Um ano pra chamar de seu

qua, 01/01/14
por Bruno Medina |

“Repara o jeitinho dele, que graça… toda pinta que vai ser da política!” .

“Como assim? Não existe nenhuma possibilidade dele não ser do futebol!”.

Esse breve diálogo – e suas inúmeras variáveis – consiste na gênese e na síntese da minha história, na lembrança mais antiga que trago comigo: futebol ou política, política ou futebol? Eis o dilema que me acompanha desde o instante em que nasci, ou melhor, desde muito antes de eu nascer. Sempre que me perguntam se acho isso ruim, quero dizer, de ter o destino tão fortemente atrelado a duas paixões, a dois destes três temas que a boa educação sugere evitar-se em público, respondo que já me acostumei.

Pois se alguns vêm ao mundo para, como seus pais, se tornarem médicos, advogados ou engenheiros, comigo não é muito diferente, talvez à exceção de que a mim nem foi dada a chance de identificar-se com o ofício de um ente querido, apenas acatar uma dentre as duas únicas possibilidades que se impõem no horizonte. Pensando bem, acho que na infância isso já me incomodou mais. Devo admitir que houve tempos em que cheguei a sentir inveja de alguns dos meus irmãos, sobretudo por eles terem desfrutado de todas as condições para ser quem realmente quisessem. Sob eles não recaía peso que excedesse expectativas pontuais, e, assim, desenvolveram-se às custas das próprias vivências, aventurando-se por uma trilha que surgia enquanto caminhavam. Eu, no entanto, não tive a mesma sorte.

Tentando enxergar pelo lado positivo, ao menos posso me gabar da certeza de que, para o bem ou para o mal, serei memorável. Independente do que se der do dia de hoje em diante, fato é que seguir um script pré-definido tem lá suas vantagens. Mesmo que, por exemplo, nos gramados ou nas urnas tudo aconteça de maneira inversa ao que se espera de mim, ainda assim terei assegurado meu lugar entre os grandes da história, e, sem dúvida, prefiro isso ao risco de sucumbir ao ostracismo ou, pior, ao completo esquecimento.

Mas, cá entre nós, se eu pudesse realmente escolher, acho que gostaria mesmo de me dedicar a dar continuidade ao legado desse meu irmão mais velho; de maneira muito inesperada, ele acabou tornando-se o ícone de uma nova maneira de pensar, um pouco confusa ainda, eu diria, mas bastante promissora. Ironicamente, a mudança de paradigma que eclodiu desse movimento, vejam só, tem muito a ver com política e futebol.

Agora me ocorreu aqui uma ideia maluca: e se esta espécie de sina, que me sentencia a optar entre duas faces de uma velha moeda, fosse, na verdade, a tão aguardada oportunidade de transformar em definitivo a maneira como sempre se fizeram as coisas nesse país? E se estes tais grandes eventos, sobre os quais tanto se especula, se revelassem na prática como pano de fundo para um espetáculo ainda maior?

Nem da política, nem do futebol. Eu sou 2014, o ano da consciência…

A Batalha do Peru

qua, 18/12/13
por Bruno Medina |

– Dá uma olhada aqui, rascunhei um plano…

– Boa!

– A gente chega na sua mãe às 6h, deixa os presentes na árvore, interage um pouco…

– Peraí, por que a gente vai na casa da minha mãe primeiro, e não na da sua?

– Bom, eu pensei que seria melhor assim por causa da logística, é mais perto daqui, né?

– Mas na noite de Natal não tem trânsito, amorzinho, não faz sentido isso.

– Mas não é só o trânsito, amorzinho, tem outro motivo também…

– E qual seria esse motivo, Eduardo?

– A gente precisa de qualquer jeito comer a sobremesa na casa da minha mãe, sério. Vai rolar aquela torta de nozes que não leva ovo na massa, sabe? Ela vai ficar muito chateada se a gente não estiver lá quando abrir a torta.

– Se é assim, saiba que a minha mãe vai fazer aquele musse de castanha portuguesa, que tem que descascar e amassar uma por uma. Dá o maior trabalho, não podemos fazer essa desfeita.

– Renata, vamos ser sinceros, os seus pais vão estar cochilando no sofá bem antes da meia-noite, eles odeiam jantar tarde!

– Eduardo, vamos ser sinceros, os seus priminhos vão querer abrir os presentes às 7 da noite. Não é óbvio que a gente tem que ir na casa da sua mãe antes?!

– Ok, vamos na casa da minha mãe antes, mas não se esqueça de que, quando a gente chegar, seu tio Emerson vai estar bêbado, fazendo aquela brincadeira inconveniente do pintinho molhado.

– Putz, o pintinho molhado, tinha esquecido disso…

– Pois é, já eu não tenho como esquecer, né? Lembra do que aconteceu no Natal de 2010?

– Ai, você também é fresco, hein… É só uma piada sem graça. E a sua mãe, que bebe escondida na cozinha e que, no ano passado, falou que eu não ia caber na camisola que você me deu de presente?

