Como vimos na matéria de hoje, os estilos de época sempre têm vez no território da decoração. Visitamos os cenários preparados para que nos reportemos a um outro período, como se lá vivêssemos – este é o intuito da cenografia na teledramaturgia – e depois vimos alguns exemplos de como o passado pode ser inserido nos ambientes atuais.
Há que se dosar bem as influências de estilos tão marcantes nas nossas casas se quisermos um resultado leve e contemporâneo. Diria, no entanto, que são parte de uma memória fundamental de ser resgatada em nossas vidas. Sem falar que é um hábito super sustentável, de reutilizar peças que já foram produzidas em algum momento e que se resignificadas, ganham um novo fôlego.
Veja esta antiga escrinavinha que, neste projeto, tem uma nova vocação: receber as correspondências à porta de um apartamento ultra moderno.
Seu desenho mais rebuscado, que cria um contraponto ao ambiente de linhas retas e sóbrias, é ressaltada pelo piso branco de pastilhas e faz um dueto com a cadeira estofada em vários tecidos estampados.
Mas nem sempre precisamos usar móveis antigos como eles vieram ao mundo. Nesta sala de jantar, a mesa antiga foi laqueada em um tom vermelho e as cadeiras variadas, de vários estilos, completam a brincadeira. Daí concluímos que o antigo nem sempre precisa ser sério e sisudo, austero e pomposo.
A decoração passa por um momento onde as fusões são mais do que bem vindas, quase uma obrigatoriedade se quisermos ter uma casa que fale a língua de hoje.
Os anos 20, 30, 40, 50, 60 e 70 se misturam sem nenhum medo de ser feliz. Costumo dizer que hoje em dia, vale tudo! Mesmo as brincadeiras mais ousadas têm o seu espaço e graça. Lembrando que o limite da brincadeira quem impõe somos nós mesmos e que sempre é bom termos elementos mais neutros num ambiente que nos permita aliviar o estímulo visual que algumas propostas mais intensas acabam nos causando.
A referência antiga pode ainda estar estilizada em algum móvel contemporâneo que bebeu na fonte de alguma época específica e que nos remeta imediatamente a uma experiência nostálgica. Veja esta mesa lateral com três patamares. Há uma inspiração nítida no mobiliário art decó – ou mesmo nas louças para se colocar petit four, por exemplo.
Os bustos de mulheres dos anos 40 sobre ela reforçam esta vocação para nos emocionar a memória afetiva.
Convidar o passado para nos acompanhar em casa é uma delícia, desde que não nos deixemos esquecer de que vivemos no século 21. Com influências mais marcantes ou discretamente colocadas, em um antigo móvel de família ou mesmo naquela peça de inspiração retrô que você adorou na feirinha de antiguidades – se não for na loja mais moderna da cidade, já que esta onda está em todos os lugares -, o que interessa é que você se permita passear pelas suas lembranças afetivas e as faça vivas no seu lar.
Afinal, é isto que qualifica nossa casa de lar
Confira mais alguns exemplos de ambientes com inspirações nos estilos do passado, sempre mescladas em soluções bem contemporâneas.