sáb, 28/04/12
por Paulo Coelho |
O arcebispo Macarius afirma, em um de seus escritos, que as portas do Céu estão abertas para quem usar a oração. Entretanto, nem sempre valorizamos este poderoso instrumento de comunicação com Deus, por considerá-lo simples ou – paradoxalmente – complicado demais. Vale lembrar que na Bíblia, em II Reis (capítulo 20), um poderoso exemplo da força da oração é citado.
O profeta Isaias vai até a casa de Ezequias, e anuncia: “põe em ordem tua casa, porque vais morrer”.
Ezequias, desesperado, volta-se contra a parede, e clama ao Senhor: “Andei fielmente diante de Ti, fazendo o que era agradável a Teus olhos!“ E chora.
Antes que Isaias deixe o pátio interno, o Senhor dirige-se de novo a ele: “Volta e diz a Ezequias, meu servo; eis que escutei tua prece e vi tuas lágrimas. Vou te curar, e acrescentarei quinze anos à tua vida”.
26 comentários »
sex, 27/04/12
por Paulo Coelho |
Nasrudin – o eterno personagem das lendas sufi – estava na soleira de sua porta, quando viu passar um professor com seus alunos.
- Aonde vão? – perguntou.
- Rezar para que Deus acabe com a corrupção, já que ele sempre escuta a prece das crianças – respondeu o professor.
- “Uma boa educação já teria acabado com isso. Ensine os meninos a serem mais responsáveis do que seus pais e tios”.
O professor ofendeu-se:
- Eis um exemplo de falta de fé! A prece das crianças pode mudar tudo!
- Deus escuta qualquer um que reza. Se Ele só escutasse as preces das crianças, não haveria uma só escola no país; não há nada que as desagradem tanto quanto estudar”.
14 comentários »
qui, 26/04/12
por Paulo Coelho |
Nasrudin apareceu na corte com um magnífico turbante, pedindo dinheiro para caridade.
“Você veio me pedir dinheiro, e está usando um ornamento muito caro na cabeça. Quanto custou esta peça extraordinária?”, perguntou o soberano.
“Quinhentas moedas de ouro”, respondeu o sábio sufi.
O ministro sussurrou: “É mentira. Nenhum turbante custa esta fortuna”.
Nasrudin insistiu:
“Não vim aqui só para pedir, vim também para negociar. Paguei tanto dinheiro pelo turbante, porque sabia que, em todo o mundo, apenas um soberano seria capaz de comprá-lo por seiscentas moedas, para que eu pudesse dar o lucro aos pobres”.
O sultão, lisonjeado, pagou o que Nasrudin pedia. Na saída, o sábio comentou com o ministro:
“Você pode conhecer muito bem o valor de um turbante, mas sou eu quem conhece até onde a vaidade pode levar um homem”.
15 comentários »
qua, 25/04/12
por Paulo Coelho |
- Não temos portões em nosso mosteiro – Shantih comentou com o visitante.
- E como fazem com os ladrões?
- Não há nada de valioso aqui dentro. Se houvesse, já teríamos dado a quem precisa.
- E as pessoas inoportunas, que vem perturbar a paz de vocês?
- Nós as ignoramos, e elas vão embora – disse Shantih.
- Só isto? E isto dá resultado?
Shantih não respondeu. O visitante insistiu algumas vezes. Vendo que não obtinha resposta, resolveu partir.
“Viu como funciona?” disse Shantih para si mesmo, sorrindo.
7 comentários »
ter, 24/04/12
por Paulo Coelho |
Na parábola do Filho Pródigo, o irmão que sempre obedeceu ao pai fica indignado ao ver que o filho rebelde é recebido com festa e alegria.
Da mesma maneira, muitas pessoas obedientes à palavra do Senhor, terminam se transformando em carrascos impiedosos daqueles que algum dia se afastaram da lei.
Na pequena cidade do interior, um conhecido pecador foi impedido de entrar na igreja. Indignado, começou a rezar:
“Jesus me escuta. Não querem me deixar entrar em sua casa, porque acham que não sou digno”.
“Não se preocupe, meu filho”, respondeu Jesus. “Eu também estou do lado de fora, junto com aqueles com quem sempre estive – os pecadores como você”.
