You can dance!
Dependendo da sua geração, você pode achar que o título acima se refere a uma música do ABBA (“Dancing queen”) ou de Madonna (“Into the groove”). Ou, se você não era nem nascido na época em que essas músicas faziam sucesso (e nem tem a virtude de se permitir, bem de vez em quando, uma noite de flashback), mas acompanha as novidades musicais, você pode achar que eu estou me referindo a quatro lançamentos recentes – todos próximos de um gênero que um dia já foi chamado de rock. E é rock. Mas dá para dançar. E como. (Só por essa introdução, você já deve ter percebido que, apesar de o assunto de hoje ser sobre novidades musicais, ele não vai fazer parte da blitz/avalanche de palavras escritas sobre o novo disco do Arcade Fire – ufa!).
Comecemos com Mika – ou Freddie Mercury 2007, se você preferir. Lembra quando o Queen era considerada a maior banda de rock do planeta (se não lembra, vá ao wikipedia.com)? Isso mesmo, rock: com solos de guitarras, bateria poderosa, vocais histriônicos e… uma certa batida “dance”! Um blog como esse, sempre tão ligeiro, nem é lugar para discorrer sobre o que o Queen significou para a música pop – e para o rock. Ousadias (“Jazz”), cafonices (“We are the champions”), momentos únicos (“A night at the opera”) e bizarros (“Hot Space”) – o Queen tinha tudo. E tinha especialmente Freddie Mercury. Os fãs mais hidrófobos certamente já estão se incomodando com as comparações entre Mika e Freddie (assim como os fãs do Talking Heads se incomodaram tolamente com as comparações entre o vocalista do Clap Your Hand And Say Yeah com David Byrne…). Será que a voz do jovem libanês de 23 anos pode ser mesmo comparada com a do veterano inglês? Serão os arranjos de Mika iguais – ou quem sabe, superiores – aos do Queen? Ah… quanto tempo a gente perde discutindo esses detalhes, quando o que importa mesmo é que os dois artistas tem um ponto de convergência: um talento para a diversidade.
Logo da primeira vez que você ouve “Life in cartoon motion”, o disco de estréia de Mika, percebe que não está diante de um disco ordinário. “Grace Kelly”, a faixa de abertura – já um sucesso mundial – não se parece com nada que você ouve por aí nas rádios – nem nas rádios mais alternativas. Ao longo dos magros – ainda que fartos – três minutos e sete segundos da canção, você fica tentando encaixar aquele som em alguma categoria que você conheça – mas antes de que a música acabe, você percebe que o exercício é inútil.
A última vez que me senti atordoado foi quando ouvi “Hey ya!”, do Outkast, pela primeira vez (tudo bem, “Hey ya!”, ainda continua insuperável – mas estou falando da lembrança daquele primeiro contato, revivido com “Grace Kelly”). E, assim como aquela faixa me deu vontade de ouvir o álbum todo dezenas de vezes, entrei no mesmo processo com “Life in cartoon motion” (os vídeos, você encontra com facilidade na internet, mas se quiser entrar mais no mundo encantado de Mika, o link é esse www.mikasounds.com).
A experiência é parecida com a de uma criança que entra num parque de diversões pela primeira vez: você não sabe direito para onde olha – ou melhor, no que seu ouvido deve prestar atenção. Tudo cintila numa cornucópia de surpresas agradáveis – e, só lembrando, quase sempre dançantes. Da brincadeira de “Lollipop” à mensagem tipo auto-ajuda de “Relax (take it easy)”, você não quer mais largar. Aos poucos a comparação com Freddie Mercury vai se desfazendo e você nem pensa em reescutar seus antigos discos do Queen. Na verdade você não pensa em escutar mais nada – e tive de me esforçar para passar para os outros artistas que eu me propus a discutir aqui hoje. Estamos falando sobre rock que dá para dançar, certo? Então passemos ao Klaxons.