– Mas você há de convir que ela estava certa, né, Renata? Tanto é que você precisou trocar.

– Que grosso!

– Grosso não, ué, você estava gordinha mesmo…

– Olha só, Eduardo, é melhor a gente resolver essa pendenga logo, antes que o Natal como um todo vá pro buraco.

– Tá bom, pra encerrar a discussão: eu voto na casa da sua mãe primeiro porque eu não gosto de musse de castanha portuguesa.

– Mas você até repetiu no ano passado!

– Eu estava fingindo, tanto é que raspei o segundo pote na privada do lavabo.

– Ah é? Eu voto na casa da sua mãe primeiro porque aquela torta de nozes é uma bomba de calorias e é SECA por dentro.

– Seca não!

– É seca sim, assim como o Peru à Califórnia e aquela farofa, também seca, que mais parece a areia da Praia de Malibu.

– E aquele tender repleto de cravos que a sua tia Neide leva? O molho é sempre aguado e, como se não bastasse, eu o-dei-o cravo!

– Legal, faz o seguinte então: pede pra vagabunda da sua irmã fazer uma salada decente, ao invés de levar aquelas folhas de alface picadas com pepino, milho e kani por cima.

– Você chamou minha irmã de vagabunda?

– E do que devo chamar alguém que leva pra ceia de Natal uma salada daquela, pior do que a que vende aqui no supermercado?

– Então você também fala pra cínica da sua prima Rosana que tem que botar pelos menos umas lascas de bacalhau naquele ‘Batatalhau’ dela.

– Só se você falar pro seu primo Denis que o vinho que ele for levar tem que custar mais do que R$10…

– Olha só, Renata, eu acho melhor a gente parar por aqui. Não é possível que não exista um jeito civilizado de resolver essa questão!

– Ímpar…

Um clichê chamado Brasil

qua, 11/12/13
por Bruno Medina |

“O Brasil não é um país para principiantes”, assim sentenciou Tom Jobim, num de seus não raros lampejos de genialidade. A máxima – possivelmente uma das mais brilhantes definições que já se fez sobre este imenso e complexo território ao sul do Equador – resiste ao tempo sem maiores esforços, uma vez que, por razões que me parecem um tanto óbvias, continua bastante atual. A bem da verdade, entender a essência de um país, seja este país qual for, na prática significa navegar num sem fim de clichês e preconceitos; afinal, por definição, qualquer definição (inclua-se aí a do Tom) consiste numa tentativa de se tomar a parte pelo todo, de sintetizar a diversidade – no caso, a de um povo – sob a ótica parcial de um único ponto de vista.

Seguindo a linha de pensamento sugerida, como é de notório conhecimento, todo inglês é irônico e bebe até cair, todo americano acha que Buenos Aires é a capital do Brasil e se alimenta apenas de junk food, todo francês gosta de queijo e é antipático, e todo japonês é apaixonado por tecnologia e Bossa Nova. Mas e quanto aos brasileiros? Quais das características habitualmente a nós atribuídas nos fazem realmente justiça?

Bom, se a intenção aqui é evitar generalismos, arrisco o palpite de que a resposta mais adequada para esta capciosa pergunta passaria ao largo da tradicional dobradinha samba e futebol, certo? Porque, se é inegável que sabemos festejar como ninguém, convenhamos, também não seria incorreto dizer que eis aqui um povo que sabe contornar desafios com muita criatividade e arregaçar as mangas para fazer acontecer, contanto, claro, que não seja durante o período do carnaval, que é sagrado e começou como festa religiosa, embora hoje em dia seja um pouco mais “liberal”. Mas ai de quem disser que não somos sérios, a menos que a crítica tenha partido de um dos nossos, porque aí, de repente, a gente até concorda.

Pois, como bem disse o Tom, compreender esse controverso país e sua gente não é tarefa fácil mesmo para quem nasceu aqui, até porque, visto que nossa cultura é ainda relativamente jovem se comparada a outras nações, encontra-se em pleno processo de conformação e, portanto, em constante mutação. Assim sendo, qualquer possível conclusão sobre o tema equivale a descrição do que enxerga quem olha para uma fotografia, ou seja, um instantâneo que captura o momento, mas que não serve ao propósito de elucidar o que veio antes ou o que virá logo em seguida.

E foi justamente uma fotografia de quem somos atualmente o que nos ofereceu esta semana o Facebook, ao divulgar uma lista com os 10 assuntos mais comentados pelos brasileiros na rede em 2013. Antes que se atire a primeira pedra, cabe observar que de fato não se trata de um estudo científico, apenas uma estatística com fins meramente ilustrativos: “mas então por que eu deveria pensar que é possível concluir algo sobre o povo brasileiro a partir do que se fala numa rede social?”.

