Zé Pequeno
Faz uns bons 4 anos, na esquina da rua onde moro estabeleceu-se uma casa de sucos, daquelas ao melhor estilo carioca, que exibem frutas frescas nas prateleiras e servem sanduíches naturais preparados na hora até o fim da noite. Lembro bem de como, na época de sua inauguração, o comércio foi recebido com curiosidade e entusiasmo pela vizinhança, visto que não havia nada sequer parecido com aquilo nestas cercanias. É claro que não demorou muito para que me tornasse um dos mais assíduos frequentadores do lugar, sobretudo nas noites dos dias de semana, antes quase sempre fadadas a terminar em refeições pouco inspiradas, baseadas na mistura aleatória dos ingredientes encontrados na despensa.
As visitas, praticamente diárias, acabaram por determinar que em poucos meses eu já conhecesse pelo nome toda a equipe que trabalha na lanchonete e, em especial, impulsionaram minha amizade com o Ed, um paraibano sorridente e conversador que anota os pedidos endereçados à cozinha. Ao longo desses anos, não houve assunto que não tenhamos abordado em torno daquele balcão, de futebol a política, passando por espiritualidade, música, filosofia, novela, criação dos filhos e até carreira profissional.
A relação protocolar cliente-atendente foi com o tempo se transformando, até o ponto de assegurar-me a condição de VIP, ou seja, ter direito a pedir meu lanche apenas por “o de sempre”, não pagar taxa nas entregas em domicílio e até receber informações privilegiadas sobre os pratos do dia. Quando, por exemplo, o Ed diz “melhor escolher outro sanduíche” eu acato, sem nem perguntar o por quê.
Para minha surpresa, no entanto, recentemente um acontecimento impensável obrigou-me a reavaliar nossa relação. Na última quinta-feira sentei-me, como de costume, na quina do balcão; ao me ver chegar, Ed logo perguntou: “o de sempre?”. Respondi com a cabeça que sim. A TV exibia imagens de Muricy Ramalho sentado no banco de reservas, e então eis que Ed aplica sem misericórdia uma punhalada certeira e definitiva no âmago de nossa já duradoura amizade: “Tu sabia que o Muricy foi pro Santos ganhar R$ 600 mil por mês, hein RODRIGO?”
Pois é. Aparentemente meu amigo de fé, irmão camarada, confidente de todas as horas, Ed, passou os últimos 4 anos pensando que me chamo Rodrigo. “Aquele cara do Los “Germanos”, que mora ali na esquina, tem dois filhinhos e usa barba? Sei sim, é o Rodrigo, tá sempre aqui!”, diria ele a qualquer um que perguntasse por mim. Atentem para a delicadeza da questão, pois, se havia um momento em que era possível contornar esse engano, ele já passou, e faz tempo.
Nessa altura do campeonato, após tanta coisa dita e vivida, não dá pra simplesmente chegar pro cara e dizer: “qualé, mané, meu nome é Bruno! Aproveita e me vê aí o de sempre”. Seria, sei lá, como de repente constatar que seu Canário Belga de estimação é fêmea, ou descobrir que um colega de trabalho é na verdade agente da CIA. Imaginem o climão pós-revelação? A sem gracisse de ambos quanto ao fato dos pilares de nossa intimidade terem sido erguidos sob areia movediça. Não me resta outra alternativa senão sustentar o mal-entendido.
O pior é ter que admitir que esta não é a primeira vez que me passo por Rodrigo. Sendo irmão de um e integrante de uma banda da qual também fazem parte outros dois, não foram poucas, portanto, as vezes que assumi, ainda que involuntariamente, tal alcunha. Outro dia até me peguei pensando se eu teria nascido com cara de Rodrigo, o que por si só revela a iminência de um trauma irreversível. Dá próxima vez que o Ed me chamar pelo nome errado, já tenho ensaiado o que vou dizer:
“Rodrigo é o c……! Meu nome agora é Zé Pequeno, porra!”
Genial o texto! E a situação narrada!! O título não deixou nenhuma pista para o final tão surpreendente. Ótimo mesmo.
Mto foda esse post, a doce ilusão da intimidade… sensacional, agr pense que mesmoo ele achando você com cara de rodrigo te respeitou do mesmo jeito. Viva “instante posterior” o blog de Rodrigo Medina kkkkkkkkkk
Depois que li o seu texto, percebi que ainda saio no lucro ao ser chamada de \"Raissa\" enquanto meu nome é \"Raísa\".Já me acostumei apesar de não gostar, enfim, é a vida.
Como sempre me fazendo rir, sou cada vez mais sua fã, Rodrigo!OPSS…Bruno ou melhor Zé Pequeno! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Beijos!!
kkkkkkkkkkkkk
Perfeitoooo….
Só vc mesmo Bruno.
Boa história!!!