Os mais alternativos já se animaram… Klaxons é a banda cult da hora (ok, você pode ter adotado The View para jogar numa conversa para impressionar seus amigos… é bom também, mas não dá exatamente para dançar, então, vamos achar uma outra oportunidades para falar deles). E é fácil entender porque: embora não seja um TV on the Radio, eles são… cabeça! O termo é propositalmente fora de moda, uma vez que ninguém ainda inventou algo melhor para definir uma manifestação artística com um pé na pretensão – o que não significa que eu não adorei “Myths of the near future” – o primeiro disco “oficial” deles.
Se o Klaxons não vem com uma batida “dance” tão descarada quanto Mika, quando eles soltam um “groove” eletrônico, como na quase-perfeita faixa “Golden skanks”, é como se alguém ligasse um holofote sobre um enorme globo de espelhos iluminando uma discoteca lotada – e com um corinho tipo “ú-ú-ú” para animar. Essa é certamente a faixa mais pop de todo o álbum. Mas, mesmo nos momentos em que eles pegam um pouco mais pesado, eles vão fazer você vibrar (e, dependendo do que você consumiu na noite, sua cabeça pode até começar a girar descontroladamente ao ouvir, por exemplo, “Magick” ou “It’s not over yet” – a segunda melhor faixa do disco).
Eles são de Londres (de Stratford-Upon-Avon, se você gosta de ser fiel à certidão de nascimento de dois membros da banda; mas eles se formaram mesmo na capital inglesa), o mesmo lugar que permitiu que Mika florescesse. A cidade – sim, mais uma vez – vive um feliz renascimento musical. E o Klaxons pode se orgulhar de estarem liderando essa pequena revolução. Os vocais meio desordenados – quase “hippies” – são um charme à parte. Mas o que mais me fascina no som deles é capacidade de ressuscitar aquela vontade de fazer você dançar sob a influência de um som que – lá no fundo de sua consciência – você sabe que não foi concebido bem para isso. Experimente ficar imóvel ouvindo “Gravity’s rainbow” no seu iPod. Como eles mesmo cantam em “Golden skanks”, você pode esquecer seus planos futuros…
E o abando no só vai além se, por acaso, depois do Klaxons, Cold War Kids. Mais especificamente “Hang me up to dry”, a segunda faixa do CD “Robbers & cowards”, a estréia dessa banda californiana. Sim, saímos da Inglaterra, mas não do espírito que me faz conectar eles com Mika e Klaxons: “rock lives – but get into the groove, please!”. Você pode até achar que “Hang me up to dry” é um pouco lenta para levantar a massa… Recomendo então que você procure ouvir a “pré-histórica” “Heart of glass” (Blondie, 1979) para entender que nem só o que tem entre 160 e 180 bpm (batidas, ou “beats”, por minuto) é capaz de te fazer sacudir. Mas se você quiser algo mais rapidinho, vá até a faixa final, “Rubidoux”. Ou imagine o que um remix de “Tell me in the morning” poderia fazer para essa banda…
Mas melhor ainda é descobrir que o que liga essas três bandas não é apenas a possibilidade de uma pista de dança. “We used to vacation”, “Passing the hat” e “Hospital beds”, do Cold War Kids, remete às inspirações mais “mercurianas” de Mika. E o círculo se fecha… Mas não sem esses três ótimos discos mandarem uma mensagem – que não é nem nova, já que foi repetida por incontáveis bandas: “the beat goes on”…
(você, leitor/leitora mais atento/atenta, não deixou escapar: lá no início falei de “quatro lançamentos recentes” e, aqui no final fechei com “três ótimos discos”… não foi um engano… originalmente queria falar aqui de mais um álbum que não sai do meu iPod: “Hissing fauna, are you the destroyer?”, de uns caras sob o nome de Of Montreal; mas, dado o avançado do texto, vou deixar para apresentá-los uma outra hora – não são exatamente uma novidade, mas esse disco é o último lançamento deles; se você não agüentar de curiosidade, tente ouvir na internet, pelo menos o coro final de “Heimdalsgate like a promethean curse” – e veja se o grito de guerra “c’mon chemicals” sai de sua cabeça… “c’mon chemical-al-al-al-al-als” – viva! viva!)
17 junho, 2008 as 10:23 pm
Tenho 2 ipodes avariadas uma de 30G e uma de 2G e não sei o q faço pr as arranjar, nem carregam
Sempre q coneto ao computador, so vem Very Low Battery e fica assim ate eu desligar o computador
28 abril, 2007 as 7:27 pm
Só faltou mesmo aquela comparação batida com o vocalista do Scissor Sisters.
