Complementando a matéria deste sábado, vamos pensar na influência dos jardins de outros países nos nossos jardins, especificamente no estilo naturalista, que utiliza espécies condizentes com a nossa natureza e clima.
Antes de falarmos dos estilos em si, uma pequena introdução sobre a história dos jardins é necessária. Nos primórdios da sociedade, os jardins eram exclusivamente funcionais, ou seja, as pessoas “domesticavam” plantas para consumir seus frutos, flores, folhas, cascas e raízes em diversas ocasiões: na alimentação, medicina ou até mesmo cosmética.
Mais tarde, o resultado estético que era obtido começou a ser explorado em diferentes formatos, nas diversas regiões do planeta. O jardim se tornou também uma forma contemplativa, para atrair os olhares, deixar o ambiente mais bonito, aconchegante e valorizar elementos arquitetônicos – basicamente o que fazemos hoje.
O desejo de agrupar plantas, tentando imitar a natureza, surgiu como um embrião do estilo inglês, que mais tarde influenciaria, em partes, Burle Marx, com seu estilo tropical, que prefiro chamar de naturalista.
Para falarmos sobre o estilo naturalista, que procuro aplicar nos meus projetos, compartilho com vocês um pouco de três estilos específicos de jardins: o inglês, o japonês e o francês, que de alguma forma influenciam esse estilo.
Jardim Inglês
crédito: jardineiro.net
Crédito: meumundocenico.blogspot.com
A primeira coisa que salta aos olhos num jardim inglês são as formas orgânicas, chamadas assim por reproduzir os formatos curvos, sinuosos, encontrados na natureza.
Os diferentes níveis do terreno, com pequenas colinas, pedras, lagos e riachos, ladeados com árvores e arbustos de diferentes tamanhos e texturas são características marcantes deste estilo. A forma mais natural de disposição das plantas foi, sem dúvida, a maior influência nos jardins naturalistas de hoje.
Jardim Japonês
crédito: expiracaoeinspiracao.blogspot.com
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Para este estilo, a filosofia e espiritualidade estão presentes em cada elemento, que neste caso são bem específicos. Plantas, água, pedras e alguns acessórios como lanternas, tem simbolismo bem definido. A natureza é representada em miniatura, num ambiente pouco colorido e os contrastes existentes são sutis e aparecem em texturas e formas e sons.
O que extraio desse estilo, é aplicado nos cantinhos de relaxamento, onde apenas a contemplação da natureza e dos detalhes mínimos é o mais importante.
Jardim Francês
crédito: jardineiro.net
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As formas geométricas e a simetria rígida são características marcantes deste estilo. As plantas são topiadas em formatos bem definidos, formando corredores, labirintos ou apenas esculturas pelo jardim. Estão sempre ligados à valorização das construções, muitas vezes dando continuidade ao desenho dos elementos arquitetônicos.
Sua influência no estilo naturalista é mínima, talvez apenas pela utilização de pedriscos em caminhos e caramanchões (utilizados para a condução de algumas trepadeiras).
O domínio do homem sobre a natureza, neste caso, o crescimento natural de cada espécie de planta, vai contra o que procuramos aplicar no estilo naturalista de projetar.
Podemos utilizar aspectos diferentes de cada estilo, com bom senso para que possamos criar um estilo próprio no nosso jardim. O clima e algumas condições como incidência de sol, entre outros fatores, nos ajudam a direcionar grupos específicos de plantas, são belos aliados para não errarmos. No final das contas, curta a natureza, respeite suas exigências mínimas e crie seu jardim, sem medo.
O mais fascinante no paisagismo é perceber diariamente que tudo que sei dessa arte, ainda não é nada, perto de tudo que a natureza me ensina gradativamente.
Veja aqui o vídeo com a matéria completa, exibida na edição de sábado do JH.