Digamos que se a referida lista fosse realmente uma foto, ela seria bastante fidedigna, uma vez que, segundo uma pesquisa divulgada pela Reuters em junho deste ano, à época, nada menos do que 76 milhões de brasileiros possuíam perfil nesta comunidade virtual, o que corresponde a cerca de 90% de quem acessa a internet, ou 1/3 da população total do país. Posto que não se questiona a representatividade da amostra, chega de suspense, vamos à lista. Em 2013, os temas que mais interessaram aos brasileiros foram:

Carnaval, Futebol, Papa e Mensalão. Somos ou não somos um perfeito clichê?

Sobre como não enlouquecer durante as compras de Natal

qua, 04/12/13
por Bruno Medina |

Todo ano é a mesma coisa: basta virar a folhinha do mês de dezembro no calendário e o Natal chega rasgando, trazendo à reboque a adoção compulsória do espírito natalino, as famigeradas ‘caixinhas’, onipresentes em todos os estabelecimentos comerciais, o constrangimento no amigo oculto da firma, os quilos a mais associados à comilança de panetone e rabanada, o trânsito – inexplicavelmente caótico – e por último, mas não menos importante, as temíveis compras de presentes. Se você acha tudo isso muito divertido, pode parar por aqui, esse texto não é pra você. Mas se, como eu, você é uma daquelas pessoas que chegam a ter pesadelos com shoppings centers lotados e listas intermináveis de presentes (que consomem metade do orçamento do ano e na qual figuram parentes que você só encontra mesmo no Natal), nas próximas linhas será possível encontrar algumas dicas que visam atenuar o desgaste provocado por esta inevitável jornada rumo à insanidade e ao consumismo desenfreado.

Quando ir às compras

Ao longo dos anos, a incessante busca por um método mais eficiente me levou a experimentar várias estratégias distintas, tais como deixar para comprar tudo no dia 23 – e me submeter à pressão da última hora como forma de agilizar o processo – e o contrário disso, ou seja, começar ainda em novembro, para ter todo o tempo do mundo e a oportunidade de ir às compras diversas vezes. Do alto da minha experiência, vos digo: nem tanto ao mar, nem tanto à terra: o que realmente funciona é escolher uma data no início de dezembro, chegar assim que as lojas abrem e resolver tudo num dia só.

Por quê? Porque no início de dezembro a primeira parcela do décimo terceiro ainda não evaporou (espero), portanto sua percepção de falência iminente não vai, por exemplo, provocar hesitações desnecessárias. No mais, nesta época, sobretudo pelas manhãs, os vendedores ainda não estão impacientes e obcecados por aumentar suas comissões a qualquer custo, esfregando no seu nariz itens pelos quais você sequer se interessou. A bem da verdade, ir às compras 20 vezes que seja não é garantia de encontrar todos os presentes de sua lista. Convenhamos, se você não conseguiu resolver as pendências num único lugar que reúne dezenas de lojas, aceite, o problema pode estar em você.

Aceite o desafio

Dada nossa natural tendência por procrastinar, é bem provável que, inconscientemente, você deixe para o final os presentes mais complicados. Após uma exaustiva maratona de compras, essa é uma circunstância perigosa, visto que seu discernimento estará afetado pelo cansaço e você vai aceitar pagar o triplo do planejado, apenas para chegar mais cedo em casa. Uma maneira de evitar isso é encarar primeiro as pedreiras; presente da mãe, do namorado novo, do marido da prima, não importa, se parece difícil, comece por este e aproveite enquanto ainda tem disposição e o relógio está a seu favor.

Definindo um plano de ação

Como se sabe, o bem estar físico e mental da imensa maioria dos seres humanos passa a estar gravemente ameaçado a partir de 4 ou 5 horas dentro de um shopping, portanto cada minuto é precioso. Jamais aceite companhia de quem quer que seja para fazer compras, afinal, quase sempre os objetivos são muito diferentes e, ao invés de se ajudar, a dupla só bate cabeça e perde tempo. Melhor do que isso é, antes de sair de casa, escrever num papel o nome de todos os presenteados, o que eles te deram no Natal passado (lei da reciprocidade) e, sem pensar muito, uma sugestão aleatória de possível presente. Guarde essas anotações no bolso, para casos de emergência e, se empacar, não se desespere. Basta dar uma olhada na lista e tentar entender o que motivou sua sugestão inicial; quem sabe você não acabou de se deparar com algo parecido e com preço razoável?

A lebre e a tartaruga

Sem dúvida, um dos maiores erros que se pode cometer durante as compras de Natal é o de deixar-se levar pelo otimismo de um bom começo: “Tô indo muito bem, matei 5 presentes em meia hora! Acho que mereço um descanso”. Daí o sujeito se esquece da razão pela qual está ali e passa a se distrair com as vitrines, senta para tomar um café e se entreter com o movimento ou olhar o Facebook no celular. Ledo engano. Assim como na fábula, quem vence a disputa é a tartaruga, vagarosa e perseverante, e não a lebre, ágil e presunçosa. Indo muito mal ou muito bem, tente se ater a uma meta (ex: 3 presentes por hora) e deixe o lazer para o momento em que estiver de fato precisando de uma pausa.

