Um papo com Bloomberg

seg, 25/06/12
por andre trigueiro |

Ele alcançou prestígio e notoriedade como empresário, virou prefeito de uma das mais importantes cidades do mundo – há quem não consiga lembrar de outra metrópole mais importante do que Nova York – mas governa a “Big Apple” com cabeça de empresário. Pragmático, com um discurso por vezes bastante agressivo e contundente contra a própria classe política, Michael Bloomberg tem uma obsessão: tornar a cidade que governa uma das mais sustentáveis do mundo. Bloomberg já renovou as frotas dos yellow cabs, ônibus municipais e carros que prestam serviços à prefeitura com motores mais eficientes; estimula a população a pintar os telhados de branco com tinta reflexiva para reduzir o acúmulo de calor e, por conta disso, o consumo de energia; determinou a redução das emissões de gases estufa da cidade em 30% até 2030; transformou um elevado abandonado com quatro quilômetros de extensão (um autêntico “minhocão”) no High Line Park,uma das mais cobiçadas áreas de lazer da cidade; ordenou o bloqueio de pistas antes reservadas aos motoristas em Times Square e Union Square para usufruto de pedestres, entre tantas outras medidas que emprestam sentido à expressão “sustentabilidade urbana”.

Michael Bloomberg nos recebeu durante a Rio+20 nas instalações do Humanidades 2012, no Forte de Copacabana, minutos depois de anunciar a nova meta da rede de cidades que comanda, a C-40 : reduzir 1,3 bilhão de toneladas de gases estufa até 2030, o equivalente às emissões de Canadá e México juntos no mesmo período.Se fosse um país, as cidades lideradas por Bloomberg seriam o mais rico do mundo (20% do PIB) e o segundo mais populoso (544 milhões de pessoas). São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba são as cidades brasileiras que integram a C-40.

Bastante crítico em relação às limitações dos governos nacionais, Bloomberg resumiu na entrevista abaixo (uma pequena parte dela foi exibida no Jornal Nacional e também no programa Cidades e Soluções, da Globo News) sua visão da importância dos governos locais na construção de um modelo de desenvolvimento mais sustentável. A jornalista Aline Peres fez a transcrição da entrevista.

P: O senhor poderia explicar qual a importância deste novo compromisso do C-40 para redução de gases de efeito estufa?

R: Primeiro, a Rio+20 e os governos nacionais de cada país não fizeram basicamente nada, eles não conseguem nem chegar a um acordo sobre como fazer medições. Eles, definitivamente, não conseguem chegar a um acordo sobre fazer qualquer coisa juntos. Por outro lado, durante este período, as cidades se uniram. A C-40 começou com pouco mais de 30 cidades, hoje são 59. Estas cidades estão, quase todas, promovendo uma real redução de gases de efeito estufa em nível local, mas como elas representam um grande número de pessoas devido à densidade urbana dessa cidades, elas estão, realmente, impactando o globo, em tudo. Nós procuramos garantir que os ganhos que já obtivemos sejam compartilhados entre nós, para que outras cidades possam ver como esse trabalho foi feito e possam replicar a experiência. Assim poderemos ter um impacto ainda maior. Nós estamos trabalhando para que todos tenham acesso aos dados, e para que as medições sejam feitas com embasamento. Nós costumamos usar a seguinte expressão na América: “comparar maçãs com laranjas”. O que nós queremos é comparar maçãs com maçãs, então estamos trabalhando nisso. Queremos que as cidades se comuniquem melhor entre si, encontrando recursos, expertise, conselhos em diferentes áreas e isto é feito com tecnologia, através da internet, tendo parceiros e pessoas qualificadas no grupo para trabalhar com cada país, com cada cidade, tendo apenas que pegar o telefone e dizer “olá”. Por exemplo: um dos mais importantes poluentes do mundo é o metano proveniente do lixo. A maioria das cidades não incinera, elas enterram o lixo. Quando o lixo começa a se decompor, o gás metano é emitido e isso é muito ruim para a atmosfera. Então precisamos capturar o metano e usá-lo para gerar energia. Precisamos obter algum benefício disso. A C-40 pode fazer alguma coisa nesse sentido. Isso pode até ser um incentivo para que os governos dos países façam alguma coisa. Talvez eles se sintam envergonhados e venham a fazer algo. E meu país (Estados Unidos) não é melhor, pelo contrário, é pior do que outros países, nós não conseguimos concordar com algo que seja global. Para mim é importante que a marca C40 signifique alguma coisa, e que as pessoas reconheçam C40 como um grupo que não apenas fala, mas faz.

P: O que o senhor está fazendo em Nova York para atingir essas metas?

