Para Claudio Torres, o ‘Homem do Futuro’ é filho da ‘Mulher Invisível’
O protagonista da comédia O Homem do Futuro, que estreia hoje nos cinemas em todo o Brasil, é um cientista que descobriu meio sem querer a fórmula para viajar no tempo – mas, ao brincar de repetir e reinventar o passado, descobriu que não se pode controlar o futuro. Como diz o slogan do filme, “na será como antes”.
De certa maneira, o produtor e cineasta Claudio Torres, 47 anos, está tentando fazer algo parecido: ele descobriu a fórmula do sucesso com “A Mulher Invisível”, comédia romântica que fez mais de 2 milhões de espectadores nas salas de cinema, e, com alguns temperos diferentes mas basicamente o mesmo prato, pretende repetir o sucesso com seu novo filme. A experiência tem tudo para dar certo, a começar pelo elenco, comandado por Wagner Moura e Alinne Moraes.
Sócio da Conspiração Filmes, Claudio Torres, que também já dirigiu os longas-metragens ”Redentor” e “A Mulher do meu Amigo”, falou ao blog Máquina de Escrever sobre a sua formação como cineasta. o bom momento vivido pelo cinema brasileiro e sua expectativa em relação ao desempenho de ”O Homem Inv…” – Ops! – “O Homem do Futuro”.
- Como nasceu o projeto “O Homem Invisível” [lapso do jornalista]? De onde veio a ideia original e que mudanças ela sofreu ao longo do processo da produção?
CLAUDIO TORRES: Sensacional Luciano , na sua pergunta você menciona ”O Homem Invisível”, um ato falho muito comum entre colaboradores, parentes e jornalistas, talvez porque seja isso mesmo . “O Homem do Futuro” é filho de “A Mulher Invisível”, uma tentativa de permanecer e desdobrar um gênero que é a comedia romântica com tempero de cinema fantástico, no caso a ficção científica. “A Mulher Invisível” conquistou seu público e isso é uma cachaça . Quando o cinema dá certo (ou seja, o público gosta), existe a magia de um circulo virtuoso que se completa. Três anos de trabalho que deságuam em algo que comunga com o público. Faz sentido . A comédia romântica é um gênero que o público gosta de ver, os donos de cinema gostam de exibir, e os distribuidores gostam de financiar. Encontrei uma maneira de expressar minhas ideias e fazer o meu cinema dentro deste gênero. Espero que dê certo uma segunda vez .
- O elenco já estava definido desde o início? Você já escreveu as cenas pensando no Wagner Moura e na Alinne Moraes?
CLAUDIO: No primeiro tratamento tinha apenas o Wagner em mente . Ele leu e gostou , a partir disso passei a escrever sabendo que ia contar com um “avião de combate “. A Helena (personagem da Alinne) ia ser a Ana Paula Arósio. Mas ela desistiu do filme e foi casar. Vi a Alinne em uma novela onde ela fazia uma tetraplégica e me surpreendi , pois estava diante de uma atriz com A maiúsculo. Depois que ela topou ainda escrevi um bom tempo com ela já em mente.
- Aliás, você sempre escreve os roteiros de seus longas.. Teria dificuldade em dirigir um roteiro alheio?
CLAUDIO: Dirigi um filme chamado “A Mulher do meu Amigo”, baseado em uma peça do Domingos de Oliveira chamada “Largando o escritório”. Foi depois do “Redentor” enquanto me preparava para “A Mulher Invisivel”. Meu sócio Pedro Buarque tinha comprado os direitos e levantado a grana para o filme, mas o diretor que ele tinha em mente não pôde fazer. Ele me chamou, e eu adaptei o roteiro para o cinema em três meses. Era um filme de encomenda. A crítica odiou, o público foi médio (215 mil espectadores), e acho que o Domingos também não gostou. Eu adorei fazer o filme, trabalhei com amigos e experimentei o nível superior da comédia, que é a farsa. Mas entendi que preciso escrever meu próprio material .
- Este é seu quarto longa-metragem, fora o episódio de “Traição”. Você se considera um diretor “autoral”? Que traços, comuns a esses filmes, caracterizam o seu estilo como diretor?
CLAUDIO: Tento ser um diretor autoral que tem como meta agradar e conquistar o público. Então não sei o quanto autoral a crítica me considera. Normalmente a questão autoral está ligada a filmes mais “difíceis” do que os que eu faço, aos dramas. Billy Wilder foi autoral fazendo comédia, Mel Brooks e o Woody Allen também, mas geralmente não se associa a questão autoral ao humor. O que une os filmes talvez seja o gosto pelo humor e terem sempre seus heróis a beira de um colapso de identidade.
- Complementando a pergunta anterior, você julga que amadureceu como diretor ao longo dos anos? Em que sentido? Se pudesse voltar no tempo, o que faria de diferente, nesses filmes?
CLAUDIO: Bom, eu espero que sim! Acho que entendo (porque experimentei) mais os movimentos narrativos de uma história de uma hora e meia e consigo me divertir mais enquanto estou rodando. Isso para mim é fundamental, não escolhi essa profissão pelo lado do sofrimento que ela gera (e, acredite, existe bastante dor, suor e lágrimas no processo), e sim pela extraordinária experiência de um processo de criação coletiva . Hoje consigo melhor do que dez anos atrás relaxar, reunir uma equipe e um elenco e deixar eles trabalharem .
