A essência do perdão

seg, 30/11/09
por Paulo Coelho |
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Um dos soldados de Napoleão cometeu um crime – a história não conta qual – e foi condenado à morte.

Na véspera do fuzilamento, a mãe do soldado foi implorar para que a vida de seu filho fosse poupada.

— Minha senhora, o que seu filho fez não merece clemência.

— Eu sei – disse a mãe. — Se merecesse, não seria verdadeiramente um perdão. Perdoar é a capacidade de ir além da vingança ou da justiça.

Ao ouvir estas palavras, Napoleão comutou a pena de morte em exílio.

O problema e a culpa

dom, 29/11/09
por Paulo Coelho |
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 Um dos monges de Sceta disse ao abade Mateus:

-Minha língua vive me causando problemas. Quando estou no meio dos fiéis, não consigo me controlar – e termino condenando suas ações erradas.

O velho abade respondeu ao irmão aflito:

-Se você acha que não é capaz de controlar-se, largue o ensino e retorne ao deserto. Mas não se iluda: escolher a solidão para fugir de um problema, é sempre uma prova de fraqueza.

-O que devo fazer?

 -Admita alguns erros, para evitar a perniciosa sensação de superioridade. E acerte em tudo que puder acertar.

O aluno ladrão

sáb, 28/11/09
por Paulo Coelho |
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Um discípulo do mestre zen Bankei foi pego roubando durante a aula. Todos os outros pediram a expulsão dele, mas Bankei resolveu não fazer nada.

Dias depois, o aluno voltou a roubar e o mestre continuou calado.

Inconformados, os outros discípulos exigiram que o ladrão fosse punido, já que o mau exemplo não podia continuar.

— Como vocês são sábios! – disse Bankei. — Aprenderam a distinguir o certo do errado, e podem estudar em qualquer outro lugar. Mas este pobre irmão não sabe o que é certo ou errado, e só tem a mim para ensiná-lo.

Os discípulos nunca mais duvidaram da sabedoria e generosidade de Bankei, e o ladrão nunca mais tornou a roubar.

A reforma da casa

sex, 27/11/09
por Paulo Coelho |
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Um conhecido meu, por sua incapacidade de combinar o sonho com a realização, terminou com sérios problemas financeiros. E pior: envolveu outras pessoas, prejudicando gente que não queria ferir.

Sem poder pagar as dívidas que se acumulavam, chegou a pensar em suicídio. Caminhava por uma rua certa tarde, quando viu uma casa em ruínas.

“Aquele prédio ali sou eu”, pensou. Neste momento, sentiu um imenso desejo de reconstruir aquela casa.

Descobriu o dono, ofereceu-se para fazer uma reforma – e foi atendido, embora o proprietário não entendesse o que o meu amigo ia ganhar com aquilo.

Juntos, conseguiram tijolos, madeira, cimento.  Meu conhecido trabalhou com amor, sem saber por que ou para quem.  Mas sentia que sua vida pessoal ia melhorando à medida que a reforma avançava.

No fim de um ano, a casa estava pronta. E seus problemas  pessoais solucionados.

Táticas do guerreiro

qui, 26/11/09
por Paulo Coelho |
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Sun Tsu descreveu no clássico “A arte da guerra”, escrito há 3.000 anos, algumas das táticas usadas pelos guerreiros da luz:

“Faça seu inimigo acreditar que não conseguirá grandes recompensas se decidir atacá-lo. Assim, você diminui o entusiasmo dele”.

“Não tenha vergonha de retirar-se provisoriamente do combate, se perceber que o inimigo está mais forte. O importante não é a batalha isolada, mas o final da guerra”.

“Entretanto, se você estiver bastante forte, não tenha vergonha de fingir-se de fraco. Isto fará com que seu inimigo perca a prudência, e ataque antes da hora”.

“Numa guerra, a capacidade de surpreender o adversário é a chave do sucesso”.

Os objetos e a fé

qua, 25/11/09
por Paulo Coelho |
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Um aprendiz de ocultismo que conheço, na esperança de impressionar bem o seu mestre, leu alguns manuais de magia e resolveu comprar os materiais indicados nos textos.

Com muita dificuldade, conseguiu determinado tipo de incenso, alguns talismãs, uma estrutura de madeira com caracteres sagrados escritos numa ordem determinada.

