Pandora é logo ali
Imaginem um lugar de vegetação exuberante, agraciado com uma biodiversidade riquíssima, capaz de fornecer aos seus habitantes o suficiente para viverem em harmonia e sem grandes preocupações por toda vida. Um paraíso? As semelhanças param por aí; a tranquilidade da tribo local passa a estar ameaçada pelas investidas de uma inescrupulosa mineradora, interessada nos pomposos lucros provindos da extração predatória de recursos naturais. Sem outra alternativa, os até então pacatos moradores desse santuário ecológico se lançam em defesa de sua terra, numa batalha em que o que está em jogo é sua própria sobrevivência.
O parágrafo acima não deixa dúvidas, trata-se de uma sinopse do filme Avatar. Agora leia-o de novo, com calma, e reflita sobre a seguinte pergunta: será que esse lugar já não existe no mundo real? Tem gente pensando que sim. Mais precisamente Lori Pottinger, colunista do Huffington Post, um conceituado site de notícias norte-americano. Em seu mais recente post a jornalista sugeriu que Pandora, o planeta imaginário no qual se ambienta a história de James Cameron, guardaria semelhanças mais do que explícitas com o Brasil.
Sua suspeita teria se aguçado pelo fato de que, na China, o filme esteve em cartaz por um período menor do que o usual. A questão – que continua sem resposta – é por que uma produção do tipo blockbuster, que caminha para se tornar a maior bilheteria cinematográfica de todos os tempos, foi substituída prematuramente pela exibição de uma biografia sobre Confúcio? Parece meio óbvio que o sensato seria a tragetória do filósofo esperar os proprietários das salas de exibição locais encherem os bolsos de dinheiro antes de entrar em cartaz, certo?
O aparente tiro no pé comercial aponta para mais uma das manobras do Partido Comunista Chinês, sempre atento à possibilidade de disseminação de conteúdo considerado subversivo. Até aí nenhuma novidade, mas, afinal, o que o Brasil tem a ver com isso? Bom, segundo Lori, as reflexões despertadas por Avatar seriam bem mais nocivas ao governo brasileiro, tanto que seu artigo foi batizado por um sugestivo título que, em português, significa algo como Avatar: o Brasil deveria banir o filme?
“Provavelmente a sorte de Lula é que a maioria dos povoados amazônicos não tem um multiplex na esquina, para que as pessoas assimilem esse golpe”
Verdade seja dita, a moça não deixa de ter certa razão. A trama realmente dá margem à comparações entre o drama dos Na’vi e os inúmeros conflitos que perduram por décadas na região. Se a intenção dos produtores hollywoodianos foi ou não mandar um recado específico para os espectadores brasileiros… aí são outros quinhentos. Analogias à parte, os mais pessimistas poderiam até afirmar que o enredo do filme é um prenúncio do que pode acontecer à nossa floresta num futuro não muito distante. Exagero? Polêmica lançada, alguém concorda com a tese?
Eu concordo mas não acho que os produtores tirevam a intenção de mandar algum recado pro pessoal daqui, acho que estão mais preocupados com o verde das notas do que com as árvores brasileiras.Mas a jornalista tem razão quando compara nossa realidade com a do filme, mas infelizmente todo mundo já sabe que a situação na amazonia não muda tão cedo,nem com 10 \’Avatares\’
Os EUA e Hollywood nem sabem que o Brasil existe…aliás…nem nós sabemos que a Amazônia e seus Índios ( ou seriam os Na’vis ?) existem e são massacrados no dia-a-dia por pecuaristas amparados pela lei…
Olá Bruno!
acho que esse filme mostra muito a natureza destruidora e auto-destruidora do homem… e uma intrínseca relação com o que sempre ocorreu e ocorre, (vide exemplo o q aconteceu c/ os indigenas brasileiros e os indios americanos)
se quiser conferir o post do meu blog sobre o filme e muitas outras cosas refletidas no filme, dê um pulo :
https://psiqueativa.blogspot.com/2010/01/se-tivesse-um-filho-ele-seria-um-avatar.html
Abrs!
Concordo. É fato que Pandora é logo ali, e acredito que o cineasta tenha baseado, em parte, sua saga na realidade, afinal sabemos que os gringos dão mais atenção a nossa floresta que nós mesmo e só percebemos isso, em nossos pesadelos e acordamos de forma abrupta para gritar A AMAZÔNIA É NOSSA, mas logo voltamos a dormir (em berço esplêndido) e continuamos a destruir nosso paraíso!