Bom, espero que as dicas sejam úteis. Se elas apenas o deixaram ainda mais angustiado, lembre-se de que os vales presentes foram concebidos para pessoas como você, ou, de repente, agora é uma boa ocasião para resgatar aquele talento especial deflagrado no jardim de infância, de pintar garrafas de vidro e fazer potes de argila como presentes de Natal para amigos e parentes.

Lulu

qua, 27/11/13
por Bruno Medina |

O post dessa semana seria sobre outro tema, mas eis que, de última hora, se impôs com a urgência de um e-mail enviado pelo chefe uma dessas irresistíveis novidades que nos ajudam a compreender um pouco melhor o tempo em que vivemos: Lulu. As quatro letrinhas, que muito bem poderiam designar a carismática personagem dos quadrinhos, batizam o mais novo instrumento para auxiliar mulheres solteiras a escaparem de furadas, sob outro ponto de vista, um legítimo e sofisticado pesadelo virtual para o gênero masculino.

Para quem ainda não ouviu falar, Lulu é um aplicativo para iOS e Android que, ao vincular-se à conta de uma usuária de Facebook (sim, teoricamente apenas mulheres podem utilizá-lo) permite que a mesma possa atribuir conceitos aos homens que estejam em sua lista de contatos e com quem porventura tenha se relacionado, digamos, de maneira carnal. Quem avalia permanece no anonimato, mas consegue ver as demais avaliações atreladas aquele perfil, estas que são registradas a partir das respostas obtidas para questões relativas a comportamento, educação, senso de humor, atributos físicos e, claro, sexuais. As perguntas variam de acordo com o status declarado da avaliadora em relação ao avaliado (ex-namorada, ficante, pretendente a ficante, etc.) e, ao final, geram uma nota para o rapaz.

A cereja do bolo fica por conta das hashtags que podem ser adicionadas para ratificar a humilhação, quer dizer, análise, tais como #FilhinhoDeMamãe, #ApaixonadoPelaEx e #PrefereoVideogame. Pelo que entendi, a título de evitar que a criatividade e a sinceridade das usuárias firam egos além do previsto, não é possível redigir comentários ou criar hashtags específicas. Desculpem se me faltam mais detalhes, mas, como se pode supor, tudo o que sei sobre o aplicativo aprendi através de relatos de terceiras, uma vez que, como homem, o único lugar a que tenho acesso é o centro da arena, junto aos leões, e não a plateia. Segundo as fontes consultadas, em linhas gerais, as descrições são bem fidedignas, ou seja, além de divertido, o Lulu pode realmente vir a ser útil.


Desde que desembarcou por estas bandas no início da semana, mais de 5 milhões de downloads foram realizados, o que acabou ocasionando instabilidade nos acessos. Não diria que este chega a ser um fato surpreendente – sobretudo se for levado em conta o habitual apetite de nosso povo por ferramentas sociais –, mas a verdade é que, até agora, a cada dia mais de 1 milhão de brasileiras aderiram ao aplicativo, número equivalente ao total de usuárias alcançado ao longo de 9 meses nos Estados Unidos. Afinal, o que justificaria tamanho furor? Uma breve pesquisa no Google me indicou que esta não é uma pergunta fácil de responder.

Há quem diga que o Brasil é um país essencialmente machista, e que o Lulu seria um pequeno triunfo do time rosa na épica batalha entre os sexos, mas há também quem pense que tudo não passa de uma brincadeira que está sendo levada muito a sério. No time azul, uns encaram com bom humor o fato de estarmos na berlinda, empregando argumentos na linha de “quem não deve, não teme”, já outros se ocupam em saber como proteger seus perfis de potenciais vinganças e exigem reparação imediata. A respeito da especulação quanto a um possível equivalente do aplicativo voltado para os homens, uma resposta curiosa: ele já existe e se chama vida.

Bom, visto que o tema ainda vai render um bocado, antes de terminar, eu só queria deixar um recado, direcionado às mulheres com quem me relacionei:

Independente da extensão do relacionamento que tivemos, saibam que conhecer cada uma de vocês me transformou numa pessoa melhor. Se algum dia magoei vocês, tenham certeza de que não era a minha intenção. Ah, e se tiver permanecido algum mal entendido entre nós, podemos conversar! Quem sabe a gente não resolve isso de uma vez, né?

