O herói invisível
Dia desses de calor escaldante, bati os olhos num artigo que me deixou intrigado; vocês já pararam alguma vez para pensar em como é tênue a linha que separa bem e mal estar? Em quão delicado e engenhoso é o perfeito equilíbrio de nosso organismo? Considerem, por exemplo, a temperatura normal de um ser humano, 36.5 graus Celsius. Seja por que razão for, caso os mecanismos responsáveis por conter a evolução do aquecimento corpóreo não entrem em ação e o termômetro passar de 42 graus, a pessoa… morre!
Está certo que esse assunto pode até soar macabro, especialmente durante um princípio de verão tão intenso, mas, trocando em míudos, se a matemática não falha, chego a aterradora conclusão de que o que separa uma pessoa saudável, tomando picolé na beira da praia, de um moribundo à beira de bater as botas são apenas 5,5 tracinhos numa escala. Também não é exatamente reconfortante constatar que o guardião dessa fronteira, o agente de cuja atuação depende nossa sobrevivência em condições de temperatura muito elevedas, o suor, é o mesmo execrado por molhar nossas roupas, exalar odor desagradável e causar constrangimento.
Não se engane, a transpiração é realmente um advento genial. Claro que tem lá suas mazelas, mas nem por isso devemos deixar de reconhecer virtudes. A simplicidade e a eficiência de seu funcionamento são, de fato, dignos de causar inveja a qualquer designer de produto. Afinal, de onde você acha que veio a inspiração para aqueles splinkers que disparam jatos d’agua quando um prédio pega fogo? Do seu sovaco. Até posso imaginar o debate que originou o recurso:
“Bom, se o cara estiver com muito frio ele treme, pra movimentar a musculatura e se aquecer. Mas e se for o contrário? E se ele estiver com muito calor?”
“É mesmo, não tinha pensado nisso. O que o Senhor acha da gente colocar, ao invés dos rins, um orgão dotado de uma hélice, que gire muito rápido e ventile o organismo?”
“Não sei se é isso ainda.”
“Então que tal uma mini-serpentina na artéria do coração, que gele o sangue enquanto ele passa?”
“Vai dar muito trabalho para projetar… que tal secretar uma substância incolor por todos os poros da pele, que crie uma camada…”
“Desculpe, Senhor, acho que não vai pegar. O pessoal vai reclamar que pinga, que molha, que fede… proponho pensarmos melhor sobre isso amanhã.”
“Não. Amanhã é o sétimo dia, de descanso. Tá decidido, vai ser assim mesmo.”
E eis que surgiu o suor, da maneira como o conhecemos. Portanto, da próxima vez que aquela pizza pintar debaixo do braço, que a camisa colar nas costas, que a cueca ficar ensopada por dentro da calça, agradeça. Provavelmente se não houvesse transpiração você nem estaria aqui, lendo esse texto. Por outro lado, também não teria sido má ideia limitar a temperatura do planeta a um nível mais ameno, assim nem precisaríamos suar. Pensando bem, acho que quem fechou o projeto não foi O cara, é sim um estagiário.
O suor é um “mal” necessário. Para resolver o problema do odor desagradável, é só usar um antitranspirante eficiente e pronto. Vc parece não ser um grande admirador do verão, não é mesmo? Pra mim, é a melhor estação do ano.
Se eles tivessem mais um Dia…Talvez tivessem feito algo que incomadasse menos..Rsrsrsrsrs…
Adorei a parte do “sétimo dia” =D Ótima sacada rsrsrsrs. Em tempos de verão infernal você trouxe um tema inusitado e ainda conseguiu dar uma pitada de humor. Parabéns pelo texto!
Oi! Permita-me algumas confissões antes de comentar o “Herói Invisível”. A primeira delas é que me foi uma grande surpresa encontrá-lo por aqui. Vim ao G1 procurar notícias sobre o terremoto no Haiti e aproveitei para dar uma fuxicada nos blogs. Será que essa galera que se diz jornalista/escritor/colunista/crítico ou o raio-que-o-parta fala sério?! Uma bobagem maior que a outra que esse povo anda escrevendo por aqui… E foi nessa onda que li seu nome. Pensei: “Essa po**a escreve também?!” Paguei pra ver e me surpreendi: “Escreve”. Simples, bem escrito, bem argumentado, bem inteligente, bem humorado. Um voô sobre a vida da gente, sobre o caos e a delícia do nosso todo dia. Autêntico, espontâneo, puro cotidiano. Estilo, ritmo, talento. Leveza, seriedade, sim pli cidade. É a oportunidade de rir da vida que a gente leva, da cabeça que a gente pensa e até do que não era para ser engraçado. Por vezes também polêmico, questionador. Muito me agradou te descobrir escritor, Bruno. E eu que vim comentar apenas seu último post, acabei por me estender demais. Bom, é isso. Virei sua fã, rapaz. Um abraço!
hahahahhhaaahahaaa mtoo legal
Nunca pensei que fosse gostar tanto de um texto sobre suor. rrsrsrsrs
Viva o suor, e viva mais ainda o desodorante!