R: Nós mudamos nosso código de construção de prédios, então nos próximos três anos os prédios que geravam muita poluição devido ao uso de combustíveis pesados, serão obrigados a usar combustíveis mais leves ou gás natural. Nova York tem características diferentes da maioria das cidades americanas. Na maioria delas, 80% dos gases de efeito estufa são provenientes dos transportes e apenas 20% dos prédios. No caso de Nova York é exatamente o contrário: 80% vem de prédios e 20% dos transporte. Por quê? Porque usamos transporte de massa e muitas pessoas caminham em Nova York. Nós temos menos carros e caminhões nas ruas. Embora as ruas estejam lotadas, nós não temos o tipo de trânsito que gera emissões de gases de efeito estufa como em outras cidades. Então, a partir da mudança no código de construção de prédios, nós conseguimos que os bancos concordassem em fazer empréstimos locais para permitir que os proprietários troquem suas caldeiras por equipamentos que vão usar muito menos combustível. 1% dos nossos prédios produzem cerca de 50% dos gases de efeito estufa gerados por todas as edificações porque ainda utilizam estes óleos pesados. Nós também temos um programa para plantar árvores e essas árvores vão tornar mais confortável a vida das pessoas, além de valorizar as propriedades. Também temos um programa para pintar os telhados de branco que, assim, passam a refletir a luz do sol. Se você pegar um prédio de cinco andares e pintar o telhado de branco vai reduzir o consumo de energia em 20% ou 30% de um dia para o outro, literalmente de um dia para o outro, porque ele reflete a luz do sol e impede que o calor seja absorvido pelo prédio e, com isso, torne necessário o uso do ar condicionado. São iniciativas como essas que nos levam a buscar uma mobilização da prefeitura com diferentes setores da economia para mostrar o caminho. Nós estamos reduzindo a pegada de carbono da cidade, e levou algum tempo até que o setor privado fizesse o mesmo por iniciativa própria. E a última coisa, e que eu penso ser a mais importante de tudo isso: nós estamos criando uma imagem na cabeça das pessoas de que Nova York é um lugar nos Estados Unidos onde buscamos a responsabilidade social. Muita gente deseja ir para Nova York, para viver e trabalhar, e isso ajuda os negócios. O fato da economia não viver um bom momento não é um problema. Isso é o que muita gente não entende. Esse é o momento perfeito para fazer a diferença, é quando você precisa atrair investimentos de outros lugares. E como se faz isso? Fazendo essas coisas que eu resumi para você. A maioria das iniciativas sustentáveis que estamos estimulando através da Prefeitura é do interesse das próprias pessoas. E eu vejo pela minha empresa. Nós temos dois ou três prédios fora de Nova York, logo em frente a Hudson Marine, em Nova Jersey. Nós agora temos nove hectares de painéis solares e produzimos 2/3 da nossa eletricidade. O retorno financeiro virá em dois anos. Além isso, movimentos como esse nos ajudam a recrutar pessoas que se identificam com os mesmos valores. O fato de as empresas estarem fazendo algo em que as pessoas acreditam é bastante persuasivo para convencê-las a trabalhar conosco.

P: Algumas pessoas dizem que a maioria das cidades não têm dinheiro suficiente para implementar políticas que reduzam as emissões de gases estufa. Qual a opinião do senhor sobre isso?

R: Isso é ridículo, a maioria dessas iniciativas não custa muito dinheiro…

P: Por exemplo?

R: Em Los Angeles, a substituição de luminárias de ruas antigas por outras mais eficientes determinou uma importante redução do consumo de energia. O retorno financeiro veio em menos de um ano. É assim em várias cidades. Como assim não tem dinheiro? Se não há recursos disponíveis no momento, ano que vem vai ser pior ainda, a não ser que você encontre o dinheiro agora. A história nos mostra que, e isso vale para os Estados Unidos e Nova York particularmente, os grandes movimentos que determinaram mudanças importantes aconteceram sempre nos piores momentos econômicos. É quando você tem que fazer investimentos, criar empregos, dar ao público alguma confiança de que há um futuro. Nós colocamos mais dinheiro em infraestrutura nos últimos anos com o declínio da economia do que fizemos nas décadas anteriores. E quais são os resultados disso? No meio dessa atual recessão, Nova Iorque substituiu 195% dos trabalhos que nós perdemos, o resto da América que não está investindo, só substituiu 40%. Então, nós devemos estar fazendo algo certo.

P: Gostaria de saber sua expectativa em relação a Rio+20.

R: Sobre?

P: Rio+20

R: Sobre? (Bloomberg brinca se fazendo de surdo)

P: Nossa conferência.

