O peso da consciência
Ah, o prenúncio de um novo ano e a inigualável sensação de que, mais uma vez, tudo será possível… é chegado o momento de reavaliar objetivos, de renovar expectativas, de assumir riscos, de permitir-se ir além. Na esteira dos primeiros instantes de 2014, a excitante perspectiva da página em branco convive com a boca ressecada, a cabeça latejando e a desconfiança de que as resoluções da noite anterior, se seguidas à risca, propiciarão uma ressaca moral muito pior do que a causada pelo prosecco. Afinal, quem foi mesmo que se comprometeu a perder 10 quilos para o verão?
E, então, aí está você agora, diante do espelho, olhando para o próprio abdômen com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança, se perguntando sobre qual seria a melhor maneira de, no prazo mais curto e empregando o menor esforço possível, livrar-se dessa verdadeira pochete de banha que há muito adorna sua silhueta. Claro que adotar uma dieta balanceada aliada à prática frequente de exercícios é uma opção. Para os outros. Porque você não quer perder tempo ou suar a camisa, não é mesmo? Prefere trilhar o caminho mais fácil, o atalho, e, neste caso, ele aponta para uma única direção: as dietas malucas das celebridades.
As opções disponíveis são tão numerosas quanto diversificadas; você pode, por exemplo, fazer como Nicole Kidman durante as filmagens de “Cold Mountain”, e alimentar-se exclusivamente de ovo cozido, ou como Victoria Beckham, que prefere ser fiel à dobradinha feijões e morangos em todas as refeições. Há também uma bastante popular entre as modelos, denominada Alcorexia, que alia a drástica redução na ingestão de carboidratos de segunda a sexta ao consumo excessivo de álcool nos fins de semana. Por fim, a minha preferida, e também de Michele Pfeiffer e Madonna, a Dieta do Ar, que consiste em fingir comer o que está no prato e engolir ar.
Aparentemente, os seguidores deste pitoresco programa alimentar pregam que, ao contrário do que somos levados a acreditar desde a infância (e isso não é piada), seres humanos precisam apenas de luz solar e água para viver. Pensando bem, se eu fosse uma dessas mulheres e um jornalista me perguntasse o segredo da boa forma, é bem provável que eu respondesse a coisa mais insana que viesse à mente. De certo modo, as dietas malucas são o novo ”200 toalhas brancas no camarim”, ou seja, um inquestionável símbolo de status e de excentricidade. Reparem como a presumível eficiência destas dietas encontra-se diretamente associada a quão estapafúrdias são as restrições sugeridas por elas, até porque, se fosse realmente simples e fácil, que graça teria?
Imaginem que decepcionante seria admitir numa roda de amigos estar perdendo peso à base de frutas e pedaladas? Convenhamos que é muito mais cool dizer que emagreceu tomando, no café da manhã, pílulas com vermes encapsulados que, ao alojarem-se em seu intestino, eliminam toda a gordura indesejada. A despeito de ainda não haver indícios de ter sido adotada por alguma celebridade, sinto informar que esta também não é uma piada. Bem, se ao fim deste texto você ainda não chegou a uma conclusão quanto a estratégia mais adequada para perder os quilinhos a mais que pesam na balança e na autoestima, um valioso conselho: deixe as sandices para as estrelas de Hollywood e matricule o quanto antes sua pochete numa academia.