Adorei este filme e recomendo.
Comentando o enredo, posso dizer que este foi só uma releitura do que a Europa fez aqui nas Américas e África. Foi apenas uma demonstração de que o ser humano é movido pela ganância e interesse próprio. Ontem foi o ouro, hoje é o petrólio, amanhã a água. Não duvido que a história se repita. Agora resta saber se seguiremos o exemplo dos bravos Na´vis.
Exagero nada!
A realidade que nós amazônidas vivemos é a descrita no primeiro parágrafo sim. As comunidades tradicionais da Amazônia são as que mais sofrem com este impacto.
Ou vocês, que não estão na Amazônia Legal, acham que nós adoramos a Vale?
A verdade é que ocorre aqui uma exploração muito grande e olha que com estas palavras não estou sendo nenhuma ativista. Estou apenas descrevendo a verdade nua e crua, de mestiços, brancos, negros e não azuis.
Olá Bruno,
Quando assisti o filme, notei que tinha algo de apelativo, como uma mensagem subliminar…. como se tivessemos que acordar para o que está acontecendo… que deveriamos nos unir para manter o que ainda nos resta.. o que ainda resta para as nossas futuras gerações…
Mas essas foram apenas minhas impressões… minha imaginação em busca de uma explicação para tudo que é feito…. apesar de toda essa “bandeira pela preservação” o filme infelizmente é mais um produto capitalista… infelizmente ou felizmente… espero que a maioria consiga tirar uma boa lição disso tudo…
bjinhos
Olá, Bruno. Não sabia que voce tinha um blog, e assim que vi, cliquei para ver o que tinha de interessante, e de cara me bate com o seu texto sobre o filme Avatar. Eu não concordo com segundo comentário, porque, principalmente, os americanos sabem mais do que muitos brasileiros o que se passa a amazônia; tem laborátórios, fazem pesquisar mais avançadas que os metódos brasileiro e levam o verde do nosso ouro… Quando assisti o filme, automáticamente pensei no brasil, na amazônia. E, se nós brasileiros, não tomarmos uma atitude agora, futuramente vamos sofrer.
obrigado, e parabéns.
amo o los hermaos o/
Bom, assisti ontem ao Avatar.
Efeitos visuais embasbacantes,batem qualquer outra grande produção nesse sentido. A beleza do filme vale a pena.
Um caminhão de clichês também, naturalmente é algo que não pode faltar num blockbuster americano.
A alusão às invasões e dominações por ganância é válida, embora também não seja nada nova. Não sei é se os americanos enxergaram a “guerra” contra o terror deles ali (no Afeganistão, no Iraque, ou em qualquer outro lugar onde eles aprontaram das suas). A mocinha/senhora do review em questão não se ocupou em lembrar das falácias americanas para ter o petróleo iraquiano; naturalmente, fez uma ligação simples e quase óbvia com nossa floresta, porque é conveniente para um americano pensar assim (não que isso não seja preocupante, só estou olhando os pontos de vista, e a conveniência de se escolher um ou outro). Os americanos não são nada burros, são hipócritas.
O mais válido no filme foi a própria idéia do avatar mesmo, que é uma coisa da nossa época. Considerando que o diretor começou a fazer o filme há 10 anos ou mais, ele pode ter capturado a idéia já nesses tempos de internet, onde as pessoas possuem naturalmente os seus “duplos” virtuais. Seja um perfil de orkut ou um personagem de second life, o avatar que te possibilita ser algo diferente da vida real em outro lugar é algo já muito presente, com nome e aparência diferentes, como queira. Sei lá, foi o que me pareceu mais interessante no enredo; nada de novo no resto.
Não vejo nenhuma conspiração nesse filme maior do que o já produzido com sentido semelhante em toda a história hollywoodiana.
Acho que é forçar a barra. Essa história é clichê e, como tal, além de ter perdido a força pelo uso, se encaixa em uma série de realidades. Por que a Amazônia de hoje e não a América e a África no período mercantilista? Por que a Amazônia de hoje e não o Iraque, com todo o seu petróleo? Ou seja: exploração das riquezas alheias pelas potências econômicas e militares dominantes existe desde que a humanidade está aí. Podemos falar, também, dos impérios romanos, egípcios etc etc etc.