R: Que conferência? (risos)  Espero que eu esteja errado, mas eu acho que você pode esperar grandes discursos, e eu vou ficar muito surpreso se eles tiverem feito qualquer progresso nos próximos cinco anos. Infelizmente, com a recessão o mundo se tornou mais introspectivo. Nós vemos os programas anti-imigração em muitos países onde eu argumentaria que, justamente, o que eles necessitam é imigração, porque isso é o que vai criar empregos para os seus cidadãos. Você vê um movimento para não compartilhar, não fazer investimentos. Nos anos 70, houve uma crise na economia nos Estados Unidos. Nova York parou de investir no futuro e o que aconteceu? A taxa de criminalidade aumentou, as pessoas que pagavam impostos foram embora, as pontes caíram, os túneis começaram a vazar, as estradas foram destruídas, os crimes aumentaram, etc. Agora, durante esta crise econômica, está acontecendo exatamente o contrário: todas as pontes estão inteiras, nossas escolas nunca estiveram melhores para crianças pobres, ricas e de qualquer etnia. Nossa taxa de criminalidade está super baixa, e o mais importante é que a expectativa de vida em Nova York é agora de três anos a mais do que a média nos Estados Unidos. Pense nisso: nos Estados Unidos se você quiser viver três anos a mais do que a média da população, mude para Nova York. As pessoas riem disso, mas é só porque elas não conseguem, realmente, compreender o que isso significa. Por que isso acontece? Taxa de criminalidade reduzida, imigrantes ajudando a nossa comunidade, menos assassinatos, menos incêndios, menos mortes no trânsito, mais espaços para os pedestres, etc. Essas são algumas razões pelas quais a economia de Nova York está indo melhor do que a do resto do país. Nós somos parte do país, não somos imunes aos efeitos dos mercados europeus e asiáticos, nós temos todos esses problemas também, mas acho que está claro que estamos fazendo melhor do que o resto. Tudo o que você precisa é a coragem dos governos para fazer isso, coragem em nível nacional, estadual e municipal. E existem ótimos prefeitos fazendo algumas coisas, há grandes líderes executivos em nível federal, existem legisladores que estão dispostos a correr riscos, mas, infelizmente, muitos não estão, e é por isso existe essa dificuldade em unirmos esforços. Olhe para a crise européia, como eles se colocaram naquela situação? Eles continuam gastando dinheiro que não têm. Espero que nós façamos algo diferente do que temos feito. Uma vez Winston Churchill disse: “Você pode esperar que a América faça a coisa certa, depois de ter acabado com todas as outras possibilidades”.

Por que o mundo ficou melhor depois da Rio+20

sex, 22/06/12
por andre trigueiro |

O vídeo do Cidades e Soluções revela um esforço coletivo de reportagem para registrar – com todas as óbvias limitações inerentes à essa missão – o que de importante houve nos dias da Rio+20, especialmente nos eventos paralelos à cúpula dos chefes de Estado. De viva voz, as pessoas que participaram desses movimentos expressam os resultados alcançados. Esse mosaico de ideias e atitudes configura um dos mais belos retratos de como a sociedade civil organizada – e outras esferas de governo – não desperdiçou tempo no Rio.

Da mobilização dos prefeitos da C-40 ao programa Municípios Verdes no Pará.

Da espiritualidade contagiante de Leonardo Boff ao esmero tecnológico sustentável da dupla Imazon/Google.

Da erudição engajada de quem foi presidente (FHC) à forma esverdeada de fazer política de quem quase chegou lá (Marina).

Um formigueiro humano alastrou o vírus da “cidadania ecológica planetária” a partir do Aterro do Flamengo.

As mais incríveis e revolucionárias ideias foram transmitidas on line pelo do TedxRio+20 no Forte de Copacabana.

O consistente avanço do conhecimento científico na PUC.

Você pode até continuar achando que a Rio+20 não teve resultados importantes.

Mas o fato é que, a partir da Conferência, o mundo ficou melhor.

Se os governantes hesitam, há quem tome a dianteira e faça a diferença em favor de um mundo melhor e mais justo.

O mundo que nós queremos.

A encruzilhada de 2015

qua, 20/06/12
por andre trigueiro |
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             “A declaração final da Rio+20 será ambiciosa. Queremos prazos e metas”. Foi o que disse reiteradas vezes o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, principal estrategista das negociações brasileiras. Foi exatamente o que não aconteceu. Antes da última rodada de debates sobre o texto fora do Brasil, em Nova Iorque, o Itamaraty ainda manifestava otimismo quanto à definição dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável em solo brasileiro. Apostava-se no “arredondamento” do texto durante os 4 dias que separavam o encerramento formal das negociações – sob a liderança da Coréia do Sul e de Antigua e Barbuda – e o início da Cúpula dos Chefes de Estado. Esta foi a razão pela qual o Itamaraty “encaixou” na agenda oficial do evento, justamente neste período, os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. Enquanto a sociedade civil debatia 10 temas estratégicos (dos quais sairam 30 recomendações para os chefes de estado) a orquestra dos diplomatas seria regida pelo Brasil que já percebia antecipadamente a necessidade de decidir o jogo na prorrogação.

