Do amor

ter, 30/04/13
por Paulo Coelho |
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Na peça “César e Cleópatra”, escrita por Bernard Shaw, há um diálogo em que o autor mostra que o amor enlouquecido sempre está acima da própria justiça.

Cleópatra é acusada de mandar assassinar um egípcio chamado Potinus. Então ela se vira para o vitorioso general, e diz: “escute-me, César, meu amado. Se alguém na cidade de Alexandria lhe disser que eu agi erradamente, me oferecerei para ser crucificada na porta central do palácio”.

César responde: “se algum homem no mundo resolver afirmar que você agiu errado, ele primeiro precisa conquistar o mundo – como eu fiz. Se não fizer isto, será ele quem será crucificado na porta do palácio”.

Da luta

seg, 29/04/13
por Paulo Coelho |
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É impossível fugir de nossa luta interior. Não a evite, nem se torture com segredos; quem age assim, torna-se prisioneiro de si mesmo.

Mas não pense que a solução é trocar de cenário – mudando de mulher, de marido, de trabalho ou de casa. O que é preciso mudar é a maneira de encarar a vida.

Então, se mudanças radicais tiverem que ocorrer, ocorrerão naturalmente.

Não se iluda pensando que, ao trocar o que está fora, você resolve o que está dentro. Muito pelo contrário: você está mudando para um campo de batalha que não lhe é familiar, e que terminará causando mais problemas do que pensava.

“O que são as dificuldades?”, perguntou o discípulo.

“São como os caminhos e os rios”, respondeu o mestre. “Algo que nos faz seguir adiante”.

Do lobo

dom, 28/04/13
por Paulo Coelho |
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É evidente que precisamos de tolerância em nosso caminho. Não adianta ficar o tempo todo brigando com o mundo, só porque certas pessoas não respeitam a nossa busca ou o nosso sonho.

As coisas que nos são queridas, assim permanecerão para sempre – e às vezes, escutar uma opinião exatamente contrária a nossa, termina por enriquecer e esclarecer um ponto que nos parecia obscuro.

Entretanto, não podemos confundir tolerância com passividade. Nos pontos mais delicados, devemos estar seguros de nossa decisão e da capacidade de seguir adiante.

Uma pequena história da sabedoria árabe, anotada por Mansour Challita, nos recorda a melhor maneira de agir:

Um pastor disse ao seu pai: “ensina-me a bondade”. Respondeu o pai: “ser bom como o cordeiro, mas que a tua mansidão não faça o lobo tornar-se valente demais”.

Das coisas como elas são

sáb, 27/04/13
por Paulo Coelho |
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É claro que nem sempre as coisas acontecem como queríamos que acontecessem.

Existem momentos em que sentimos que estamos buscando algo que não está reservado para nós, dando murros em portas que não se abrem, esperando milagres que não se manifestam.

Ainda bem que as coisas são assim – se tudo andasse como a gente quer, em breve não íamos ter mais assunto para escrever o roteiro dos nossos dias.

Quando estivermos diante de situações que não conseguimos ultrapassar, relaxemos. O universo, embora não consigamos compreender, continua trabalhando por nós em segredo.

Nestes momentos em que não podemos ajudar, prestar atenção as coisas simples da vida – no pôr do sol, nas pessoas que passam na rua, num livro – é a melhor maneira de colaborar com Deus.

Do tradutor

sex, 26/04/13
por Paulo Coelho |
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Durante uma conferência em Toulouse, sou apresentado ao tradu­tor de meus livros para o sueco. Descubro que serviu como piloto na Inglaterra – durante a II Guerra Mundial.

Depois, resolveu mudar-se para Recife, onde viveu mais de vinte anos.

No jantar, me conta sua experiência nos campos de batalha da Europa:

“Na guerra descobrimos a ilusão do poder. Um general pode comandar milhares de homens e sentir-se o mais importante do mundo: mas esta sensação dura apenas até o momento em que ele dá a ordem de ataque. A partir de então, seu poder desaparece completamente – passa a estar nas mãos de soldados que nunca viu, de sargentos que não sabe o nome”.

“Um bom comandante sabe que o poder não existe. Sua capacidade reside em transformar muitas vontades diferentes em uma vontade única”.

