5 ou 6 Coisas que você deveria aprender sobre a vida

seg, 30/01/12
por Bruno Medina |

Assim como muita gente, talvez também você, leitor, tenha ao longo de sua vida dedicado alguns minutos que fossem à reflexão sobre esta que é, sem dúvida, uma pergunta soberana: afinal, qual seria a fórmula para alcançar a verdadeira felicidade –se é que isso de fato existe? Ainda que sem pretensões de elucidar a intrigante questão que –digamos– poderia ser considerada como a cenoura a frente do cavalo que puxa a carroça de nossa hesitante existência, Karl Pillemer, professor de desenvolvimento humano da Cornell University, resolveu dedicar seu suor à busca de aprendizados que tornassem nossa jornada por esse mundão um tanto mais simples e agradável.

Seu novo livro, “30 Lessons for Living”, é uma compilação de mais de 1.000 entrevistas realizadas com idosos de diferentes níveis econômicos e educacionais, destinadas ao objetivo de oferecer (a quem ainda resta tempo para agir diferente) conselhos práticos baseados no que estes fizeram de certo ou errado em suas vidas. A cobertura do estudo, realizada pelo New York Times, inclui uma galeria que reúne depoimentos em vídeo, onde é possível assistir aos idosos destilando suas preciosas sabedorias. Para quem ficou curioso, aqui vai um breve resumo:

O que os idosos dizem sobre:

carreira – dentre os 1.000 entrevistados, nenhum (eu disse nenhum) considerou que a felicidade estaria associada ao trabalho excessivo que rendesse dinheiro suficiente para comprar o que quer que fosse. Segundo um ex-atleta profissional de 83 anos, “o mais importante é ter um emprego que constantemente te faça ficar ansioso para trabalhar no dia seguinte”. Outra dica importante é resistir à armadilha de ascender profissionalmente a partir de um cargo que, apesar de mais lucrativo, te afaste de fazer o que você realmente ama.

casamento – ainda de acordo com o estudo, obter um casamento satisfatório, destes que se estendem por toda uma vida, estaria associado à capacidade que o casal desenvolve de contornar suas dificuldades através do diálogo, bem como de saber ceder quando é preciso. Apesar do envolvimento romântico ser o principal fator para aproximar pessoas, o que as mantém juntas por muito tempo é, sobretudo, o respeito mútuo e o sentimento de amizade.

paternidade – é preciso tomar cuidado para que as demandas do mundo atual e os objetivos profissionais impactem negativamente a vida dos pequenos. Aprenda a passar tempo com eles, dizem os idosos, fazendo o que gostam, e não o que você julga ser o mais adequado. Esta seria a receita para detectar possíveis problemas e disseminar valores sólidos. Disciplina é importante, mas castigos físicos dificilmente geram qualquer benefício.

envelhecimento – “Ao invés de rechaçá-lo, o abrace. Envelhecer é tanto uma atitude quanto um processo”, disse uma mulher de 80 anos. Um conselho dos idosos abordados na pesquisa: “Não gaste sua juventude se preocupando em tornar-se velho”. Para a maioria dos entrevistados, cada década e cada idade trazem oportunidades inéditas, sendo que o mais importante é manter-se aberto para contatos sociais e sempre estar disposto a aprender algo novo. Sobre o tema, uma senhora de 92 anos declarou: “acho que sou mais feliz agora do que em qualquer outro momento da minha vida. Coisas que sempre me preocuparam deixaram de ser importantes, ou se tornaram menos importantes”.

arrependimentos – “Seja sempre honesto”, é o conselho dos idosos para evitar remorsos dolorosos e duradouros. Tire proveito das oportunidades e aceite todos os desafios que a vida puser em seu caminho. E viaje sempre, o máximo que puder, sem deixar para fazê-lo apenas quando tiver uma melhor condição financeira, filhos crescidos ou maior estabilidade profissional.  Na visão dos entrevistados, viajar é tão recompensante que deveria ser priorizado em função das coisas em que os jovens normalmente costumam preferir comprometer seus orçamentos. A dica é fazer uma lista dos destinos dos sonhos e ir os riscando a medida em que as viagens forem se concretizando.

felicidade – quanto a este aspecto específico, talvez o mais importante entre todos os pesquisados, a abordagem aos idosos participantes do estudo apontou uma conclusão praticamente unânime, sintetizada nas palavras de uma senhora de 75 anos: “você não tem qualquer influência sobre as coisas que te acontecem ao longo da vida, mas pode ter controle absoluto sobre a forma de reagir a elas”. Ser feliz, portanto, seria uma escolha consciente.