Crônicas de Quase Verão

qua, 20/11/13
por Bruno Medina |
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Era um típico domingo de verão carioca, destes em que o sol brilha tão intensamente que, apesar das poucas horas dormidas, não ir à praia soaria como uma espécie de afronta. A luminosidade de quase meio-dia invadia sem cerimônia o quarto escuro, assim como as mensagens enviadas pelos amigos, que faziam vibrar o telefone sobre o criado mudo, me intimando a rumar para o único destino possível num dia como aquele. Não bastasse a leve dor de cabeça e a ardência nos olhos causada pela claridade refletida na areia –  incompatível com o estado de espírito de alguém que tenha cometido tantos excessos na noite anterior –, a árdua tarefa de encontrar um lugar disponível no colorido mosaico de cadeiras e barracas em Ipanema não deixava restar dúvidas quanto a probabilidade daquele prenúncio de paraíso se revelar um legítimo programa de índio.

Espremido entre uma família tagarela de argentinos e uma roda de altinho, apesar do empenho dos amigos, que tentavam me animar compartilhando indiscrições sobre a festa em que estivemos na véspera, eu era a personificação do tédio, a única pessoa de toda a orla que parecia não estar se divertindo num dia fadado à diversão. Talvez o melhor seria render-se às evidências e procurar o abrigo de uma sombra generosa para repor o sono perdido, pensei. E foi então que ela surgiu; uma aparição quase mediúnica brotada da espuma do mar, sorrindo, desconcertada, pela onda que desalinhou seu biquíni. Na tentativa de localizar o ponto na areia em que estavam as amigas, nossos olhares se cruzaram, e subitamente eu entendi que todas as minhas expectativas seriam contrariadas, que todos os meus planos precisariam ser refeitos, que tudo o que eu havia vivido até aquele instante apenas havia me preparado para esse encontro.

De longe continuei a observando, capturando os trejeitos que em breve me seriam tão familiares, me apaixonando por cada nuance de suas expressões, e pela altivez com que ela retribuía a minha curiosidade. Um gole no mate pra tomar coragem e me aproximar. Coração vindo à boca, sangue borbulhando nas artérias, me pus a caminhar na direção do destino. E mal pude ver quando começou a confusão: gritos desesperados, correria, empurra-empurra, gente pisando em gente, barracas e cadeiras dragadas pela multidão, que corria vinda do Leblon feito uma boiada que estourou. “Perdeu, playboy!”, tomei um soco, lá se foi dinheiro, documento e celular. Ao recobrar a consciência, me deparei com o semblante preocupado dos amigos, que a essa altura cercavam meu corpo estirado na areia. Um deles perguntou se eu estava bem, respondi com outra pergunta: “E ela, cadê?”.

Permaneci na praia por mais duas horas, na expectativa de que a qualquer momento ela retornasse, em busca, quem sabe, de um colar que ganhara da avó, do anel que trouxera como recordação da viagem para a Índia, de retomar nossa história de onde havia sido interrompida. Sugeriram que eu fosse até a delegacia, com sorte ela teria ido para lá registrar a ocorrência, como tantos outros o fizeram. Eu tinha certeza que não. Por dentro algo me dizia que, por mais que eu tentasse, nunca mais voltaríamos a nos ver. Eu nem ao menos sei o nome dela, mas sei que perdi meu amor no arrastão…

 

Só você

qua, 13/11/13
por Bruno Medina |

Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2013. Enquanto escrevo estas mal traçadas linhas no desconforto do meu lar, lá embaixo, na rua, o termômetro marca 38oC. Aqui na minha tela leio que no bairro de Jacarepaguá, um pouco mais cedo, registrou-se a incrível marca de 41,8ºC, sendo a sensação térmica correspondente a 48ºC. E olha que nem estamos no verão ainda! Frente a tais números, qualquer habitante deste planeta – fosse ele equatoriano, senegalês ou um beduíno que porventura resida numa tenda em pleno deserto do Saara – concluiria o mesmo: tá quente pra cacete.

A bem da verdade, em condições como a que foi descrita, realmente não dá vontade alguma de trabalhar, mas sim de ficar na praia, de papo pro ar, tomando cerveja bem gelada e picolé, ou de passar o dia inteiro dentro d’água, ainda que seja numa piscina inflável infantil, segurando uma barraca de praia para se proteger do sol que castiga impiedosamente a laje. Mas é claro que, num dia de semana, poder usufruir de qualquer uma das opções citadas é um privilégio para poucos. Apesar do calor beirar a insalubridade, eu arriscaria dizer que a imensa maioria das pessoas vão continuar desempenhando suas funções da mesmíssima maneira com que faziam na semana passada, à exceção de que tentarão conciliar suas atividades convencionais com uma outra, que parece já ter se consolidado como um hábito irresistível: reclamar da temperatura nas redes sociais.

Amigo, se está calor pra você, está calor pra todo mundo também, aceita. Praguejar a cidade, São Pedro, o vizinho (que foi à praia), o prefeito, seu chefe, o interior do ônibus, o chafariz desativado ou o vento quente que sai do ventilador não vai fazer ficar mais fácil. Muito pelo contrário. A sua reclamação representa apenas mais um grão de areia que se soma a outros tantos na infinitude árida da minha timeline, um espelho que reflete a impotência de todos nós diante do imponderável climático. Você sabe, eu sei, até o Jorge Ben Jor sabe, moramos num país tropical, então vamos deixar combinado que, hoje e sempre, temperaturas bastante altas serão comuns. Se você não se sente confortável com isso, bem, passar uma temporada na Islândia, na Finlândia ou no Alasca são opções para os mais afortunados; se esse não for o seu caso, sinto informar que não há muito o que fazer, mas é certo que passar o dia reclamando no Facebook só vai deixar os seus amigos que estão com calor ainda mais irritados.