Vendo isto, o mestre comentou:

“Você acredita que, enrolando fios de computador no pescoço, conseguirá ter a sabedoria da máquina? Acredita que, ao comprar chapéus e roupas sofisticadas, vai adquirir também bom gosto e a sofisticação de quem as criou? Aprenda a usar os objetos como aliados, não como guias”.

Meu amigo escreve uma história

ter, 24/11/09
por Paulo Coelho |
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Um amigo meu, Bruno Saint-Cast, trabalha na implantação de alta tecnologia na Europa. Certa noite acordou de madrugada e não conseguiu mais dormir; sentia-se forçado a escrever uma carta sobre um velho amigo de adolescência, que havia encontrado no Tahiti.

Mesmo sabendo que teria que passar o dia seguinte trabalhando, Bruno começou a escrever uma história estranha, onde o tal amigo, John Salmon, fazia uma longa viagem da Patagônia até a Austrália.

Enquanto escrevia, sentia uma sensação de liberdade muito grande, como se a inspiração brotasse sem qualquer interferência.

Assim que acabou de escrever a história, recebeu um telefonema de sua mãe: ela acabava de saber que John Salmon havia morrido.

O macaco e a macaca discutem

seg, 23/11/09
por Paulo Coelho |
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Sentados num galho de árvore, o macaco e a macaca contemplavam o pôr-do-sol. Em determinado momento, ela perguntou:

“O que faz com que o céu mude de cor, na hora que o sol atinge o horizonte?”

“Se quisermos explicar tudo, deixamos de viver”, respondeu o macaco. “Fique quieta, vamos deixar o nosso coração alegre com este entardecer romântico”.

A macaca enfureceu-se.

“Você é primitivo e supersticioso. Já não dá mais atenção à lógica, e só quer saber é de aproveitar a vida”.

Neste momento, passava uma centopéia.

“Centopéia!”, gritou o macaco. “Como é que você faz para mover tantas patas em perfeita harmonia?”

“Nunca pensei nisso!”, foi a resposta.

“Então pense! Minha mulher gostaria de uma explicação!”

A centopéia olhou para suas patas, e começou:

“Bem.. eu flexiono este músculo…não, não é bem isso, eu tenho que jogar o meu corpo por aqui…”

Durante meia-hora, tentou explicar como movia suas patas, e, à medida que tentava, ia confundindo-se cada vez mais. Quando quis continuar seu caminho, já não podia mais andar.

“Está vendo o que você fez?”, gritou desesperada. “Na ânsia de descobrir como funciono, perdi os movimentos!”

“Está vendo o que acontece com quem deseja explicar tudo?”, disse o macaco, voltando a assistir o pôr-do-sol em silêncio.

Tesouro espiritual

dom, 22/11/09
por Paulo Coelho |
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Todos os mestres dizem que o tesouro espiritual é uma descoberta solitária. “Então por que estamos juntos?”, perguntou um dos discípulos.

“Vocês estão juntos porque um bosque é sempre mais forte que uma árvore solitária”, respondeu o mestre.

“O bosque mantém a umidade, resiste melhor a um furacão, ajuda o solo a ser fértil. Mas o que faz a árvore forte é sua raiz. E a raiz de uma planta não pode ajudar outra planta a crescer”.

“Estar junto no mesmo propósito, e deixar que cada um cresça à sua maneira, este é o caminho dos que desejam comungar com Deus”.

Busca de um mestre

sáb, 21/11/09
por Paulo Coelho |
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Todos buscam um mestre perfeito. Acontece que os mestres são humanos, embora seus ensinamentos possam ser divinos – e aí está algo que as pessoas custam a aceitar.

Não confundir o professor com a aula, o ritual com o êxtase, o transmissor do símbolo com o símbolo em si mesmo.

A Tradição está ligada ao encontro com as forças da vida, e não com as pessoas que transmitem isso.

Mas somos fracos: pedimos que a Mãe nos envie guias, quando ela envia apenas os sinais da estrada que precisamos percorrer.

Ai daqueles que buscam pastores, ao invés de ansiar pela liberdade!

O encontro com a energia superior está ao alcance de qualquer um, mas está longe daqueles que transferem sua responsabilidade para os outros.

Nosso tempo nesta terra é sagrado, e devemos celebrar cada momento.



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