É querer enxergar algo onde não tem. Ou vc acha que há alguma crítica embutida em um filme que custou milhões para ser, passa em salas cujos ingresos são caros e, por isso, restritivos, foi finaciado pela maior indústria cinematográfica do mundo, de caráter monopolizador e que tem como único objetivo ganhar o máximo de dinheiro possível?
As pessoas deviam parar de sentir vergonha de gostar de um filme despretensioso. Quando isso acontecer, elas também param de querer intelectualizar o não-intelectualizável.
Medina,
Acho que o enredo do filme reflete muito mais o que aconteceu em nossas terras 500 anos atrás, do que o que está por vir. Não acha? Indios – Florestas – Missionários – Ouro – Portugueses…
Abraço
Oi Bruno!
Quando acabei de assistir ao filme, o meu pensamento foi um só: Já tô careca de conhecer essa história!
Parece que todos os homens que estão no poder sofrem do mesmo mal – ganância.
Seria curioso saber o que o Obama ou algum outro estadista pensou quando assistiu ao filme…
Sobre o ‘avatar’, a tendência é esse conceito se aprimorar cada vez mais. É como ter uma segunda chance na vida real. Acho muito válido e justo. Qualquer oportunidade é bem-vinda.
Beijo.
Olá Bruno.
Eu como fã de LosHermanos, conhecia seu blog por cima, por comentário alheios, porém descobri que além de fazer boa música, você também tem se destacado como grande escritos.
Bom elogios a parte, gostaria que outras pessoas tivessem visto também o filme com este olhar crítico, confesso que eu mesmo não tinha parado para analisar o filme por este panorama.
Sou de uma igreja evangélica que busca alcançar pessoas do mundo inteiro, diferentemente dos missionários que chegaram ao Brasil a centenas de anos atrás, buscamos alcançar esses povos, não para tirar sua identidade, pelo contrário buscamos nos interar de sua identidade e confirmá-la cada vez mais para eles.
Creio que neste ponto o filme foi bem incisivo, pois vimos pessoas realmente interessadas na cultura e costumes daquele povo, gostaria que houvesse pessoas hoje que se dispusesse a ser como aqueles cientistas do filme que estavam totalmente interessados pelo povo.
Mesmo que tenhamos organizações que queiram ajudar gostaria de saber até onde vão os reais interesses deles, pois essas organizações muitas vezes proibem a entrada de pessoas de boas intenções nestas comunidades, e a situação só se agrava.
Podemos então chegar a conclusão que o filme retrata muito da nossa realidade, porém nos mostra como reverter a situação.
Bruno, concordo veementemente com a comparação. O Brasil é a mãe gentil sendo estuprada pelo pênis internacional da arrogância e insensatez.
Repasso email com uma descrição flagrante e cotidiana do Avatar que se já desenrola nowadays em nossas terras:
“Segue abaixo o relato de uma pessoa conhecida e séria, que passou recentemente em um concurso público federal e foi trabalhar em Roraima. Trata- se de um Brasil que a gente não conhece.
As duas semanas em Manaus foram interessantes para conhecer um Brasil um pouco diferente, mas chegando em Boa Vista (RR) não pude resistir a fazer um relato das coisas que tenho visto e escutado por aqui.
Conversei com algumas pessoas nesses três dias, desde engenheiros até pessoas com um mínimo de instrução.
Para começar o mais difícil de encontrar por aqui é roraimense, pra falar a verdade, acho que a proporção é de um roraimense para cada 10 pessoas é bem razoável, tem gaúcho, carioca, cearense, amazonense, piauiense, maranhense e por aí vai. Portanto falta uma identidade com a terra.
Aqui não existem muitos meios de sobrevivência, ou a pessoa é funcionária pública, e aqui quase todo mundo é, pois em Boa Vista se concentram todos os órgãos federais e estaduais de Roraima, além da prefeitura é claro.. Se não for funcionário público a pessoa trabalha no comércio local ou recebe ajuda de Programas do governo.
Não existe indústria de qualquer tipo. Pouco mais de 70% do Território roraimense é demarcado como reserva indígena, portanto restam apenas 30%, descontando- se os rios e as terras improdutivas que são muitas, para se cultivar a terra ou para a localização das próprias cidades.
(Na única rodovia que existe em direção ao Brasil (liga Boa Vista a Manaus, cerca de 800 km ) existe um trecho de aproximadamente 200 km reserva indígena Waimiri Atroari) por onde você só passa entre 6:00 da manhã e 6:00 da tarde, nas outras 12 horas a rodovia é fechada pelos índios (com autorização da FUNAI e dos americanos) para que os mesmos não sejam incomodados.