             O resultado final da Rio+20 ficou abaixo das expectativas do próprio Itamaraty. Quando a presidente Dilma proclama que o documento é “um grande avanço e uma vitória” ,cumpre o dever de chefe-de estado anfitrião. O fortalecimento do Pnuma, uma declaração forte em defesa dos oceanos, a transferência de recursos e tecnologia dos países ricos para que as nações mais pobres possam se desenvolver de forma sustentável, são algumas das questões que ficaram para depois. Sobre este último ítem (o repasse de recursos e tecnologia para os mais pobres) uma fonte do Itamaraty me disse que o fato de China,Índia e Brasil terem se desenvolvido fortemente nos últimos 20 anos sem nenhuma ajuda dos países ricos, contribuiu para esvaziar qualquer iniciativa dos “países doadores” de assumir compromissos em favor de quem se diz pobre. 

            A crise financeira internacional foi recitada como mantra no Riocentro para justificar o travamento das negociações, da mesma maneira que num passado não muito distante a urgência de o mundo priorizar o combate ao terrorismo desidratou fortemente os debates em torno do desenvolvimento sustentável. Não seria surpresa se mais à frente, na hipótese de a crise financeira deixar de ser uma questão fundamental e urgente, outra agenda “mais importante” seja servida no tabuleiro para degustação. No universo do multilateralismo, sob a égide da ONU, quando um não quer, todos se estrepam. É o tal do consenso que deve preceder todos os acordos das Nações Unidas. 

                      O mérito – talvez o único- do texto final da Conferência é criar um Fórum de Alto Nível na ONU que terá a missão de definir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2014 e a monitorar a implementação deles a partir de 2015, quando se encerra o prazo de execução dos 8 Objetivos do Milênio (  https://www.objetivosdomilenio.org.br/) . No calendário das Nações Unidas, os ODS poderão ser a nova pauta do milênio, orientando prioridades e investimentos em escala global. Curiosamente, 2015 também foi o prazo limite definido pela  Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-17),em Durban, para que os países apresentem seus compromissos formais de redução das emissões de gases de efeito estufa que deverão ser implementados a partir de 2020.

          A encruzilhada das agendas pode ser acidental, mas o desinteresse dos governos em resolver problemas urgentes associados ao atual modelo de desenvolvimento não. Desnecessário enumerar aqui – até porque já discorremos sobre isso em posts anteriores – os preciosos elementos de convicção que justificariam a tomada de decisão urgente em outra direção. Por detrás do “imbróglio” diplomático refugia-se o determinismo de cada delegação em defender a qualquer custo os interesses nacionais, razão primeira da diplomacia. São técnicos preparados para reconhecer os interesses difusos do mundo geolítico e assegurar plenas condições de vantagem para a nação a qual pertence. Mas, e as questões planetárias? E o entendimento do mundo como um “sistema de sistemas”? Como proteger o software inteligente da vida do risco de um curto-circuito causado por nós? 

         Alguém aí tem a resposta?

 

Rio+20 sem ciência

sáb, 16/06/12
por andre trigueiro |

Depois de cinco dias reunidos na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ), 500 cientistas de 75 países – seis deles Prêmios Nobel – produziram um relatório contundente em que resumem a situação do planeta. Entre outras informações, eles dizem que “há evidências científicas convincentes de que o atual modelo de desenvolvimento está minando a capacidade de o planeta responder às agressões do homem”. Manifestam preocupação com o fato de que “os níveis de produção e de consumo poderão causar mudanças irreversíveis e catastróficas para a humanidade”. Mas asseveram que “temos conhecimento e criatividade para construir um novo caminho. Entretanto, é preciso correr contra o tempo”.

O Prêmio Nobel de Química,Yuan Tse Lee, de Taiwan, foi escolhido pelos colegas para uma missão quase impossível: resumir em apenas dois minutos para os chefes de estado no Riocentro o que de mais importante aparece no relatório. Apenas 120 segundos serão suficientes para inspirar nas principais lideranças do mundo o devido senso de urgência? Bom, foi este o tempo definido pelo protocolo da ONU. Perguntei ao dr.Yuan qual seria a mensagem mais importante do relatório.

“Não temos muito mais tempo para transformar a sociedade, torná-la sustentável. Se continuarmos nesse ritmo, vai ficar cada vez pior. Entraremos numa grande enrascada”, disse ele, para em seguida arrematar com um lampejo de confiança no futuro:”Não temos o direito de ficar pessimistas. Estou feliz a de ver tantos jovens no Rio”.

Quem também estava no encontro foi o climatologista Carlos Nobre, que nesta semana teve a honra de escrever o editorial da prestigiada revista científica Science com o sugestivo título de “UNsustainable? (com as iniciais da ONU em maiúsculas no início da palavra “insustentável” em inglês) onde afirmou que o mundo “saiu da zona de segurança”. Perguntei a ele se a classe política está ouvindo os alertas dos cientistas.