39 comentários »
seg, 23/04/12
por Paulo Coelho |
Na maior parte das vezes, confundida com “inspiração”, o que é um equívoco. Estamos sempre escutando certas vozes interiores, ruídos destinados a nos distrair, a nos fazer perder o contato com a vida. Não se calam, não sossegam nunca. Certas tradições mágicas dizem que nosso controle sobre estas vozes é quase nenhum.
Quem já experimentou meditação sabe o quanto isto é verdade; e mesmo quem nunca meditou sabe que elas existem (músicas que cantamos mentalmente, pensamentos que não conseguimos evitar, etc.) Só uma coisa faz calar estas vozes: o entusiasmo. Quando estamos verdadeiramente envolvidos na arte de viver, estas pequenas e mesquinhas vozes interiores deixam de falar suas bobagens – e então podemos ouvir a voz de nosso anjo da guarda, a voz de nosso coração, a voz de Deus.
23 comentários »
dom, 22/04/12
por Paulo Coelho |
Na época em uma base aérea na África, o escritor Saint-Exupéry fez uma coleta com seus amigos, pois um empregado marroquino queria voltar à cidade natal. Conseguiu juntar mil francos.
Um dos pilotos transportou o empregado até Casablanca, e voltou contando o que aconteceu:
“Assim que chegou, foi jantar no melhor restaurante, distribuiu generosas gorjetas, pagou bebidas para todos, comprou bonecas para as crianças de sua aldeia. Este homem não tinha o melhor sentido de economia”.
“Ao contrário”, respondeu Saint-Exupéry. “Ele sabia que o melhor investimento do mundo são as pessoas. Gastando assim, conseguiu de novo ganhar o respeito de seus conterrâneos, que terminarão por lhe dar emprego. Afinal de contas, só um vencedor pode ser tão generoso”.
8 comentários »
sáb, 21/04/12
por Paulo Coelho |
Um guerreiro, de vez em quando, fala sozinho. Mas não fica o tempo todo prestando atenção a si mesmo.
Uma coisa é escutar seu coração. Outra coisa é ficar só conversando consigo mesmo, sem prestar atenção aos outros. Se agir assim, não conseguirá dormir direito, e perderá o prazer dos momentos importantes do dia.
Dentro de cada um de nós existe um anjo e um demônio, e suas vozes são muito parecidas. Diante de uma dificuldade, o demônio alimenta esta conversa, procurando nos mostrar como somos fracos e injustiçados. O anjo nos faz refletir sobre nossas atitudes, e ajuda a encontrar o melhor caminho.
Um guerreiro está sempre atento a estes detalhes, e não se deixa enganar.
14 comentários »
sex, 20/04/12
por Paulo Coelho |
Myiamoto Musashi, o célebre samurai que escreveu “O livro dos cinco anéis”, fala da estratégia para se compreender o espírito e as qualidades do inimigo.
Segundo ele, quando não conseguimos saber o que nosso adversário pretende, devemos fingir um ataque. Todas as pessoas do mundo estão sempre preparadas para se defender, porque vivem no medo e na paranóia de que os outros não gostam dela.
Desta maneira, também nosso adversário – por mais brilhante que seja – é inseguro e reage com violência exagerada à provocação. Ao fazer isso, mostra todas as armas que tem, e ficamos sabendo onde está forte, e quais são os seus pontos fracos.
Musashi chama esta técnica de “movimentar a sombra”. Na verdade, o guerreiro da luz não entra no combate, mas provoca um pouco, e a sombra de sua provocação confunde o adversário.
Então, sabendo exatamente que tipo de confronto deve esperar o guerreiro da luz ataca ou recua.
19 comentários »
qui, 19/04/12
por Paulo Coelho |
Somente os mais sábios e os mais estúpidos nunca mudam de idéia. (Anônimo)
Aprender é como remar contra a corrente: sempre que se para, anda-se para trás. (Confúcio).
Quem pergunta, é idiota por cinco minutos. Quem não pergunta, é idiota para sempre (Wang-Wei)
É preferível dizer cem vezes “não” do que dizer um “sim” e não cumprir a palavra. (Anônimo)
17 comentários »