ter, 31/05/11
por Paulo Coelho |
Faz parte da arte de viver, não barganhar com a oportunidade.
Na antiga Roma, um grupo de feiticeiras conhecidas como Sibilas escreveu nove livros contando o futuro de Roma. Levaram os nove livros para Tibério. “Quanto custa?”, perguntou o imperador de Roma. “Cem moedas de ouro”, responderam as Sibilas.
Indignado, Tibério expulsou-as. As Sibilas queimaram três livros e voltaram: “Continua custando cem moedas”, disseram. Tibério riu e não aceitou: pagar por seis livros o mesmo que pagaria por nove?
As Sibilas queimaram mais três livros, e voltaram com os três restantes: “continuam custando cem moedas de ouro”, disseram. Tibério, mordido pela curiosidade, terminou por pagar – mas só conseguiu ler parte do futuro de seu Império.
(Esta versão da história dos Livros Sibilinos é de J.P. Andrew)
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seg, 30/05/11
por Paulo Coelho |
Miyamoto Musashi, o célebre samurai que escreveu “O livro dos cinco anéis”, fala da estratégia para se compreender o espírito e as qualidades do inimigo.
Segundo ele, quando não conseguimos saber o que nosso adversário pretende, devemos fingir um ataque. Todas as pessoas do mundo estão sempre preparadas para se defender, porque vivem no medo e na paranóia de que os outros não gostam dela.
Desta maneira, também nosso adversário – por mais brilhante que seja – é inseguro e reage com violência exagerada à provocação. Ao fazer isso, mostra todas as armas que tem, e ficamos sabendo onde está forte, e quais são os seus pontos fracos.
Musashi chama esta técnica de “movimentar a sombra”.
Na verdade, o guerreiro da luz não entra no combate, mas provoca um pouco, e a sombra de sua provocação confunde o adversário.
Então, sabendo exatamente que tipo de confronto deve esperar o guerreiro da luz ataca ou recua.
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dom, 29/05/11
por Paulo Coelho |
Muitas são as emoções que movem o coração humano – quando ele resolve dedicar-se ao caminho espiritual.
Pode ser um motivo “nobre”- como fé, amor ao próximo, ou caridade. Ou pode ser apenas um capricho, o medo da solidão, a curiosidade, ou vontade de ser amado.
Nada disto importa: o verdadeiro caminho espiritual é mais forte do que as razões que nos levaram a ele. Aos poucos, a verdadeira busca vai se impondo – com amor, disciplina e dignidade. Chega um momento em que olhamos para trás, lembramos do inicio de nossa jornada – então rimos de nós mesmos. Fomos capazes de crescer, embora tenhamos iniciado a jornada por motivos que eram muito fúteis.
O amor de Deus foi mais forte que as razões que nos levaram até Ele.
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sex, 27/05/11
por Paulo Coelho |
– Um cientista que estudava macacos, numa ilha da Indonésia, conseguiu ensinar a certa macaca que ela devia lavar as batatas num rio antes de comê-las. Livre da areia e das sujeiras, o alimento ficava mais saboroso.
“O cientista – que fez aquilo só porque estava escrevendo um trabalho sobre a capacidade de aprendizado dos chimpanzés – não podia imaginar o que terminaria acontecendo. Ficou surpreso ao ver que os outros macacos da ilha começaram a imitá-la”.
“Até que, um belo dia, quando um número determinado de macacos aprendeu a lavar batatas, os macacos de todas as outras ilhas do arquipélago começaram a fazer o mesmo. O mais surpreendente, porém, é que estes outros macacos aprenderam sem ter qualquer contato com a ilha onde a experiência estava sendo conduzida.”
– Existem vários estudos científicos a respeito. A explicação mais comum é que, quando um determinado número de pessoas evolui, toda a raça humana termina evoluindo. Não sabemos quantas pessoas são necessárias – mas sabemos que é assim.
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qui, 26/05/11
por Paulo Coelho |
“Minha dança, minha bebida, e meu canto são o colchão onde minha alma repousará, quando voltar ao mundo dos espíritos”, diz um sábio indonésio.
Quem ler os evangelhos irá reparar que quase a totalidade dos ensinamentos de Jesus aconteceu em duas circunstâncias: enquanto ele viajava, ou em torno de uma mesa.
Nada de templos. Nada de lugares escolhidos. Nada de práticas sofisticadas e difíceis.
Andando. E comendo. Algo que fazemos todos os dias de nossas vidas – e, por isso mesmo, não damos nenhum valor. Pensamos que as coisas sagradas são tarefas para os gigantes da fé e da vontade. Achamos que aquilo que a gente faz é pobre demais para ser aceito com alegria por Deus.
Deus é amor. Mas – além disso – Deus é humor.