Detalhe: Você não passa se for brasileiro, o acesso é livre aos americanos, europeus e japoneses.. Desses 70% de território indígena, diria que em 90% dele ninguém entra sem uma grande burocracia e autorização da FUNAI.
Detalhe: Americanos entram na hora que quiserem, se você não tem uma autorização da FUNAI mas tem dos americanos então você pode entrar. A maioria dos índios fala a língua nativa além do inglês ou francês, mas a maioria não sabe falar português. Dizem que é comum na entrada de algumas reservas encontrarem- se hasteadas bandeiras americanas ou inglesas. É comum se encontrar por aqui americano tipo nerds com cara de quem não quer nada, que veio caçar borboleta e joaninha e catalogá-las, mas no final das contas pasme, se você quiser montar um empresa para exportar plantas e frutas típicas como cupuaçu, açaí camu-camu etc., medicinais ou componentes naturais para fabricação de remédios, pode se preparar para pagar ‘royalties’ para empresas
japonesas e americanas que já patentearam a maioria dos produtos típicos da Amazônia…
Por três vezes repeti a seguinte frase após ouvir tais relatos: E os americanos vão acabar tomando a Amazônia e em todas elas ouvi a mesma resposta em palavras diferentes. Vou reproduzir a resposta de uma senhora simples que vendia suco e água na rodovia próximo de Mucajaí:
‘Irão não minha filha, tu não sabe, mas tudo aqui já é deles, eles comandam tudo, você não entra em lugar nenhum porque eles não deixam. Quando acabar essa guerra aí eles virão pra cá, e vão fazer o que fizeram no Iraque quando determinaram uma faixa para os curdos onde iraquiano não entra, aqui vai ser a mesma coisa’.
A dona é bem informada não? O pior é que segundo a ONU o conceito de nação é um conceito de soberania e as áreas demarcadas têm o nome de nação indígena. O que pode levar os americanos a alegarem que estarão libertando os povos indígenas. Fiquei sabendo que os americanos já estão construindo uma grande base militar na Colômbia, bem próximo da fronteira com o Brasil numa parceria com o governo colombiano com o pseudo
objetivos de combater o narcotráfico. Por falar em narcotráfico, aqui é rota de distribuição, pois essa mãe chamada Brasil mantém suas fronteiras abertas e aqui tem Estrada para as Guianas e Venezuela. Nenhuma bagagem de estrangeiro é fiscalizada, principalmente se for americano, europeu ou japonês, (isso pode causar um incidente diplomático). .. Dizem que tem muito colombiano traficante virando venezuelano, pois na Venezuela é muito fácil compr ar a cidadania venezuelana por ce rca de 200 dólares.
Pergunto inocentemente às pessoas; porque os americanos querem tanto proteger os índios. A resposta é absolutamente a mesma, porque as terras indígenas além das riquezas animais e vegetais, da abundância de água são extremamente ricas em ouro encontram-se pepitas que chegam a ser pesadas em quilos), diamante, outras pedras preciosas, minério e nas reservas norte de Roraima e Amazonas, ricas em PETRÓLEO..
Parece que as pessoas contam essas coisas como que num grito de socorro a alguém que é do sul, como se eu pudesse dizer isso ao presidente ou a alguma autoridade do sul que vá fazer alguma coisa. É pessoal,… saio daqui com a quase certeza de que em breve o Brasil irá diminuir de tamanho.
Será que podemos fazer alguma coisa???
Acho que sim.
Repasse esse e-mail para que um maior número de brasileiros fique sabendo desses absurdos.
Mara Silvia Alexandre Costa Depto de Biologia Cel. Mol. Bioag.Patog. FMRP – USP
Opinião pessoal:
]Gostaria que você, especialmente que recebeu este e-mail, o repasse para o maior número possível de pessoas. Do meu ponto de vista seria interessante que o país inteiro ficasse sabendo desta situação através dos telejornais antes que isso venha a acontecer.
Afinal foi um momento de fraqueza dos Estados Unidos que os europeus lançaram o Euro, assim poderá se aproveitar esta situação de fraqueza norte-americana (perdas na guerra do Iraque) para revelar isto ao mundo a fim de antecipar a próxima guerra. Conto com sua participação, no envio deste e-mail.
Celso Luiz Borges de Oliveira Doutorando em Água e Solo FEAGRI/UNICAMP”