“Nós estamos tendo dificuldade de comunicar a todos os tomadores de decisão o senso de urgência. Tempo talvez seja o recurso mais escasso na questão do desenvolvimento sustentável”. Ao ser indagado sobre o que estava em jogo, caso as recomendações dos cientistas não fossem consideradas pelos tomadores de decisão, o atual secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação respondeu com indisfarçável preocupação. “O risco de excedermos alguns limites planetários existe. Os recursos não são infinitos e a capacidade da Terra absorver os choques também não. No caso do clima, por exemplo, provavelmente também já estamos operando fora da margem de segurança”.

Para Carlos Nobre, “a urgência da situação planetária requer decisões também urgentes e ações imediatas. Essa distância entre o que os cientistas percebem como urgente e a as respostas dadas pelo sistema político configura o descompasso”.

Deixei a PUC intrigado não apenas pela contundência de mais um alerta da comunidade científica, mas também pela ausência de jornalistas interessados em cobrir o maior evento paralelo da Rio+20 na área da ciência. Será que nós, profissionais de imprensa, também estamos em descompasso com as informações relevantes descortinadas pela comunidade científica? Será este um assunto restrito às mídias especializadas ou todos os jornalistas e comunicadores deveriam abrir mais espaços, especialmente em tempos de crise, para o que os cientistas estão dizendo? Vale a reflexão. E, sobretudo, a ação.

Gratidão à Rio-92

qui, 14/06/12
por andre trigueiro |

20 anos separam os dois crachás acima. O da esquerda autorizava um jovem repórter da Rádio Jornal do Brasil/AM a cobrir a Rio-92. O da direita foi obtido dias atrás para que o mesmo repórter pudesse cobrir a Rio+20 pela TV Globo. Que o leitor não se engane : a metamorfose mais impressionante não foi de ordem física (o tempo é implacável com a gente, não é mesmo?). A Conferência Internacional da ONU sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente marcou de maneira ostensiva as disposições que passaram a reger o meu destino pessoal e profissional nas últimas duas décadas.

À época da Rio-92 eu tinha 26 anos, alguma afinidade com os assuntos ambientais, e uma perplexidade – compartilhada com todos os demais colegas jornalistas que participaram daquela cobertura – com o gigantismo e a variedade de assuntos “complexos” daquela conferência. A ignorância dos jornalistas sobre os temas do encontro era tão evidente que a maioria das redações contratou especialistas para atuarem como consultores, articulistas ou comentaristas. Precisávamos assimilar os jargões, reconhecer o que de relevante havia nos temas da conferência e entender por que o Rio de Janeiro de repente havia se transformado no lugar mais importante do mundo.

Para os padrões de hoje, a logística de cobertura naquele período é digna de piedade. Lembro-me dos poucos privilegiados que circulavam pela cidade com telefones portáteis gigantes chamados de “celulares”. Quem como eu trabalhava em rádio corria para o carro de reportagem para passar os flashes com a ajuda de um equipamento motorola acoplado ao veículo com uma poderosa antena. Se o carro não estivesse disponível, o jeito era apelar para os “orelhões”. Caiu a ficha?  Por favor, não ouse falar de internet. Outro privilégio reservado a um número ainda mais reduzido de pessoas. A informação seguia num ritmo muito menos alucinante do que hoje.

Passei a maior parte do tempo cobrindo o Fórum Global, o encontro das Ongs no Aterro do Flamengo. Foi uma experiência marcante. Não poderia supor que representantes da sociedade civil de várias partes do mundo pudessem produzir diagnósticos e construir propostas com tanta competência. Não percebia ser possível alcançar tamanho nível de engajamento na área ambiental mesmo sem ser um ecologista. Não imaginava que este gênero de assunto pudesse perpassar indistintamente todas as áreas do saber e do conhecimento (transversalidade), do engenheiro ao teólogo, do economista ao advogado, do arquiteto a dona de casa. Por fim, não fazia a menor ideia de que a nossa geração estava testemunhando a maior crise ambiental da História de toda a Humanidade ,e que isso deveria inspirar – por razões óbvias  – nosso senso de urgência.

Foram 45 “tratados” ( propostas) que orientaram boa parte do movimento social e político espalhado pelo planeta. Recém saído da ditadura, o Brasil de então estranhava aquele formigueiro humano multiétnico e engajado em favor de um novo modelo de desenvolvimento mais justo, inclusivo e sustentável.

Em mais de uma entrevista que fiz com o então Secretário Nacional de Meio Ambiente, José Goldemberg (cargo que equivaleria hoje a ministro de estado) ele revelou como as delegações dos países reunidas no Riocentro desejavam saber detalhes do que estava acontecendo no Aterro do Flamengo. Era algo novo até para eles. Na verdade, tudo o que estava acontecendo no Rio naqueles dias de junho era inédito. O maior encontro já realizado na História até então demarcou o início das negociações do clima e da biodiversidade, a popularização da expressão “desenvolvimento sustentável” e um jeito diferente de enxergar o mundo, já não tão extenso e resiliente, mais frágil e vulnerável à nossa presença.

