Fi-lo porque qui-lo
Reconheçamos: muitas invenções, por mais criativas e inovadoras que sejam, por mais praticidade e conforto que possam trazer à vida de seus adeptos, ainda assim, possuem aspectos detestáveis. Tome por exemplo o chuveiro elétrico; certamente aí está uma ideia capaz de revolucionar a rotina de seus usuários, sobretudo daqueles que residem em regiões frias e que estavam acostumados a não se banhar com muita frequência durante o inverno. Formidável, não?
Agora transporte-se para aquele banheiro gelado na serra, do chalé do seu amigo. O corpo nu e arrrepiado, implorando por cada uma das gotas que caem fervendo no topo de sua cabeça. Você as deixa escorrer pelos ombros, espalha com as mãos, tentando, em vão, aumentar a superfície de contato com a pele, mas o desconforto é impeditivo. Ao final, tendo os cabelos ainda embebidos de condicionador, você decide encerrar a tormenta, mandando lembranças à mãe do sujeito que inventou aquela merda, com o perdão da expressão.
Em suma, o chuveiro elétrico é um advento com potencial para transformar uma experiência edificante (o banho) numa patética tentativa de se lavar, desprovida de qualquer dignidade. Quer outro exemplo? Restaurantes “por quilo”. Onde estava com a cabeça o cidadão que inventou isso? Fico imaginando em que circunstâncias o indivíduo é levado a pensar: “por que não criamos umas baias repletas de comida preparada em proporções gigantescas, e deixamos as pessoas passarem escolhendo o que querem, remexendo a bacia com uma mesma colher até que tudo fique disforme?
“Daí os clientes entram numa fila e ficam se empurrando com um pratinho na mão, odiando-se uns aos outros por demorarem demais para escolher suas porções ou por pegarem aquele último palmito que antecede a reposição. Quando estiverem servidos, eles passam por uma balança, escolhem uma bebida e sentam-se numa mesa minúscula, cercados de estranhos, para botar tudo pra dentro da forma mais rápida possível e liberar o espaço para uma nova leva de clientes. Na saída, a gente posiciona um caixa com chocolatinhos, para raspar aquelas moedas que sobraram no bolso, distribui um chá de abacaxi com erva doce e você vai ver como eles voltam no dia seguinte!”
Pondo nesses termos, é difícil acreditar que a proposta tenha colado, mas … O fast food de slow food não só tornou-se popular como, atualmente, em determinadas localidades, o desafio é encontrar um restaurante que não siga a fórmula. Talvez o momento mais lastimável da jornada de um habitual frequentador de restaurante por quilo é se deparar com a repetição dos pratos, numa escala uniformemente variável. Reparem que há certas combinações, a princípio ilógicas, que com frequência retornam. Num que eu costumo almoçar, por exemplo, toda vez que tem batata rostie, tem carré e chucrute. Nunca entendi o motivo por detrás da engenhosa composição.
Também é sempre um pouco triste quando alguém na cozinha se empolga e desanda a batizar as opções do menu com nomes supostamente elegantes. Que tipo de sensação espera-se obter de uma plaquinha em que se lê “purê trifásico”, ou mesmo “surpresa de frango”? Dá vontade de dizer: “amigo, não me venha com galhofagem. Não tente me causar a impressão de que restaurantes desse tipo estão associados a algo além da mera conveniência. Não me fale em liberdade de escolha! Aliás, quem disse que eu sei montar um prato?”. Daí você olha pra cima e está escrito “Qui-loucura”, melhor não falar nada.
Pesadelo pra mim é o típico cenário de verão na casa de praia: passar um dia na areia apinhada de gente, esperar na fila, colando no sofá de couro sintético, pra tomar banho de chuveiro elétrico e depois ir de galera almoçar no quilão da esquina. Soou familiar para alguém?
“e deixamos as pessoas passarem escolhendo o que querem, remexendo a bacia com uma mesma colher”
PUTZ, TRAUMATIZEI! SO DE PENSAR NAS MAOS CHEIAS DE BACTERIAS, VOU LEVAR COLHER DE CASA AGORA! RSRSRSRS
MTO BOM O TEXTO!
Ola Bruno!
Sou super fã do teu trabalho, acho teus textos muito criativos, mas soou um tanto quanto preconceituoso a parte que fala sobrer os restaurantes por Kilo.
Não sou dono de nenhum, mas na época da universidade foi fundamental para mim, pois era uma opção barata. Acredito que para você também.
Um abraço, muito sucesso e como já disse…… sou teu Fã!
Cara, esse quilo tragédia assim é comum no Rio? rs.
Chuveiro que para de funcionar no meio do banho é foda, passei por isso com a temperatura a 10ºC e acredite, foi horrível.
