Sozinha com a câmera
Por Paula Akemi
Não conta lá em casa
Só contei pra minha família que literalmente “dormi na praça” em Londres quando já estava de volta ao Brasil. Talvez porque alguns bastidores a gente só revela mesmo depois que sobreviveu ao perrengue. (Meu pai só descobriu que fiquei acampada uma noite quando viu a chamada pela TV).
E como algumas histórias ficaram de fora do programa de ontem, vou contar aqui um pouco mais de como foi viajar sozinha com uma câmera.
Nos ombros
Se colocada na balança, a câmera pesa uns quatro quilos. Não parece muito, mas depois de um dia inteiro de gravação, eu seria capaz de jurar que ela pesa o dobro! E na mochila de todo santo dia ainda levava: bateria extra (x2), carregadores (x2), equipamento de luz, fita isolante, pilhas (x6), microfones (x2), tripé, laptop para descarregar os cartões de memória.
Colegas
Quando cheguei à Grécia, a situação política era (e talvez ainda seja) uma montanha russa de sobes e desces. Pra checar se as informações estavam corretas e atualizadas, os jornalistas “colam” uns nos outros e trocam figurinhas. O vídeo abaixo mostra uma situação dessas quando estávamos à espera do então primeiro ministro George Papandreou. Mas, quando o figurão apareceu, foi um salve-se quem puder, cada um batalhando pelo melhor take. E o que mais me chamou a atenção não foi o político em si, mas essa muralha de jornalistas e câmeras.
Plantão
Meu hotel ficava a dois minutos da praça Syntagma, onde todos os grandes protestos aconteciam. Por puro medo de perder qualquer manifestação, dormi todas as noites com a televisão ligada (em grego mesmo!) e pedi ao recepcionista do hotel para me ligar se houvesse qualquer movimento.
Enquadramento
Assistindo a esse vídeo (Paula se arrumando em frente à cam) dá vontade de rir. E acredite, na rua, enquanto eu estava gravando, as pessoas também riam. Entao fora aquela situação toda de montar o tripé, se posicionar em frente à camera, bater o foco, pensar no texto, acertar o cabelo, ainda tinha o esforço pra ignorar as buzinadas e risadinhas alheias. O jeito na maioria das vezes era rir também.
Luz, câmera, ação
Durante as entrevistas, além de prestar atenção no que o sujeito está falando e de pensar na próxima pergunta a fazer, ainda era preciso me preocupar com foco e enquadramento da camera. #Tudojuntoaomesmotempoagora.
Santa Ajuda
Na Grécia tive uma companheira, a Katia Orlik que é brasileira e mora há 30 anos em Atenas. Ela me ajudou a traduzir mais do que a língua grega, mas também a cultura e a política. Sem ela, não haveria reportagem e só não apareceu no programa de ontem porque é tímida!