Guardar o crachá da Rio-92 até hoje revela meu desejo de eternizar a lembrança de um período fecudante de ideias e propósitos existenciais. 20 anos depois, olho para trás e vejo que boa parte de minhas atividades profissionais e pessoais trazem a marca daquela cobertura. Como costuma dizer um dos mais brilhantes  jornalistas do Brasil, pioneiro na abordagem dos assuntos ambientais na grande imprensa, Washington Novaes : “Acho que a questão ambiental é ameaçadora para os jornalistas que têm uma vida pessoal muito pouco adequada em termos ambientais”. A afirmação de Washington vale para qualquer pessoa, em qualquer segmento profissional.  Simplesmente não é possível aprofundar conhecimentos nessa área sem realizar transformações importantes nos próprios hábitos,comportamentos, estilo de vida e padrão de consumo.

Não foi só o rosto do crachá. Muita coisa mudou em 20 anos.

Começou!

ter, 12/06/12
por andre trigueiro |
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O que leva 300 jovens de 100 países — Togo,Vietnã, Ucrânia, Paraguai, Mali etc — a acamparem num sitío em Vargem Pequena (RJ) debaixo de muita chuva e lama para debater durante uma semana soluções sustentáveis para o mundo? O que exatamente atrai 800 espectadores a lotarem durante 2 dias um auditório no Espaço Humanidade 2012 — no Forte de Copacabana — para assistir a 28 painelistas apresentarem em apenas 18 minutos cada um suas ideias para um mundo melhor e mais justo? O que fez 1200 jovens aceitarem o convite para serem voluntários durante a Rio+20? O que atrai aproximadamente 30 mil ativistas a virem de todos os continentes para o Aterro do Flamengo — na maioria absoluta dos casos custeando as próprias despesas – participar da Cúpula dos Povos?

Há muitas respostas possíveis para essas perguntas. Todas elas deveriam servir de inspiração para os diplomatas que definirão a partir desta quarta-feira (13/6) no Rio de Janeiro o texto final da Conferência da ONU que será assinado pelos chefes de estado. Após várias rodadas de muitas conversas e poucos avanços, chegou-se a um texto onde 75% dos parágrafos estão em aberto. Ou seja, um documento que ainda não disse a que veio, bastante difuso, e segundo testemunhas, sonolento.

Quando os interesses de curto prazo atropelam o instinto de sobrevivência coletivo, não há razão para megaeventos como a Rio+20. O mínimo que se pede daqueles que representam os interesses de cada país é que honrem a gigantesca expectativa que paira sobre eles neste momento. Perdemos o direitos de errar, e o maior dos erros agora é se omitir. O custo de ajustarmos a economia global na direção de um modelo mais inclusivo e sustentável é infinitamente menor do que o custo da inação, de não agir, de replicar o “business as usual”. O risco de um colapso em escala global — a partir da falência múltipla dos ecossistemas já exauridos pela demanda crescente de água, matéria-prima e energia em proporções insustentáveis - é iminente.

O momento é agora. O Rio de Janeiro é o lugar. Estamos de olho.

Smartphones protegem reserva indígena

sex, 08/06/12
por andre trigueiro |
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Rondônia é uma parte do Brasil onde o desmatamento avança em diferentes frentes. Além dos canteiros de obras das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, há as plantações de café, o crescimento rápido da pecuária e a exploração ilegal de madeira. Por tudo isso, não deixa de ser curioso que aproximadamente nove etnias indígenas permaneçam até o momento isoladas no estado.

Não foi assim com os índios paiter-suruí. O primeiro contato com eles aconteceu durante a construção da BR-364 (Cuiabá-Porto Velho) no final da década de 1960. Uma história dramática que deixou marcas profundas na trajetória desse povo. Quase toda a aldeia foi dizimada pelo vírus do sarampo. Aproximadamente 5 mil índíos morreram, e entre os 299 sobreviventes restaram poucos adultos com perfil de líder. Em meio a essa tragédia, Itabira, com apenas 16 anos, foi eleito o novo cacique. Testemunhou a drástica redução do território suruí, a marginalização de seu povo, a desagradável e inédita dependência de ajuda do governo brasileiro, e a necessidade de vender madeira da reserva para a própria subsistência da comunidade.

Essa realidade perversa começou a mudar quando o sobrinho de Itabira, Almir, se tornou o novo líder com um discurso esquisito, que falava de “plano suruí para os próximos 50 anos”, “preservação da cultura”, “parcerias com todos os que possam ajudara causa do nosso povo” e o mais surpreendente: “Chega de vender madeira da reserva! Precisamos proteger o que é nosso!” Romper com os madeireiros custou a paz de Almir Suruí e sua família. Até hoje ameaçado de morte (segue link da carta),  ele já teve a cabeça a prêmio por 100 mil reais. “Sinceramente, acho que valho mais do que isso”, diz Almir, antes de abrir um sorriso que esconde a tensão de não poder descuidar da própria segurança.