Por favor, não me conte quantos banhos já tomou, não me diga onde seria possível fritar um ovo no asfalto, não compartilhe montagens toscas que envolvam fornos ou pessoas em chamas, nem seja o 12oº hoje a postar a imagem de um termômetro urbano. Aliás, sugiro que retomemos pautas mais relevantes, como a vida sexual do Justin Bieber, a possível farsa do Rei do Camarote, a polêmica das biografias ou o novo look do Neymar, a não ser, claro, que haja proposições práticas para transformar a situação. Você tem ideia de como viabilizar a tão sonhada vestimenta refrigerada? Pretende apresentar ao vereador que elegeu um projeto de lei que determina ponto facultativo quando a temperatura passar de 36ºC? Ah, não?

Então vai tomar banho!

E que seja frio, de preferência. Ou senão espera, que já já dá pra reclamar de novo do inverno…

Agregando valor

seg, 04/11/13
por Bruno Medina |


– Boa tarde, eu tô ligando por causa de um anúncio que eu vi…

– Sim, claro. Em que podemos te ajudar?

– No caso, eu queria entender melhor como funciona o serviço que vocês oferecem…

– Perfeitamente. Bom, a proposta da nossa empresa seria mais na linha de glamourizar vidas patéticas a partir do registro em imagens de situações forjadas, para dar a impressão de que essas vidas são, na verdade, menos patéticas.

– Legal. Mas como vou saber se a minha vida é realmente patética?

– Pela nossa experiência, quando a pessoa se interessa pelo anúncio, já serve como comprovação.

– É, faz sentido. Mas se eu fechasse com vocês, como funcionaria, na prática?

– Pra você entender melhor, posso te falar sobre um pacote que tem saído bastante, se chama “Rei do Camarote”.

– Rei do Camarote… gostei do nome!

– Nesse pacote, você seria levado pra balada de Ferrari alugada, como se o carro fosse seu mesmo. Dentro da boate cenográfica, nossa equipe faria parecer que você está bancando uma festa de arromba num camarote VIP, tudo pensado nos mínimos detalhes.

– E não soa falso? Quer dizer, será que todo mundo não vai perceber que é armado?

– De jeito nenhum! Pode ficar tranquilo, nossos fotógrafos são muito experientes em fazer tudo parecer bastante real.

– Sei. Mas apesar da encenação é como se fosse uma festa de verdade, né??

– Bom, aí depende do seu conceito de festa: você recebe duas garrafas de champanhe nacional com rótulo de importado, posa para fotos com uma celebridade de nível C – que teoricamente seria um convidado seu –, anda todo o tempo escoltado por dois sujeitos que se passarão por seus seguranças e interage durante 30 minutos com 4 atrizes gatinhas, que fingirão ser suas amigas íntimas. E o melhor: elas tiram fotos suas e postam nas contas pessoais de Instagram, para ajudar a viralizar.

– Tô entendendo.

– E então? Podemos fechar negócio?

– Pra falar a verdade, ainda não estou totalmente convencido…

– Jura? E o que é que está faltando pra gente fechar?

– Sendo muito sincero, apesar da minha vida não ser nada glamourosa, fico pensando aqui que tipo de babaca contrataria um serviço como esse. Me responde: gastar uma grana preta pra tirar essa onda toda faria minha vida melhor em que sentido?

– Entendo seu ponto. Bom, talvez você possa mudar de ideia se conhecer mais de perto nosso trabalho. Aliás, procura no YouTube um vídeo chamado “Rei do Camarote” e depois me diz quem no fundo não sonha em ser exatamente como o nosso personagem principal…

Por um Triz

qui, 31/10/13
por Bruno Medina |

Aline e Daniel saíam já fazia algum tempo, e foi numa terça-feira à tarde, 3 dias após o último encontro que tiveram, que ela decidiu ser chegada a hora de investir na promissora relação. “A verdade é que não consigo parar de pensar em você um segundo”, dizia o SMS que, com dedos hesitantes, disparou para Danilo. Danilo era o professor de pilates de Aline que recebeu a mensagem por engano, visto que seu nome aparecia logo abaixo do de Daniel na lista de contatos do telefone da moça.