- O que mudaria ?
CLAUDIO: Lançaria o “Redentor” (pela primeira vez) hoje em dia, com um cartaz em fundo branco mostrando o Pedro Cardoso e o Miguel fazendo uma “cara de comédia” para o público. É um filme do qual gosto muito e fez apenas 230 mil expectadores. Hoje talvez fosse diferente.
- As últimas comédias de sucesso no cinema brasileiro tem sido mais escrachadas, como é o caso de “De pernas pro ar” e “Cilada.com”. Você acha que o humor mais inocente e sutil de “O Homem do Futuro” terá o mesmo apelo de público?
CLAUDIO: Espero que sim, as pré-estreias pagas, que aconteceram nos últimos fins de semana provaram que sim, o público ri, torce e se comove com a história (fui a duas delas e constatei com os próprios ouvidos).
- Qual é a expectativa de público? O público-alvo é o mesmo de “A mulher invisível”?
CLAUDIO: Um filme faz sentido econômico depois dos 800 mil espectadores, seria ótimo fazer mais do que isso. É um filme mais romântico que “A Mulher Invisivel”, e espero levar mais mulheres ao cinema. Tem também mais aventura e rock and roll, portanto espero que jovens e crianças também compareçam (meu filho de 11 anos e os amigos adoraram, e ele é duro com o pai dele).
- Fale sobre a sua formação como cineasta. Que filmes e diretores o influenciaram?
CLAUDIO: “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, “O Poderoso Chefão” 1, 2 e 3 , “Apocalipse now”, “O Planeta dos Macacos” original , “Harold and Maud”, “Todos os homens do presidente”, todos os filmes do Woody Allen, “Tudo Bem”, “Macunaima”, “Cidade de Deus”, “Tropa de Elite” 1 e 2. Filmes e seus diretores são uma coisa só, então os cavalheiros que dirigiram os filmes acima são também meus cineastas prediletos .
- A presença de atores que já fizeram sucesso na televisão é sem dúvida um elemento que aumenta o apelo do filme. Você vê o risco de um excessivo predomínio de uma linguagem televisiva no cinema brasileiro?
CLAUDIO: Não. Acho esta discussão uma bobagem .
- Como você avalia o cinema brasileiro hoje? E o que falta para ele melhorar ainda mais?
CLAUDIO: Um momento sólido e próspero. O público brasileiro está gostando de ver sua realidade na tela. Os números apontam isso, e o cinema brasileiro está deixando de ser um gênero em si (“cinema brasileiro”) e passando a fazer os mais diversos tipos de gêneros cinematográficos (ação , comédia romântica, comédia , espírita , policial etc). O que vai melhorar agora é o equilíbrio de força entre as forças de mercado: exibidores , distribuidores e produtores. No modelo que existe hoje, os produtores são a parte fraca. Temos o risco, a responsabilidade pela criação e execução do projeto, mas ficamos com a menor parte do bolo. Mas o Zé Padilha, com o seu incrível “Tropa 2″, virou o mercado de cabeça para baixo e redesenhou o panorama do cinema nacional. Isso trará mais e bons filmes e uma relação mais justa de mercado. Um grande homem este Zé Padilha e um grande cineasta.
- Qual é o seu próximo projeto? Já tem outro longa em vista? Será mais uma comédia romântica?
CLAUDIO: Chama-se “As Bruxas”. Sim, é outra comédia romântica, mas desta vez com tempero de terror . A história de um homem que se casou com uma bruxa. No elenco, minha mãe (Fernanda Montenegro), minha irmã (Fernanda Torres) e minha mulher (Maria Luisa Mendonça). As bruxas da minha vida.
20 setembro, 2011 as 10:50 pm
O “Homem do Futuro” está mais pra irmão gêmeo do “Homem de Família” do que pra irmão da “Mulher Invisível”. É a velha máxima de que nada se cria tudo se CRTL+C
16 novembro, 2011 as 3:45 am
Sempre odiei cinema nacional. Mas Cláudio Torres e essa geração índigo rompeu as barreiras (e os ranços) dando uma linguagem voltada à expectativa do espectador. Mulher Invisível fala do ser humano, seus sonhos e frustrações. Não aguentava mais assistir às vítimas do eterno holocausto brasileiro e aquela baboseira de propaganda de partidos de esquerda latinoamericana. Sucesso, Cláudio, sempre!!!
26 fevereiro, 2012 as 2:52 pm
Seria ótimo criar um filme baseado no livro “O Vendedor de Sonhos” – livro de Augusto Cury com o ator José Mayer. Fica uma sugestão.
14 julho, 2012 as 1:36 am
eu preciso contatar Claudio torres. tenho um script de uma historia moldada para se tornar um roteiro, ela é diferente de todos os filmes brasileiros vistos hoje e é muio a cara do Padilha e do Torres. ela mistura ação, suspense, romance(que precisa ser mais aprofundado), ficção, humor e um pouco de historia mundial e brasileira. é algo diferente e que pode impulsionar de uma vez o brasil no ramo do cinema, porque só Hollywood pode ser mundialmente reconhecida? o cinema deveria se tornar único e mundial, a final ele é a sétima arte.
por favor, quem souber um meio de contatar ele( Padilha ou Torres) me avise. ou um meio de contatar alguém que se interesse por algo novo e digno do cinema brasileiro.