Abraços
Passo pelomesmo problema, deve ser problema com ‘Brunos’ rs
Corto meu cabelo desde que nasci nomesmo barbeiro (estou para fazer 25 anos) e ele sempre torca meu nome, isso quando lembra o que chutar rs
Abraços
Bruno, neste momento, sinto-me como o seu Ed. Sou leitora assídua de tantos instantes que passaram por aqui e até do finado instante anterior e fã ferrenha dos Los Hermanos e sua também, durante tantos anos. Porém, devo admitir vergonhosamente, que no súbito momento ao ler \"hein RODRIGO?\", parei instantaneamente para pensar \"Meu Deus, e qual o nome dele mesmo?\" Minha reflexão durou uns 6 segundos! Tá vendo? Nem é por mal, vai ver ele quis dizer o seu nome, mas pensou em algum Rodrigo na hora.. confundiu as bolas, aliás, as barbas
Conclusão: jamais confie em alguém que venda sucos. Tenho certeza que tal situação jamais aconteceria num boteco. kkkkkkkk!!!
Que mancada…
você nem é ruivo ou loiro.
Mas, se ele atende uma galera todo santo dia…
vai que ele se confundiu mesmo com qualquer outro cliente
e te chamou de Rodrigo por chamar (nem se lembrou do Rodrigo Amarante).
Aliás, Cadê o R. Amarante?
Pô Bruno, “outra alternativa” é pleonasmo!
Mas o texto está perfeito, bom saber que a situação também acontece com famosos, e não apenas com os humanos “normais” e “ocultos”.
Abração
Huhauhauhauhauhauhauhauhauhauhauhaa! POutz! GENIAL!
HuhaUHAUAHUAHUAHHUAA…
sensacional!!!
Que texto maravilhoso, me senti como se estivesse presente. Mas realmente, fazer parte de uma banda onde metade dos integrantes se chamam Rodrigo e todos são barbudos, há de convir que o Ed não fez por mal, afinal ele tinha 50% de chances de acertar jogando um ” e ae Rodrigo…” contra meros 25% de um “e ae Bruno…”, eles é bom em probabilidade pelo menos!! rsrs…
Rodrigo, ou melhor, Bruno, já passei por isso e ao contrário de vc fiz a correção na hora! Nossa amizade nunca mais foi a mesma!!!!
Excelente texto!!!
Jura que seu nome não é Rodrigo Medina???? Não acredito!
kkkkkkkkkkkkkkk, adorei, adorei, saudades de ler seus textos!
Eu não acredito que o cara passou 4 anos achando que você é Rodrigo!!! Será que chamam seu irmão de Bruno?
Tenha certeza que nunca vou te chamar de Rodrigo… Seu nome é inesquecivel!!!!(nome do meu namorado também)
No meu coração tem espaço pros dois Brunos. E pro Rodrigo também. Aliás, pros dois Rodrigos…
Adorei o texto
ótima leitura
E acredite também passo pelo mesmo problema
corta cabelos desde que nasci num mesmo salão
com a mesma cabeleleira(Lurdinha)
minha mãe só corta lá, minha tia, minha madrinha. Em resumo toda minha familia feminina.
E a dona/proprietaria ensiste em me chamar de Debora, sendo que meu nome é Bárbara.Incrivel isso, e ela sabe.porém não sai da boca dela.
Decidi deixar ser…fazer o que.
Abraços!
Oi Bruno! Dei um risada gostosa nesse texto.. até porque é realmente bem cotidiano esses fatos, inclusive comigo. Me chamo Suélen, mas me chamam de Sheila pra lá, e pior, sempre nesses casos que penso ser a bff do autor criativo. Rs.
Um beijo em você, nos Rodrigos e no seu Ed! ;D
Agora posso te chamar de Chará rsrsrs
Bom texto, Chará.
Haha! Muito bom!
Agora só falta o Rodrigo Camelo, pra completar o Los Germanos!
Eu já passei por essa situação, de qualquer forma RIPRACARAY……
Los Germanos?Rodrigo??E vc achou que conhecia o cara e ele ti conhecia né??triste engano…huahauhaua bom post,rsrsr
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abraços
tava aki atoa, ouvindo uma música, e só passei aki pra registrar:
QUE SAUDADE DOS LOS HERMANOS…
Ô Bruno, todo mundo passa por isso….besteira, o que vale é a sinceridade da amizade.
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Olá
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Eu não cnhecia o blog, foi a “patroa” que apresentou, e sinceramente, me surpreendi! Você escreve MUITO bem, tem uma cadência gostosa de ler, que envolve!
Parabéns.
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Agora vou ter que rever todo o meu conceito da banda baseado nas letras das canções…
Opa, peraí, como assim, você não escreve as músicas, RODRIGO?!
Tá desperdiçando talento!! hehehe
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Só me resta continuar curtindo meu bom e falecido System….
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Abraço Bruno
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Puta mancada, mas acontece nas melhores famílias, meu caro. Gostei da estratégia do Zé Pequeno; vou utilizar da próxima vez que me chamarem de Diogo ou Daniel.
kkkkkkkkkkkkkkk…. muito bom !
A pergunta que não quer calar. Será que o nome dele realmente é Ed? Dificil achar paraibano com esse nome… Quem errou primeiro?
Abraço
Ahhhhhh… fazia tempo que eu não lia seus textos… rs, adoro seu “senso de humor”, por isso sou fã… não posso me ausentar tanto tempo… rs
Sou a Carol até para o meu marido e para as Carolinas que conheço. Prazer
Boa! Curto demais o Los Hermanos, e também a carreira solo do Marcelo Campelo.
Abrçs!