:28 am
Adorei ver a Regina Spektor ascendendo na curva. Tomara q divulguem direito o trabalho dela aqui no Brasil, ela é realmente fantástica. Aparentemente, você só ouviu o Begin to Hope… recomendo que você ouça o Soviet Kitsch, melhor album dela na opinião dessa humilde fã.
2 junho, 2007 as 8:50 pm
vc esqueceu de por a grazi massafera no ponto de saturaçao!!! impressionante como existem noticias sobre ela..e ela nao é ninguem!!!!!!!!!!!
31 maio, 2007 as 12:03 pm
Opa!
Inacreditável como existem pessoas sem graça nesse mundo!!Viu?
O texto postado do “Vai tomar no c…” foi um sucesso!Já virou toque do meu celular e tudo, sem contar que a cantora fez uma participação super especial no programa do Jô!!
Adorei seu blog !!
30 maio, 2007 as 11:59 am
Los hermanos na ressaca? É ruim hein
30 maio, 2007 as 10:31 am
Bom, é inacreditável que houve comentários negativos quanto ao ultimo e engraçadíssimo post. Mas, fazer o q,são os pseudosintelectuais da internet. Vc acha mesmo, que em tão breve tempo, o Canadá trará ao mundo algo tão bom quanto o Arcade Fire? Bom, esta eu pago pra ver. Muita coisa ainda não conheço, mas darei um jeito de conhecer. E aliás, acho que fui o primeiro a comentar sobre a versão brasileira da revista literaria Granta, hehehehe. Bom, faz parte de ser seu fã. abs e adorei a curva.
28 maio, 2007 as 6:57 pm
Tu eh foda!!!
E que vao tomar no c* todos idiotas q se quer dao ao trabalho d ler o que criticam!
Abraços!!!
28 maio, 2007 as 2:29 pm
Concordo contigo em muitas coisas da curva: realmente, chega de livros de Cabul e redondezas… (aff!!!); tão querendo convencer a gente de que qtde é qualidade, só isso explica tanto filme brasileiro. Eu preferia quando faziam poucos e bons.
Qto à terceira guerra: Lost reina absoluto no mundo das séries!
28 maio, 2007 as 1:58 am
Eu ainda estou inebriada na fase dos livros sobre o Afeganistão. O livreiro de Cabul, Eu sou o Livreiro de Cabul e O Caçador de Pipas foram os últimos livros que li. Estou lendo Vidas Secas pra intercalar uma coisa diferente, mas confesso que ansiosa pra ler Mulheres de Cabul e afins. : P
Nunca ouvi falar desse Meu pescoço é um horror, vou procurar saber do que se trata…
PS: Pode parecer bobagem te dar uma sugestão por aqui, mas eu adoraria ver no Fantástico um quadro no estilo do Profissão Repórter em que você e uns outros 2 jornalistas de estilos diferentes fizessem matérias com pautas semelhantes, mas com abordagens e perspectivas diversas, pra mostrar as várias formas pelas quais um mesmo tema pode ser abordado jornalisticamente. Acho que seria mais interessante ainda se vocês fossem pra outro país. E depois mostrassem em que pontos vocês convergiram e que pontos divergiram. Se houve o uso de personagens iguais e etc. Sei lá, algo com um estilo bem metalingüístico.
28 maio, 2007 as 12:38 am
Oi Zeca, primeiro: Parabéns pelo Blog. Discotdo de você quando diz: “existe vida além dos vocais femininos?” Talvez não no rock, porque o que existe de mais apreciavel no Brasil hoje provém dos homens. Vide: Cidadão estigado, Chico Sciense, Lenine, Zeca Baleiro e Tom Zé. O problema é que só cantor sertanejo aparece na TV aberta.
28 maio, 2007 as 12:08 am
Sem comentários para esso povo tão chocadinho com o uso do espaço para falar de uma coisa, no mínimo, engraçada!
cheguei no rabalho um dia bem cedinho pq eu sabia que seria um dia daqueles… por um acaso, um feliz acaso, esse foi o primeiro e-mail que abri. Literalmente chorei de rir!!!! Passei o dia ouvindo a musiquinha. Cada solicitação idiota que recebia lá ía meu mouse para o play e vai tomar no c*… só no meu fone, mas já era o suficiente para trazer um sorriso aos meu lábios. Fiquei me imaginando na festa de final de ano, naquele videokê da empresa cantando essa música e dizendo: agora com vcs o Sr. Fulano de tal (dono da empresa) e ele entrando com o vozarão dele mandando todo mundo ir tomar. Fantástico!!!!
27 maio, 2007 as 11:06 pm
como tem gente “puxando seu saco” aqui .
joss stone nao esta na ressaca da ressaca
mto menos los hermanos
filme brasileiro ta bem longe disso aii tudo
esse povo que comenta aqui escreve com um cuidado de nao esquecer acentos virgulas … o q serah q passa na cabeça deles ?
“vou escrever direito pq pode acontecer q ele me note aqui ”
putz… q tosco ( outro video q logo vc verah no youtube)
ateh beijo pra gloria maria estao mandando
hauahuhau
eu tenho certeza q vc cai na gargalhando com essas “puxadas de saco ”
eu respeito a sua e
essa eh minha opiniao .
27 maio, 2007 as 11:24 am
Olá Zeca,
odeio quando eu fico sem tempo de vir aqui no blog.=/
Já estive em curvas melhores, hehe…
Mas enfim, brincadeiras à parte, vou descer a página e ler os posts antigos.
Adoro esse blog!
beijo
26 maio, 2007 as 6:40 pm
Salve, Zeca!
“Rehab” e sua intérprete “mãe-simpson-cabelo-tingido” já deixaram de ser alternativos faz um bom tempo.
Já que você não começa a terceira guerra, eu começo: VIVA LOST!!! (e olha que não sou fã!)
Abraço!
26 maio, 2007 as 5:31 pm
Heroes e Cinema Brasileiro,pontos de saturação???
Cinema Brasileiro é um dos melhores,mais tem meses que n dá msm…
Heroes anda tem muito oque mostrar
e já me provou ser bem melhor que lost
abraço
26 maio, 2007 as 4:56 pm
chocadas com um simples !vai tomar no meio do olho do seu c*!
26 maio, 2007 as 4:55 pm
Moro no Japao e nao entro muito no site da Globo e hoje resolvi dar uma olhada foi quando vi o seu blog, que por sinal e muito interessante. Varios pontos chamaram minha atencao o primeiro da tomada da sua consciencia existencial, faco vinte anos na segunda feira e essa semana tive aquela semana de transicao, tipo ta acabando uma fase e comecando outra, enfim… zenzen wakaranai *nao sei de nada. so sei que o tempo passa e a nostalgia ou tomada de consciencia existencial relacionado a idade nao acontece quando se esta ja , digamos bem vivido. Mas o que mais eu gostei foi da ironia os dedicados e candidatos a pseudointelectuais da nova era usam da internet para se informarem do proximo assunto que abordarao no proximo ncontro com os amigos e por isso acham que blogs como de um jornalista deve trazer essas informacoes. lastimavel. rs. vai tomar no c* tem um toque de gerald thomas, ze celso e maria alice vergueiro se as pessoas parassem para fazer associacoes, analogias, ligacoes e reacoes nao ficariam tao…