Em sua opinião, os velhinhos têm ou não razão? Melhor ainda: há alguma lição que você já aprendeu e não está na lista? Se este é o caso, então divida com a gente!

 

Começo, Meio ou Fim?

seg, 23/01/12
por Bruno Medina |

iPhone ou Android? Messi ou Maradona? Caipirinha ou caipivodka? Hip Hop ou Funk Carioca? Que me perdoem as clássicas rivalidades, mas arrisco aqui um palpite, de que o pai dos antagonismos – capaz de verdadeiramente dividir o joio do trigo nesta vida – é aquele que contrapõem seres humanos que só assistem a filmes do começo e os que não se importam de pegá-los do meio para diante. Antes de considerar como absurda tal proposição, ao refletir sobre o assunto, o leitor mais sensível logo perceberá que a tese pouco tem a ver com uma avaliação das preferências cinematográficas dos representantes de nossa espécie, mas sim com a constatação de que o debate acerca do tema define dois tipos muito distintos de pessoa.

Mesmo não sabendo ao certo que outros aspectos nos qualificam, de antemão me acuso como um legítimo integrante do segundo grupo. Em meu caso específico, o que surgiu como um hábito involuntário, com o tempo transformou-se em gosto peculiar, de forma que hoje, se assistindo a TV a cabo noto um filme interessante em seus instantes iniciais, troco de canal, sem qualquer remorso. Durante os 30 minutos que se seguem, continuo zapeando por outros programas, para só então retomar a narrativa que primeiro me chamou a atenção, do ponto em que realmente importa. Tomem por exemplo “127 Horas”, de Danny Boyle, que estava sendo exibido no último sábado à noite: alpinista fanfarrão e aventureiro, apaixonado por liberdade, sem avisar ninguém decide escalar… blá, blá, blá, mudei de canal. Uma boa entrevista e um trecho de excelente documentário depois, estava de volta, para encontrar o protagonista sozinho, já com a mão presa por uma rocha, na fenda de um desfiladeiro.

Tá bom, posso dar o “braço a torcer” (desculpem, foi impossível evitar o trocadilho) e reconhecer que nem sempre é possível dispensar a parte introdutória de um filme, mas, convenhamos, tratam-se de exceções à regra as atuais produções hollywoodianas que nos surpreendem ou nos demandam atenção integral. E, antes que alguém diga, “A Origem” não é um exemplo que põe a teoria em xeque, porque aí está um enredo que não se faz entender completamente mesmo quando acompanhado do início ao fim. Indo um pouco além, diria até que certos longas (qualquer um pertencente às séries “Missão Impossível” e “Velozes e Furiosos” ou ao gênero comédia romântica) já poderiam começar da metade para o final, sem causar prejuízo cognitivo ao espectador.

Mas há também bons filmes, destes que devem ser aproveitados por inteiro, que, ironicamente, teimam em fugir de nós; essa é, por exemplo, a minha história com “Noviça Rebelde”. Ao longo dos anos, não foram menos de 10 as vezes em que tentei assistir ao clássico na TV, no entanto, sempre pela metade. A situação tornou-se tão traumática que, durante minha infância, houve em minha família uma tentativa de gravar o filme, frustrada pelo término da fita VHS justo na parte em que os von Trapp deixavam sua residência para fugir dos soldados alemães. Se hoje sei o que ocorre no filme a partir desta cena, devo agradecer a alguma alma caridosa, que escreveu em 2 folhas de papel – frente e verso encartadas no estojo da fita – uma descrição detalhada do que se seguiu deste ponto em diante. Afinal, como todos bem sabem, tanto os von Trapp como a fräulein Maria foram salvos por uma nave extraterrestre, que, quarenta anos mais tarde, retornou à Terra trazendo a bordo o E.T. Com certeza um dos meus filmes prediletos, mesmo nunca tendo assistido a esse fantástico desfecho.