Olá Bruno! Adoro os textos e acho-os de muito fácil compreensão!! Verdade, se apenas 5,5º separam um individuo saudável de um enfermo, imagina uma alteração no pH do sangue?? É tudo precisamente calculado. Sem essa de estágiário…Seleção Natural…É isso!
Não se pode esquecer que além de você ter que agradecer ao sétimo dia, de descanso, há sempre uma saída: o desodorante.
Adoreiiiiiiii!!!
E confesso estou vicianda nas suas crônicas….rs
bjs
Bruno, desculpe estar comentando aqui nesse espaço sem ao menos ter lido o texto. O que acontece é que estava ouvindo “o último romance” no cine íris. Com isso, senti-me na obrigação de deixar esse recado para você: Por favor, da próxima vez que encontrar com Camelo, Amarante e Barba conversem sobre a possibilidade de vocês voltarem. A nossa atual música brasileira clama por artistas tão talentosos como vocês juntos novamente. Composições e arranjos inesquecíveis como dessa música que mencionei só é possível com vocês quatro juntos novamente.
Um forte abraço de um Hermaníaco!
Adorei!! Aproveito e pergunto se você tem algum parente na cidade de GaranhunsPE, o vc já esteve por aqui e me confidenciou que tinha o avô… é verdade???? parabéns pela matéria, muito bem feita, leve e solta.
Ótimo blog e ótimo post. Não sou muito de acompanhar blogs, mas gostei do seu.
Um abraço.
De fato… isso nos mostra como a vida é tão sensível, como nosso corpo, nosso organismo é tão perfeito e ao mesmo tempo tão sensível a mudanças. E estas, mesmo que mínimas, podem nos causar danos graves e imensos (tipo o câncer ou algo mais grave e pior, como a propria morte). Acho que é por isso que a maioria das pessoas estão correndo contra o tempo e cuidando loucamente da saúde, para ter um tipo de estabilidade corporal, mesmo que utópica (vendo pelo lado que você falou, que com alguns graus de temperatura vc já pode morrer…).
O negócio é se cuidar e não pensar nisso porque eu acho que você pode enlouquecer. hahaha
Adorei
Chato mesmo é, além de suar, ter vários pêlos espalhados peito e costas afora. Eles dão uma sensação ainda pior nos dias que a temperatura ultrapassa os 30 graus
Transpirar é bom!
Melhor ainda são as propagandas de desodorante: Ou são engraçadas pra caramba ou ridículas (que também as tornam muito engraçadas!).
se o cara estiver morrendo de calor,coloca ele no ar condicionado que tudo melhora!
Olá Bruno! Depois de muito tempo, estou de volta ao seu blog, sempre surpreso com a originalidade com que aborda os seus temas. Bom, o suor pode ser necessário, mas as pessoas com crise de sudorese tem que se tratar sim porque é muito feio, não?
P.S: á exemplo do CD que você fez para o sue Vicente, preparei um CD para o meu filho de três anos, mas para ele ouvir só quando for mais velho. São 50 músicas, sendo três dos Los Hermanos – “Pois É”, “O Velho e o Moço” e “Todo carnaval Tem seu FIm”. Se tiver curiosidade de ver toda a lista, devo fazer uma postagem no meu blog com ela. Abraços e Feliz 2010!!
Ótimo texto.
Olá..Em 1° lugar gostaria de dizer algo novo pra você…Parabens!!!!!Isso foi otimo…rs
Mas dizer o que do suor..???Bom simplismente que ele e otimo….que faz parte…que faz bem..principalmente na hora do amor…Me desculpe a colocação mas com todo respeito …Amar sem suar não completa o desejo!!!!…Quando suamos..nós realizamos.. Sentimos completos..Intensos…Dá aquela impressão que foi pra valer …Abraços e sucesso…