8 abril, 2007 as 11:01 pm
Oi de novo Zeca…
Como atual “viviado em Mika”, fiquei muito feliz em fuçar aqui (tardiamente, admito…) e ver o que já esperava… Você também se rendeu a ele!
Mais pontos da minha admiração você acaba de ganhar. E olha que já são muitos…
Abraços e mais parabéns!!
31 março, 2007 as 11:27 pm
O Mika é ótimo!!! Super pianista, vocalista versátil e com grande extensão vocal, inclusive muitíssimo elogiada pelo próprio Brian May (guitarrista – Queen) em seu blog.
É isso aí Zeca, vamos divulgar as “boas novidades”!
Aqui vai a minha colaboração, via orkut. Convido-os para participar.
https://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=29402497
Bjs, Michele
31 março, 2007 as 3:31 pm
Ahh me poupe neh….comparar Ivete Sangalo cm Madonna!??!…..ninguem merece o show d Madonna foi excelente…
31 março, 2007 as 1:53 pm
Concordando ou não com as críticas musicais, o fato é que são interessantes e portanto deveriam ser mesmo postas à parte no blog, como algo do tipo “dicas da semana” ou algo do gênero. Valeu
29 março, 2007 as 2:02 pm
Zeca, se você já gostou do Life In a Cartoon Motion..,
Tem que escutar o Studio Outtakes… – o primeirão do Mika.
É muito bom.
Abraços (adorei a matéria sobre ele!)
28 março, 2007 as 12:26 am
Zeca suas dicas são, na maioria das vezes, legais mas, putz, esse Mika… Na hora me lembrou mais as… Scissors Sisters… rsrsrs… Vamos continuar tentando… Abraço da Amazonia, rogerbrazil/manaus
20 março, 2007 as 4:54 pm
Adorei a sua dica do The legends na entrevista que deu pra UM. mas Mika, Klaxons? Aí não…isso não dá pra descer.
19 março, 2007 as 3:35 pm
Obrigado por me apresentar Mika
Adorei
19 março, 2007 as 2:56 pm
Zeca,
Desculpe-me, mas acredito que seus comentários sobre o Mika e outros foram muito parciais, na verdade acredito que você se inseriu no público alvo. Por favor, não faça uma louca comparação dessas com Freddie Mercury, nem a título ilustrativo. O Freddie Mercury não tinha seu som voltado para um nicho social específico. Comparar ao Queen me pareceu um pouco exacerbado e sem propósito, uma vez que diz não querer comparar, mas como o Jô, já comparando. Você também perdeu seu tempo ao discutir este detalher. Fica a sugestão para ser um pouco mais imparcial em seus comentários, você é um formador de opinião. Não sei se houve jaba, ou não, mas fato é que a análise não condiz com que as bandas efetivamente apresentam. Ao menos por enquanto não permitem as comparações feitas. É só uma crítica para outros comentários, pois gosto sempre de acompanhar suas opiniões.
19 março, 2007 as 2:00 pm
Zeca, ate respeitava vc musicalmente falando, mas depois que vc disse que todo reggae é igual, vi que vc nao entende é p**** nenhuma de musica. Como vc pode dizer que o som do Bob Marley é igual ao do Peter Tosh, Steel Pulse ou Black Uhuru? Se liga!!!
18 março, 2007 as 11:14 pm
Só conheço Cold War Kids e tenho certeza que algum dia ouvi alguma coisa de Of Montreal, mesmo que tenha sido só o nome.
Juro que procuro o Mika, depois de tal comparação com Freddie Mercury, pra mim esse aí é imperdível. Devo ser ‘hippie’ de espírito, como pode ter nascido uns 30 anos após o ínicio da era ‘Paz e Amor’ e ainda vibrar, e dançar até não poder mais, enquanto escuto “Give Peace a Chance” do Lennon?
Assim que arranjar um novo iPod, (pobre de mim, roubada por um pilantra de bicicleta) irei fazer o upload dessas músicas. E ao meio de David Bowie(chega a ser rock? Não negue que é dançante), e Queen, escutarei todas elas, num passeio de bicicleta.