Por uma dessas enormes coincidências do destino, havia cerca de um mês, Danilo se deu conta de que nutria sentimentos pela aluna, muito embora a ética profissional e o casamento – ainda que em ruínas – o impedissem de revelar suas reais intenções. A mensagem de Aline foi recebida com entusiasmo e alguma surpresa, afinal nunca antes ela havia sinalizado retribuir seu interesse, apesar de, para ele, não restarem dúvidas quanto ao fato de que ali se materializava a oportunidade pela qual tanto esperou. Mesmo que as coisas não caminhassem com a Aline da maneira desejada, o fato de uma mulher como aquela se declarar para ele já lhe enchia o peito de esperanças quanto à futura vida afetiva, tanto que, logo após receber a inesperada mensagem, disparou uma outra para Cátia, sua esposa: “acho que hoje de noite precisamos ter aquela conversa”.

Cátia nem mesmo considerou perguntar ao marido ao que ele se referia antes de mandar um SMS para Sérgio, seu amante, contando em tom de culposa euforia o que estava prestes a acontecer: “ele me chamou pra conversar, acho que hoje termina tudo. Que dia embarcamos?”. A viagem em questão era um giro de 2 meses pela Europa, um sonho esculpido à quatro mãos durante as muitas tórridas tardes de amor que tiveram, e que permanecia reservado para quando Cátia finalmente estivesse desimpedida. A perspectiva de poder assumir em público seu até então proibido amor e o prenúncio de novos ares encorajou Sérgio a tomar uma decisão que há muito adiava, comunicada com tardia convicção através da mensagem que enviou a Gilberto, seu chefe: “Agora é oficial: entro com meu pedido de demissão até o fim do dia”.

As palavras de Sérgio explodiram como uma bomba na tela do telefone de Gilberto; sem mais poder contar com o braço direito, sua notória incompetência se tornaria ainda mais evidente, e era preciso ser realista quanto às chances de conquistar aquele bônus cheio no final do ano. Como agora havia incertezas quanto aos resultados do trimestre, o mais sensato a fazer seria postergar a compra da casa nova: “Houve um imprevisto e não vou mais poder fechar negócio por enquanto. Segura a papelada”, era o que dizia o SMS recebido por Anderson, o corretor de imóveis do Gilberto, que contava com a pomposa comissão a ser recebida pela venda da casa para se casar.

“Querida, aquela casa não vai sair agora. Vamos ter que pensar numa outra data…”, digitou, frustrado e apreensivo, para a noiva Luciana. Ler aquela mensagem, que de novo adiava os planos do casal, a fez chorar, sobretudo por antever a humilhação de pedir à costureira pela quarta vez para suspender a confecção do vestido. Decidida a romper o noivado que se estendia por indigestos 5 anos, Luciana procurou a avó, Ofélia, para desabafar.

Ofélia não possuía telefone celular e por isso não mandou SMS para ninguém, até porque nem sabia ao certo o que era isso. O conselho que deu para a neta? “Na vida, tudo está sempre por um triz”.

Viciado, quem?

qua, 23/10/13
por Bruno Medina |

Quando sua mãe se preocupa e diz que você está pegando pesado, você alega que é exagero, um comentário atribuível ao choque geracional. Quando seus amigos te alertam quanto ao fato de você estar se alienando em eventos sociais, você se defende dizendo que não há problema algum, que usa porque quer e que sabe muito bem a hora de parar. Quando você próprio percebe que a hiperconectividade atrapalha a sua dedicação a outras importantes atividades,você inventa uma desculpa, classifica como passageira a discreta obsessão, uma fase que logo vai passar. Pois o que há muito persistia como desconfiança agora é oficial: a internet está te deixando doente.

A partir de uma série de estudos realizados ao longo dos últimos anos, e da avaliação do comportamento de milhares de usuários, a comunidade médica identificou ao menos 8 distúrbios psicológicos associáveis ao uso excessivo da web, estes que são cada dia mais visíveis a medida em que nossas rotinas se tornam indissociáveis da internet. A seguir, uma breve descrição dessas desordens, segundo artigo recém publicado no TechHive:

Síndrome do Toque Fantasma – Sabe aquele embaraçoso momento em que se puxa o telefone do bolso pensando que ele tocou para, em seguida, perceber que nada aconteceu? Sabe quando a mesma coisa acontece de novo alguns minutos depois e você acessa o menu de ligações perdidas só para certificar-se de que realmente ninguém te ligou? De acordo com o Dr. Larry Rosen, autor do livro iDisorder, 70% daqueles que usam smartphones com muita frequência já experimentaram essa espécie de alucinação, associável ao fato de o nosso cérebro confundir qualquer tipo de estímulo (uma coceira, por exemplo) ao toque do telefone.

Efeito Google - Pesquisas evidenciaram que estamos gradualmente reduzindo nossa capacidade de reter informações, uma vez que atribuímos ao Google essa função. Afinal, para que dedicar parte do nosso intelecto ao registro de nomes, números e endereços se tudo isso pode ser encontrado a partir de um clique? Esse novo padrão de funcionamento cerebral não está sendo encarado necessariamente como negativo, mas sim como o marco de uma época, muito embora alguns considerem que estamos nos tornando mais preguiçosos e menos inteligentes.

