dom, 30/09/07
por Paulo Coelho |
Muitos leitores gostaram da coluna onde coloquei alguns provérbios persas. Aqui vai uma seleção de provérbios chineses para animar a nossa semana (em Les proverbes chinois, Bernard Ducourant):
“O ouro não pertence ao avarento; é o avarento que pertence ao ouro”.
Anônimo
“A mulher infiel tem a alma cheia de remorsos. A mulher fiel tem a alma cheia de arrependimentos”.
Anônimo
“Se os seus filhos são preguiçosos, não merecem sua herança. Se eles são trabalhadores, não precisam dela. Então, use-a para lhe dar os prazeres merecidos da sua velhice”.
Anônimo
“Para conhecer um homem: veja como ele age, descubra o que ele busca, examine o que lhe faz feliz”.
Confúcio
“O tesouro mais bem guardado é aquele que está num lugar onde todos vêem”.
Le Yi-King
“É preferível dizer cem vezes “não”, do que dizer um “sim” e não cumprir a palavra”.
Anônimo
“Quem não sabe sorrir, não deve abrir uma loja”.
Anônimo
“Quem pergunta, é bobo por cinco minutos. Quem não pergunta, é bobo para sempre”.
Confúcio
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sex, 28/09/07
por Paulo Coelho |
Muitas vezes achamos que podemos controlar o amor. E, neste momento, nos surpreendemos fazendo uma pergunta complemente inútil: “será que vale mesmo a pena?”
O amor não respeita esta pergunta. O amor não se deixa avaliar como uma mercadoria. Um dos personagens da peça “A Boa Alma de Setzuan”, de Bertold Brecht, nos fala da verdadeira entrega:
“Quero estar junto da pessoa que amo. Não quero saber quanto isto vai me custar. Não quero saber se isto vai ser bom ou ruim para minha vida. Não quero saber se esta pessoa me ama ou não. Tudo que preciso, tudo que quero, é estar perto da pessoa que amo”.
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qui, 27/09/07
por Paulo Coelho |
Muhammad ib Sugah conta a história de Abdulah e Mansur, dois fiéis muçulmanos.Certo dia, Abdulah pediu ajuda ao amigo.
O tempo foi passando, e nenhuma ajuda foi dada. Um dia, Mansur perguntou:
“Meu irmão, você me pediu ajuda, e eu não fiz nada. No entanto, você parece não ter se irritado com isto”.
“Temos uma longa amizade. Aprendi a amar-te antes de precisar de um favor. E consigo continuar te amando, não importa se tu me atendes ou não”.
Mansur respondeu:
“Eu não fiz o que pediste, porque queria saber a força de teu desejo. Vi que esta força é maior do que a discórdia e o ódio; amanhã você terá o que pediu”.
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qua, 26/09/07
por Paulo Coelho |
- “Mestre o que é a fé?”
O mestre pediu que o discípulo acendesse uma fogueira. Os dois sentaram-se frente a ela, e ficaram contemplando o fogo.
- “Eis a fé” – disse o mestre. – “É a lenha da fogueira. O combustível que mantém acesa a chama de Deus em nosso coração”.
- “Mas a lenha precisa de uma centelha para transformar-se em luz”.
- “Existem várias centelhas; a mais comum chama-se Vontade. Basta querer ter fé, e ela aparece em nosso caminho”.
- “Mesmo quando passamos uma vida inteira sem acreditar em nada?”
- “Sempre acreditamos, mesmo sem reconhecer ou aceitar, e por isso é tão fácil despertar a centelha. E além do mais, quanto mais vivemos, mais próximos estamos de Deus: a lenha velha queima sempre com mais facilidade”.
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ter, 25/09/07
por Paulo Coelho |
Mauro Salles é um dos melhores poetas contemporâneos. Seu livro, “Recomeço” (Ed. Objetiva), é ao mesmo tempo um oásis para a alma e um campo de batalha para o espírito. Eis um exemplo:
“O silêncio não leva a Deus
a noite não me transporta para o alto
e o ocaso é um convite à solidão
Na angústia dos momentos perdidos
o desespero dos minutos sem destino
e a implacável certeza da morte
tudo leva à tua saudade
tua amarga presença
na distância
em que te procuro esquecer
inutilmente”.
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seg, 24/09/07
por Paulo Coelho |
Loren Eisley (em “A Alma do Mundo”, editado por P. Cosineau):
“Através de quantas dimensões deveremos passar, e quantas formas de viver devemos tentar nesta existência? Quantas estradas o homem tem obrigação de percorrer, até chegar ao ponto onde decidiu chegar”?
“A viagem é difícil, longa, as vezes impossível, mesmo assim, conheço poucas pessoas que se deixaram deter por estas dificuldades. Entramos no mundo sem saber direito o que aconteceu no passado, quais as conseqüências que isto nos trouxe, e o que pode nos reservar o futuro. É como se nossos pais estivessem numa caravana – e de repente nascemos, no meio do percurso.
