Quem vê cara não vê coração
Comecemos esse post com um teste trivial, daqueles, estilo psicotécnico: você consegue dizer que sensação cada um dos rostos ao lado evoca? Imagino que as respostas dificilmente fugirão ao big six, as seis grandes emoções humanas. Durante décadas houve consenso entre cientistas e psicólogos quanto ao fato de raiva, medo, desgosto, surpresa, alegria e tristeza formarem um grupo de sentimentos suficientes para abranger toda a gama de reações passíveis de serem expressas por uma pessoa.
Apesar de eficiente, a teoria não previu uma variável importantíssima; assim como o mundo em que vivemos, nós também estamos em constante transformação. As situações cotidianas – que hoje parecem arraigadas em nosso comportamento – já são, na verdade, muito distintas das que os estudiosos consideraram para criar a classificação. Frente a incontestável percepção, fez-se necessário revisar a tal lista.
Em meio a muita controvérsia, interesse, gratidão, orgulho e confusão são alguns dos postulantes a novos sentimentos básicos. Na prática, funciona como aquele pacote de expansão que se baixa da página do fabricante para evitar bugs em determinado software. É o que poderia se chamar de “Emoções Humanas versão séc. XXI”. No site científico New Scientist é possível encontrar o artigo que detalha a ocasião em que os recém-identificados comportamentos se manifestam, dentre os quais destaco a “elevação”.
Se o nome já soou poético, espere pela descrição: trata-se de um formigamento atrás do pescoço, acompanhado por calor no peito, lágrimas marejando os olhos e um leve estrangulamento, a sensação que muitos simpatizantes de Barack Obama reportaram ao ouví-lo em seu discurso de posse. Em outros contextos, há relatos de que a reação tenha sido observada também no Japão, na Índia e nos territórios palestinos, argumento que aponta para uma incidência universal. Se não me falha a memória, acho que senti isso uma vez, assistindo ao desfecho de um filme dos Trapalhões.
O tema, claro, dá muito pano pra manga, até porque, por se tratar de matéria absolutamente abstrata e individual, as emoções, além de incontáveis, parecem não caber em nenhum tipo de catalogação. Minha mulher, por exemplo, jura sentir as tais borboletas no estômago ao receber uma notícia feliz. Alguém já sentiu isso? Assim sendo, não resisti à tentação de sugerir a inclusão de alguns sentimentos que ultimamente têm chamado minha atenção, os quais, embora não mencionado pelo estudo, parecem bastante corriqueiros:
Frustração tecnológica – é o que ocorre quando o HD do seu computador queima, quando, após lermos um manual de cabo a rabo, somos incapazes de fazer funcionar uma máquina de café expresso, ou quando escrevemos aquele e-mail de 50 linhas que some antes de ser enviado.
Amor virtual – como ninguém ainda tentou descrever isso? É a paixão entre pessoas que nunca se viram, aquele namoro que começa na sala de bate-papo e nem sempre chega à vida real. Aliás, o que deve ser considerado como “vida real”? Bom, isso já é outra discussão, mas, sem dúvida, aí está uma forma diferente de amar.
Fadiga de hiperconexão – se você é uma daquelas pessoas que mantém Myspace, Orkut, Twitter, Facebook, MSN, Fotolog, Flickr, tudo aberto ao mesmo tempo, e ainda lê blogs, notícias e conversa via chat com 13 pessoas, é provável que saiba a que me refiro.
Será que me esqueci de alguma coisa? Se alguém identificar um sentimento novo, ou mesmo um que seja bem particular e ainda não tenha sido citado, não hesite em descrevê-lo. Vamos incrementar essa lista!
Indignação Vinculada à Corrupção (IVC): geralmente se manifesta de forma silenciosa, já que as pessoas parecem estar perdendo a capacidade de gritar, mas gera profundo desconforto no indivíduo que se sente lesado, ludibriado, roubado. Nos casos mais recorrentes, gera, a longo prazo, dormência e a perda da capacidade de se indignar. Cansa, cala, acomoda. É mesmo um grande mal.
Poderia ser incluído nesse mix de sentimentos o “desespero por ficar sem internet”, seja por motivos técnicos ou financeiros…
Dissimulação musical – Ocorre, principalmente, a quem faz voz e violão. Na execução de uma canção, um trecho de acordes é esquecido. O ouvido tenta buscar, mas os segundos passam e o que resta é batucar em cima das cordas pra continuar cantando sem demonstrar o erro.