Nomophobia (No Mobile-Phone Phobia) - Essa síndrome caracteriza-se por um surto de ansiedade despertado pela impossibilidade de utilizar um dispositivo móvel. Quando o telefone está prestes a ficar sem bateria ou nos encontramos numa área sem sinal, somos levados a pensar que talvez alguém tente nos contatar sem sucesso. “E se for uma ligação do meu chefe? E se for o convite para uma festa incrível?” Esse sentimento, que acarreta angústia e frustração, relaciona-se com outra desordem previamente identificada e conhecida como FOMO (Fear of Missing Out – que poderia ser traduzido como medo de estar perdendo algo). Em Newport Beach, Califórnia, já existe um centro de recuperação exclusivamente dedicado ao tratamento da Nomophobia.

Depressão de Facebook - Essa eu já havia descrito em outro post: em linhas gerais, a disfunção pode ser resumida como uma sensação de desolamento e baixa auto-estima decorrente da falsa impressão de que qualquer um de seus amigos virtuais é bem mais feliz do que você. Isso acontece porque dificilmente alguém resolve dividir com sua rede social os aspectos menos edificantes da própria vida, portanto, em tese, no Facebook todo mundo é alegre e bem sucedido. De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Michigan, o grau de depressão detectado entre o público jovem já seria proporcional ao tempo que dedicam à ferramenta, o que por si só já qualificaria este como sendo um dos distúrbios psicológicos mais preocupantes do nosso tempo.

Náusea Digital (Cybersickness) - O termo foi cunhado em meados dos anos 90 e descreve a desorientação evidenciada em algumas pessoas quando em contato com ambientes virtuais que simulam interações e movimentos que não estão ocorrendo de fato no mundo real. A doença voltou ao foco das atenções há algumas semanas por ocasião do lançamento do iOS 7 (última atualização do sistema operacional para iPhone e iPad), que apresenta como uma das principais novidades um efeito de zoom radical nos ícones do menu que estão sendo acessados. Na web, é possível encontrar incontáveis relatos de náusea e vômitos associados ao uso destes dispositivos.

Hipocondria Digital - Vulgarmente conhecida como “Síndrome do Dr. Google”, essa disfunção caracteriza-se por uma tendência aguda de observar em si próprio manifestações de sintomas idênticos aos de doenças graves sobre as quais se leu algo a respeito online. A vasta gama de casos médicos que atualmente encontram-se descritos na internet apenas potencializaria um comportamento há muito conhecido, este que somatiza pontadas, coceiras, inchaços e vermelhidões em função do objetivo desejado, e que transforma uma simples dor de cabeça de final de tarde numa rara doença congênita e degenerativa.

Transtorno de Dependência da Internet - Esse transtorno é nada mais que a vontade desmedida de permanecer online, que se torna prejudicial ao interferir no desempenho de outras funções. A desordem estaria associada a outros diagnósticos, tais como o da depressão, do TOC, do Transtorno de Déficit de Atenção e da Ansiedade Social, e por isso há um debate na comunidade médica sobre o fato de esta ser uma doença própria ou derivada.

Vício em Jogos Online - Assim como é comum ao objeto de qualquer outro vício, jogos online também podem servir como fonte de dopamina e serotonina, ocasionando que a sensação de prazer associada a liberação desses neurotransmissores transforme o ato de jogar numa atividade nociva. Esse tipo de dependência ganhou proporções de epidemia na Ásia, sobretudo na Coreia do Sul, onde atualmente vigora uma lei que bloqueia entre 0h e 6h o acesso de menores de 16 anos a jogos online. Evidências mais contundentes desse padrão de comportamento intrigante são a morte de um tailandês em 2012, após supostamente ter passado mais de 40 horas consecutivas jogando Diablo III, ou do norte-americano que perdeu o parto do próprio filho por não conseguir resistir à tentação de retomar sua saga no World of Warcraft ao voltar em casa para buscar a mala que deveria ter sido levada ao hospital.

Bom, segundo a tabela classificatória que criei – e que não possui nenhum valor científico – você mesmo pode avaliar sua condição:

de 0 a 2 síndromes – você é um típico cidadão do século XXI, nada com que se preocupar.

de 2 a 4 síndromes – de vez em quando vale lembrar que existe toda uma vida acontecendo fora da tela dos seus dispositivos. Pegue o telefone, ligue para um amigo e vá tomar um sorvete ou andar de bicicleta. Sério.

de 4 a 6 síndromes – jogue todos os seus gadgets no lixo imediatamente e vá morar no alto de uma montanha sem sinal de celular ou de internet para salvar sua vida.

de 6 a 8 síndromes – Me passa o telefone de pelo menos um responsável (mãe, marido, melhor amigo) e lembre-se: se aparecerem uns caras de branco na sua casa pedindo pra você vestir uma jaqueta sem mangas e com fivelas de cinto, eles são seus amigos.



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