“Procuraremos viajar o mais longe que pudermos. Mas, olhando a paisagem a nossa volta, sabemos que não será possível conhecer e aprender tudo”.
“Então, nos resta lembrar tudo sobre a nossa viagem, para que possamos contar histórias. Aos nossos filhos e netos, vamos relatar as maravilhas que vimos e os perigos que corremos. Eles também nascerão e morrerão, contarão suas histórias aos seus descendentes, e a caravana ainda não terá chegado ao seu destino”.
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dom, 23/09/07
por Paulo Coelho |
Logo no dia seguinte à minha chegada na Austrália, meu editor me leva para uma reserva natural perto da cidade de Sidney. Ali, no meio das florestas que cobrem o lugar conhecido como Montanhas Azuis, existem três formações rochosas em forma de obelisco.
- “São as Três Irmãs” – diz meu editor, e me conta a seguinte lenda:
Um feiticeiro que passeava com suas três irmãs quando se aproximou o mais famoso guerreiro daqueles tempos.
“Quero casar-me com uma destas belas moças”, disse.
“Se uma delas casar, as outras duas vão se achar feias. Estou procurando uma tribo onde os guerreiros possam Ter três mulheres”, respondeu o feiticeiro, afastando-se.
E, durante anos, caminhou pelo continente australiano, sem conseguir encontrar esta tribo.
“Pelo menos uma de nós podia ter sido feliz”, disse uma das irmãs, quando já estavam velhas e cansadas de tanto andar.
“Eu estava errado”, respondeu o feiticeiro. “Mas agora é tarde”.
E transformou as três irmãs em blocos de pedra, para que, quem por ali passasse, pudesse entender que a felicidade de um não significa a tristeza de outros.
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sáb, 22/09/07
por Paulo Coelho |
Linda Sabatth pegou seus três filhos e resolveu viver numa pequena fazenda no interior do Canadá; queria dedicar-se apenas a contemplação espiritual.
Em menos de um ano depois apaixonou-se, casou de novo, estudou as técnicas de meditação dos santos, lutou por uma escola para os filhos, fez amigos, fez inimigos, descuidou do tratamento dentário, teve um abscesso, pegou carona debaixo de tempestades de neve, aprendeu a consertar o carro, degelar os encanamentos, esticar o dinheiro da pensão no final do mês, viver do seguro-desemprego, dormir sem calefação, rir sem motivo, chorar de desespero, construir uma capela, fazer reparos na casa, pintar paredes, dar cursos sobre contemplação espiritual.
– “E terminei entendendo que a vida em oração não significa isolamento – diz”. – “O amor é tão grande que precisa ser dividido”.
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sex, 21/09/07
por Paulo Coelho |
Quando Moisés subiu aos céus para escrever determinada parte da Bíblia, o Todo Poderoso pediu para que desenhasse pequenas coroas em cima de algumas letras da Tora.
Moisés disse:
“Criador do Universo, por que colocar estas coroas?”.
“Porque daqui a cem gerações, um homem chamado Akiva irá interpretar o verdadeiro significado destes desenhos”.
“Mostre-me a interpretação deste homem”, pediu Moisés.
O Senhor levou Moisés ao futuro e colocou-o numa das aulas do rabino Akiva. Um aluno perguntava:
“Rabino, por que estas coroas desenhadas em cima de algumas letras?”.
“Não sei”, respondeu Akiva. “E acredito que nem Moisés sabia. Mas como ele era o maior de todos os profetas, fez isto apenas para nos ensinar que, mesmo sem compreender tudo que o Senhor faz, ainda assim devemos fazer o que nos pede”.
E Moisés pediu perdão ao Senhor.
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qui, 20/09/07
por Paulo Coelho |
L.Barbosa conta a história de uma ilha onde viviam os principais sentimentos do homem: Alegria, Tristeza, Vaidade, Sabedoria, e Amor. Um dia, a ilha começou a afundar no oceano; todos conseguiram alcançar seus barcos, menos o Amor.
Quando foi pedir a Riqueza que o salvasse, esta disse:
- “Não posso, estou carregada de jóias e ouro”.
Dirigiu-se ao barco da Vaidade, que respondeu:
- “Sinto muito, mas não quero sujar meu barco”.
O Amor correu para a Sabedoria, mas ela também recusou, dizendo:
- “Quero estar sozinha, estou refletindo sobre a tragédia, e mais tarde vou escrever um livro sobre isto”.
O Amor começou a se afogar. Quando estava quase morrendo, apareceu um barco – conduzido por um velho – que o terminou salvando.
- “Obrigado” – disse, assim que se refez do susto.
- “Mas quem é você”?
- “Sou o Tempo” – respondeu o velho. Só o Tempo é capaz de salvar o Amor.
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