Eu li o livro, não todas as entrevistas, mas li. Queria ver a do Mike Patton.
18 março, 2007 as 2:54 am
Fala camarada, esta e a minha primeira visita ao seu blog, que por sinal é otimo. li 4 artigos, pois são bem longos, mas muito me interessa. Isto aqui tem uma sobrecarga cultural muito elevada. Seu blog ja esta favoritado, sempre que poder estarei aqui comentando seus artigos. Sou admirador de seu trabalho, você e um profissional excepcional.
Abraço
18 março, 2007 as 12:11 am
zeca, vc é hilariante! dá até pra pensar em você tentando explicar para os fãs do Talking Heads não se incomodaram em comparar o vocalista do Clap Your Hand And Say Yeah! com David Byrne… E mais, o Mika é o Freddy Mercury com uma pitada de electrorock, não? Um quê de ‘Vive la fete’ ou algo do gênero [feito a banda Montage, do nordeste].
17 março, 2007 as 10:01 pm
Atenção! detesto o rock dos anos 60, mas abro excessão aos Rolling Stones, please! por favor, me responda!
17 março, 2007 as 9:58 pm
eu tenho 14, estudo na epsjv/fiocruz, adoro rock dos anos 80, detesto o dos 60, amo legião urbana(meu msn: [email protected] p quem tbm gostar), sou fã do zeca camargo e gostaria de falar c/ vc …gostaria mto de falar c/ vc sobre a sua carreira jornalística, esclarecer a minha cuca sobre a carreira q qro seguir e saber + sobre a sua viagem à inglaterrae aos outros países da volta ao mundo…qro muito esse contato! olha, meu sonho de criancinha era conhecer o mundo e falarc/ o zeca camargo, por favor ñ me decepcione! me responda, fale comigo!
17 março, 2007 as 9:53 pm
Dae Zeca! Estupendo artigo! O Mika, junto aos Klaxons, fizeram um álbum íncrivel, com musicas que conseguem se superar e ser as mais pedidas no ano. Acho que vc devia ter falado do neon Bible, do Arcade F., na minha singela opinião, eles batem todos os citados, e olha que é uma dificil tarefa… Em sumo é isso, adorei o artigo. Por sorte tenho todos os álbuns citados e não discordo do que diz. Ate a próxima, abs!!
17 março, 2007 as 5:54 pm
Hey, ZEca, olha, eu tenho 14 anos, e gosto d ler seu blog, até q é interessante!
Parabéns pla akela LINDAAA dança do ventre!!!! uahs uahsuahsu aushahahahahah ahahhaha ah
Cara, olha, se tuh vai falar d rock, fala oq jah tá no Brasil……eu nunk escutei esse MIka, e q nome é esse….”Mika”, parec nome d gato!!!
Da próxima vez, vê se fala d bandas ótééééémas como My chemical romance, Simple Plan…..amo rock, sabe!
AAAA, pq vcs ñ fazem uma reportagem no fantastico sobre emos, góticos, etc…..ñ, eu ñ sou, só axo q as pssoas deveria conhecer antes d criticar!
Eu tbm tnho 1 blog!!!!!
https://www.brunagliter.blogspot.com (ele é novinho ainda!)
e eu só posto fins d semana…….
mas lê lá, e dxa comentário! POR FAVOR……..
BJUX….
16 março, 2007 as 4:11 pm
Caramba Zeca!
voce conseguiu escrever, sobre o mika, todas as sensaçoes que eu senti quando o ouvi pela primeira vez…
por aqui, na europa, o cara ta bombando. achei legal voce divulga-lo no teu blog.
é o que eu faria… se tivesse um!
Mas é exatamente essa minha vontade, falar pra todo mundo desse novo sucesso!
Parabens!
AH. gostei do blog no geral, da tua maneira de escrever (sem querer puxar saco)…
confesso que achava mega cafona as divulgaçoes do seu livro nas revistas dai, e pensava comigo mesmo: “esse cara nao tem o que fazer”. Hoje, daria tudo pra ir ali na livraria da esquina e comprar o bendito livro :S