Pessoal, emocional e espiritualmente comprometido com a causa do povo suruí, Almir já viajou por 31 países sempre à procura de ajuda para que seu povo viva com dignidade sem destruir a floresta. Esteve com figuras como Al Gore e o príncipe Charles, participou de algumas Conferências do Clima e vai dar o ar da graça na Rio+20. Escolhido pela revista americana Fast Company um dos 100 líderes mais criativos do mundo ( https://bit.ly/m7LuHq),  ele visitava a Califórnia quando pediu aos seus cicerones (todos de organizações não governamentais ambientalistas) que agendassem uma entrevista com alguém importante do Google. De nada adiantou dizer para Almir que seria impossível fazer isso rapidamente, que os diretores do Google eram muito ocupados etc. Muitos telefonemas depois, o máximo que os ambientalistas conseguiram foi agendar um contato rápído durante um coffe break com a gerente de projetos comunitários da companhia. Quando Rebecca Moore viu aquele índio devidamente paramentado, com um discurso na ponta da língua (em português com tradução simultânea) em que convidava o Google para participar com ajuda tecnológica do projeto “Suruí 50 anos”, decidiu estender a conversa por três horas. Num dado momento, ela resolveu acionar o Google Earth para  checar em que parte da floresta amazônica estava a reserva suruí.

“Quando vi aquela mancha verde cercada de desmatamento entendi o que Almir queria dizer”, me disse Rebecca. São exatamente 248 mil hectares de floresta protegida enre os estados de Rondônia e Mato Grosso. Rebecca disse que não foi fácil convencer seus superiores no Google a abraçar a causa suruí. “Eles me questionaram a razão pela qual nós apoiaríamos uma comunidade pequena, com apenas 1.300 índios, quando há tantas comunidades mais numerosas por aí nos pedindo ajuda. Eu disse que eles são comprometidos. Isso para mim faz toda a diferença”.

Nascia ali uma parceria que já resultou em três incursões de têcnicos do Google na aldeia suruí que fica nas proximidades de Cacoal (RO).  Em 2008, eles ensinaram os jovens da tribo da usar o Google Earth e a montar um blog. Em 2009, capacitaram os índios a usar smartphones para flagrar a ação de madeireiros, caçadores ou pescadores ilegais na floresta. Desde então, grupos de 20 índios se revezam em longos plantões que podem durar até 15 dias na mata. No último ano, considerando apenas flagrantes de madeireiros ilegais, foram registradas cinco ocorrências. Os índios gravam as imagens, marcam a posição exata do delito com a ajuda do GPS e enviam os dados para a Polícia Federal e a Funai.

Semanas atrás eu pude acompanhar a terceira visita da equipe Google ao território suruí. Desta vez, o objetivo da missão foi apresentar o mapa cultural suruí, um software especialmente desenvolvido para a comunidade que reúne informações e imagens produzidas pelos próprios índios numa “enciclopédia virtual” que eterniza as histórias, o folclore, lugares e objetos sagrados, bem como as espécies vegetais e animais mais importantes para os suruís.

“A partir desta parceria com os índios brasileiros nós, no Google, nos capacitamos para produzir projetos que hoje ajudam outras 12 diferentes culturas indígenas espalhadas pelo mundo”, diz Rebecca.  O contato dela com a língua portuguesa revelou uma palavra que não existe em inglês: “socioambiental”. ”Deveria existir. Ela empresta um sentido mais exato a tudo isso que estamos testemunhando”.

Nos festejos pela celebração da parceria, todos os técnicos da Google se deixaram pintar com uma tintura à base de genipapo que leva até três semanas para desaparecer do corpo. Eles também dançaram com os índios na aldeia, tomaram bebida feita com milho fermentado e participaram da competição de arco e flecha. Foi lindo acompanhar esses momentos de pura diversão e entretenimento entre duas culturas bem diferentes que se respeitam e se admiram mutuamente.

A festa marcou também o lançamento do projeto “Carbono Suruí”, com o aval de duas certificadoras internacionais, que abre caminho para a obtenção de créditos de carbono a partir das áreas não desmatadas no território. É o primeiro projeto do gênero concebido a partir de uma comunidade indígena no mundo.