 

A rua de gerânios

qui, 25/04/13
por Paulo Coelho |
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Numa rua cinzenta e triste de um bairro operário de Liverpool, uma mulher colocou um vaso de gerânios na janela. Dois dias depois, sua vizinha da frente por inveja, ou porque notou que os gerânios eram bonitos colocou dois vasos de flores.

Alguns trabalhadores, voltando para casa, notaram duas janelas diferentes. Suas mulheres, vaidosas, resolveram também comprar flores. Um mês depois, todas as janelas da rua tinham pequenos jardins.

Alguém pintou a fachada do lugar onde morava, já que a beleza das flores realçava a feiura do resto. O exemplo foi imitado.

Um ano depois, a cinzenta e triste Rua de Liverpool se transformou num modelo de urbanização. Hoje, cinco anos depois, o bairro inteiro está sendo modificado, com apoio da prefeitura.

Tudo porque, um belo dia, alguém colocou um vaso de gerânios na janela.

Das bênçãos

qua, 24/04/13
por Paulo Coelho |
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Duas coisas não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo. Num espaço ocupado pela amargura e pelo medo, as bênçãos não conseguem entrar. Mesmo que elas batam na porta, e mostrem a luz que carregam com elas, a porta não se abre.

A alma precisa estar limpa, para que as bênçãos se manifestem.

Por isso é preciso lavar a alma com esperança. Neste processo, nós nos lembraremos de velhas tristezas, e sofreremos de novo a mesma coisa – mas sabemos que as bênçãos estão chegando.

E um dos principais poderes das bênçãos é a capacidade de curar a dor.

Uma alma limpa é aquela que, apesar de tudo, não está conformada com a situação atual. Uma alma limpa é uma alma corajosa que, mesmo lutando contra as trevas, deseja encontrar a luz.

Do tijolo

ter, 23/04/13
por Paulo Coelho |
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Dois sábios, que viviam na mesma ermida no deserto do Saara, conversavam um dia: “Vamos brigar para que não nos afastemos do ser humano”, disse um deles. ”Não sei como começar uma briga”, respondeu o outro.
“Pois façamos o seguinte: eu coloco este tijolo aqui no meio, e você me diz: “é meu”. Eu lhe responderei: “não, este tijolo é meu.”
Então começaremos a discutir, e terminaremos brigando”.

E assim fizeram. Um disse que o tijolo era dele. O outro contestou, dizendo que não. “Não vamos perder tempo com isto, fique com este tijolo,” disse o primeiro.
“Sua ideia para a briga não foi muito boa”, disse o outro, depois de alguns minutos. “Quando percebemos que temos uma alma imortal, é impossível discutir por causa de coisas”.

Das definições

seg, 22/04/13
por Paulo Coelho |
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Dois mestres indianos e um grafitti definem o amor:

Osho: “Dar amor é a experiência real – no próprio sentido da palavra, porque você se comporta como um imperador. Implorar amor é uma experiência de mendigo. Não aja como um mendigo; seja sempre um imperador”.

Nisargadatta Maharaj: “o sofrimento vem do desejo. E o senti­mento de unidade nunca pode ser frustrado – que se frustra é o desejo de reconhecimento. Como todas as coisas puramente mentais, este desejo é uma armadilha”.

Escrito num muro em Buenos Aires (e anotado por Fabiana Ri­boldi): “Se amas alguém, deixa-o em liberdade. Se ele voltar, foi porque precisou. Se ele não voltar, foi porque precisou”.

Do perdão

dom, 21/04/13
por Paulo Coelho |
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Dois ex-presos políticos argentinos se encontraram, depois de muitos anos sem qualquer contacto. Sentaram-se num bar na Avenida de Maio e começaram a lembrar os anos negros da repressão, quando as pessoas sumiam sem deixar vestígio. A certa altura, um perguntou ao outro:

- Quanto tempo você ficou preso?

- Dois anos – foi a resposta. – Sofri torturas que nunca imagi­nei. Vi minha mulher sendo violentada na minha frente. Mas os responsáveis já foram presos e condenados.

-Ótimo. E sua alma já os perdoou?

- Claro que não!

- Então, você ainda continua prisioneiro deles.



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