0:00h

dom, 15/01/12
por Bruno Medina |

Quando os relógios indicarem o primeiro minuto desta segunda-feira, dia 16 de janeiro, se tudo correr conforme o esperado, estará dado o pontapé inicial da turnê comemorativa de 15 anos do Los Hermanos! Embora os shows só ocorram entre os meses de abril e maio, decidimos antecipar ao máximo o início da venda dos ingressos, pensando que dessa maneira estaríamos possibilitando aos fãs da banda confirmar suas presenças nas 16 datas disponíveis com o máximo de planejamento e o mínimo de desconforto possível. Ao todo, serão disponibilizados 130.000 ingressos, na internet e em dezenas de pontos de venda espalhados por 10 das 11 capitais nas quais iremos nos apresentar. Desde que anunciamos a turnê, há precisos 2 meses, devo confessar que nossa ansiedade em relação a esses shows só tem feito aumentar, afinal a resposta do público foi tão positiva que acabou determinando a inclusão de novas cidades no roteiro, e de datas extras em algumas que haviam sido previamente divulgadas. Claro que isso nos deixa muitíssimo felizes, ao passo que também reafirma a responsabilidade que temos em corresponder a tamanha expectativa.

Outro dia mesmo eu estava dando uma entrevista e me lembrei daquele primeiro show que fizemos, em dezembro de 1997, para um público de não mais do que 70 pessoas, no segundo andar do Empório. O lugar era tão precário e tão pequeno que não havia outro jeito senão manter meu braço esquerdo por baixo de um prato da bateria, e toda vez que o Barba batia nesse prato eu precisava ser ágil para não me machucar! Outra boa passagem dos tempos de underground aconteceu no mesmo bar, na ocasião de nosso 3 show, se não me engano; o footswitch (pra quem não sabe, o pedal que aciona a distorção no amplificador de guitarra) estava com defeito e não havia tempo para arrumar outro. Para que o show não deixasse de acontecer, recorremos a uma invenção que, de tão criativa, deveria ter sido patenteada. Funcionava assim: nosso santo produtor, Alex, ficava sentado no chão, de forma que, quando o Marcelo pisava em sua mão, ele apertava com a outra o botão da distorção direto no amplificador, servindo como uma interface humana para o acionamento do efeito, algo sem precedentes na literatura do rock mundial.

Claro que atualmente o Alex se dedica a funções mais honrosas e um tanto mais complexas do que a acima descrita, como, por exemplo, coordenar uma venda de ingressos da dimensão desta que estamos prestes a inaugurar. Essas historinhas servem apenas para dar uma ideia do que representa para nós ter o privilégio de celebrar nossos 15 anos de banda a frente de uma turnê destas proporções. Todo obrigado do mundo é pouco para vocês que ao longo deste tempo nos prestigiaram, ainda que em condições nem sempre ideais. Como uma singela homenagem aos nossos fãs de verdade, esses que assistiram a gente tocar nos lugares mais desconfortáveis, debaixo de chuva, com o pé enfiado na lama, a orelha maltratada pela qualidade das caixas de som, espremidos, esfomeados, apertados para ir no banheiro sem poder sair do lugar, proponho uma promoção relâmpago: os 10 primeiros que enviarem um e-mail para [email protected] comprovando terem estado presentes no Empório naquele 14 de dezembro de 1997, ganharão automaticamente ingressos para assistir a qualquer show da turnê.

Para os demais, fica a dica do nosso site www.loshermanos.com.br , onde é possível encontrar todos os detalhes sobre os shows e a venda de ingressos.

Outras informações no meu twitter (@bruno_medina) ou a qualquer momento neste blog!

Assim você me mata!

qui, 05/01/12
por Bruno Medina |

Pessoal, não entendo a razão de tanta polêmica em função da carta que escrevi, que me parece, inclusive, estar sendo muito mais levada a sério do que deveria. Reparem que em momento algum eu questiono as razões para o sucesso ou o próprio talento do Teló, e, se existe alguma crítica no texto, esta diz respeito a exposição excessiva da música, que pouco depende do artista. Quando eu sugiro que ele passe o ano todo na Europa trata-se de uma óbvia brincadeira, uma vez que antes eu declaro que a música está grudada na minha cabeça.