Almir Suruí conduziu a celebração com a altivez de um chefe que se reconhece como parte de algo maior. “Não gosto quando falam muito de mim. Não é a minha causa. É a do meu povo”. Ele sempre começa o dia reservando alguns minutos de silêncio para buscar inspiração numa força superior. Almir sabe-se no meio de uma longa jornada que neste momento demanda precioso tempo e energia e parece se nutrir de algo invisível. Inquieto, ele não nunca se dá por satisfeito. Pude constatar isso no dia seguinte à celebração na aldeia quando, por coincidência, tomamos o mesmo avião para Brasília com escalas em Vilhena e Cuiabá. Almir é uma usina de boas ideias que dependem de ajuda para dar resultado. Ele aproxima os diferentes, desafia a lógica e transforma o improvável em inédito. É um líder nato, do tipo que o mundo precisa conhecer para reinventar seu caminho e reescrever a História.

Assista agora a reportagem exibida na coluna “Sustentável” no Jornal da Globo sobre a parceria entre Google e Suruís (https://bit.ly/Lt1HAA)

Exclusiva com o nº 1 da ONU na área ambiental

ter, 05/06/12
por andre trigueiro |

“Obrigado por vir até aqui quando podia estar na praia ou comendo uma feijoada”, disse bem humorado o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, ao me receber numa tarde ensolarada de domingo no Copacabana Palace para uma entrevista. Bem humorado, Achim parecia muito à vontade para falar de assuntos espinhosos. Brasileiro de Carazinho (RS), Achim (pronuncia-se “Árrim” ) se mudou com a família ainda pequeno para a Alemanha e a língua portuguesa ficou em segundo plano. Pelo cargo que ocupa, prefere o inglês. “É mais seguro para mim”, diz ele.

Inteligente e articulado, a maior autoridade ambiental da ONU estranha a aversão de algumas organizações e países contra a expressão “economia verde”. Lembra que um dos principais objetivos do trabalho do Pnuma é tornar a conservação (ou uso inteligente) dos recursos naturais algo interessante também os agentes econômicos. Seu exemplo preferido de que este é um caminho necessário e possível é a explosão dos investimentos em todo o mundo em fontes limpas e renováveis de energia.

Achim Steiner trabalha para que a Rio+20 defina um novo compromisso dos países em favor de prazos e metas que promovam o desenvolvimento sustentável. “Vai depender muito da crença de que agindo coletivamente, como uma comunidade de nações, seremos capazes de realizar progressos mais rapidamente”.

Ele reconhece a necessidade de a ONU abrir espaço para novos atores da sociedade que poderiam contribuir para a tomada de decisão. Chamou a isso de plataformas de governança. “Nós precisamos reinventar o multilateralismo para permitir que países se unam em vez de usar conferências internacionais para definir posições nacionais e focar nas diferenças”.

Diferenças que até aqui produziram, em sucessivas reuniões preparatórias, um texto – rascunho – ainda longo, confuso e pouco objetivo para a apreciação dos chefes de estado que virão à Rio+20. Achim Steiner manifestou descontentamento com os tímidos resultados obtidos até aqui, mas declarou-se confiante num acordo até o dia 22 de junho quando se encerra a cúpula no Riocentro.

E o que será do Pnuma depois da Rio+20? Steiner defende mudanças estruturais na ONU para que uma nova organização, mais forte e com novas atribuições, dê lugar à atual, que ainda está no “século passado”. Mas, por ser o atual secretário-executivo do Pnuma, não se sente à vontade para expor suas opiniões sobre o que deve mudar exatamente e de que jeito. Em pelo menos duas reuniões preparatórias da Rio+20 eu tive a oportunidade de testemunhar a saraivada de críticas de diferentes interlocutores à estrutura defasada da ONU e do Pnuma para lidar com os problemas da atualidade. É curioso ver como esse tipo de crítica encontra nele a mais sincera adesão.

Perguntei também o que ele acha do novo Código Florestal brasileiro. Steiner deu uma resposta diplomática, destacando a intensa mobilização de diferentes setores da sociedade brasileira em torno do assunto. A liturgia do cargo o obriga a não manifestar opiniões pessoais, – especialmente aquelas mais críticas, – sobre a política interna dos países, salvo raras exceções.

Pedi licença para fazer a última pergunta em português e ouvir Achim Steiner se expressar no idioma de sua terra natal. Indaguei qual o papel do Brasil na construção de um mundo mais sustentável. Foi, portanto, em português, que o ouvi dizer – com sotaque – que “o Brasil tem um papel estratégico nessa etapa da história do mundo. Há exemplos nesse país que demonstram ser possível transformar a realidade. O Brasil tem uma sociedade multidinâmica e desperta o interesse da comunidade internacional”.

O Brasil aparece em situação relativamente boa no novo relatório do Pnuma que reúne indicadores preocupantes sobre o estado de saúde do planeta, mas também identifica bons exemplos de políticas públicas em favor da sustentabilidade.

O relatório “Global Environment Outlook 5″ inspirou um programa “Cidades e Soluções” ( https://glo.bo/KiSRjf ) exibido na Globo News. Se preferir, acesse o relatório na íntegra (   https://www.unep.org/geo/ )



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