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qua, 25/05/11
por Paulo Coelho |
Miie Tamaki resolveu largar tudo que fazia – era economista – para dedicar-se a pintura. Durante anos procurou um mestre adequado, até que encontrou uma mulher especialista em miniaturas, que vivia no Tibet. Miie deixou o Japão e foi para as montanhas tibetanas, aprender o que precisava.
Passou a morar com a professora, que era extremamente pobre.
No final do primeiro ano, Miie voltou ao Japão por alguns dias, e retornou ao Tibet com malas cheias de presentes.
Quando a professora viu o que ela tinha trazido, começou a chorar, e pediu que Miie não voltasse mais a sua casa, dizendo:
“Antes, nossa relação era de igualdade e amor. Você tinha teto, comida, e tintas. Agora, ao me trazer estes presentes, você estabelece uma diferença social entre nós. Se existe esta diferença, não pode existir compreensão e entrega”.
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ter, 24/05/11
por Paulo Coelho |
Matthew Henry é um conhecido especialista em estudos bíblicos. Certa vez, quando voltava da Universidade onde leciona, foi assaltado. Naquela noite, ele escreveu a seguinte prece:
Quero agradecer
em primeiro lugar, porque eu nunca fui assaltado antes.
Em segundo lugar,
porque levaram a minha carteira, e deixaram a minha vida.
Em terceiro lugar,
porque, mesmo que tenham levado tudo, não era muito.
Finalmente, quero agradecer
porque eu fui aquele que foi roubado, e não aquele que roubou.
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seg, 23/05/11
por Paulo Coelho |
Maktub quer dizer está escrito. Para os árabes, “está escrito” não é a melhor tradução – porque, embora tudo já esteja escrito, Deus é misericordioso – e só gastou sua caneta e sua tinta pra nos ajudar.
O viajante está em Nova York. Acordou tarde para um encontro e, quando desce, descobre que seu carro foi rebocado pela polícia.
Chega depois da hora, o almoço se prolonga mais do que o necessário, ele pensa na multa – irá custar uma fortuna. De repente, lembra-se da nota de um dólar que encontrou no dia anterior. Estabelece uma relação louca entre aquela nota e o que aconteceu de manhã. “Quem sabe eu peguei a nota antes que a pessoa certa a encontrasse? Quem sabe tirei aquele dólar do caminho de alguém que estava precisando? Quem sabe interferi no que estava escrito?”
Precisava livrar-se dela – e neste momento vê um mendigo sentado no chão. Entrega rapidamente o dólar.
- Um momento – diz o mendigo.
- Sou um poeta, quero pagar com uma poesia.
- A mais curta, porque estou com pressa – responde o viajante.
O mendigo diz:
- Se você continua vivo, é porque ainda não chegou aonde devia.
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dom, 22/05/11
por Paulo Coelho |
Mahatma Gandhi, depois de ter conseguido a independência da Índia, fez uma visita à Inglaterra. Passeava com algumas pessoas pelas ruas de Londres, quando sua atenção foi atraída para a vitrine de uma famosa joalheria.
E ali ficou Gandhi, olhando as pedras preciosas e as joias ricamente trabalhadas. O dono da joalheira imediatamente o reconheceu e foi até a rua, saudá-lo:
- Muito me honra que o Mahatma esteja aqui, contemplando o nosso trabalho. Temos muitas coisas de imenso valor, beleza, arte, e gostaríamos de oferecer-lhe algo.
- Sim, estou admirado com tanta maravilha – respondeu Gandhi. – E mais ainda surpreso comigo, pois sabendo que podia ganhar um rico presente, ainda consigo viver e ser respeitado sem precisar usar joias.
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sáb, 21/05/11
por Paulo Coelho |
Todos nós temos um dever com o amor: permitir que ele se manifeste da maneira que julgar melhor.
Não podemos e não devemos nos assustar quando as forças das trevas, aquelas que instituíram a palavra “pecado” apenas para controlar nossos corações e mentes, querem se fazer ouvir.
O que é pecado?
Jesus Cristo, que todos nós conhecemos, virou-se para a mulher adúltera, e disse: “ninguém te condenou? Pois eu também não te condeno”. Curou aos sábados, permitiu que uma prostituta lavasse seus pés, convidou um criminoso que estava sendo crucificado com ele para gozar as delícias do Paraíso, comeu alimentos proibidos, disse que nos preocupássemos apenas com o dia de hoje, porque os lírios do campo não tecem nem fiam, mas se vestem com glória.
O que é pecado?
Pecado é impedir que o amor se manifeste. E a Mãe é amor.
Estamos em um novo mundo, podemos escolher seguir nossos próprios passos, não o que a sociedade nos obrigou a fazer.
Se for necessário, enfrentaremos de novo as forças das trevas como fizemos na semana passada.
Mas ninguém irá calar nossa voz ou nosso coração.
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