Bruno, sugiro alguns:
1) Desconfiança crônica e paradoxal de night (ou balada, como dizem os paulitas): é aquele ceticismo que acomete as mulheres em boites. Elas querem ser abordadas, mas quando são, quase sempre partem do princípio que o cara não presta.
2) Amor aumototivo: o amor doentio e exagerado que alguns homens nutrem por seus carros, mais até do que por suas mulheres.
3) Carência de carinho: falando sério agora, acho que esse é um dos grandes problemas que atinge a todos nós. Vivemos numa era de grande estupidez e grosseria. Precisamos de mais delicadeza e carinho nos gestos e ações. As pessoas estão sempre impacientes e apressadas, e perderam a capacidade de contemplação e reflexão.
Ah! São sentimentos extremamente modernos…
Existem pessoas que ainda acreditam em correntes de e-mails. Se não passarem para 300.000 pessoas o cabelo irá cair, a vida irá acabar. Talvez a fé virtual também exista. kkkkk
Desilusão amorosa: quando as tais borboletas dão lugar a um vazio intenso que você acha que nunca será preenchido novamente, como foi preenchido pelo seu ex amor (ou ainda amor para você)
Eu sofro de todos esses sentimentos da era hipermidiática, principalmente fadiga de hiperconexão.
Acho válido mencionar também algumas “doenças” que as novas tecnologias nos trouxeram, como a “Síndrome Excesso de Conectividade”, uma variação da Fadiga de Hiperconexão, que é o que ocorre com pessoas que, além de sofrerem da fadiga, acessam a internet pelo seu celular, recebem SMS com seus novos scraps no orkut, entram no MSN e ainda usam o aparelho para falar ao telefone.
Existe também a “Vista Cansada de Leitura Virtual”, o que acontece em pessoas que tem o costume de ler na tela do computador, mas não conseguem ultrapassar a média de 2 páginas que a vista já começa a embaralhar. Dependendo do grau em que a pessoa se encontra, esta doença o impossibilita de ler textos fora da tela do computador, o que prejudica seu desempenho intelectual.
E por último, mas não menos importante, há a “Transtorno Obsessivo Compulsivo do Virtual para o Real”, que consiste em uma pessoa começar a pensar no mundo real como se fosse o virtual, por exemplo: a pessoa passa a soltar frases como “a vida poderia ter print screen” ou, “livros deveria ter Ctrl + F”, ou ainda “Queria usar photoshop na vida real”. Há casos em que algumas pessoas confundem o mundo real com o virtual.
Há noticias de quem os cientistas estão buscando meios para a prevenção desses transtornos, como vacinas e remédios, mas por enquanto nada foi descoberto. Aguardamos melhores resultados até 2012.
Beijos! ^^
Sentimento cético-religioso. Trata-se de um sentimento semelhante ao que possuem as pessoas que frequentam a igreja de Jimmy Swegart hoje, ou dos paroquianos que sabem que o padre é gay, mas sentem uma necessidade social de ir a igreja no domingo. Trata-se de uma salvação moral. Também experimenta esta emoção o adúltero que vai a igreja com a família, como se nada tivesse ocorrido. Pessoas que participam deste sentimento dizem \"amém\" com gesto contido, como quem experimenta um biscoito e diz; é bom. Sem entusiasmo. Confira.
Olá Bruno
Vou usar o espaço não para fazer um comentário sobre esse post especificamente, mas sobre o blog de um modo geral, espero que não se importe. Sempre li seu blog, desde quando era Instante Anterior, mas nunca tive ânimo de comentar porq para mim seria apenas mais um comentário na lista. Mas na internet você corre esse risco de ” jogar palavras ao vento” sem saber quem vai lê-las ou o que elas irão causar. O mais bacana de ter um blog é não ter pretensão de que ele se torne algo que as pessoas, sigam ou que se torne referencia para alguma coisa, pelo menos eu vejo seu blog assim. Gosto de lê-lo pela criatividade na abordagem de cada assunto e pela forma como você expõe sua opinião. Comecei a ler seu blog porque sou fã do Los Hermanos, e acredito que 90% das pessoas começaram assim, e também porque já estive em um show de vocês fui no camarim e pensei: que droga o Bruno deve estar fazendo que não está aqui? Bom, creio que talvez escrevendo seria uma ótima opção.
valeu e continue nos deixando interessados pelo instante posterior
Genteee, eu tenho “Fadiga de hiperconexão”.
Como faço para reverter a situação??