Nem sei se é necessário reafirmar isso, mas quero deixar registrado que não tenho nada contra o Michel ou o sertanejo universitário, muito pelo contrário; torço sinceramente pelo seu sucesso no exterior, assim como torço sempre para que qualquer representante da música brasileira ocupe uma posição de destaque no cenário mundial. Quem acompanha o trabalho do Los Hermanos ao longo destes 15 anos sabe que nossa produção artística sempre foi marcada pela mistura de estilos e a absoluta falta de preconceito, tanto que ao longo desse tempo participamos de inúmeras feiras agrícolas e nos apresentamos ao lado de diversos artistas sertanejos, sempre de maneira bastante harmônica.

Bom, o que foi dito está dito, e é claro que cada um vai interpretar da maneira que é possível de acordo com seu ponto de vista. Hoje mesmo, no caminho da padaria, meu filho estava cantando “Ai se eu te pego”, e eu achei engraçado como de repente ficou parecendo que eu me tornei o inimigo número 1 da música, o que nunca foi meu objetivo. Enfim, ressalvas feitas, sigamos em frente!

Carta aberta a Michel Teló

qua, 04/01/12
por Bruno Medina |

Prezado Michel,

Antes de mais nada, feliz 2012! Espero que sua noite de réveillon tenha sido memorável; a minha com certeza foi, visto que, na festa em que estive, a chegada do novo ano foi relegada a segundo plano devido a batalha campal que se deu entre o grupo que queria ouvir “Ai se eu te pego” em looping até o amanhecer e o outro, que não desejava escutar a música sequer uma vez. Ao invés de comer uvas ou pular 7 ondinhas, os presentes preferiram se dedicar a calorosas discussões sobre temas como direito de expressão, identidade cultural brasileira e tolerância, com direito a argumentos do quilate de “é proibido proibir” e “não quer ouvir, tape os ouvidos”.

Como se não bastasse, minha mulher – que por razões injustificáveis ainda não conhecia o hit do verão – deixou o local entoando os versos criados por Axé Moi (também conhecida pela Dança do Quadrado), só que errado (ai, delícia, se te pego/ai, delícia, se te pego), o que apenas contribuiu para que a referida música se apoderasse do meu cérebro tal qual o exército americano fez com o território afegão em sua cruzada anti-terrorismo. Apesar da gravidade dos fatos descritos, saiba que não guardo rancor de você. Afinal, eu mais do que ninguém sei o que é estar a frente de uma canção que fugiu do controle. Na época em que Anna Júlia foi lançada, ao menos, não havia Youtube, o que certamente poupou nossos detratores da infindável proliferação de clipes da música, protagonizados por bêbados gregos dançando em Ibiza ou por italianos solitários cantando o refrão pegajoso em frente a webcam.

Ao assistir ao vídeo que registra soldados israelenses pulando feito bobos da corte ao som de “Ai se eu te pego” no meio do deserto, tive a impressão de que o sentimento que a cena deve despertar em você seja algo semelhante a quando conheço uma menina de 12 ou 13 anos que se chama Anna Júlia. É estranho, e ao mesmo tempo fascinante, quando uma música nossa passa a fazer parte assim da vida das pessoas, né? Agora imagine o que não está por vir no trilho dessa versão que você acabou de gravar em inglês? A internacionalização do nosso hit, não sei se você lembra, além de regravações em espanhol, italiano e inglês, rendeu nada menos do que uma participação de George Harrison, fato que até hoje nos enche de orgulho.

Bom, independente do que acontecer daqui pra frente – e não sei se isso serve bem de consolo – acredite que provavelmente daqui a dez anos você ainda será amado ou odiado por causa de “Ai se eu te pego”, portanto faço votos sinceros de que consiga construir um legado musical consistente o bastante para evitar que todo seu trabalho seja tomado por uma só música.

Antes de correr o risco de me estender demais, gostaria de desejar que sua turnê internacional, que se inicia agora em janeiro, seja a primeira de muitas. Aliás, não seria mau se você resolvesse passar logo todo o ano de 2012 viajando pelo mundo. Nada pessoal, é só uma precaução com o meu cérebro. Para terminar, um único pedido: da próxima vez que gravar uma música, em prol da sanidade mental de milhões de pessoas, por favor, considere não criar dancinhas.

um abraço,

Bruno Medina



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