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Nooooooooooossa! Eu me vi nesse texto! hahaa! Exceto a parte do chuveiro elétrico. Aqui em Fortaleza isso é raríssimo!
opa!!! sussegado?
cara, a penso que justamente por isso tudo, um dono de uma churrascaria aq da minha cidade fez o seguinte:
o cara cobra 20 reais por pessoa, a carne assada fica por conta da casa, inclusive se vc quiser levar algo pra assar ele faz tbm, ninguem toca na carne além dos garçons, num sistema de rodizio com varios cortes, menos mal né? mas o mais interessante de tudo é que, a maionese, o arroz, a mandioca, salada, enfim, tudo que acompanha uma boa churrascada vc traz de casa mesmo, com a segurança de que foi vc quem a fez!! legal, não? o local esta sempre lotado levando até a ter que fazer reservas…heheheh
Bruno, abraço velho……
Eh um Pouco fresquinho da sua parte……rsrsrs
AFinal ou em um self service ou numa rede de fast food rola mãos adoidado… eh tenso mais se for ficar com nojinhu tem que andar com um bandeco de baixo do braço pra cima e pra baixo…… a solução eh encarar e fazer cara de deliciaaa com bacterias alheias…………rsrsrsrsrs
Eu nao entendi o comentario do chuveiro eletrico, foi só eu? Para mim ficou mal explicado.
Tem umas redes de Fast Food que é bem nesse nivel do Quilão. Tem um MC Donalds do Downtown RJ, sou escravo dele mas é o pior de todos, batata sempre gelida e atendimento que deveria se chamar Slow Food mesmo.
depressão. ¬¬
Esse vai pro top 3 do seu blog facilmente!
hahahahahhahaa
Não só soou familiar como, de um modo estranho, deu vontade de revivenciar!
Alias, vou agora mesmo num “por quilo” pra café da manhã. É…existe!
Concordo. Depois ainda dizem que sou antissocial! Com o seu texto, me lembrei de 2 episódios. O primeiro, de um restaurante self-service no Centro do Rio, em que uma barata viva saiu andando do arroz de uma senhora, que já havia se servido (hahaha). Outro é de ter sido convidado para um outro restaurante carioca, de comida finas também self-service. Acredita? Sai por uns 100 reais montar um prato com lagosta, caviar, etc. Qual o sentido disso, meu Deus? Lógico que não fui. Eu só podia bancar o da barata mesmo…
Oi Bruno!
Não acho uma invenção tão ruim assim, já que acelera, querendo ou não, o atendimento e te dá a opção de comer o quanto quiser, pagando apenas por isso. Acho péssima a parte de todos da fila falarem e respirarem em cima da comida, e pior ainda é quando deixam a concha cair dentro do feijão! HahHA! Mas odeio ir a um restaurante a la carte e pagar um absurdo sem ter comido nem a metade da comida.
Adoro seus textos sempre tão cotidianos, e sou fã descarada dos hermanos.
Sucesso na mini-turnê e venham logo pro norte!
um abraço!
Concordo.
Em frente a minha casa aqui no Rio tem um restaurante a Kilo dos infernos que tem o mesmo menu ha uns 10 anos pelo menos. Sou praticamente obrigada a comer la nos fins de semana, e confesso que ele foi o grande responsável por esse meu “asco” por restaurantes a kilo.
Mas como também ja foi dito, é impossível (com uma hora de almoço e um vale de 20 reais) conseguir uma opção melhor. E até que tem uns limpinhos e muito bons por aqui, tipo Aipo & Aipim e Couve Flor …
Bem, fica a dica pra quem ainda não conhece !
Chatinho, heinhô.
Oi Bruno,
Esse negocio de restaurante a kilo e punk msm…mas realmente necessário.
Sobre a parte da praia…uauauhauhaua Vivi isso a vida toda nas férias em Angra.
Abraço
Vi-me e identifiquei-me completamente!!! Você traduziu o que eu sinto pelos “quilos” e nunca consegui explicar.
Oi Bruno, batata rostie, carré e chucrute é comida alema, por isso aparecem juntas.
Si você sofrera as temperaturas da Argentina, qualquer chuveiro quente seria bemvindo, até o elétrico.
Disculpa meu português ruim, fez muitos anos que vou a restorantes a kilo no Brasil, na regiao dos lagos há muitos y bons. Isto é na minha lingua: Aguante los comedores a quilo!
Até qualquer momento!
O nome mais criativo para um arroz de bacon e batata que me deparei foi: arroz biro biro (?)
Para mim kg é bom.
Ou você prefere um pf. (prato feito).
Que vem montado, colocam o arroz numa xícara é beem pior.
Ou pior aqules que paga-se miseros 7 reais e come a vontade. Tem gente que faz uns pratos gigantes.
Visto isso, pelo menos em Curitiba os por kg são considerados na maioria das vezes Bons, isso mesmo a maioria oferece um tipo de serviço.
Sei lá…
Vai de cada um…
Bruno,
O pior é que esses restaurantes só colocam etiqueta no que é óbvio. Tá lá o arroz e um etiqueta embaixo escrito “ARROZ”. “FEIJÃO”.
De repente voce se deparar com algo que não sabe se é de frango ou de peixe e nada de etiqueta…
Pura perversão da casa.
Vinicius
Po outra chatisse dessas de restaurante é tentar ir prum rodizio de qualquer coisa e ter que ouvir “parabéns pra você” pelo menos umas 5 vezes durante sua refeição..NÃO HÁ CONVERSA QUE SE SUSTENTE ASSIM.