Socorrooo!!!
hahahaha
Neste momento estou com o outlook aberto, três e-mails pessoais, msn, twitter, portal da faculdade, seu blog, mais três de política, e mais três de notícias e, claro, um arquivo do word!!
Socorro!
Preciso de terapiaaa!!!rs
Me ajudem, estou aceitando dúvidas e sugestões!!rsrs
beijos e mais beijos
p.s. seu blog é sensacional!!
Olá, Bruno.
Um sentimento que me acompanha cotidianamente é o “estado de choque com a imbecilidade humana” (caracterizado pela bôca meio aberta, olhos arregalados e ombros caídos) de alguns incrivelmente aptos a chocar os demais. É aplicável a momentos de ignorância, irritação sem motivação, entre muitos outros. Aqueles que se esforçam pra atropelar ciclistas mesmo tendo esses o direito de andar no meio da rua. Peruas que pagam fortunas na aula de Yoga mas que não fazem idéia da aparência de um brâname indiano, a quem certamente tratariam como um mendigo perigoso. Outro dia na fila do mercado a moça disse que iria fazer cirurgia plástica no nariz para que a filha não nascesse com nariz de batata. Nossa, são tantos exemplos, estou certa de que você conhece muitos.
Ultimamente tenho visto muito a “SÍNDROME DO NÃO TÔ NEM AÍ”. Uma apatia crônica e generalizada onde nada mais comove, nem causa espanto,nem revolta…Quem tem essa síndrome,cria um mundinho particular e peculiar e vive nessa “redoma” sem ser ameaçado,sem ser “incomodado” pelas agruras do mundo real.E o resto??Ah o resto…”não tô nem aí”
Prazer icomensurável de acariciar o bigode – sentimento exclusivamente masculino. Traz uma espécie de auto-satisfação àqueles que unem e afastam polegar e indicador em prol do culto à virilidade.
‘Decepção Musical’, quando a banda que você é fã resolve entrar num hiato por tempo indeterminado, e depois de um periodo resolve se juntar para fazer dois únicos shows deixando você e todos os outros fãs com esperanças de uma possivel retomada das atividades, como turnês, discos e afins.Mas ai não era nada disso.
Eu vi no dicionário.
Ééééé, Bruno….boa sugestão! Eu sugiro a famosa e, infelizmente, tão corriqueira :
PFO – “Perplexidade Frente a Operadora”- Aquele misto de decepção, ódio mortal, cansaço, sensação de inutilidade e suspiro entalado quando nos vemos, depois de fazer portabilidade por não suportar um operadora, processar 2 vezes a operadora seguinte por pura negligência e imcompetencia da mesma( bem parecido com a anterior), em frente a mais uma pérola( sim eles sempre surpreendem) de erros, equívocos, enganos, desenganos, confusões deles, confusões deles, confusões deles, confusões deles…
Oh, mundo digital! Aparelho celular poderia se chamar “Atômico”.
Sim, estou puto! Estou com PFO aguda !
Grande abraço!
Ééééé, Bruno….boa sugestão! Eu sugiro a famosa e, infelizmente, tão corriqueira :
PFO – “Perplexidade Frente à Operadora” – Aquele misto de decepção, ódio mortal, cansaço, sensação de inutilidade e suspiro entalado quando nos vemos, depois de fazer portabilidade por não suportar um operadora, processar 2 vezes a operadora seguinte por pura negligência e imcompetencia da mesma( bem parecido com a anterior), em frente a mais uma pérola( sim eles sempre surpreendem) de erros, equívocos, enganos, desenganos, confusões deles, confusões deles, confusões deles, confusões deles…
Oh, mundo digital! Aparelho celular poderia se chamar “Atômico”.
Sim, estou puto! Estou com PFO aguda !
Grande abraço!
gostei da “SÍNDROME DO NÃO TÔ NEM AÍ”. acho superválida.
e aquela sensação de estar perdido? desligado do mundo?
várias coisas acontecendo, catástrofes, crimes, fofocas, etc. e a gente não sabe o que pensar, o que fazer, etc. pois a cabeça está lotada de problemas individuais, sejam de trabalho ou outra coisa. não sabe que passo dar ou uma forma de melhorar a própria vida e a dos outros ao redor e o modo de enxergá-la… acho que é isso (=confusão)
As borboletas no estômago são um sentimento inexplicável!!!
Aliás, não sei se podemos classificar os mesmos, já que cada um possui “jeitos” diferentes de sentir.